sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Capítulo XXVI Enchei-vos do Espírito






E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração;
Efésios 5:18-19

Estas palavras são um mandamento. Elas nos ensinam não somente como devem ser os apóstolos e ministros, mas qual deve ser a experiência consistente de todo cristão genuíno. É um privilégio que todo filho de Deus pode pedir a seu Pai – ser cheio do Espírito. Nada menos que isso irá capacitá-lo a viver a vida para a qual ele foi redimido: habitar em Cristo, guardar os Seus mandamentos e produzir fruto. Ainda assim, raramente este mandamento é contado entre aqueles que devem ser guardados a qualquer custo! Alguns até mesmo pensam que seja impossível ou pouco razoável que se espere que todos o cumpram.
Sem dúvida, uma razão é que estas palavras foram mal entendidas. Porque no dia de Pentecostes, e outras ocasiões subseqüentes, o enchimento com o Espírito foi acompanhado de manifestações sobrenaturais, esta condição foi considerada inconsistente com a vida cristã normal. Estas manifestações, como o falar em línguas e as chamas de fogo, foram tão ligadas com a idéia de ser cheio do Espírito que muitas vezes se pensa que seja uma bênção possível apenas para uns poucos. Os cristãos sentem que não devem ter expectativas tão altas, mesmo que a bênção seja dada, seria impossível mantê-la.
A mensagem que eu gostaria de trazer a vocês, meus leitores, é que este mandamento é para todos os crentes e que a promessa e o poder são tão certos quanto a sua redenção. Que Deus nos de graça em nossa meditação em Sua Palavra não somente para desejar esta bênção mas também para ter a certeza de que este privilégio é designado para todos nós, e que o caminho para ele não é tão difícil, e que o Espírito anseia em habitar no Seu povo.
Em países como a África do Sul, onde eu nasci e ministrei por muitos anos, freqüentemente sofremos com a seca. Há dois tipos de represa ou reservatório feitos para conter e armazenar a água. Em algumas fazendas há uma fonte natural, mas a corrente muitas vezes é fraca demais para irrigar as plantações. Então, um reservatório é construído para coletar a água, e o seu enchimento é resultado do fluir silencioso e gentil da fonte dia e noite. Em outras áreas, as fazendas não possuem fontes naturais, e assim o reservatório é construído no leito de um córrego ou numa reentrância onde, quando a chuva cai, a água pode ser coletada. Nestes locais, o enchimento do reservatório por uma chuva forte muitas vezes acontece em poucas horas e é acompanhado por uma correnteza ruidosa e violenta. O fluir silencioso da água na primeira fazenda na verdade é mais seguro, porque, apesar de sem ruído, o suprimento é estável e permanente. Em locais onde a chuva é escassa, um reservatório pode permanecer vazio por meses ou até mesmo anos.
Isto pode ser comparado à maneira pela qual vem a plenitude do Espírito. Assim como no dia de Pentecostes, alguns derramamentos do Espírito são manifestações repentinas, poderosas e estrondosas. Estas são como os reservatórios pluviais sendo cheios repentinamente. Em contraste, a silenciosa presença do Espírito quando uma alma se converte é estável e segura ainda que não seja tão facilmente identificada. A bênção é muitas vezes grandemente dependente da comunhão com os outros ou se estende somente às correntes superiores da vida da alma. O derramamento e enchimento repentinos, entretanto, podem ser superficiais, as profundezas da vontade e da vida interior podem não ser tocadas. Há outros que jamais estiveram presentes quando uma manifestação tão notável do Espírito ocorreu, mas em quem a plenitude do Espírito é vista em profunda devoção a Jesus, num caminhar na luz do Seu semblante e na consciência de Sua presença, ou na vida inculpável de simples confiança e obediência. São como Barnabé: um filho da consolação, um bom homem, e cheio do Espírito Santo. Como as fontes silenciosas, o Espírito flui e alimenta a alma continuamente.
Qual dessas é a verdadeira maneira de ser cheio do Espírito? A resposta é simples. Assim como existem fazendas com ambos os reservatórios mencionados, assim também há indivíduos nos quais se percebe o enchimento estável do Espírito, enquanto outros desfrutaram poderosas visitações do Espírito. O fluxo regular, silencioso e diário da fonte mantém a fazenda suprida em tempos de seca; em tempos de chuva, a que está equipada com grandes reservatórios está pronta para receber e armazenar grandes suprimentos de água. Benditos são aqueles que reconhecem a Deus em ambas e se mantêm prontos para ser abençoados por qualquer maneira em que Ele decida vir.
Quais são as condições para a plenitude do Espírito? A Palavra de Deus tem uma resposta – fé. É somente a fé que vê e recebe o invisível e que vê e recebe a Deus mesmo. A purificação do pecado e a rendição em amor à obediência, que foram as condições da primeira recepção do Espírito, são o fruto da fé que vê o que é o pecado, o que o sangue pode fazer, e o que a vontade e o amor de Deus são. Mas não estamos falando desta experiência aqui.
Esta palavra é para cristãos que foram fiéis em obedecer, mas ainda não receberam aquilo pelo que anseiam. Pela fé eles devem descobrir o que é que deve ser lançado fora. O enchimento requer primeiro um vaso vazio. E não falo aqui de purificação do pecado e rendição à plena obediência que são a salvação. Esse é o primeiro passo essencial. Mas falo a cristãos que pensam ter feito o que Deus requer e ainda assim não receberam a bênção da plenitude do Espírito. Lembre-se, a primeira condição do enchimento é o esvaziamento. O que é um reservatório, senão um grande espaço oco – um vazio – preparado, esperando, ansiando pela vinda da água? A verdadeira plenitude permanente do Espírito é precedida pelo esvaziamento. “Busquei a bênção diligente e persistentemente,” disse alguém, “ e me perguntei porque ela não vinha. Por fim descobri que era porque não havia espaço em meu coração para recebê-la”. Neste esvaziamento existem vários elementos envolvidos: uma profunda insatisfação com a “religião” que temos tido até agora. Uma profunda consciência do quanto tem havido da sabedoria e obra da carne. Uma descoberta, confissão e desistência de tudo o que é de governo próprio, em que o eu tem tido o controle, de tudo em que não temos considerado necessário que Jesus seja consultado e agradado. Uma profunda convicção da nossa inabilidade e incapacidade definitiva de compreender ou obter aquilo que foi oferecido. E finalmente uma rendição em pobreza de espírito esperando no Senhor por sua grande misericórdia e poder. De acordo com as riquezas de Sua glória, Ele nos fortalecerá pelo Seu Espírito no homem interior. Necessitamos de um grande anseio, sede, espera e oração incessante para que o Pai cumpra a Sua promessa e tome posse completa de nós.
Juntamente com isso, precisamos da fé que aceita, recebe e mantém o dom. É pela fé em Cristo e no Pai que a divina plenitude fluirá para dentro de nós. Sobre os mesmo efésios a quem foi dado o mandamento “enchei-vos do Espírito”, Paulo disse, “em Cristo, havendo crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. O mandamento se refere ao que eles já haviam recebido. A fonte estava dentro deles, mas precisava ainda ser aberta. Ela iria então borbulhar e encher o seu ser. Ainda assim, isto não seria realizado em seu próprio poder. Jesus disse, “aquele que crer em mim, do seu interior fluirão rios de água viva”. A plenitude do Espírito é tão verdadeiramente uma revelação de Jesus, que o recebimento Dele deve acontecer na continuidade inquebrável de uma comunhão viva. O fluir incessante da seiva Dele, a videira viva, deve ser conjugado a uma fé consistentemente humilde, para que a liberação dessa fonte interior resulte da nossa completa dependência de Jesus. Por nossa fé em Jesus – cujo batismo no Espírito tem um começo tão claro quanto tem a Sua purificação no sangue – experimentaremos uma contínua renovação em nossos próprios espíritos.
A fé em Jesus e o senso constante do Espírito não prescindem da fé no dom do Pai e intercessão por um cumprimento renovado da Sua promessa. Pelos efésios, que possuíam neles o Espírito como penhor de sua herança, Paulo ora ao Pai: “para que, segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior” (Efésios 3:16). Os verbos não denotam uma obra, mas um ato – algo feito de uma vez por todas. A expressão “segundo as riquezas da Sua glória” indica uma grande demonstração de poder e amor divinos. Eles possuíam o Espírito habitando neles. Paulo orou para que a intervenção direta do Pai lhes concedesse tal operação do Espírito, tamanha plenitude do Espírito, que a habitação de Cristo com Sua vida de amor que ultrapassa o entendimento fosse sua experiência pessoal.
No tempo do dilúvio, as janelas do céu e as fontes do abismo juntamente se abriram. O cumprimento da promessa do Espírito também é assim: “porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre os teus descendentes” (Isaías 44:3). Quanto mais clara e mais profunda a nossa fé no Espírito de habitação, e mais simples nossa espera Nele, mais abundante será o derramamento renovado do Espírito do coração do Pai diretamente para o coração de Seu filho sedento.
Há outro aspecto no qual é essencial lembrarmos que esta plenitude vem pela fé. Deus ama revelar-se em um estado humilde e improvável, coberto de vestimentas de humildade, que Ele também espera que Seus filhos amem e vistam. “O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda”: somente a fé pode conhecer a glória que há nessa pequenez. De maneira semelhante o Filho habitou na terra e habita também o Espírito nos corações. Ele pede que creiamos Nele que não vemos ou sentimos nada. Creia que a fonte que jorra e flui em correntes está dentro de você, mesmo quando tudo parece estar seco. Separe tempo para retirar-se nos aposentos interiores do seu coração, e de lá elevar louvores e oferecer adoração a Deus na certeza da presença interior do Espírito Santo. Separe tempo para estar em quietude e perceber Sua presença; deixe que o próprio Espírito preencha o seu espírito com esta maravilhosa verdade: Ele habita em você. Não nos pensamentos e sentimentos em primeiro lugar, mas na vida – mais profunda do que ver e sentir, ela é o Seu templo, Seu lugar oculto de habitação. Assim que a fé percebe que possui aquilo de que precisa, ela pode suportar ser paciente e transbordar em ações de graças mesmo quando a carne murmuraria. A fé confia no Jesus invisível e no Espírito oculto. Ela pode acreditar naquela pequena e improvável semente. Ela pode confiar e dar glória a Ele que é capaz de fazer infinitamente mais do que aquilo que pedimos ou pensamos, e pode fortalecer o homem interior justamente quando tudo parece fraco e prestes a desmaiar. Cristão, não espere que a plenitude do Espírito venha em uma forma elaborada por sua razão humana, mas como a vinda do Filho de Deus sem beleza ou formosura, de maneira louca à sabedoria humana. Espere a força divina em grande fraqueza; humilhe-se para receber a sabedoria divina que o Espírito ensina; anseie por ser nada, porque Deus escolhe “as coisas que não são para envergonhar as que são”. Você aprenderá a não se gloriar na carne, mas no Senhor. Na profunda alegria de uma vida de obediência diária e simplicidade infantil, você conhecerá o que é ser cheio do Espírito.

