sexta-feira, 4 de setembro de 2009

VERDADES ESSENCIAIS DA FÉ CRISTÃ

Vimos alguns aspectos da administração do Senhor e do depósito de Deus. E agora é necessário pôr um pouco mais os pés na terra. Necessitamos que o Senhor nos ajude a discernir os elementos essenciais do testemunho da palavra do Senhor que a igreja tem.

Os elementos essenciais do cristianismo
E, claro, ao falar agora, devemos recordar coisas que antes já consideramos. Não vamos só falar de elementos. Estamos usando a palavra somente a maneira de itens, de pontos cruciais ou chaves; mas logicamente, cada um deles tem uma rica realidade espiritual e são propriedade agora da igreja.
O que tem sido confiado nas mãos da igreja é propriedade exclusiva da igreja; este testemunho e estas coisas não se encontram a não ser na igreja. Fora da igreja, estas coisas não são compreendidas, e até pior, são atacadas, e às vezes ferozmente, porque são coisas que vão ao coração do inimigo, para inutilizá-lo.
Por isso, Satanás combate o que é próprio da igreja; às vezes abertamente – quando o faz pelo lado do ateísmo, do engano ou da incredulidade. Mas, às vezes se infiltra para combater o que é essencial, que foi confiado à igreja, de maneira ardilosa, por meio de heresias, de confusões, para tratar de invalidar o que nos tem sido confiado.
As «coisas» essenciais não se encontram em outros monoteísmos; nem sequer no próprio monoteísmo judaico, se ficarmos somente no nível do Antigo Testamento. Certamente todo o Antigo Testamento é revelação de Deus, revelação verdadeira. O que está nele, desde Gênesis até Malaquias, é tudo de Deus; só que requeria ser cumprido e ser completado no Novo Testamento.
E por isso, de forma triste, temos que dizer que, inclusive o povo de Israel, que foi povo de Deus, realmente escolhido por Deus para um primeiro testemunho –uma primeira parte do testemunho–, até o próprio monoteísmo judaico ficou míope. Quanto mais o islâmismo, que é uma tergiversação do Antigo e do Novo Testamento!
O inimigo foi tão ardiloso com o Islã, que lhes deixou o mais que pode a respeito de Jesus Cristo, mas lhes tirou o coração. Eles chegaram a crer inclusive que Jesus é o filho, não o Filho de Deus, mas nascido da virgem Maria. Os muçulmanos chegam a reconhecer certos títulos a Jesus, embora lastimosamente sem entender o que significam. E por isso, por outro lado, negam o conteúdo desses títulos.
Mahoma tinha ouvido que os cristãos aplicavam o título de Messias e de Verbo ao Senhor, e dessa mesma maneira ele os aplicou, mas sem entender suas implicações. Ou seja, que às vezes, alguém pode se enganar ao ouvir que Mahoma fala do Messias Jesus e do Verbo de Deus, mas sem reconhecer que ele é o Filho de Deus. A ascensão de Jesus é reconhecida pelo Islã; mas eles pensam em sua ascensão como nós podemos pensar no desaparecimento de Enoque, que caminhou com Deus e Deus o levou, ou Elias, que foi arrebatado ao céu em um carro de fogo. Assim, eles falam de Jesus como um profeta que foi para o céu, da mesma maneira que foi Enoque e Elias. Mas, segundo eles, devem retornar para morrer, porque não aceitam que Jesus é o Filho de Deus que morreu por nossos pecados na cruz. Quase todo o resto eles tem.
O inimigo lhes deixou quase tudo o que servia para que eles cressem que estavam com Deus, mas tirou-lhes a essência, a identidade do Senhor Jesus e o essencial da obra do Senhor e do evangelho. Para eles, a pior blasfêmia que os seus ouvidos podem ouvir é que Jesus é o Filho de Deus.
Mas para o cristianismo, ao contrário, a grandeza é que Deus tem um Filho unigênito, que é o Filho de Deus, o Senhor Jesus. E o essencial da obra do Senhor Jesus não são os seus milagres. Tudo isso o Senhor Jesus fez, tudo isso o Islã reconhece. O que não reconhece é que ele morreu na cruz, uma morte expiatória, que é o essencial.
O que a igreja possui, nem o meio acadêmico, nem a filosofia possuem. O que foi confiado à igreja é exclusivo; não está nas mãos do judaísmo nem do Islã, nem das outras religiões panteístas ou politeístas, nem nas mãos da ciência, nem da filosofia, nem da academia, nem de nenhuma ideologia. É testemunho exclusivo da igreja. Por isso, a igreja precisa conhecer esses elementos vitais do depósito de Deus, do testemunho da igreja, que Deus quer dar através da igreja e sua Palavra, a todo mundo.

Coisas essenciais e coisas periféricas
O que Deus revela à igreja, ele quer que todo mundo o tenha. Deus, com toda sinceridade, quer que todos os homens sejam salvos e venham ao pleno conhecimento da verdade. Mas os homens não querem. Muitos foram enganados, não crêem e se opõem. A igreja deve identificar os itens fundamentais do depósito que lhe foi confiado; porque às vezes nos perdemos em assuntos periféricos e não distinguimos as coisas essenciais. E nisso, também o diabo tem ganho uma partida para os cristãos: em nos pôr a brigar uns com os outros a respeito das coisas periféricas, questões menores, que não são as essenciais.
Agora, a própria palavra do Senhor nos ensina que, a respeito das coisas essenciais, devemos ser muito sérios e cuidadosos, e que devemos ser tolerantes a respeito das coisas periféricas.
