"Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal" II Coríntios 5.10.
As Escrituras nos ensinam claramente sobre dois tribunais. O primeiro é o tribunal de Cristo, que será estabelecido antes do reino milenar para serem julgadas as obras dos cristãos. Este é o julgamento dos vivos, daqueles que estão escritos no livro da Vida do Cordeiro; dos que foram lavados pelo seu sangue e participaram da primeira ressurreição. O tribunal de Cristo é o juízo da Casa de Deus: "Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus..." I Pedro 4.17.
O segundo é o grande trono branco, o juízo final de Apocalipse, onde todos os homens que não estão escritos no livro da Vida do Cordeiro irão estar. Esse é o tribunal dos mortos: "E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. E vi os mortos..." Apocalipse 20.11-12. Isto porque Jesus se tornou o juiz tanto de vivos, como de mortos (Atos 10.42).
Os cristãos, os filhos de Deus, não participarão do juízo final, porque foram justificados pela fé na obra redentora de Cristo na cruz, mas todos irão comparecer diante do tribunal de Cristo. Como diz Paulo no texto que iniciamos, este tribunal é para que cada cristão receba o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal. Para ser galardoado, ou sofrer detrimento: "A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" I Coríntios 3.13-15.
Qual é o galardão, e qual o detrimento ou prejuízo? A participação ou perda do reinado juntamente com Cristo, no seu reino milenar. Jesus ensinou muitas vezes sobre isto aos seus discípulos, e continua nos ensinando hoje pelo seu Espírito: "Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes" Mateus 8.11-12.
Não gostaria de entrar no assunto do reino nesta meditação, mas considerarmos qual será a forma de juízo no tribunal de Cristo. Quando cada um de nós comparecermos perante a sua face, qual será a medida e a lei que será usada pelo Senhor para nos julgar.
Tanto o tribunal de Cristo como o grande trono branco serão estabelecidos para julgar as obras de cada um. No grande trono branco, o texto de Apocalipse 20 no verso 12, nos diz que o juízo será baseado na Palavra de Deus, nos livros da lei: "E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras".
E no tribunal de Cristo, em que será baseado o julgamento? Será que o Senhor irá nos julgar por sua justiça? Creio que não, porque se for assim, creio que ninguém ficaria em pé naquele dia. Então o Senhor irá nos julgar pelos nossos irmãos, pelo juízo que os nossos irmãos fazem de nós? Creio que não, porque aí não haveria misericórdia.
Qual então será o meio pelo qual o Senhor irá nos julgar? O Senhor mesmo nos responde em Mateus 7, no verso 1 e 2 quando diz: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós".
A medida que o Senhor usará no seu tribunal para nos julgar será a nossa própria medida. Com a medida com que medimos os outros e os nossos irmãos nós seremos medidos. O nosso juízo será o juízo que temos feito dos outros e dos nossos próprios irmãos.
O juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia (Tiago 2.13). Quando o Senhor nos ensina para nada julgarmos antes do tempo, Ele tenta nos preservar para quando estivermos diante do seu tribunal. Bem-aventurado os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia diz o Senhor (Mateus 5.7). Esta Palavra é para os filhos de Deus, e para o tribunal de Cristo.
E qual é a lei que será usada no tribunal de Cristo, sendo que a Palavra de Deus é para o juízo final? A lei da liberdade: "Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito" Tiago 1.25.
Esta é a lei do Espírito de Vida em Cristo Jesus, que nos livra da lei do pecado e da morte (Romanos 8.3). Esta é a lei que está colocada em nossos corações e escrita no nosso entendimento (Hebreus 10.16). Não um ministério da morte escrita em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne no coração. Não de letra que mata, mas do Espírito que dá vida (II Coríntios 3.3 e 6).
A lei da liberdade será à base de julgamento para o tribunal de Cristo, porque não seremos julgados pelo que conhecemos das Escrituras, mas pelo que é e não é Vida em nós. Não ouvintes, mas praticantes; pelo que fazemos no corpo, ou bem ou mal. Conhecimento sem Vida é enganar a si mesmo: "E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos" Tiago 1.22.
Esta lei se chama "lei da liberdade" porque fomos libertos totalmente pelo Senhor para andarmos em novidade de vida. Fomos libertos por Jesus de todos os nossos inimigos, para que o servíssemos sem temor, em santidade e justiça perante Ele todos os dias da nossa vida (Lucas 1.74-75). Onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade (II Coríntios 3.17).
Ele já nos deu tudo o que diz respeito à Vida e à piedade, pelo pleno conhecimento (II Pedro 1.3). Esta lei é de Vida. Por exemplo: O Senhor disse: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei". É um mandamento, mas este mandamento é uma lei da liberdade, isto é, Ele nos dá esse mandamento, mas o imprimiu em nossos corações. Ele derramou este amor em nossos corações pelo seu Espírito que nos foi dado (Romanos 5.5).
Ele nos deu tudo, nos tornou livres e agora diz: 'Ame os vossos irmãos, assim como eu vos amei'. Ele não só nos deu a lei, mas deu Vida para cumprir a lei, por isso ele poderá no seu tribunal nos julgar por esta lei. Ele deu 5 talentos para um, 2 para outro e 1 para outro. Ele não exigirá nem mais, nem menos de cada um; e muito menos irá cobrar algo que não tenha dado antes.
Por isso é que o Senhor insiste conosco que devemos amar, perdoar, suportar, não julgar, e principalmente sermos misericordiosos, porque no tribunal de Cristo iremos precisar de muita misericórdia, porque lá será revelado tudo: o que discernimos e o que não discernimos, o que é aparente e o que está encoberto, o que foi proclamado no eirado e o que foi dito na recamara: "Grande em conselho, e magnífico em obras; porque os teus olhos estão abertos sobre todos os caminhos dos filhos dos homens, para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas obras" Jeremias 32.19.
Que o Senhor nos ajude a entender isso, e possamos andar de maneira digna do Senhor, para que naquele dia fiquemos livres da boca do leão (II Timóteo 4.17-18). Amém.
Fonte: Vida em Cristo
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