O lugar da mulher no lar e na igreja



O lugar da mulher no lar e na igreja
Autor: Paulo Bornelli

A primeira verdade que precisa ser lembrada é que existe uma radical diferença entre a IGREJA e o MUNDO. Sabemos que, embora a igreja deva estar no mundo como sal, luz e cidade edificada sobre o monte, o mundo não pode estar na igreja. A própria origem da palavra igreja (EKLESIA), que significa os chamados para fora de um sistema, ajuda-nos a entender a singularidade da igreja e a distância que deve haver entre ela e o mundo. A palavra de Deus define o mundo (KOSMOS ) como sendo um sistema maligno contrário a Deus, e na 1a epístola de João, cap. 2:15 a 17, ele nos exorta a não amarmos o mundo, pois tudo o que há no mundo não provém do Pai. Paulo, na sua epístola aos Romanos capítulo 12:2, lembra-nos que não devemos tomar a forma dos padrões deste mundo. O mundo é regido por um sistema democrático ( soberania popular ), as suas leis emanam do povo, na sociedade moderna a opinião popular é obtida através dos mais diferentes mecanismos de comunicação: debates, seminários, plebiscitos, e dentro deste princípio, define-se tudo: família, economia, sexo, a posição do homem e da mulher. Isto é o princípio do mundo. Este é também o pensamento de D.M. LLOYD JONES.
A IGREJA é uma instituição divina, antes dos tempos eternos, que esteve oculta durante todo o Velho Testamento, como um mistério de Deus que, após a cruz de Cristo, foi revelado aos apóstolos e profetas e, de uma maneira específica, ao apóstolo Paulo, conforme ele mesmo diz em Efésios 3:1 a 13. Portanto, a IGREJA é uma nova sociedade, uma nova ordem, que tem como princípio o regime TEOCRÁTICO (soberania de Deus) e, como única regra de fé e de prática, a palavra de Deus, a BÍBLIA SAGRADA. Portanto, a IGREJA não é lugar de debates e opiniões próprias, mas é o lugar onde, juntos, estudamos a palavra de Deus, na dependência total do Espírito Santo, para nos submetermos a ela. Isso para a mente natural sempre foi loucura e muito mais agora neste final de milênio apocalíptico, quando vivemos a era da globalização via Internet, quando entramos na era da clonagem e iniciamos a pós-modernidade, caracterizada pelo hedonismo, niilismo e narcisismo. Numa era tão confusa como esta, o cristianismo surge novamente como uma contracultura, assim como foi também nos tempos de nosso Senhor Jesus Cristo, tendo como um dos seus principais inimigos o pragmatismo, para o qual os fins justificam os meios.