O mesmo verbo «contender», pelo menos na tradução Reina-Valera, é usado de duas maneiras. Em Romanos, capítulo 14, o apóstolo Paulo diz: «…para não contender a respeito de opiniões porque um crê que de tudo se pode comer; outro que é fraco só come legumes; um faz caso do dia, outro julga iguais todos os dias». E o apóstolo nos diz que devemos receber inclusive o fraco na fé. Mas já está na fé, no essencial da fé. «Recebamos ao fraco na fé, sem contender sobre opiniões, porque Deus vai julgar a cada um». Deus conhece as intenções de cada um.
Mas o mesmo verbo «contender» é utilizado de maneira contrária, mas pelo mesmo Espírito Santo, o apóstolo Judas, irmão de nosso Senhor Jesus e de Tiago. E assim como Paulo diz: «...para não contender sobre opiniões», Judas diz: «...contendais ardentemente pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos».
Então, anteriormente nos detivemos um pouquinho em enfatizar a existência daquilo que se chama «a fé que uma vez por todas foi dada aos santos», pela qual o Espírito Santo, através do apóstolo Judas, diz-nos para contender ardentemente, enquanto o apóstolo Paulo nos diz «quanto a opiniões, para não contender». Não contender a respeito de opiniões; mas, contender abertamente pela fé.
Ou seja, há uma diferença entre o que são coisas fundamentais, e vamos dizer, correspondem à essência da revelação divina e do evangelho, e as coisas que já dentro da fé permite pela amplitude de liberdade que têm os filhos de Deus, de pesquisar, de investigar, já dentro do fundamental, algumas coisas, e se formam escolas de opinião, mas estando todos na mesma base comum.
Já as palavras em Judas são diferentes das palavras de Paulo. Paulo fala de opiniões a respeito de coisas semelhantes a essas, como se pode comer de tudo ou só algumas coisas; a respeito dos dias, coisas desse tipo. Ao contrário, o contexto das palavras de Judas o apóstolo, é a respeito da salvação comum, a respeito de Deus e do Senhor e da graça não convertida em libertinagem, à salvação comum.
Então, temos que aprender a fazer diferença entre o que é fundamental, aquilo no qual os apóstolos nos chamam a atenção. Por um lado, Paulo nos diz, para receber aquele que o Senhor recebeu. E por outro lado, João nos diz, para não receber nem chamar bem-vindas a determinadas pessoas que estão dizendo determinadas coisas a respeito de Deus e de Jesus.
Não podemos confundir o que é essencial com o que é periférico. E o inimigo é muito ardiloso; ele quer chamar periférico e irrelevante ao que é extremamente sério, e por outro lado, quer que nós coemos os mosquitos, e quer que nós engulamos os camelos. Então, o Senhor tem que corrigir a ordem de prioridades em nossas consciências, nos ajudar a distinguir os assuntos fundamentais; porque esses não são só assuntos; são as palavras ensinadas pelo Espírito a respeito da administração de Deus.

As verdades fundamentais, ou dogmas
Então, vou ter que advogar por uma palavrinha que, às vezes, nós desprezamos. Possivelmente em nossa tradução da Bíblia não a encontremos, e por isso não nos parece bíblica. E essa palavrinha é «dogma». A palavra «dogma» é uma palavra bíblica; só que aparece traduzida de outras maneiras nas Escrituras, e por isso diante de uma tradução às vezes inadvertida, depois corremos o risco de tirar-lhe a importância.
Quando houve, em Jerusalém, o concílio apostólico, em Atos 15, não estava tratando somente de questões judaicas, não estava tratando somente de assuntos periféricos – embora eles estavam implicados. O que estava sendo tratado era nada menos que a essência do evangelho. Somos salvos por fé, por graça, ou a salvação depende das obras e da circuncisão? Não era só se podíamos comer chouriço ou não.
Às vezes pensamos que o concílio de Jerusalém se ocupou de chouriço. Aqui no Chile também se diz chouriço? Como dizem? Prietas. Bom, na Colômbia chamamos morcela ou chouriço. Não, o tema era outro; o assunto era nada menos que a essência do evangelho.
Quando eles chegaram a uma conclusão, vocês recordam o que diz ali? «pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não lhes impor nenhuma outra coisa necessária…». E escreveram aquela carta, e a enviaram junto a alguns delegados deles os apóstolos Barnabé e Paulo, e acrescentaram a Silvano e a Judas Barsabás, para que também eles, com palavras, explicassem nas igrejas o sentido daquela carta.
E então, na tradução Reina-Valera diz, no capítulo 16, que os apóstolos foram pelas igrejas e lhes entregavam as ordenanças que os apóstolos tinham acordado, e as igrejas eram edificadas, etc. Essa palavra, que ali foi traduzido «ordenanças», no contexto dos decretos de Augusto César foi chamada «edito»; essa palavra, no original grego, é «dogma».
Às vezes nós, em nossa atitude anti-religiosa, nos excedemos. Está bem ser anti-religioso, ser anti-fariseu nesse sentido; mas ser antidogmático é mais delicado, diferente. A palavra de Deus fala de verdades fundamentais; nela não podemos tomar algumas coisas e as deixar, como se diz, à vontade de Deus. A palavra de Deus identifica de maneira clara e profunda algumas coisas. Por exemplo, a Palavra diz que o que não honra ao Filho como se honra ao Pai, não tem a Deus. Isso é uma coisa séria. «Quem não tem ao Filho, não tem ao Pai; quem nega o Filho, nega também o Pai». Então, todo o relativo à relação do Pai e o Filho, e quem é o Filho, são assuntos fundamentais.
