AS 42 JORNADAS NO DESERTO
CAPÍTULO 50
TEXTO: ÊXODO 17:1 – 11ª Estação – REFIDIM
Prosseguindo aqui na 11ª Jornada – Refidim. No capítulo 17, versículo 1, do livro de Êxodo diz assim: “Tendo partido toda a congregação dos filhos de Israel do deserto de Sim, fazendo suas paradas, (Aqui está falando de Dofca e Alus) segundo o mandamento do SENHOR, acamparam-se em Refidim; e não havia ali água para o povo beber”.
Meus irmãos e irmãs, essas jornadas são conforme o mandamento do Senhor. Essas jornadas não aconteceram porque Moisés se perdeu e foi chegando a cada uma delas, não. Eles iam aonde “a nuvem do Senhor os guiava”. Deus conduziu o povo a uma situação em que se dera conta da necessidade que eles tinham de Deus, da Graça de Deus, da intervenção de Deus, da provisão de Deus. Isto é muito importante, porque em nossa vida, às vezes, Deus nos leva a um lugar aonde nós não podemos fazer nada, em que nós somos levados a ver o fim de nós mesmos, aonde simplesmente chegamos ao fim de nossa força. É aqui que nós precisamos compreender a mão de Deus, misteriosa, nos conduzindo. Quando Deus os conduziu para essa experiência em Refidim, Deus queria ali revelar-lhes mais acerca da sua Graça, algo mais de Cristo.
Notem que Deus os conduziu aonde não havia água, onde estavam praticamente a mercê da morte. Aqui nós vemos que eles estavam numa situação de completa impossibilidade humana. Aquele povo não tinha água para beber e foi para este lugar que Deus levou este povo. Porque Deus sabia que aquele povo estava cego, não tinha entendimento acerca do caráter de Deus, acerca daquilo que Deus desejava revelar-lhes. Eles só conseguiam ver o problema, por isso que eles se levantaram contra Moisés. Olhe o que diz o versículo 2, do capítulo 17, de Êxodo: “Contendeu, pois, o povo com Moisés e disse: Dá-nos água para beber. Respondeu-lhes Moisés: Por que contendeis comigo? Por que tentais ao SENHOR?”
Amados irmãos, aquele povo não podia ver a Deus, não conheciam os caminhos de Deus. Ainda que Deus estivesse ali, eles não podiam ter uma visão clara da presença de Deus. Embora Deus os tivesse guiando através da nuvem, eles não tinham um discernimento claro da presença de Deus. O Salmo 81, versículo 7, diz assim: “Clamaste na angústia, e te livrei; do recôndito do trovão eu te respondi e te experimentei junto às águas de Meribá”. Foram provados ali em “Meribá”, que no hebraico significa “Massá”, “prova”. Então diz ali que o povo “contendeu com Moisés”, contenda, rixa. Eles colocaram a culpa em Moisés. E Moisés disse para eles “por que contendeis comigo?”, “por que tentais o Senhor?”. Nós temos esta mesma experiência na Pessoa do Senhor Jesus, quando Ele foi conduzido ao deserto, pelo Espírito Santo, para ser tentado pelo diabo, isso está em Mt 4:1, o Senhor Jesus esteve no deserto, teve fome ,então veio o diabo e lhe disse: “se és o Filho de Deus transforme estas pedras em pães”. Nós vemos que ali o Senhor sofreu várias tentações, mas o que o Senhor lhe respondeu? “Não tentarás ao Senhor teu Deus”. Precisamos ver aonde foi que o Senhor aprendeu esta resposta. Está em Deuteronômio capítulo 6, versículo 16, que diz assim: “Não tentarás o SENHOR, teu Deus, como o tentaste em Massá”. O Senhor Jesus estava no deserto e ele não tinha o que comer, mas ele não fez nada de si e por si mesmo, ele não protestou contra o Pai. Satanás o tentou e ele lhe disse: “escrito está: não tentará o Senhor teu Deus”, isto está em Dt 6:16. E este texto está relacionado a quê? Está relacionado a tentação do deserto.
Irmãos e irmãs, o Senhor Jesus passou pela prova que Israel não passara. Israel não foi aprovado nesta prova. Mas o Senhor Jesus foi fiel e confiou em Deus, ele estava no deserto e ele disse lá no versículo 4, de Mateus 4: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”. Enquanto Israel questionava a presença e os cuidados de Deus, o Senhor confiou sua vida na Palavra de Deus, quando ele foi duramente tentado pelo diabo. Ele confiou sua vida ao poder da Palavra Nele, este era o seu alimento. Em Mateus capítulo 4, versículo 3, diz: “Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”.