O Testemunho da história da IGREJA
Com relação a esse assunto específico, devemos, em primeiro lugar, examinar as escrituras e também contar com o testemunho da história da Igreja. Não podemos pegar dois mil anos da história que Deus escreveu através de homens eleitos, chamados pela sua graça e jogar tudo pela janela e, na nossa vaidade, presumirmos que Deus está começando conosco. Ao estudarmos o livro de Atos dos Apóstolos, vemos nos seus primeiros capítulos o aparecimento da primeira comunidade cristã e, logo a seguir, começam a surgir os primeiros problemas nos relacionamentos e na assistência aos necessitados, principalmente às viúvas. No capítulo 6 os apóstolos, orientados pelo Espírito de Deus, aconselharam a comunidade que escolhessem entre eles “7 homens” ( Atos 6:3-6 ) que se ocupassem com o diaconato. Vemos também no capítulo 13 dessa mesma carta, a lista dos líderes da igreja de Antioquia. Todos eram “homens”. Temos também no capítulo 15 a narrativa do primeiro concílio da igreja cristã, todos os líderes reunidos eram “homens”. Isto também pode ser comprovado no capítulo 15, versículo 22 onde diz: “Então os apóstolos e os presbíteros, com toda a igreja, decidiram escolher alguns entre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, chamado Barsabás, e Silas, dois líderes entre os irmãos”.
Portanto, é de grande importância procurarmos o testemunho dos apóstolos e profetas, dos chamados pais da igreja, e também aos reformadores do século XVI, afim de que, baseados nesses referenciais, possamos, como geração eleita, continuar fiéis aos padrões bíblicos.

Diferença entre SUBMISSÃO e OBEDIÊNCIA TOTAL.

Antes de analisarmos alguns textos bíblicos com relação a posição da mulher no lar, na igreja e na sociedade, seria oportuno fazermos uma distinção entre submissão e obediência total. Obediência total nós devemos unicamente ao Senhor Jesus Cristo, tanto na esfera da família, da IGREJA como da nação. Entretanto, a Bíblia é clara em nos dizer que, como cristãos, devemos estar submissos às autoridades constituídas, em todos os seguimentos. Portanto, é possível estar em plena submissão a uma autoridade e não obedecê-la totalmente. Pois, submissão está relacionada a governo e a autoridade, enquanto que obediência está relacionada a atitudes. Mesmo que venhamos a não obedecer uma ordem, por estar contra a palavra de Deus, não devemos usurpar o lugar da autoridade, não devemos usar o erro de uma autoridade para nos rebelarmos contra o governo, isto vale tanto para o lar, a IGREJA ou a nação. Alguns exemplos podem nos ajudar a compreender melhor este aparente paradoxo. Primeiramente, podemos ver Davi que, embora tenha sido totalmente submisso a Saul, não o obedeceu em tudo, pois muitas vezes as ordens de Saul eram contrárias a palavra de Deus, mas Davi nunca se aproveitou dos erros de Saul para destroná-lo, ele compreendia que Deus era maior que Saul e que quando Deus quisesse o eliminaria e lhe daria o trono. Davi sempre dizia: “eu não ponho as mãos no ungido do Senhor”.
Outro exemplo são os cristãos primitivos que, embora fossem submissos ao governo de Roma, não o obedecia quando suas leis eram contrárias as leis de Deus. Eles sempre diziam: “mais importa obedecer a Deus do que aos homens”, mas nunca aproveitaram das falhas do governo para se rebelarem contra as autoridades.
Por que submissão é tão importante? Porque toda autoridade é constituída por Deus. Como cristãos reformados, cremos na soberania de Deus, que Ele é quem põe Rei e tira Rei, e que toda autoridade é constituída por Ele. Portanto, a rebelião contra autoridades, em última instância, é a rebelião contra Deus. A Bíblia sempre diz que a rebelião é como pecado de feitiçaria, procede do inferno. Por isso sempre que o Novo Testamento fala de submissão, quer seja na esfera da família, da IGREJA ou da nação, sempre nos lembra que devemos submeter-nos a essas autoridades constituídas “como ao Senhor”.