Quando se tratava sobre o Filho, os apóstolos eram extremamente rigorosos. Não contemporizavam ou se acomodavam à cultura, porque isso tem que haver com o essencial da fé. Que Jesus Cristo é Deus com o Pai, isto é um dogma. Que Jesus Cristo é também Deus e homem verdadeiro é um dogma. Que a morte do Senhor Jesus na cruz é expiatória, e só na base dessa morte podemos ser salvos, é um dogma. Que a justificação é pela fé, somente por graça e não por obras, é um dogma. São verdades fundamentais, que a igreja tem que aprender a distinguir e realçar e insistir constantemente nelas, especialmente quando o Senhor começou a nos revelar algumas coisas relativas, por exemplo, ao reino, ao castigo dispensacional, à recompensa das obras.

A Trindade
Então, queria começar dizendo que uma primeira palavra, digamos, chave –inclusive não está na Bíblia; mas, ao que se refere, ela sim está na Bíblia–, é a palavra Trindade. A primeira coisa da qual Deus falou, o tema central de Deus, junto com o restante, de onde brotam e aonde retornam todas as coisas, que lhe dá o começo e o sentido –Alfa e Ômega– a todo o restante da revelação divina, é o que Deus revelou a respeito de Si mesmo. E, por isso, estamos resumindo toda essa revelação divina de Deus a respeito de Si mesmo, na palavra Trindade.
Deus é um só Deus, trino – Pai, Filho e Espírito Santo. O que tem relação com à Trindade de Deus é muito fundamental. Às vezes, nós podemos pensar que essa questão da Trindade não tem nada de prático; mas, se realmente víssemos o que significa conhecer a Deus em Trindade, aí descobriríamos que o mais prático que existe para tudo –para a vida da igreja, para a vida da família, para a saúde da sociedade–, o mais prático é conhecer a Deus em Trindade, no Espírito.
É quando conhecemos a Deus, que Deus é um Deus que é amor, que o Pai é um Pai que tem um Filho e que deu ao Filho toda a plenitude, e como o Pai tem vida em si mesmo, quis que no Filho habitasse toda a plenitude, e que o Filho também tivesse vida em si mesmo, como o Pai. E quando vemos que tudo o que é do Pai é do Filho e tudo o que é do Filho é do Pai, e quando o Senhor estabelece a relação intratrinitaria como modelo e como conteúdo da igreja, aí podemos notar que este assunto da Trindade não é só uma indagação teológica de alguns medievais.
O Senhor Jesus disse –claro que isso requer o maior desafio a todas as capacidades do homem, que sempre ficarão limitadas; por isso necessitamos de revelação–, o Senhor Jesus disse: «…como tu, Oh Pai, em mim e eu em ti, que eles sejam um em nós». Que frase tremenda! Sabemos de cor; mas, quando a entenderemos? «…como…» . Esse é o modelo, «…como tu em mim e eu em ti». O que significa isso? Necessitamos da revelação do Espírito Santo, para entender espiritualmente esse «como».
Como é que o Pai é no Filho, e o Filho é no Pai? «Que também eles», ou seja, a igreja, «sejam um». Fala da unidade da igreja, um tema precioso nestes tempos de divisão de igrejas; mas diz: «sejam um em nós». Esse nós da Trindade, esse nós do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nada mais prático, de resultados mais práticos para a vida da igreja, que ter uma revelação de Deus em Trindade, conhecer a Deus em sua Trindade.
É extremamente prático também para a família. De onde o marido vai aprender? De onde se aprendem as relações fiéis, as relações justas, as relações suaves, cheias de amor, realizadoras do outro? Onde vamos aprendê-las, se não conhecermos a Deus em Trindade? Como uma sociedade vai aprender justiça, vai aprender solidariedade, vai aprender misericórdia, se não tiver cristãos que conheçam a Deus na Trindade?
Então, amados, o ‘assunto’ da Trindade não é um assunto medieval ou bizantino, ou somente teológico. Os apóstolos falaram disso. Muita porção da Palavra de Deus se dedica a nos dizer o que Deus é e como ele é. Deus é um Deus que quis revelar-se, como já enfatizamos, e que quis dar-se.
E nesse revelar-se é que nos damos conta –a igreja– que Deus é trino, depois que o irmão Tertuliano do século II cunhou a palavra trinitas. Isso não quer dizer que Tertuliano inventou a trindade. Não, a palavra trinitas ele aplicou à Trindade, à Trindade da Bíblia.
Há outro irmão que falou maravilhas da Trindade na igreja primitiva, e nunca mencionou a palavra Trindade. Hoje, no seu livro puseram o título A Trindade, mas quando ele escreveu não o chamou assim. Era um irmão chamado Novaciano, também entre o século II e o III, um dos livros da igreja primitiva mais preciosos a respeito da Trindade.
Mas Tertuliano –quando seguimos atentamente– está falando o que a Bíblia fala de Deus. Então, na divindade, o Pai é Deus. Bem, isso não foi tão difícil, digamos, para certos monoteísmos; embora aplicar a Deus a palavra Pai foi muito difícil para o Islã. Israel, pelo menos, a aplica em um sentido mais suave, porque o próprio Deus se apresentava como um pai a Israel; às vezes, também como um marido. Assim, quanto à divindade do Pai, não houve maior problema com esses monoteísmos.
