domingo, 20 de setembro de 2009

A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE II A VISÃO

Como vimos anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra, mas de que adianta as Escrituras se não houver visão espiritual? Como diz Paulo em II Coríntios 3.15, até o dia de hoje ela é lida, mas um véu está colocado sobre o coração deles. A Palavra de Deus pode ser lida, mas se o Senhor não abrir os olhos dos cegos, como disse na sinagoga da Galiléia lendo o livro de Isaías, eles iriam permanecer como estavam (Lucas 4.18).
Depois que o povo de Israel entrou na terra prometida, continuou gozando da mão poderosa e graciosa do Senhor. O Senhor fez com que tudo que tinha dado a Israel fosse escrito, para que eles tivessem cuidado de fazer tudo conforme estava escrito, e então fariam prosperar o seu caminho, e seriam bem sucedidos (Jos. 1.8). Mas com o tempo a visão ia se desvanecendo; não por causa do Senhor, mas por eles mesmos, e as Escrituras se tornavam apenas letra novamente.
Mas o tempo foi passando e chegou um tempo, no tempo do profeta Eli, que a visão se tornara muita rara (I Sam. 3.1). Eles tinham as Escrituras que era lida de tempo em tempo, mas a visão era muita rara. Contudo a lâmpada do Senhor nunca se apaga (I Sam. 3.3). Deus então levantou Samuel, e então a visão foi restaurada: "E continuou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se manifestava a Samuel em Siló pela palavra do Senhor" I Samuel 3.21.
A tendência natural não é que as Escrituras sejam esquecidas, mas que a visão seja ofuscada. A lâmpada, a candeia que alumia no lugar escuro não esteja completamente acesa (II Ped. 1.19). O apóstolo Paulo também nos adverte isto em I Tessalonicenses 5.19, quando diz: "Não apagueis o Espírito". A letra sem o Espírito é uma candeia sem luz.
Mas a promessa do Senhor é que o pavil que fumega nunca será apagado. Isto é uma grande esperança, mas por outro lado, o tempo que está quase apagando é muito triste, as visões se tornam muito raras.
Mas no tempo Samuel até Salomão, o povo de Israel tem um tempo muito glorioso, mas depois vem novamente a decadência, onde a visão se torna menos frequente. Depois de um período obscuro, novamente o Senhor restaura a visão aos cegos através dos reis Ezequias e principalmente de Josias (II Crôn. 34.17-21).
Podemos notar pela Palavra que novamente depois de um longo tempo, e depois de um cativeiro de 70 anos, o Senhor reacende a sua lâmpada novamente pelo escriba Esdras. O Senhor despertou o seu espírito para subir a Jerusalém e restaurar o templo (Esdras 1.5), e então novamente a candeia foi totalmente acesa; Deus preparou o coração de Esdras para primeiramente buscar e cumprir a lei do Senhor e depois para ensinar, trazendo com isto luz para todo o povo de Israel (Esd. 7.10, Nee. 8.8).
Depois disso passou um longo tempo novamente até que a candeia fosse reascendida por Cristo. Enquanto esteve no mundo Ele era a Luz (Jo. 9.5). Agora não mais um tipo ou figura de Cristo, mas o próprio Jesus, a Palavra Viva, o Verbo encarnado (Jo. 1.14). Depois no Pentecostes o Espírito deu um testemunho visível disso, através das línguas de fogo que pousaram sobre cada um deles, que agora a Luz estaria neles; que a Igreja seria agora a luz do mundo (Atos 2.3).
O texto que vimos acima de I Samuel 3.21 nos confirma de forma muito clara isto. Quem Samuel via? O Senhor se manifestando. E como o Senhor se manifestava a Samuel? Pela sua Palavra. O que Samuel viu, a palavra somente ou o Senhor? O Senhor claro, pela Sua Palavra.
A visão dada a Samuel trouxe a Davi, uma figura preciosa de Cristo. Toda visão de Deus nos leva a Cristo, e toda visão fora de Cristo é uma tentação de Satanás. Um testemunho disso é o cego de nascença de João 9. Ali o Senhor nos ensina o caminho de alguém a qual a visão é restaurada. Ela começa com o Senhor abrindo os nossos olhos, para no final nos fazer ver a Cristo, para que possamos adorá-lo em verdade.
O termo 'visão da igreja' se tornou algo comum entre alguns cristãos, mas para muitos esta 'visão' não está trazendo realidade. Isto porque a visão que temos que ter não é de algo, mas sim de uma Pessoa: Cristo. Muitos usam o testemunho de Paulo ao rei Agripa (At. 26.19), para citar que ele não foi rebelde à visão celestial, mas se referindo à visão como visão da igreja. A visão que ele teve não foi da igreja, mas de Cristo e depois da Igreja nEle.
Paulo não pregava a igreja, mas a Cristo. Ele seria infiel à visão se tivesse pregado a igreja. Os apóstolos também estiveram por três anos com Jesus, mas não o viram. Apenas depois da sua ressurreição é que tiveram os olhos abertos para vê-lo através das Escrituras (Luc. 24.44-45), e daí pregaram a Ele pelas Escrituras (At. 4.31-33 e 5.42).
Não podemos nos gloriar numa 'visão' que não traz a Vida. O inimigo é muito sutil nessas coisas. O Senhor nos ensina a olhar firmemente para Jesus, mas o inimigo nos diz para olharmos um pouquinho para a direita ou para a esquerda. Pronto, se dermos ouvidos a ele a visão ficará embotada. O que é olhar firmemente? Você pode dizer que está olhando firmemente se desviar os olhos um pouquinho? Certamente que não.
Por isso não creio que alguém possa ter alguma visão celestial fora da Pessoa de Cristo. O Senhor nunca começa pela edificação, mas pelo fundamento. E toda edificação também está determinada por Deus para iniciar à partir de uma pedra angular: Cristo (I Ped. 2.7-8 ). Para nós, os que cremos, ela é a preciosidade, mas para os que se dizem 'edificadores', ela é rejeitada. Claro, eles são falsos edificadores, porque quem edifica é Deus, é Cristo, e somente eles (Heb. 11.10; Mat. 16.18; Ef. 5.29).
Que o Senhor abra os olhos do nosso entendimento para que tenhamos uma visão real. Não de algo que está em Cristo, mas como o cego de nascença o Cristo para adorá-lo. E nEle, olhando firmemente para Ele, possamos ver tudo, desde a serpente levantada - que é a obra na cruz (Jo. 3.14), até a sua Igreja gloriosa (Apoc. 21.10-11). Olhando para Ele seremos salvos (Isa. 45.22), seremos iluminados (Salmos 34.5).
O Senhor por sua misericórdia tornará as nossas trevas em luz, e as coisas tortas ele endireitará. Muitos cegos verão o Senhor e o adorarão em espírito e em verdade (Isa. 42.16-18). Ele disse, e o fará, mas não podemos nos esquecer das cinco virgens insensatas que estavam com as lâmpadas se apagando. Isto mostra que neste exato momento, há irmãos prudentes que estão olhando, conhecendo e prosseguindo no conhecimento dEle, e há outros que estão como cegos, infrutíferos no conhecimento dEle, vendo somente o que está perto.

Por: Irmão Edward Burke - Londrina-PR

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