sexta-feira, 4 de setembro de 2009

AS 42 JORNADAS NO DESERTO - CAPÍTULO 51

TEXTO: ÊXODO 17:6 – 11ª Estação – REFIDIM

Vamos dar continuidade do estudo das jornadas do povo de Israel pelo deserto. Nós estamos estudando a 11ª estação, que é Refidim, aonde Deus conduziu o povo. A Bíblia diz que “ali não havia água para o povo beber e o povo se levantou contra Moisés”.

No versículo 6, de Êxodo 17, quando Deus conduz Moisés para a Rocha, diz assim: “Eis que estarei ali diante de ti, em Orebe; ferirás a Rocha e dela sairá água e o povo beberá. Moisés assim o fez na presença dos anciãos de Israel”.

Ainda vamos ler Deuteronômio, capítulo 32, versículos de 1 a 4. Esse capítulo é um cântico de Moisés que está assim: “1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. 2 Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva. 3 Porque proclamarei o nome do SENHOR. Engrandecei o nosso Deus. 4 Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto”.

Ainda vamos ler também 1Co 10:4: “4 e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo”.

Então nós vimos algo maravilhoso nesses textos que lemos, vimos que naquele momento difícil, naquele momento de morte, de desespero, de angústia, de incredulidade, aparece a Rocha. A Rocha no deserto. E essa Rocha é uma figura de Cristo, a nossa salvação. Deus demonstra a Sua presença ali. Aquele povo não cria na presença de Deus, mas Deus estava presente na Rocha, assim como também Deus estava em Cristo nos salvando. Esse episódio nos remete para o capítulo 4 de João, quando o Senhor Jesus encontrou aquela mulher samaritana e a Bíblia diz que, quando o Senhor chega até aquele poço de Jacó, vem aquela mulher buscar água. A Bíblia diz que o Senhor pede àquela mulher que lhe dê água. Ela disse para o Senhor Jesus: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?”. O Senhor Jesus vira para aquela mulher e diz: “Ah! se conheceras o dom de Deus e aquele que te pede água, tu lhe pediria água e eu te daria água. E a água que eu te der vai formar em você uma fonte que vai saltar para a vida eterna”. Essa é a verdade espiritual daquilo que podemos ver nessa experiência de Orebe, da Rocha ferida. Aqui vemos Deus conduzindo o Seu povo através de uma situação difícil para que esse povo pudesse conhecer o mais glorioso poder de Deus, mais do caráter de Deus, mais da pessoa de Deus. Deus disse para Moisés: “Eu estarei diante de ti ali sobre a Rocha em Orebe”. Moisés era um homem de fé, ele creu nessa palavra. Ele foi até a Rocha, ele tocou com o cajado na Rocha, ele obedeceu à voz de Deus e da Rocha fluiu água porque Moisés creu. Isto é uma maravilha, amados irmãos e irmãs. Essa é a grande verdade, Moisés fez assim na presença dos anciãos de Israel.

O versículo 7, de Êxodo 17, diz que chamou aquele lugar Massá, que quer dizer “prova”. Massá e Meribá. Meribá é “rixa”, porque o povo contendeu com Deus. Aquele povo que não conheceu o caráter de Deus, contendeu com Deus porque não conhecia Deus. Eles tentaram o Senhor. Mas uma coisa é certa, quando nós estudamos a Bíblia em Hebreus, capítulo 3, versículos de 7 a 17, nós podemos ver um pouco dessa experiência, dessa ignorância, dessa incredulidade, dessa mediocridade do povo. Deus estava ali se revelando a eles, mas eles não viam Deus. Eles estavam ali, diante da graça e da presença de Deus sobre aquela nuvem, mas eles não podiam entender que Deus estava sobre aquela nuvem conduzindo-os. Eles não podiam ver isso. Portanto, em Hebreus, capítulo 3, versículos de 7 a 17, nós podemos ver algo. Porque o desejo de Deus era levar aquele povo para um descanso, para um desfrute, para Sua satisfação, para o Seu prazer, eles não entendiam. Irmãos e irmãs, o nosso coração é assim. Quantas vezes nós não conhecemos a razão pela qual passamos por muitas provas, lutas, tribulações! Vamos ler Hebreus. Creio que isso pode nos ajudar a nos corrigir.