Mas a própria confissão da igreja é a divindade do Filho junto com a do Pai. O Filho é Deus com o Pai. Que, antes da fundação do mundo, o Verbo estava com Deus e era Deus, e todas as coisas foram feitas por meio dele e que sem ele nada do que foi feito se fez. Que o Filho é Deus com o Pai - essa é a própria confissão da igreja. É a igreja que sustenta a confissão da divindade do Filho de Deus.
Houve épocas onde isto foi combatido terrivelmente. Antes, durante e depois do concílio de Nicéia, onde se proclamou abertamente a divindade do Filho, houve ataques imperiais, teológicos, confusões de dentro, repressões de fora. Nosso irmão Atanásio de Alexandria, que foi um baluarte na época para confessar o que a igreja confessa a respeito da divindade do Filho, teve que sair cinco vezes exilado, teve que esconder-se entre os monges do deserto e escrever cartas escondidas aos irmãos, porque Satanás estava tratando de apagar essa grande verdade do coração da igreja: o Filho de Deus é Deus com o Pai, e aquele que não honra o Filho como o Pai, também não tem o Pai.
Que tragédia para o judaísmo, que não é cristão! Que tragédia para o Islã, que eles pensem que têm a Deus e, no entanto não têm ao Pai, se não tiverem o Filho! Quem não recebe ao Filho, não recebe ao Pai; quem não tem ao Filho, não tem ao Pai. De maneira, irmãos, que se fôssemos procurar algum assunto de primeiríssima importância, é a identidade do Senhor Jesus; porque a igreja é a igreja do Senhor Jesus. De qual Senhor Jesus? Qual é o Senhor Jesus da igreja? O Senhor Jesus da igreja é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é Deus com o Pai.
A igreja tem muito a aprender a respeito da divindade do Filho. E é necessário formar, desde os irmãos mais novos até os mais velhos, neste claro testemunho, porque essa é a revelação que o Espírito tem dado acerca do Filho. Irmãos, o apóstolo João dedica muito cuidado nisto. Ele faz diferença entre o Espírito de Deus e o espírito do anticristo, no que esse espírito confessa a respeito de Jesus.
Em tempos de ambigüidade e astúcia, Satanás se esconde, mas o Espírito Santo discerne; o Espírito Santo foi chamado para que abra os olhos da igreja. E a serpente apresenta outro Jesus, outro evangelho e outro espírito. E Paulo diz aos santos, lá em Corinto: «Mas temo que vocês estejam tolerando em demasia. Vem alguém apresentando a outro Jesus, outro espírito, outro evangelho e vocês o toleram».
O tolerante Paulo, o apóstolo inclusivo, o apóstolo do corpo, nestas coisas, foi sério. Como vocês vão tolerar se lhes falam de outro Jesus, se a serpente quer distorcer a verdade sobre o Senhor Jesus? Primeiro, quanto a Sua divindade ou a Sua humanidade, ou quanto à relação de Sua divindade e Sua humanidade, ou na relação do Filho com o Pai ou a Sua relação conosco, Satanás sempre procurou apresentar outro Jesus, e hoje as livrarias estão cheias de apócrifos. Hoje em dia os apócrifos estão em moda. Há pessoas que não lêem a Bíblia, mas lêem seis ou sete volumes de J. J. Benítez, de Cavalo da Troia, falando necedades a respeito de Jesus, e crêem nelas, como se fosse o evangelho.
Satanás está aí, e a igreja, às vezes, fica como se tivesse dormindo, sem responder nada, como que não tendo nada a dizer, enquanto que os irmãos da igreja primitiva morriam por este testemunho.
Então, tudo o que é relacionado com à Trindade, o que a Palavra diz a respeito dela, é item fundamental do testemunho da igreja.
A igreja tem que confessar a divindade do Filho junto com o Pai, tem que confessar a divindade do Espírito Santo junto com a do Filho e do Pai. São Pedro diz que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus. Como o Espírito de Deus não vai ser divino? Como Deus pode ter um Espírito que seja algo menos que divino? Como que o próprio Espírito de Deus também não vai ser Deus?

A Encarnação do Verbo
A segunda palavra chave –assim como a primeira é Trindade–, o segundo grande dogma que tem sido confiado à igreja, a verdade fundamental pela igreja que tem que dar a vida, é a encarnação do Verbo de Deus.
O primeiro grande espetáculo –porque não existe no universo outro maior– é a Trindade. O segundo grande capítulo, a segunda cena, o segundo grande espetáculo, é a encarnação.
O Verbo de Deus, o Verbo que estava com o Pai e era com Deus e era Deus, por meio de quem Deus fez todas as coisas, que estava com o Pai antes da fundação do mundo, que compartilhava com o Pai a glória, sendo o próprio resplendor dela, o Filho, que disse: «Pai glorifica-me tu, ao teu lado, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse»; o que disse: «Antes que Abraão existisse, eu sou»; ele, aquele Verbo, se fez carne, se fez um homem semelhante a nós, tentado em tudo conforme a nossa semelhança, com espírito humano, com alma humana, com corpo humano, perfeitamente humano, um homem verdadeiro como você e eu. Porque, se não fosse um homem, como iria te redimir, como iria pagar o preço pelos homens e como iria realizar a nossa humanidade, se ele não a assumiu?