Amados irmãos e irmãs, aqui nós vemos a guerra espiritual no deserto. Na perspectiva daquilo que o Senhor Jesus enfrentou aqui não é uma disputa de poder entre duas forças que se digladiam tentando provar quem é o mais forte, quem é o maior, antes é um conflito entre Deus, o Deus que ama gratuitamente, incondicionalmente, e o nosso inimigo, o acusador das nossas vidas, que usa todos os recursos possíveis para provar a impossibilidade deste amor. Veja algo impressionante aqui, amados irmãos e irmãs, quando Satanás se aproxima do Senhor Jesus para tentá-lo, a primeira pergunta que fez foi: “se és Filho de Deus”, a dúvida lançada não era em relação ao poder que o Senhor Jesus tinha para poder transformar pedras em pães ou saltar do alto do pináculo do templo e ordenar aos anjos que lhe socorresse. A dúvida era em relação à voz que ele acabara de ouvir lá no Jordão. No versículo 17, do capítulo 3, de Mateus, quando vem aquela voz do Pai e diz: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Agora aqui o que Satanás está fazendo? Ele está questionando o poder desta voz, está questionando esta relação. A tentação não era em relação ao poder que Jesus tinha de transformar pedras em Pães, mas se de fato Ele era o Filho Amado do Pai. A preocupação aqui que nós temos que atentar nas palavras de Satanás, não está no poder do Senhor Jesus, mas na sua intimidade com o Pai, no seu relacionamento com o Pai. Na tentação ele queria colocar dúvidas, ele queria arruinar a relação única do Filho com o Pai. É aqui onde muitos de nós não compreendemos por que somos tentados. A questão desta tentação, agora eu me refiro a tentação do povo de Israel lá no deserto, de Refidim, não está relacionado às provisões de Deus, mas no relacionamento de Deus com este povo, isto é, Deus tirou Israel do Egito para matá-los de sede ali em Refidim? Esse é um Deus que ama? Quantas vezes essa voz acusadora, maligna, vem no nosso coração para questionar em nós o amor de Deus, o cuidado de Deus, a provisão de Deus. Quantas vezes nós somos confrontados por este tipo de guerra espiritual dentro de nós, quando passamos por lutas, privações, tribulações, situações inesperadas de desemprego, enfermidade ou até mesmo da morte? E esta voz vem pra dentro de nós e questiona esse amor, se somos filhos de Deus, se Deus é realmente Pai.
Amados irmãos e irmãs, escute isso, a Bíblia diz que nós “somos filhos de Deus”. Não é porque estamos passando por duras provas que deixamos de ser filhos de Deus, não é por que ele nos leva, nos conduz a situações onde somos provados, que ele deixa de ser nosso Pai. Em Romanos capítulo 8, versículo 16, Paulo diz: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Nós somos filhos de Deus! Isto não pode estar em dúvida. A mesma dúvida que Satanás lança contra a Pessoa do Senhor Jesus, na provação no deserto que ele passou, é a mesma dúvida que ele lança a nós. Não nas coisas em si mesmas, quando confrontados, mas é em relação ao amor de Deus, a fidelidade de Deus, ao caráter de Deus. O que Satanás que macular é justamente isso. Ele quer macular em nós o testemunho de Deus, o caráter, nossa confiança, nossa dependência, é isso que ele quer macular. É neste ponto que precisamos ser cuidadosos, onde nós precisamos ser circunspectos, ter discernimento para que não sejamos enganados.
Agora veja meus irmãos e irmãs, o aspecto espiritual da lição que nós temos que tirar para a nossa experiência cristã hoje é que o Senhor Jesus é o contraste, é a resposta para a condição do deserto aqui em Refidim, a lição que nós aprendemos aqui. Veja que Moisés diz para este povo; “por que contendeis comigo?” “por que tentais ao Senhor?”. Note que “contender” é “tentar” Deus, é duvidar da sua presença, da sua provisão, do seu cuidado, da sua fidelidade. É isso que Moisés está falando. É como se eles desconfiassem do zelo, do cuidado, do amor e da Graça de Deus para com eles. Eles ali não estão se dando conta que de fato eles estão provocando a ira de Deus. No Salmo 81, diz: “o Senhor foi provocado”.