Submissão não é inferioridade

É importante compreender que, biblicamente, submissão não significa inferioridade, mas sim funções diferenciadas na ordem da criação de Deus. O exemplo máximo que temos disto é a própria TRIUNIDADE, onde Cristo, embora sendo Deus, submeteu-se inteiramente ao Pai na economia divina da salvação. Cristo, embora sendo igual a Deus, abriu mão da sua divindade, humilhou-se e esvaziou-se (Filipenses 2: 5 a 11 ).
Outro exemplo que temos é o caso de Maria que, sendo a bem aventurada, teve a experiência singular de trazer dentro de si, gerado em suas entranhas, o Senhor Jesus Cristo. É interessante perceber que, enquanto Maria estava solteira, o Senhor falava diretamente a ela, dando-lhe a direção. Entretanto, depois que se casou, o Espírito Santo revelava a José o caminho a seguir e Maria lhe era submissa.
É verdade que o evangelho aboliu as diferenças entre raças, povos, cultura e cor, mas não aboliu as diferenças entre o homem e a mulher com relação a suas funções. Todos nós sabemos que a vinda de Cristo ao mundo foi um marco, um sinal do fim de uma era e do início de uma nova era, surgindo uma nova ordem. Jesus veio pôr fim ao judaísmo com todas as suas sombras, alegorias e figuras, e trazer a grande realidade para a qual todo o Velho Testamento apontava. Ele libertou a mulher da opressão que vivia no judaísmo, mas não anulou as diferentes funções do homem e da mulher, pois, se Ele veio trazendo o Reino dos céus, uma nova sociedade, e para isto teve que tomar atitudes bastante radicais, contrárias à velha ordem, custando-lhe a própria vida; e se realmente o propósito de Deus fosse a igualdade de funções para o homem e a mulher, poderíamos indagar: por que Jesus não escolheu uma mulher para o apostolado?
O lugar da mulher na ordem do governo de Deus I Coríntios 11: 3 a 16 – O versículo 3 é a chave de todo o texto, pois Paulo procura mostrar à confusa Igreja de Corinto, que Deus tem princípios, que Deus tem uma ordem, que Deus não é de confusão. Para tanto ele mostra no versículo 3, uma cadeia de comando que é a ordem de Deus nesta terra. A ordem é: DEUS – CRISTO – HOMEM – MULHER. A igreja de Corinto estava vivendo um caos com relação ao culto público, a ceia do Senhor e aos dons espirituais. Paulo mostrou àquela Igreja uma ordem hierárquica que começa na Triunidade e continua na família, na igreja e na nação. O que Paulo estava dizendo é que dentro da ordem da criação, Deus, o Pai, é autoridade sobre o Filho ( que é Deus ), que Cristo é autoridade sobre o homem e que o homem é autoridade sobre a mulher. Essa hierarquia não tem relação com inferioridade, mas sim com o fato de que Deus criou o homem e a mulher com funções específicas. Este é também o comentário de Calvino.
A outra razão pela qual Paulo ensina à Igreja de Corinto sobre a cadeia de autoridade é o que podemos chamar de a ORDEM DA CRIAÇÃO, pois ele faz referência a Gênesis 2: 21 a 23. No versículo 8 e 9 de Coríntios 11, ele afirma que o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Não somente a mulher foi criada por causa do homem, mas também foi criada a partir do homem. O texto de Gênesis 2: 21 a 23, diz que Deus viu que não era bom o homem estar só, e de uma costela do homem fez a mulher, como uma adjutora, uma auxiliadora idônea. Esta é também a afirmação de Augustus Nicodemus.
I Coríntios 14:33 a 38, a princípio este texto parece trazer bastante dificuldade de interpretação quanto ao que Paulo disse que as mulheres deveriam ficar caladas na igreja, visto que, em I Coríntios 11:5, ele dissesse que as mulheres poderiam orar e profetizar com a cabeça coberta. Será que Paulo estava se contradizendo na mesma igreja? O que Paulo queria dizer com “ficar calada na igreja”?
Se examinarmos o versículo 26 dentro do contexto do capítulo 14 que fala sobre o uso dos bens espirituais, iremos perceber que Paulo estava colocando ordem no culto. Ele diz que tudo deve ser feito para a edificação da igreja, e que tudo deve ser julgado. Este julgamento deve ser feito pelos irmãos que tem autoridade na igreja pois, muitas vezes, esta questão pode envolver questionamentos e correção daqueles que falam.
Neste sentido, Paulo está proibindo as mulheres de questionarem, ensinarem ou corrigirem os profetas, pois isto compete aos irmãos que ocupam cargo de autoridade. No verso 37 o apóstolo deixa claro que essa orientação não é sua opinião pessoal, mas é o mandamento do Senhor.
Efésios 5:22-33. Nesse texto Paulo usa a figura do relacionamento conjugal para nos ajudar a entender o grande mistério que existe entre Cristo e a Igreja, conforme o verso 32.
O apóstolo inicia o texto ensinando às esposas a sujeitarem-se aos seus maridos, pois essa é a postura condizente com a ordem do governo de Deus, e a única maneira real de expressarmos a verdadeira submissão ao Senhor. No verso 23 ele faz referência à ordem da criação, relembrando que assim como Deus é o cabeça de Cristo e Cristo é o cabeça do homem, o homem é o cabeça da mulher, como Cristo é o cabeça da igreja. Portanto, se na ordem familiar, a mulher deve estar subordinada ao homem tendo também uma missão debaixo de um comando, seria contraditório e incoerente que, na ordem da Igreja, a mulher pudesse tomar posições de autoridade sobre o homem, pois isto seria uma inversão da ordem familiar. Esta verdade pode ser ratificada pelos textos de Colossenses 3:18-19; I Pedro 3:1-7.
No texto de Efésios 5:22-23, Paulo mostra que o primeiro grande motivo para a mulher se sujeitar a seu marido é que existe uma ordem na qual Cristo é o cabeça da Igreja, assim como o marido é o cabeça da mulher. Outro motivo que Paulo exorta as irmãs a se submeterem aos seus maridos, é que a mulher é uma figura da igreja, assim como o marido é uma figura de Cristo. Hoje em dia há muitos ensinamentos no meio evangélico afirmando que a submissão da mulher ao homem teve origem na queda, e a igreja não deve viver o modelo pós queda. Afirmam eles que antes da queda havia plena igualdade de funções. Mas, não é isso que ensina Gênesis 2:19 onde fica claro que o homem foi criado primeiro, com a função de governar, e que a mulher foi dada como uma auxiliadora nesse governo. No capitulo 3 de Gênesis temos a queda, e no versículo 16 vemos Deus ratificando a ordem da criação, acrescentando a palavra “Domínio”. Pelo fato da mulher ter dado ouvido a Satanás, Deus disse: “Multiplicarei grandemente a dor da sua gestação, com dor terás filhos, e o teu “desejo” será para o teu marido e ele te dominará”. A palavra “desejo”, neste texto, não tem nenhuma conotação de sexualidade, mas está relacionada com a proposta que Satanás fez a Eva: no dia em que comeres, serás igual a Deus. O desejo de Eva era ter autoridade. Antes da queda, tanto o homem quanto a mulher, vivam em harmonia com Deus, consigo mesmos e com o outro, desempenhando o papel para o qual foram criados, isto é, o homem para governar toda a criação e a mulher como uma auxiliadora idônea.
A queda trouxe uma desordem, uma disputa pelo poder, por isso Deus disse que daria autoridade ao homem para “dominar” a sua companheira.

Paulo e o Governo das Igrejas

“A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. Não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o marido; esteja porém em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, amor e santificação com bom senso. “ (I Tm 2: 11 a 15)
Nas suas epístolas pastorais, Paulo orienta a Timóteo e a Tito a observarem os princípios fundamentais para a formação de uma igreja.
Paulo havia deixado Timóteo em Éfeso, conforme ele mesmo disse no cap. 1:3, e a finalidade era para que Timóteo ordenasse, isto é, colocasse em ordem aquela igreja, porque havia muitos falsos mestres misturando judaísmo com ascetismo, e ensinando a abstinência de alimentos, chegando até mesmo a proibirem o casamento, pois tinham uma visão deturpada da sexualidade (I Tm 4:1 a 3). Outra característica desses falsos mestres podemos ver no cap 1:4, era a importância que eles davam a genealogias. Tudo isso estava trazendo muita confusão à igreja de Éfeso, como conseqüência, muitas mulheres estavam sendo contaminadas por essas heresias. No capítulo 2:11 a 15, o apóstolo ensina que a mulher deve permanecer em toda sujeição, quando se trata de ensino, pois aquele que ensina ocupa lugar de autoridade. Por isso, não é permitido à mulher ensinar na igreja, em ambiente onde há homens e mulheres. Entretanto, em Tito 2:3 a 5, Paulo fala de um importante ministério das mulheres, exortando as mais velhas a terem um procedimento maduro em seu viver, sendo modelo para as irmãs mais novas. No verso 4, ele diz que só assim elas poderão orientar as mais jovens a amar a seus maridos e filhos, a se ocuparem com o lar e a sujeitarem-se a seus maridos, para que a palavra de Deus não seja difamada.
Em I Tm 2:11 a 15, Paulo baseia o seu ensino da submissão da mulher ao homem em dois pontos principais: 1°) Verso 13: “Primeiro foi formado Adão, e depois Eva”. Isto é o que podemos chamar de a ordem da criação. O fato de que o homem foi criado primeiro indica sua primazia e sua liderança sobre a mulher. Gênesis afirma que a mulher foi formada do homem e para o homem. Essa hierarquia a coloca numa função de auxiliadora e de submissão. É importante observar que Paulo, em primeiro lugar, não faz referência à queda, mas sim à criação. Portanto, quando uma mulher ocupa o lugar de ensinamento na Igreja ela está exercendo autoridade sobre homens, e violentando o principio da criação. Esta é também a explicação de João Calvino.
2°) O segundo motivo que Paulo fundamenta a sua tese sobre a submissão da mulher ao homem está no versículo 14, onde ele diz: “Que Adão não foi enganado, mas sim a mulher, que tendo sido enganada tornou-se a transgressora”. Ele faz referência à mulher ser enganada também em II Coríntios 11:3, deixando claro com isso que, pela maneira como a mulher foi formada, diferente do homem tanto no aspecto físico como emocional, e que não foi criada para governar, ela é mais susceptível ao engano. Portanto fica claro que, se por um lado houve intromissão da mulher em ocupar a liderança e tomar uma decisão diante de Satanás, também fica claro que Adão transgrediu a ordem dada por Deus, omitindo-se como líder. Gênesis 3:17 “Porque atendeste a voz da tua mulher”, mostra que Adão foi repreendido por Deus por ter aceitado a liderança da sua companheira.
O capítulo 3 de I Timóteo descreve-nos diretamente o padrão de Deus para o governo de uma igreja local, pois fala da eleição dos presbíteros (Bispos) e diáconos. No versículo 1 ao 7 ele fala sobre os presbíteros, e entre várias qualidades que deveriam ter, ele salienta que deveriam ser “marido de uma só mulher”. No versículo 4, ele diz que este homem deveria governar bem a sua própria família, no versículo 5 ele coloca um princípio muito importante: “Se alguém não sabe governar a sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?”. Em I Timóteo 3:8 a 13 Paulo fala sobre os diáconos, e ele diz que devem ser homens de palavra e no versículo 12 ele diz: “O diácono deve ser marido de uma só mulher, e governar bem seus filhos e sua própria casa”. Portanto, fica claro que a liderança de uma igreja local, deve ser ocupada por homens que governem bem sua própria família.
Tito 1: 5 a 9 – Paulo deixou Tito em Creta para que ele pusesse em ordem a igreja, constituindo presbíteros. E mais uma vez Paulo dá as qualidades de um líder na casa de Deus, no versículo 6 ele diz que o presbítero deve ser marido de uma só mulher, e que governe bem a sua casa. Este ensino de Paulo se aplica hoje? Augustus Nicodemus responde que sim, pois diz: “fica evidente que Paulo está estabelecendo um princípio permanente para as igrejas, e não apenas fazendo jurisprudência teológica local.”