Mas ele disse: «Pai por eles, a mim mesmo me santifico». Ou seja, ele se vestiu de nossa humanidade, para conduzir a nossa humanidade à estatura de varão perfeito, realizar as possibilidades da humanidade em sua própria encarnação, para em seguida converter-se no pão da vida. «O pão que eu darei é a minha carne. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu lhe ressuscitarei no último dia». Mas, se ele não se fez homem, se foi só um fantasma, como diziam os docetistas, ou alguma lenda ou mito, como estão dizendo hoje os modernos, ou estão querendo fazer diferenças entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, sem confessar que Jesus é o Cristo; irmãos, sem essa grande verdade, Satanás entra furtivamente.
A segunda grande verdade da igreja, pela qual a igreja é igreja, e pela qual e para a qual a igreja vive, é que o Filho de Deus, o Verbo que estava com o Pai, fez-se homem, semelhante a nós em tudo. Cresceu como crescem os homens, porque ele, como Deus, não tem que crescer; ele, como Deus não tem nada que aprender. Mas, como homem, ele cresceu em estatura, cresceu em graça, cresceu em sabedoria diante de Deus e dos homens, e pelo que padeceu, aprendeu a obediência, e foi tentado em tudo conforme a nossa semelhança, mas sem pecado.
«Quem não confessa que Jesus Cristo é vindo em carne», diz João, «esse é o espírito do anticristo, do qual vós ouvistes que vem, e já tem saído muitos anticristos». O anticristo final é um personagem; mas anticristos, no plural, diz João que há muitos espíritos de anticristo, que não confessam que Jesus Cristo é vindo em carne.
Os falsos cristos de hoje, desencarnam o Senhor Jesus, despacham a encarnação, porque eles pretendem dizer: ‘Bom, aquele Verbo, aquele Cristo, só é chamado de Cristo a unção que estava nesse homem, Jesus’, sem confessar que Jesus é o próprio Cristo, mas eles dizem: ‘Não, não! Porque é como um avatar’, eles dizem, ‘veio sobre um e agora vem sobre outro; mas é o mesmo’.
Agora, William Soto Santiago, anda dizendo por toda a América Latina que é o anjo de Jesus Cristo, como se Jesus Cristo necessitasse dele para voltar; que a segunda vinda de Cristo é através de fulano e de beltrano, porque se desfizeram de Jesus Cristo em carne, porque não confessam a Jesus Cristo em carne. O Senhor Jesus ressuscitou como homem. «Um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho. Têm algo de comer? Venham, comamos juntos». E comeu. «Tomam, vêem, ponha aqui o seu dedo, ponha aqui a sua mão».
«O que os nossos olhos viram, e os nossos ouvidos ouviram, e as nossas mãos apalparam referente ao Verbo da vida». Eles deram testemunho do Senhor Jesus Cristo em carne, como homem, depois da ressurreição. Não só espírito. E subiu à vista deles, e os anjos disseram: «Este mesmo Jesus…». Não precisa vir através de William Soto, ou do tal Miranda, que está lá na Colômbia e pela República Dominicana dizendo que é o Cristo, e agora vês o anticristo, tatuando as pessoas, pondo o 666. Um montão de gente que estava nas congregações evangélicas!
Por que são enganados? Muitos serão enganados, porque não conhecem a verdade. Dizem que os maiores especialistas nos dólares falsos são os que conhecem os dólares verdadeiros. Eles conhecem os verdadeiros, e quando vem um meio estranho, embora nunca tenha estudado a respeito desses outros, ao compará-lo com o verdadeiro, se dão conta que o outro é falso.
«Um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho», disse o Senhor. Aí está o corpo. Agora, ele fala de sua alma: «Minha alma está muito triste, até a morte», e fala do seu espírito humano: «Pai, em suas mãos entrego o meu espírito». Ele era um homem com espírito humano, alma humana e corpo humano, que foi ungido pelo Espírito divino. «O Espírito Santo ungiu a Jesus de Nazaré, que andou entre nós fazendo o bem, como todos vós bem sabeis», dizia Pedro.
O Espírito de Deus, o Espírito Santo, ungindo o espírito humano do Senhor Jesus, com alma humana e com corpo humano, e essa pessoa humana era e é a mesma pessoa divina do Filho de Deus, que estava com o Pai. Este era no princípio com Deus e era Deus. Este era no princípio com Deus, e nada do que foi feito se fez sem ele, e este, aquele Verbo, foi o que se fez carne. E não só corpo humano, mas também, como diz em Filipenses, fez-se homem; sendo em forma de Deus, não estimou o ser igual a Deus como coisa a que aferrar-se, mas despojou-se, tomou a forma de servo, feito semelhante aos homens e estando na condição de homem, humilhou-se.
Como homem, foi provado em tudo; como homem, ele venceu as provações; como homem, ele venceu a Satanás. Por isso, Satanás, quando aparecia nas sinagogas, estava disposto a confessar que Jesus era o Santo de Deus, o Filho de Deus. Mas não queria dizer que veio em carne, porque foi em carne que Jesus o venceu; em sua carne, o Senhor condenou o pecado; em sua carne, como homem, foi que Jesus venceu a Satanás. Essa é a grande verdade da igreja. Não há outra vida que viveu como a vida do Senhor Jesus. Esse é o testemunho da igreja. A encarnação é um segundo ponto.

A Expiação
E um terceiro, a palavra chave é expiação. No coração do testemunho da igreja está a morte expiatória por nossos pecados, do Filho de Deus, que chegou também a ser o Filho do Homem. Deus quando Verbo, homem quando se encarnou, assumindo integralmente a nossa natureza humana, só que sem pecado. E, logo depois de ser seriamente provado, e tendo vencido, tendo recebido do Pai a aprovação, no batismo, no monte da transfiguração e na ressurreição, Deus demonstrou que esse é seu Filho amado. «Este é meu Filho amado no qual tenho contentamento, a ele ouvi».