Os versículos de 7 a 9, de Hebreus 3, dizem assim: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz,8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, 9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova”. A palavra prova aqui é “dokimazo”, no grego, que significa “ver se uma coisa é genuina ou não”. Concluindo o versículo 9, temos:“...e viram as minhas obras por 40 anos”. Olhem essa frase: “viram minhas obras por 40 anos”. Versículo 10: “Por isso me indignei com essa geração e disse: esses sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos”. Olhem essa outra frase: “não conheceram os meus caminhos”. Aqui nós temos que atentar para alguns princípios importantes. Primeiro, Deus diz que a murmuração daquele povo era uma clara demonstração de incredulidade. Eles fizeram aquilo para provar a veracidade do caráter de Deus. Segundo, veja que no versículo 10 diz: “Por isso me indignei com essa geração”. No grego indica o motivo. E qual o motivo pelo qual Deus se indignou contra eles? A parte final do versículo 9, de Hebreus 3, responde: “...viram as minhas obras por 40 anos”. Ora, qual é o problema aqui? Veja o final do versículo 10: “...não conheceram os meus caminhos”. Precisamos saber qual é a diferença entre as obras de Deus e os caminhos de Deus. O Salmo 103:7 diz: “E manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel”. Notem essa palavra, caminhos. No hebraico essa palavra é “derek”. A primeira ocorrência dessa palavra na Bíblia está em Gênesis 3:24. Segundo os grandes eruditos, todas as vezes que uma palavra é mencionada pela primeira vez na Bíblia, geralmente ela estabelece ali o seu princípio. Então vejamos Gênesis 3:24: “E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida”. Olhem a palavra caminho. Espiritualmente falando, quando Deus revelou os Seus caminhos a Moisés, na verdade, Ele estava revelando o caminho da árvore da vida, porque o caminho da árvore da vida era o caminho para o conhecimento de Deus, era o caminho para a intimidade com Deus, era o caminho do desfrute de Deus. Aquele caminho que Adão recusou conhecer foi o caminho que Deus revelou para Moisés desfrutar Deus como seu alimento.

Na história do povo de Deus nós encontramos duas classes de pessoas: aquelas que somente conhecem os feitos de Deus, as obras de Deus, e aquelas que conhecem os caminhos de Deus. E o que significa conhecer os caminhos de Deus? Seus caminhos revelam Sua intimidade, revelam o segredo do Seu coração, revelam para nós o mistério da Sua vontade, revelam para nós o Seu estupendo propósito. Seus caminhos são os meios que Deus utiliza para revelar os segredos que há dentro do Seu coração, o propósito mais elevado que há dentro dEle para nós. Seus caminhos são Seus métodos para fazer aquilo que Ele decidiu fazer em relação a nós. Fala dos Seus tratamentos para conosco, pelos quais Ele realiza o Seu propósito. Agora, conhecer a obra de Deus é conhecer unicamente só o poder de Deus, a soberania de Deus. Amém por isso! Só que nós não podemos parar aqui, porque conhecer apenas as obras de Deus significa ficar na periferia do nosso chamamento e, assim, não vamos conhecer o propósito para o qual nós fomos destinados e chamados. O grande perigo, amados irmãos e irmãs, é querermos egoisticamente desfrutar do poder de Deus, das bênçãos de Deus, não buscando conhecer os caminhos de Deus. Nem mesmo, com isso, cooperar com o Seu propósito. E vejam que Israel, durante 40 anos, só conheceu as obras de Deus.

Agora, retornando para Hebreus 3, olhem o versículo 11: “Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso”. Aqui a palavra é “shabbath”, “o sábado como dádiva”. Porque, quando lemos lá em Gênesis, capítulo 1 a seguir, vemos que no sétimo dia Deus descansou. Ele fez o mundo em 5 dias, no sexto dia Ele criou o homem, no sétimo descansou. O sábado era o desfrute de Deus, o sábado era a satisfação de Deus, porque agora Ele tem o homem segundo a Sua imagem e semelhança para o Seu governo. Mas, desde que o homem pecou, desde que Deus perdeu a sua satisfação no homem, Deus ainda não havia reivindicado o sábado no homem. E agora, em Êxodo 16, quando o povo estava lá no deserto de Sim, Deus retorna à questão do sábado e coloca o sábado para o homem. Deus colocou o sábado como dádiva, porque como Lei nós só vamos vê-lo lá no Sinai. Então agora, no capítulo 16 de Êxodo, Deus coloca o sábado. Isso porque agora Ele queria que o sábado fosse o desfrute do homem com Deus. Antes o sábado era o desfrute de Deus no homem e agora o sábado é dado como desfrute do homem com Deus. Isso é tão rico, é tão impressionante! É isso que o capítulo 3 de Hebreus está falando. Descanso aqui em hebreus fala da intimidade de Deus com o homem, da satisfação de Deus com o homem, do prazer de Deus com o homem. É isso que nós vemos aqui, é isso que Deus está revelando para nós aqui – “não entrarão no meu prazer, no meu descanso, na minha satisfação”.