Pedro e a submissão da mulher ao homem

Em I Pedro 2:11 o apóstolo começa a falar sobre os deveres sociais dos cristãos. No versículo 13 ele diz que todo cristão deve sujeitar-se às autoridades constituídas entre os homens, e isso por causa do Senhor. No capítulo 3 ele continua o assunto da submissão embora, agora, restrito a esfera familiar. Ele inicia o capítulo dizendo: “Do mesmo modo”. Pedro agora estava dizendo que, do mesmo modo como os cristãos devem submeter-se às autoridades constituídas na sociedade, as mulheres devem submeter-se a seus maridos. Isto significa dizer que a motivação da submissão tanto na esfera da sociedade, como da família, deve ser: “Como ao Senhor”. Neste texto, Pedro não deixa margem para a insubmissão, nem mesmo no caso de uma mulher cristã ter um marido incrédulo. Ele afirma que o marido deve ser ganho “sem palavras”. Importante observar que a palavra “sem” é com “s” e não com “c”. Ele chama a atenção para a conduta honesta e respeitosa das mulheres, e ressalta que a preocupação principal de uma mulher cristã não deve ser a beleza e os enfeites exteriores. No versículo 4, ele mostra a verdadeira beleza de uma mulher, a beleza interior, um espírito dócil e tranqüilo, que é de grande valor aos olhos de Deus. No versículo 5, ele invoca o testemunho das santas mulheres do passado, que esperavam em Deus e eram sujeitas aos seus maridos, citando como exemplo máximo a Sara, que obedecia a Abraão e chamava-o senhor. Ele exorta as irmãs a seguirem o exemplo de Sara como mãe, como modelo, e a não temerem a pressão social, a crítica. Infelizmente, hoje, quando uma mulher se submete à palavra de Deus, ocupando o seu lugar em submissão ao marido, ela é pressionada e criticada, não somente pelo mundo, mas pela própria igreja.
No versículo 7, Pedro chama a atenção dos maridos para usarem de consideração no relacionamento com suas esposas, e honrá-las, explicando o motivo pelo qual essa atitude deve ser tomada: “A mulher é um vaso mais frágil”. Pedro entendia que, embora o evangelho tenha nivelado todos diante da graça de Deus, ele não anulou as diferenças da criação. O apóstolo estava dizendo que Deus criou a mulher diferente do homem, que o macho é diferente da fêmea, que eles possuem funções diferentes. Ele está afirmando que Deus criou o mundo heterossexual, e que, após criá-lo, disse: “É muito bom”. Se o mundo unissex fizesse parte do plano de Deus. Ele o teria criado. O mundo unissex é uma desordem, é uma afronta a Deus, faz parte de um sistema maligno.
A palavra de Deus fala de unidade mas não de igualdade. Na Sua soberania, Deus criou diferenças entre os anjos, entre os luminares, entre os animais, entre os vegetais. Cada um tem uma função específica. A verdadeira unidade consiste na diversidade. A Bíblia nos exorta a olharmos para o nosso próprio corpo, cada órgão tem sua constituição própria e sua função, mas todos eles trabalham em unidade, por isso existe o corpo. Assim também é a família e a igreja.

CONCLUSÃO

Embora esteja claro na palavra que Deus não formou a mulher para ocupar cargos de liderança, ou posição de autoridade sobre o homem, também está claro que a mulher foi firmada como uma adjutora idônea, uma adjutora sábia, aquela que está diante do marido para assisti-lo e completá-lo, dando-lhe condições de tomar decisões sábias.
O seu ministério é em primeiro lugar, para Deus pois, assim como o homem, ela também foi chamada em Cristo para conhecer a Deus plenamente, fazendo parte da família sacerdotal. Este é o grande tema da reforma protestante do século XVI: “o sacerdócio universal de todos os cristãos”.
Tem ela, também, importante ministério na formação espiritual e emocional de seus filhos. A história tem testemunhado que “atrás de todo grande homem há sempre uma santa mulher”.
Na vida comunitária da igreja, a palavra de Deus é clara: que ela deve se portar de tal maneira que possa ser modelo para as irmãs mais novas, ensinando-as e exortando-as a se prepararem para ser boas esposas e mães.
A palavra de Deus também é clara ao ensinar que, assim como o homem, elas também são agraciadas com dons espirituais tais como: intercessão, hospedagem, consolo, contribuição, curas, etc… e que deve existir plena liberdade para que elas exerçam suas funções na igreja, participando, assim, da edificação dos santos.
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Notas
Comentário de Efésios, D.M. LLOYD JONES, v. VI – Vida no Espírito, no casamento, no lar e no trabalho, cap. 7 – a ordem da criação, ed. PES.
Comentário de I Coríntios, JOÃO CALVINO, cap. XI, ed. PARACLETOS.
Ordenação de mulheres. Que diz o novo testamento?, AUGUSTUS NICODEMUS, ed. PES.
As Pastorais, Comentário de JOÃO CALVINO, ed. PARACLETOS.
Ordenação de mulheres. Que diz o novo testamento?, AUGUSTUS NICODEMUS, ed. PES.
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Extraído de Pensador Cristão, com permissão.
Paulo Bornelli é Pastor – Presbítero da Comunidade Cristã de Maringá – PR