Deus o vindicou como Filho de Deus na ressurreição, depois de morrer uma morte expiatória. A expiação é o grande coração do evangelho.
Quando você vê o tabernáculo, o que estava no Lugar Santíssimo, no centro do Lugar Santíssimo, era a arca do testemunho, e ainda por cima, o propiciatório. Do que ela nos fala? Da pessoa e obra fundamental do Senhor Jesus. O ouro por dentro e por fora da arca, e a madeira da arca, fala-nos da pessoa divina e humana do Senhor Jesus. O ouro, por dentro, fala-nos de sua identidade eterna como Filho de Deus; porque o ouro representa a natureza divina. E ele, antes da fundação do mundo, estava com o Pai, e portanto, dentro da arca. A sua identidade mais íntima é a de Filho de Deus.
Mas ele também assumiu a natureza humana, fez-se carne, se fez homem como nós. Portanto, um pouquinho mais para fora desse ouro, está a madeira de acácia, que nos fala de sua humanidade. Mas, em seguida, ele disse: «Pai, glorifica-me com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse». Só que ele, agora, não só estava como homem, mas também como Deus. Portanto, ao ser glorificado como Filho de Deus, agora em humanidade, glorificou a nossa humanidade. E, por isso, do lado de fora da madeira, há ouro outra vez na arca.
A arca tem ouro por fora e por dentro, e no meio, madeira. Porque o Senhor Jesus era Deus, fez-se homem e voltou para a glória. Então, ele é homem e Deus, Deus e homem. Há um homem, um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem; mas ao mesmo tempo glorificado. Mas, em cima da arca, estava o propiciatório, onde se fazia propiciação ou expiação, onde se derramava o sangue do cordeiro. Isso é o essencial, isso é o primeiro, isso é o que se encontra no coração do Lugar Santíssimo.
E essas são as três primeiras grandes verdades dogmáticas da igreja: Jesus como Filho de Deus, divino como o Pai, segunda pessoa da Trindade divina, e feito homem, provado em tudo, mas sem pecado, glorioso, e morto na cruz por nossos pecados.
Quando o apóstolo Paulo recordava à igreja em Corinto, os primórdios do evangelho, ele lhes diz: «Declaro-vos, irmãos, o evangelho que vos preguei, no qual recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se é que não crestes em vão». Porque há uma fé que não é do espírito, é só uma crença do homem exterior; mas, quem creu de verdade, como uma revelação, com novo nascimento, esse é salvo para sempre.
Então, Paulo lhes diz: «Declaro-vos este evangelho…». E começa a declarar a essência do evangelho. Fundamento; não há outro fundamento. E a primeira palavra que diz é: «Cristo». E a segunda palavra diz: «morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras e apareceu…». E começa a mencionar as aparições aos homens e não mencionou as mulheres, não porque não lhes tivesse aparecido, mas porque na época o testemunho das mulheres não eram levados em conta; então ele mencionou as aparições aos homens.
Paulo diz que essa é a essência do evangelho; a primeira coisa que ele ensinou. Esse era o fundamento que ele, como perito arquiteto, colocava na igreja. Cada irmão deve estar fundamentado sobre esse fundamento: Quem é o Filho de Deus, a sua pessoa divina e humana, e primeiramente a sua morte expiatória. Então, agora sim vem a ressurreição, agora sim vem a ascensão. Porque a morte era para tirar o negativo; a ressurreição, ascensão e o Espírito para suprir o positivo. Suprir o positivo, o novo.

A justificação pela fé e outras verdades
Então, da morte, da expiação, deriva-se outra grande verdade fundamental que foi a tecla que o Espírito Santo esteve tocando durante a época da Reforma, porque tinha-se perdido. Satanás a tinha confundido no conhecimento dos santos. A justificação pela fé.
Expiação e justificação pela fé são as grandes verdades dogmáticas da igreja. Claro que também, junto com a morte, está a ressurreição. A ressurreição integral, com espírito, alma e corpo, do Senhor Jesus. Ele não ressuscitou só em espírito. Hoje em dia, alguns enfatizam que ele se tornou espírito, como se ele tivesse desaparecido como homem. Mas ele é homem, ele ressuscitou como homem. Inclusive quis conservar as cicatrizes, para que não houvesse dúvida. «De onde tem estas feridas? Com elas fui ferido na casa dos meus amigos», diz Zacarias. Ele conservou as suas cicatrizes. Ele já sabia que Tomé ia dizer isto: «Se não colocar o meu dedo em suas chagas, não vou crer». Então, conservou-as, como uma grande honra.
Vêem? Aí está a essência. Você tem ressurreição, ascensão, derramamento do Espírito. Essas são grandes verdades. Irmão, de cada um destes passos, a igreja obtém imensos benefícios.
Essas sete festas de Israel, como diz Paulo aos Colossenses, eram sombras de Cristo, mostravam algum aspecto fundamental de Cristo. A páscoa mostrava a Cristo crucificado; os ázimos, a Cristo repartido; as primícias, a Cristo ressuscitado; Pentecostes, ao Espírito de Cristo derramado; as trombetas, a Cristo anunciado, pregado aos gentios, crido no mundo, o testemunho da igreja, e a festa da expiação, Cristo advogado, à mão direita do Pai, intercedendo por nós. E então, a festa final, a do reino, a das cabanas ou tabernáculos, Sucote, Cristo voltando, estabelecendo o seu reino milenar.