O versículo 12 de Hebreus 3 diz: “Tende cuidado...” – a palavra cuidado aqui fala de “discernimento, de vigilância”, é a palavra “blepo”, na língua grega. “Tende cuidado, irmãos, tende discernimento, tende vigilância”. Continuando o versículo 12 temos: “...jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso – a palavra perverso aqui é “poneros”, “condição má” – coração de incredulidade que vos afaste – a palavra afaste aqui é “aphistemi”, fala de “apostasia, de indiferença” – do Deus vivo”.

Hebreus 3:13-15: “13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. 14 Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos. 15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação”. O termo provocação, no grego, é “parapikrasmos”. Significa “insulto, afronta, irreverência, petulância, atrevimento”. Versículos 16-17: “6 Ora, quais os que, tendo ouvido, se rebelaram? Não foram, de fato, todos os que saíram do Egito por intermédio de Moisés? 17 E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto?”.

Irmãos e irmãs, essas são palavras de solene advertência para nós. Aqui nós temos que ver duas coisas.

A primeira coisa que nós temos que notar aqui é a incredulidade, porque nenhum coração é mais perverso do que um coração de incredulidade, nada ofende tanto a Deus quanto a nossa incredulidade. A incredulidade é a pior arma maligna em nós, que impede de vivermos uma vida de intimidade com Deus. Uma definição de incredulidade é a tendência de quem não se deixa facilmente convencer. Isso é tão sério! Quando Deus olha para nós e vê a incredulidade, isso faz com que Deus não prossiga em nós porque a incredulidade insulta e ofende a Deus. Todo pecado viola a lei justa de Deus, mas há alguns pecados que insultam o próprio Deus. E esses pecados podemos chamar de incredulidade.

A segunda coisa que nós temos que ver nesses textos de Hebreus é o coração perverso. Quando lemos aqui em Hebreus sobre um coração perverso, no versículo 12 do capítulo 3, vemos que esse termo descreve uma condição geral. O vocábulo coração é muito comum, no Antigo e Novo Testamentos, fazendo referência ao homem interior. Frequentemente está relacionado à parte emocional e intelectual do homem. Quanto ao coração endurecido, vemos a ordem de desvio gradual, pecado, mente iludida, coração endurecido, incredulidade e apostasia. Quando o escritor dessa epístola exorta os irmãos quanto ao coração endurecido, mostra-lhes a conseqüência disto que é “vos afaste do Deus vivo”. O vocábulo afaste fala “de apostasia, de indiferença, de menosprezo”. É por isso que a incredulidade é um pecado que afronta Deus diretamente. É duvidar de Deus, das Suas obras, dos Seus caminhos.

Por isso nós precisamos ser cuidadosos quanto a nossa vida, para que não sejamos enganados na hora da prova, na hora das tribulações. Que possamos confiar, crer que Deus vai se revelar, se manifestar como nosso Salvador. Não foi na fornalha que Ele se manifestou a Sadraque, Mesaque e Abdenêgo? Não foi na cova que Ele se revelou e se manifestou a Daniel? Assim também é conosco. Que nós possamos crer, que nós possamos sempre manifestar e expressar a nossa fé nEle e saber que Ele é soberano para nos conduzir por situações pelas quais Ele sabe que nós podemos ser conduzidos. Porque somente Ele nos sustenta com suas mãos. A mesma mão que nos conduz é a mesma mão que nos segura e nos sustenta.

Que Deus, mais uma vez, fale ao seu coração e te abençoe rica e poderosamente.

Por: Irmão Luiz Fontes

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