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Andando no Espírito


Capítulo XXIII

Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. 
Gálatas 5:16,24-25

“Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito”. Estas palavras sugerem claramente a nós a diferença entre a vida cristã carnal e a espiritual. Na primeira o cristão pode se contentar em viver no Espírito, no sentido de que ele possui o Espírito em virtude de sua salvação; ele está satisfeito com o fato de conhecer que possui a vida nova, mas ele não anda no Espírito. O que é um seguidor espiritual, ao contrário, não está contente a menos que todo o seu andar e falar estejam no poder do Espírito. Ele anda no Espírito e assim não satisfaz as cobiças da carne porque ele é cheio com o Espírito.
Quando o cristão luta para andar dignamente com Deus e ser agradável a Ele em tudo, ele freqüentemente é perturbado profundamente pelo poder do pecado ainda evidente, e busca a causa pela qual ele tão freqüentemente falha em vencê-lo. Ele normalmente sente que é devido à sua falta de fé ou fidelidade, sua fraqueza natural, ou o poder de Satanás. Mas ele não consegue descansar nestas conclusões. Seria melhor prosseguir na descoberta da razão mais profunda pela qual todas estas coisas, das quais Cristo assegurou-nos libertação, ainda podem vencer-nos. Um dos mais profundos segredos da vida cristã é o conhecimento de que o poder que detém a liderança do Espírito é nossa própria carne. Aquele que sabe o que é a carne e como ela opera e como se deve lidar com ela, será o vencedor.
Sabemos que foi por causa da ignorância deste fato que os gálatas falharam tão miseravelmente. Foi isto que os levou a tentar aperfeiçoar na carne o que começou no Espírito (Gálatas 3:3). Foi isto que os fez presa daqueles queriam “ostentar-se na carne” para que pudessem “se gloriar na vossa carne” (Gálatas 6:12-13). Eles não sabiam quão incorrigivelmente corrupta era a carne. Eles não sabiam que nossa natureza é tão pecaminosa quando está cumprindo suas próprias cobiças, quando está “ostentando-se na carne”, como quando entrega-se ao serviço de Deus e tenta aperfeiçoar o que o Espírito começou. Porque os gálatas não estavam conscientes desta possibilidade, eram incapazes de detectar em suas paixões e cobiças; foi isto que obteve vitória sobre eles, de modo que eles faziam o que não queriam fazer. Eles não sabiam que tanto quanto a carne, se o esforço próprio e a vontade própria tivessem qualquer influência no serviço a Deus, ela permaneceria forte para o serviço do pecado, e que o único modo de torná-la ineficaz para fazer o mal seria torná-la ineficaz em suas tentativas de fazer o bem!
É a fim de revelar a verdade de Deus concernente à carne, tanto em seu serviço a Deus quanto ao pecado, que esta epístola foi escrita. Paulo queria ensiná-los que apenas o Espírito é o poder da vida cristã, e que este poder não pode ser eficaz a menos que a carne seja totalmente negada e posta de lado. Ao responder a pergunta de como pode ser isto, ele dá a maravilhosa resposta que é um dos pensamentos centrais da revelação de Deus. A crucificação e a morte de Cristo revelam não somente a expiação pelo pecado, mas também o poder que liberta do domínio do pecado que está radicado na carne. Quando Paulo no meio de seu ensino sobre o andar no Espírito nos diz: “e aqueles que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e concupiscências” (Gálatas 5:24), ele está nos apontando o único caminho pelo qual o livramento da carne é obtido. Entender estas palavras, “crucificaram a carne”, e experimentá-las, é o segredo do andar não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Que cada um que anseia andar pelo Espírito busque captar o significado delas.
Nas Escrituras, “a carne” significa toda a nossa natureza humana em sua presente condição sob o poder do pecado. Isto inclui todo nosso ser – espírito, alma e corpo. Após a queda, Deus disse do homem, “ele é carnal” (Gênesis 6:3). Todos os seus poderes, intelecto, emoções e vontade estão sob o poder da carne. As Escrituras falam da vontade da carne, da mente da carne, das paixões e cobiças da carne. Elas dizem que em nossa carne não habita bem algum. A mente da carne está em inimizade contra Deus. Sobre esta base ela ensina que nada que seja da carne, nada que a mente ou a vontade da carne pensa ou faz, não importa o quão justo isto aparente ser, e nem quanto os homens possam se gloriar nisto, nada disto pode ter qualquer valor à vista de Deus. Isto nos adverte que nosso maior perigo no andar cristão, a causa de nosso fracasso e fraqueza, é o nosso confiar na carne, em sua sabedoria e suas obras. Isto nos diz que para ser agradável a Deus, esta carne com sua vontade e esforços próprios deve ser inteiramente abandonada a fim de dar lugar para a vontade e obra de outro, o Espírito de Deus. O único caminho para ser liberto do poder da carne é crucificá-la.
“Aqueles que são de Cristo Jesus crucificaram a carne”. A tendência é falar do crucificar a carne como algo que deva ser feito. As Escrituras falam disto como algo que já foi feito: “Nosso velho homem foi crucificado com Ele, para que o corpo do pecado seja destruído e não mais sirvamos o pecado como escravos” (Romanos 6:6). “Estou crucificado com Cristo, logo, já não sou eu mais quem vivo, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). Aqueles que são de Cristo crucificaram a carne. Este é um fato cumprido na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo. Através dela o mundo foi crucificado para mim e eu para o mundo. O que Cristo fez pelo Espírito eterno na cruz, Ele o fez não como um indivíduo, mas em nome da natureza humana, a qual, como sua Cabeça, Ele tomou sobre Si. Cada pessoa que aceita Cristo recebe-O como o crucificado – não apenas o mérito, mas o poder de Sua crucificação – e é unido e identificado com Ele. Aqueles que são de Cristo Jesus, em virtude de terem aceitado o Cristo crucificado como sua vida, desistiram de sua carne na cruz.
Alguns ainda perguntam, “o que quer dizer crucificaram a carne?”. Alguns se contentam com a verdade geral de que a cruz tira a maldição que estava sobre a carne. Outros pensam que eles devem provocar dores e sofrimentos para a carne; devem negá-la e mortificá-la. Outros pensam a respeito da influência moral que o pensamento da cruz comunicará. Em cada uma destas visões há um elemento de verdade. Mas se eles deverão se realizar em poder, devemos ir ao pensamento central: crucificar a carne é entregá-la à maldição. A cruz e a maldição são inseparáveis (Deuteronômio 21:23; Gálatas 3:13). Dizer “nosso velho homem foi crucificado com Ele, fui crucificado com Cristo” é uma declaração muito séria. Significa que confesso que minha velha natureza, meu ego, merece a maldição e que não há nenhuma maneira de me desembaraçar dela senão pela morte. Voluntariamente eu a entrego à morte. Aceitei como minha vida o Cristo que veio para entregar-Se, Sua carne, à maldição da morte de cruz – que recebeu a Sua nova vida somente por causa daquela morte e pela virtude dela. Entrego meu velho homem, minha carne, ego, com sua vontade e obra, como algo pecaminoso e maldito, à cruz. Está cravada ali. Em Cristo estou morto para ela e liberto dela.
O poder desta verdade é dependente de que seja conhecida, aceita, e de que se atue com base nela. Se eu apenas conheço a cruz como substituição, mas não como Paulo que se gloriava nela – na comunhão dela (Gálatas 6:14), eu nunca experimentarei seu poder para santificar. Quando a bendita verdade de sua comunhão raia sobre mim, vejo como pela fé posso entrar e viver em comunhão espiritual com Jesus que, como meu cabeça e líder, proveu a cruz como o único caminho para o trono e provou-a deste modo. Esta união espiritual, mantida pela fé, torna-se uma união moral. Tenho a mesma mente ou disposição que houve em Cristo. Considero a carne como pecaminosa e adequada somente para a morte. Aceito a cruz com sua morte para o que é carne, assegurada para mim em Jesus, como o único caminho para ser liberto do poder do ego e para andar em novidade de vida pelo Espírito.
O fato da fé no poder da cruz ser uma revelação e ao mesmo tempo a remoção da maldição e do poder da carne é uma verdade muito simples ainda que profunda. Eu começo a entender que no viver pelo Espírito há o perigo do render-se à carne ou ao ego em minha tentativa de servir a Deus. Isto torna a cruz de Cristo ineficaz (I Coríntios 1:17; Gálatas 3:3; 5:12-13; Filipenses 3:3-4; Colossenses 2:18-23). Agora vejo como tudo o que é do homem e da natureza, da lei e do esforço humano, foi para sempre julgado por Deus no Calvário. Ali a carne provou que com toda a sua sabedoria e toda a sua “religião”, odiou e rejeitou o Filho de Deus. Ali Deus provou que o único caminho para ser liberto da carne é entregá-la à morte como algo amaldiçoado. Começo a entender que preciso ver a carne como Deus a vê; aceitar a sentença de morte que a cruz decreta para tudo em mim que seja da carne; olhar para ela e para tudo que provém dela como algo maldito. Quando este hábito da alma cresce em mim, aprendo a nada temer mais do que a mim mesmo. Tremo perante o pensamento de permitir que a carne, minha mente e vontade naturais, usurpe o ligar do Espírito Santo! Toda minha atitude em relação a Cristo é aquela de humilde temor, consciente de que tenho dentro de mim aquela coisa amaldiçoada que está sempre pronta, como um anjo de luz, para introduzir-se no Santo dos Santos e desviar-me para servir a Deus não no Espírito, mas sim no poder da carne. É neste temor humilde que o crente é ensinado a crer plenamente não só na necessidade, mas também na provisão do Espírito Santo para tomar totalmente o lugar que a carne antes possuía e diariamente gloriar-se na cruz, da qual ele pode dizer, “pela qual eu estou crucificado para o mundo”.
Freqüentemente buscamos a causa do fracasso na vida cristã. Pensamos que porque estamos claros naquilo que os gálatas não entendiam – justificação somente pela fé – o perigo deles não pode ser nosso também. Ah, se soubéssemos o quanto permitimos que a carne opere em nossa caminhada cristã! Oremos pela graça de Deus para conhecê-la como nossa inimiga mais implacável, e como inimiga de Cristo. A graça de graça não significa somente o perdão do pecado, significa o poder de uma nova vida através do Espírito Santo. Concordemos com aquilo que Deus diz da carne e de tudo o que vem dela: que é pecaminosa, condenada, amaldiçoada. Não temamos nada mais que as obras ocultas da nossa própria carne. Aceitemos o ensino da Palavra de Deus: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.” (Romanos 7:18). Peçamos a Deus que nos mostre até que ponto o Espírito deve nos possuir se desejamos agradá-Lo em todas as coisas. Creiamos que conforme nos gloriamos diariamente na cruz, e em oração e obediência entregamos a carne à morte da cruz, Cristo aceitará nossa rendição e por Seu divino poder manterá em nós a vida do Espírito. Devemos aprender não somente a viver em Espírito, mas como aqueles que foram libertos do poder da carne andar pelo Espírito em nossas vidas diárias.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Espírito e a Carne