Essas são grandes verdades sobre Cristo. Cristo divino, na eternidade, na Trindade, Cristo no planejamento, como arquiteto com o Pai, decidindo com o Pai: «Façamos o homem conforme a nossa imagem», etc. Cristo na revelação, Cristo na redenção, Cristo no juízo, Cristo no reino.
As grandes verdades a respeito de Cristo; esse é o tema da igreja, é o gozo da igreja, é a comida da igreja. Agora sim podemos falar da igreja. Mas antes, ainda não. Até não chegar ao século XVI, o Espírito Santo não tinha enfatizado o assunto da igreja. Se você olhar para a história dos temas que o Espírito Santo enfatizou, vai notar que ele seguiu uma ordem sistemática.
O que os irmãos dos três ou quatro primeiros séculos falavam? De muitas coisas, mas o assunto principal que o Espírito Santo os tinha embebido era: Quem é Jesus? Que relação tem Jesus com o Pai? É de outra substância ou é da mesma substância? É consubstancial ou é parecido? Isso era o que eles queriam saber, e pesquisavam as Escrituras em oração. E de repente saltavam das Escrituras as palavras do próprio Deus a respeito de seu Filho e do próprio Filho a respeito de si mesmo, e do Espírito pelos profetas e apóstolos sobre o Filho. Quem era o Filho? Esse era o tema da igreja nos primeiros quatro séculos.
Depois que já tinha ficado claro que o Filho era tão Deus como o Pai, então agora o assunto era: É também homem? Como se relaciona a sua divindade e a sua humanidade? São duas naturezas na mesma pessoa, ou são duas pessoas? Ou é metade Deus e metade homem? Esses eram os assuntos deles. E se atrasaram vários séculos, até o final da época patrística. O último dos patrísticos foi João Damasceno. A cristologia era ainda o seu tema, até o século VIII. Depois, na Idade Média, no século X, começou o assunto da expiação a ser trazido outra vez pelo Espírito Santo. Os apóstolos tinham falado de maneira tão clara, mas na Idade Média não estavam seguros por que Jesus Cristo tinha morrido.
Quando lemos o Novo Testamento, é tão claro. Mas depois de dez anos de história da igreja, ainda um grande teólogo chamado Pedro Abelardo pensava que o Senhor Jesus morreu na cruz para nos dar exemplo de martírio, para nos dar exemplo que nós também temos que deixar ser morto por Deus. Será que é para isso que o Senhor Jesus morreu na cruz? Claro que isso também está incluído, mas, seria esse o ponto principal? Notaram? Quem ia pensar que isso era um ponto de discussão na Idade Média?
Hoje, há coisas que nos parecem uma loucura, como quando os teólogos espanhóis discutiam se os indígenas tinham alma. E dos negros, nem era discutido, davam-no por certo que não tinham. Alguém poderia pensar: meu Deus, essa era a teologia dos teólogos? Exatamente, essa era. E os bizantinos discutindo quantos anjos cabiam na ponta de uma agulha, ou de que cor eram os olhos da virgem Maria. E os muçulmanos tomaram todo o império, quando aqueles estavam em pleno concílio averiguando a respeito dos olhos de Maria.
Irmãos, Satanás nos distrai com as coisas desnecessárias e nos tira o essencial. Então, na Idade Média, por fim o Senhor levanta a irmãos como Anselmo de Canterbury, que escreveu a obra por que Cristo morreu. E aí começa a trazer luz outra vez do que sempre esteve na Bíblia, mas que lhes tinha desaparecido. Não sei o que foi feito da Bíblia. Por fim, começaram a pensar que ele tinha morrido para expiar os nossos pecados, e procuraram entender a expiação. Agora sim, depois da expiação, depois da Idade Média, a cristandade estava preparada para a Reforma.
E, qual era o tema da Reforma? Qual era agora a ênfase do Espírito? «O justo pela fé viverá». Somente a Escritura, só a fé, só a graça. A justificação pela fé, verdade fundamental, o coração de Romanos.
Mas, sabe o que dizia o Concílio de Trento, irmão, em pleno tempo da Reforma, fazendo a Contra-reforma? Reunidos um montão de padres, chegaram a esta conclusão: ‘Aquele que dizer’, diz um dos cânones fundamentais sobre a justificação do Concílio de Trento, da Contra-reforma, ‘aquele que dizer que é justificado somente pela fé seja anátema´. Isso diz o Concílio de Trento, ou seja, anatematizou a São Paulo, anatematizou a Romanos, aos Gálatas, anatematizou a essência do evangelho, aquilo que estava representado por aquele propiciatório no coração do Santíssimo, em cima da arca.
O essencial foi anatematizado pelo Concílio de Trento, porque eles confundiam justificação com santificação. Mas o mesmo Senhor Jesus foi o que falou de justificação. Por acaso ele não contou a parábola do fariseu e do publicano? O publicano orava consigo mesmo; ao contrário, o que dizia o fariseu? «Sê propício a mim». E outras traduções dizem: «Propício para mim». E diz que ele saiu justificado; ou seja, aquele que confiava em sua justiça própria, saiu ainda pecador. Mas, o pecador que confiou na propiciação, saiu justificado.