Em Êxodo capítulo 17, versículo 3, diz assim: “Tendo aí o povo sede de água, murmurou contra Moisés e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós, a nossos filhos e aos nossos rebanhos?”. Como se dissessem amados irmãos e irmãs, “estávamos melhor lá no Egito”, isto é, quantos de nós muitas vezes olhamos o momento de luta, provação, tribulação, deserto, e chegamos até mesmo a dizer que a nossa vida no mundo era melhor. Isto é uma tragédia! Quantas pessoas dizem isso, que quando estavam no mundo não tinham tantos problemas assim, mas agora, que são cristãos, eles não tem sentido a benção de Deus. Agora que eles estão vivendo a vida cristã eles se sentem numa situação mais difícil, isto é uma artimanha maligna para capturar o seu coração, para perverter sua fé. Essa é uma emboscada satânica para levar você a viver uma vida cristã medíocre. Nossa vida cristã não é vivida por vista, ela é vivida por fé. E é isto que Deus quer mostrar para nós. A Bíblia diz que Moisés clamou ao Senhor, veja o versículo 4, de Êxodo capítulo 17: “Que farei a este povo? Só lhe resta apedrejar-me”. Veja o que o Senhor responde nos versículos 5 e 6, deste mesmo capítulo:
5 – “Respondeu o SENHOR a Moisés: Passa adiante do povo e toma contigo alguns dos anciãos de Israel, leva contigo em mão o bordão com que feriste o rio e vai”
6 – “Eis que estarei ali diante de ti sobre a rocha em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água, e o povo beberá. Moisés assim o fez na presença dos anciãos de Israel”
Que passagem maravilhosa! Se olharmos em 1 Coríntios capítulo 10, versículo 4, diz assim: “e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo”. Aqui mais uma vez, enquanto eles murmuravam, estava diante deles uma manifestação, uma tipologia, uma sombra de uma realidade da qual Deus um dia iria manifestar em Glória. Ali estava uma pedra e a Bíblia diz que “aquela pedra era Cristo”, assim também com o maná, que era uma sombra, uma figura, tipologia de Cristo. Nestas coisas há um conteúdo espiritual que eles não podiam imaginar, não podiam entender a profundidade, a grandeza da manifestação e expressão de Deus nestas coisas. Amados irmãos, quantas vezes nós também somos ignorantes quanto às verdades espirituais? Quantas vezes o nosso coração não consegue entender o espiritual dentro do natural? Quantas vezes nós não conseguimos ver a realidade espiritual dentro de um contexto natural? Assim também aquele povo não viu! Aquele povo olhava para aquela pedra e eles não podiam ver nada mais do que “uma rocha fluindo água”. Mas no aspecto espiritual diz que a “Rocha era Cristo”. É isso que Deus deseja mostrar para nós, é esta verdade estupenda, impressionante, que Deus deseja conduzir para dentro do nosso coração. São essas experiências impressionantes que muitos cristãos não têm, porque só vivem o natural, não conseguem dimensionar o espiritual no natural. Não conseguem compreender o que é sombra e o que realidade. Hoje muitos vivem na sombra, mas não sabem o que é realidade. É isso que Deus deseja nos mostrar, que deseja infundir dentro de nós. Precisamos ser resgatados, libertados de uma vida cristã medíocre, cheia de símbolos, de coisas naturais, mas sem verdades, realidades espirituais.
O viver do Novo Testamento é um viver mais profundo, é um viver real, não é um viver de sombras, mas é um viver de realidade, mas estas coisas como diz a Bíblia: “foram escritas para o nosso ensinamento”. Veja, é isso que diz em Romanos 15, versículo 4, “Estas coisas que dantes foi escrito,para o nosso ensino foi escrito”, isto é, para que nós pudéssemos aprender, para que pela paciência, pelas consolações das Escrituras tenhamos esperança. Essa palavra “esperança” no grego é “elpis”, que significa “realidade das coisas vindouras”. Essas coisas estavam ali para poder revelar-nos a “realidade das coisas vindouras”, Cristo é a realidade daquilo que o Pai prometeu. Essas coisas apontavam para Cristo, as verdades de Cristo estavam ali, mas eles não viram.
Irmãos e irmãs, que nós também não sejamos como este povo. Um povo religiosamente perdidos neles mesmos, perdidos em nós mesmos, equivocados com a nossa visão, equivocados na nossa espiritualidade, na nossa fé, na nossa vida cristã. Que o Senhor nos liberte, nos ajude, que o Senhor possa levar-nos a ver aquilo que é realidade espiritual, que o Senhor nos dê olhos bíblicos para que a Palavra de Deus deixe de ser apenas um livro branco com letras pretas, mas que seja uma palavra viva, eficaz, poderosa, penetrante, cortante, transformadora.Que Deus fale aos nossos corações e nos abençoe através da sua poderosa Palavra. Amém
Por: Irmão Luiz Fontes
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