Capítulo XXII


Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?
Gálatas 3:3
Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne. Ainda que também podia confiar na carne; se algum outro cuida que pode confiar na carne, ainda mais eu
Filipenses 3:3-4

A carne é o nome pelo qual as Escrituras indicam a nossa natureza caída – alma e corpo. A alma na criação foi posta entre o espiritual ou divino e o sensível ou terreno, para dar a cada um deles o que lhes é devido, e guiá-los àquela perfeita união que resultaria no fato do homem alcançar seu destino – um corpo espiritual. Quando a alma cedeu à tentação do sensível, ela se afastou do governo do Espírito e pôs a si mesma sob o poder do corpo – ela se tornou carne. E agora a carne não está apenas ausente do Espírito, mas é hostil a ele. “A carne milita contra o Espírito” (Gálatas 5:17).

Neste antagonismo da carne com o Espírito existem dois aspectos. Por um lado, a carne milita contra o Espírito ao cometer pecado e transgredir a lei de Deus. Por outro lado, sua hostilidade para com o Espírito é não menos manifestada em sua busca de servir a Deus e fazer Sua vontade. No ceder à carne, a alma voltou-se para si mesma em lugar do Deus a quem o Espírito a ligava; o egocentrismo prevaleceu sobre a vontade de Deus; o egocentrismo se tornou seu princípio governante. E agora, tão sutil e forte é este espírito do eu que a carne, não somente em pecar contra Deus, mas também quando a alma busca servir a Deus, ainda impõe o seu poder. Ela se recusa a permitir que apenas o Espírito lidere, e em seus esforços para ser “religiosa” ela ainda é o grande inimigo que obstrui e apaga o Espírito. É por causa desta falsidade da carne que muitas vezes ocorre o que Paulo fala aos Gálatas: “Tendo começado no Espírito, estejais agora vos aperfeiçoando na carne?”. A menos que a rendição ao Espírito seja completa, e a espera Nele seja contínua, em dependência e humildade, o que começou no Espírito muito rapidamente se torna confiança na carne.

E o notável é que o que a princípio poderia parecer um paradoxo, tão logo a carne busque servir a Deus ela se torna a força do pecado. Sabemos como os fariseus, com sua justiça-própria e religião carnal, caíram em orgulho e egocentralidade e se tornaram os servos do pecado. E Paulo indagou aos Gálatas a respeito de aperfeiçoarem na carne o que começou no Espírito, advertindo-os contra a justiça de obras, porque as obras da carne eram tão manifestas que eles estavam em perigo de devorarem-se uns aos outros. Satanás não possui um instrumento mais ardiloso para manter as almas em escravidão do que incitá-las a praticar a religião na carne. Ele sabe que o poder da carne jamais pode agradar a Deus ou vencer o pecado, e que no devido tempo a carne que tem ganhado supremacia sobre o Espírito no serviço a Deus afirmará e manterá esta mesma supremacia no serviço do pecado. É somente onde o Espírito tem a liderança e o governo na vida de adoração que haverá o poder para liderança e governo na vida de obediência prática. Se eu hei negar o eu em meus relacionamentos com os outros, vencer o egocentrismo, temperamento e falta de amor, eu devo primeiro aprender a negar o eu em meu relacionamento com Deus. Ali a alma, a sede do eu, deve aprender a curvar-se ao Espírito, onde Deus habita.