Isso não é doutrina só de Paulo, mas do Senhor Jesus. Dele, em Isaías 53 se diz que: «O seu servo justo justificará a muitos». A justificação não é invento de Paulo. Hoje em dia querem dizer que Paulo foi o que inventou outro ramo do cristianismo, e atacam a Paulo. Mas o Senhor Jesus disse: «Este me é um instrumento escolhido, para levar o meu nome às nações».
Hoje, a Nova Era, os apócrifos, têm um ódio terrível de Paulo. Hoje em dia já trouxeram outro apócrifo, o de Judas Iscariotes, jogando a culpa em Deus, defendendo o diabo e a Judas. ‘O culpado de tudo é Deus’, esse é o que diz o evangelho de Judas Iscariotes.
Irmãos, a igreja não pode estar calada. Ela tem que dar testemunho constante e permanente do que lhe foi confiado. E isto foi confiado à igreja: «O justo pela fé viverá».

A Igreja
Agora sim, depois da época da Reforma, quando já ficou claro quem é salvo e como se salva, quem não é salvo, e quem está dentro e quem está fora, agora sim se pode falar da igreja, agora sim o Espírito Santo pode tomar alguns dos irmãos, e começar a falar da natureza da igreja, da inclusividade da igreja, do corpo de Cristo. E o movimento da visão da igreja foi introduzido na história da igreja pelo Espírito Santo.
A verdade fundamental a respeito da igreja, descansa sobre a da justificação pela fé. Conseguem notar? E essa descansa sobre a expiação e sobre a pessoa de Cristo e sobre a Trindade. Trindade, encarnação, expiação. Podemos pôr: ressurreição, ascensão, Espírito e também justificação pela fé, vida Santa, vida no Espírito, igreja. Agora sim chegamos à igreja.
Agora, no século XVIII e XIX, XX e XXI, o Espírito Santo está levando a igreja a compreender-se a si mesma, mas à luz da salvação, à luz de Cristo. Ou seja, a eclesiologia não é o primeiro capítulo, é o penúltimo. O último é a escatologia, as últimas coisas. Quando já vemos a igreja, os vencedores, o milênio, o reino, aí começam todas estas coisas, aí começa a escatologia. Novo céu, nova terra, essa síntese que começa por: «Cristo em vós, a esperança da glória». Aí sim, chegamos à escatologia, a esperança, a bendita esperança, uma mesma esperança, «a esperança de glória».
Agora sim, depois do reino, temos a eternidade, o propósito eterno de Deus. Essas são palavras chaves que não devemos esquecer dentro do depósito de Deus. Dentro do conselho de Deus, há assuntos essenciais que têm uma ordem lógica, uma ordem espiritual, que um é o que te leva ao outro. E assim, o Espírito Santo, conforme a promessa de Jesus, conduziu à igreja. Porque ele disse: «O Espírito vos guiará a toda verdade». E o Espírito Santo, como em um parto, dirigiu esse parto da igreja que é como aquela mulher em trabalho de parto para dar a luz esse menino, esse filho varão – Cristo formando-se na igreja.
O Espírito Santo foi revelando à igreja, com a mesma Palavra de sempre, a mesma Bíblia de sempre. Mas, cada vez, ele vai abrindo mais, primeiro a respeito do próprio Deus e a respeito de Cristo, porque é por meio de Cristo que conhecemos a Deus, é por meio de Cristo que conhecemos o homem, é por meio de Cristo que conhecemos a salvação e é por meio de Cristo que conhecemos a igreja e o reino e o propósito eterno de Deus.
Todas estas coisas estão integradas em uma ordem lógica que vem da eternidade e que vai até a eternidade, e que assim foram ensinadas pelo Espírito Santo conforme o seu ministério, ao longo de vinte e um séculos de história eclesiástica. O Espírito Santo enfatizando estas coisas, porque era necessário que primeiro houvesse algumas coisas que fossem clareadas, para que sobre elas o Espírito pudesse nos ajudar a dar um passo mais à frente.
Então, irmãos, digamos que a história da igreja se recapitula na revelação final que a igreja do fim tem que levar. Porque diz a palavra de Deus que «melhor é o fim do negócio que o seu princípio», Vêem? Porque os patriarcas trabalharam para nós, Moisés trabalhou para nós; Josué, os juízes, os reis, os profetas, todo o Israel trabalhou para nós. Os apóstolos trabalharam para nós.
Nós estamos em cima da patrística, sobre os ombros dos escolásticos, sobre os ombros dos pré-reformadores e dos reformadores, dos grandes missionários. Todo o trabalho do Espírito ao longo de vinte e um séculos, era para nos passar isso. Todo esse depósito. Somos herdeiros dele. Foi mastigado por longos séculos. Às vezes, um assunto necessitava de quatro séculos de mastigação para ficar decantado no coração da igreja para poder o Espírito Santo passar a um ponto seguinte.
Mas estamos nas gerações finais, irmãos. Então somos os herdeiros de toda essa riqueza, de todo esse processo. Se o depósito de Deus era grande no princípio, quando não tinha sido digerido, imagine agora que foi digerido por vinte e um séculos de história da igreja! Quantos irmãos tratando de mastigar por um lado e pelo outro, e clarear e conversar, para que fosse chegando a nós algo mais definido, mais decantado!
Irmãos, nós estamos nos ombros deles; mas cada geração tem que ser fiel a sua própria geração. Nós devemos, sobre os ombros dos nossos irmãos, dar um testemunho o mais completo possível, do principio ao fim, do conselho de Deus.
Resumido de uma mensagem ministrada em Temuco, em agosto de 2008.

Por: Irmão Gino Iafrancesco - Extraído da Revista águas vivas

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