O contraste entre a adoração no Espírito e a adoração na carne é lindamente expresso na descrição da circuncisão verdadeira feita por Paulo – a circuncisão do coração – cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus: “Aqueles que adoram a Deus no Espírito, gloriam-se em Cristo Jesus e não confiam na carne”. Pondo o gloriar-se em Cristo Jesus no centro do verso, como a essência da fé e vida cristã, ele chama a atenção, por um lado, para o grande perigo que o rodeia e, por outro lado, a salvaguarda pela qual o seu pleno desfrute é assegurado. Confiança na carne é aquilo que acima de tudo torna o gloriar-se em Cristo Jesus inoperante, e adoração no Espírito é unicamente aquilo que torna o gloriar-se em Cristo Jesus vida e verdade. Possa o Espírito revelar-nos o que significa gloriar-se em Cristo Jesus.

Há um gloriar-se em Cristo Jesus acompanhado por confiança na carne que tanto a história quanto a experiência nos ensinam. Entre os Gálatas, os mestres a quem Paulo se opôs tão fortemente eram todos pregadores de Cristo e Sua cruz. Mas eles a pregavam não como homens ensinados pelo Espírito para conhecerem a infinita e toda-penetrante influência da cruz, mas como aqueles que tinham tido o Espírito de Deus no início, e que permitiram que sua própria sabedoria e pensamentos interpretassem o que a cruz significava, e assim a reconciliaram com uma religião que em larga medida era puramente legal e então carnal. A história das igrejas da Galácia é repetida hoje mesmo nas igrejas que confiam estarem livres do erro dos Gálatas. Note como muitas vezes é dito que a doutrina da justificação pela fé é o ensino principal da epístola, e a doutrina da habitação interior do Espírito e de nosso andar pelo Espírito é pouco mencionada.

Cristo crucificado é a sabedoria de Deus. Confiança na carne, em conexão com o gloriar-se em Cristo, é confiança na própria sabedoria adquirida. As Escrituras são normalmente estudadas, pregadas e recebidas no poder da mente natural, com pouca ênfase na necessidade do ensino do Espírito. Elas são entendidas com a mesma confiança com a qual os homens conhecem qualquer verdade – por ensino humano e não divino – e na ausência daquela receptividade que espera em Deus para revelar Sua verdade.

Cristo, pelo Espírito Santo, é não somente a sabedoria, mas o poder de Deus. Confiança na carne e gloriar-se em Cristo Jesus são vistos e sentidos em muito da obra da igreja cristã na qual o esforço e o planejamento humano tomam um lugar mais amplo do que a espera no poder que vem do alto. Nas maiores organizações eclesiásticas, nas igrejas separadamente, e na vida interior do espírito e oração, vemos quantos esforços infrutíferos e repetidos fracassos são decorrentes deste erro. Não há falta de reconhecimento de Cristo como nossa única esperança, e nem falta de dar-Lhe o louvor que Lhe é devido, todavia tanta confiança na carne torna tudo isto ineficaz.

Deixe-me perguntar novamente se não há muitos de vocês que buscam uma vida de plena consagração e bênção, e que descobrem que o que temos mencionado aqui é o segredo de seu fracasso. Quando em uma mensagem, conversa, ou oração particular, a plenitude de Jesus foi exposta a você com a possibilidade de uma vida santa, sua alma sentiu que tudo isto era tão maravilhoso e simples que nada poderia retê-lo. E talvez quando você aceitou o que foi visto ser seguro e acessível, entrou em uma alegria e poder que antes lhe eram desconhecidos. Mas isto não permaneceu. Algo estava basicamente errado. A sua busca pela causa do problema foi em vão. A razão que foi dada pode ter sido que sua rendição foi incompleta, ou que sua fé não era genuína. E ainda assim sua alma lhe assegurava de que estava pronta para desistir de tudo e confiar em Jesus para tudo. Sua alma quase se desesperava de uma perfeição impossível – se perfeita consagração e perfeita fé fossem a condição da bênção. E a promessa tinha sido que seria tudo tão simples – a vida perfeita para o pobre e o fraco.

Ouça o ensinamento da Palavra de Deus hoje: foi a confiança na carne que confiscou o seu gloriar-se em Cristo Jesus. Foi o eu fazendo o que somente o Espírito pode fazer; foi a alma tomando a liderança na expectativa que o Espírito apoiaria os seus esforços, ao invés de confiar no Espírito Santo para fazer tudo e então esperar Nele. Você seguiu Jesus sem negar o eu. Olhe novamente para o nosso texto: Paulo nos aponta a única salvaguarda conta este perigo: “Nós é que somos a circuncisão, nós que servimos a Deus no Espírito e não confiamos na carne”. Aqui estão os dois elementos da adoração espiritual: o Espírito exalta Jesus e humilha a carne. Se nós desejamos verdadeiramente nos gloriar em Jesus e tê-Lo glorificado em nós; se queremos conhecer a glória de Jesus em nossa experiência pessoal, livres da ineficácia que marca os esforços da carne, devemos aprender o que é a adoração a Deus no Espírito.

Eu apenas reitero como verdade de Deus a partir de Sua bendita Palavra: glorie-se em Cristo Jesus pelo Seu Espírito. Glorie-se Nele como o glorificado que batiza com o Espírito Santo. Em simplicidade e descanso, creia que Ele lhe deu o Seu próprio Espírito para viver em você. Medite nisto, creia em Sua Palavra concernente a isto, até que sua alma se curve em temor reverente perante Deus na verdade gloriosa: o Espírito Santo de Deus habita em você.

Renda-se à Sua liderança, sobre a qual temos aprendido não ser somente nos pensamentos ou na mente, mas também na vida e na disposição. Renda-se a Deus para ser guiado pelo Espírito Santo em toda a sua conduta. Ele é prometido para todos aqueles que amam a Jesus e O obedecem. Lembre-se qual foi o objetivo principal de sua vinda: restaurar o partinte Senhor Jesus aos Seus discípulos. “Não vos deixarei órfãos”, disse Jesus; “voltarei para vós outros”. Você não pode se gloriar em um Jesus distante do qual está separado. Quando tenta fazê-lo, isto requer um grande esforço – você precisa da ajuda da carne para isso. Você só pode se gloriar em um Salvador que é presente, a quem o Espírito Santo revela em você. Quando Ele o faz, a carne é rebaixada; os feitos da carne são mortificados. Toda a sua prática de fé deve ser: eu não tenho confiança na carne. Glorio-me em Cristo Jesus. Adoro a Deus no Espírito.

Amado crente, tendo começado no Espírito, você deve continuar no Espírito. Cuide-se de tentar aperfeiçoar a obra do Espírito na carne. Deixe que a “não confiança na carne” seja o seu grito de batalha; permita que uma profunda desconfiança da carne e temor de entristecer o Espírito por andar na carne guarde-o humildemente diante de Deus. Ore a Deus pelo Espírito de revelação a fim de que você possa ver Jesus como seu tudo e ver como, pelo Espírito Santo, a vida divina pode tomar o lugar de sua vida, e Jesus ser entronizado como o protetor e guia de sua alma.