domingo, 5 de dezembro de 2010

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 85



Por: Ir. Luiz Fontes

18ª Estação – Rissa

TEXTO: Números 33:21


Em Números capítulo 33, versículo 21, diz:

21 - partiram de Libna e acamparam-se em Rissa;

Hoje nós vamos estudar a 18ª Jornada. Essa jornada é muito interessante, pois trata de um tema muito glorioso – o nosso repouso em Cristo. Para compreendermos melhor os textos correspondentes a esta jornada, teremos que ler Números capítulo 15, onde iremos encontrar os detalhes desta estação, e depois Deuteronômio capítulo 2.
Além disso, é interessante voltarmos ao contexto, lendo Números capítulo 14. Ali saberemos que o povo de Israel esteve em Rimom-Perez, quando partiram sem a presença do Senhor, para pelejar contra os inimigos. Eles queriam possuir a terra, mas a Bíblia diz que foram derrotados até Horma (Nm 14:45 e Dt 1:44).
No versículo 46, do capítulo 1 de Deuteronômio, diz que eles estiveram em Cades. Nós sabemos que Cades refere-se ao deserto de Cades. Ali ocorreram várias estações. Tudo isso nós já temos estudado. Mas ainda há um detalhe que é interessante recordar. Aqui no capítulo 2, de Deuteronômio, versículo 1, diz:

1 - Depois, viramo-nos, e seguimos para o deserto, caminho do mar Vermelho como o SENHOR me dissera, e muitos dias rodeamos a montanha de Seir.

Note que aqui eles voltaram para o Golfo de Ácaba, em direção ao Mar Vermelho. Há um retrocesso por causa da incredulidade, por causa da presunção. Aqui são duas jornadas: a incredulidade, em Ritma, e a presunção, a autoconfiança, em Rimom-Perez. Nós sabemos pelos relatos de Nm 14 que eles recusaram a entrar na terra que Deus havia prometido dar a eles. E quando decidiram possuir a terra Deus não foi com eles. Então foram derrotados. Veja que no texto de Dt 2:1 diz: “muitos dias rodeamos a montanha de Seir”. A primeira estação nesse caminho de retrocesso é o Golfo de Ácaba. E agora, dentro desse Golfo de Ácaba, a primeira estação é Rissa. Assim que eles retornaram, a primeira estação na qual estiveram foi Rissa. Sabemos que entre Rissa e Rimom-Perez houve aquela estação de Libna, que nos fala de brancura, que trata da questão dos nossos pecados, que trata da nossa provisão de Deus em Cristo para nos conceder o perdão, para nos fazer entrar na terra. Então, tudo isso nós vimos Em Libna.
Mas, por que temos dado tanta ênfase a Ritma e a Rimom-Perez? Por um detalhe muito simples: porque o que nós vamos estudar aqui em Rissa está intimamente ligado a essas duas estações. Libna foi uma oportunidade que Deus em graça deu àquele povo, porque Deus dissera para eles que não entrariam na terra. Agora Deus vai mostrar em Libna o caminho de entrar. Deus vai revelar em Libna o caminho pelo qual eles poderão entrar na terra. Com a incredulidade é impossível. Com a presunção é impossível. Mas em Cristo é possível!
Agora nós vamos estudar Rissa. Os textos correspondentes a esta estação estão em Números capítulo 15, versículos 32 a 41. O versículo 32, de Números capítulo 15, diz assim:

32 - Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado.

Quero que você note algumas coisas interessantes a respeito desta estação. Em Nm 15:32-36 temos a primeira parte, e em Nm 15:37-41 a segunda parte. E é curioso que sejam duas experiências que nós iremos estudar em Rissa. Uma é negativa e a outra é positiva. A negativa ocorre em Nm 15:32-36 e a positiva em Nm 15:37-41. Nesta jornada há acontecimentos e revelações da parte de Deus, importante para nós, de onde nós iremos extrair as lições para o nosso crescimento, para a nossa edificação.
Há uma coisa muito curiosa sobre Rissa: o nome Rissa é um antônimo. Todos nós sabemos que um antônimo é o contrário de sinônimo. Sinônimo é quando duas ou mais palavras diferentes significam a mesma coisa. Mas o antônimo é o contrário, é quando uma mesma palavra tem diferentes significados. O curioso é que a palavra Rissa em hebraico é um antônimo. Rissa é uma palavra que tem dois significados.
Então, vamos à primeira parte. Antes, precisamos considerar que não estamos lendo o Antigo testamento como história, e sim como uma admoestação para nós, a Igreja do Senhor Jesus neste tempo.
Em Colossenses capítulo 2, versículo 16 e 17, diz assim:

16 - Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados,
17 - porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.

Temos aqui um significado muito importante. Aqui nós temos um texto que serve de ferramenta hermenêutica de chave de interpretação no Novo Testamento para aquilo que nós vamos estudar aqui em Rissa. Veja que tem uma frase longa que diz assim: “porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir”. Então, “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”. Prestemos atenção nisso! Aqui Paulo nos ensina, pelo Espírito Santo, que aquelas comidas, bebidas, festas, novilhos, as luas novas, os sábados etc., eram “sombras de algo que havia de vir”. Tudo o que era relativo ao sábado no Antigo Testamento era uma figura. Figura de quem? Uma figura de Cristo! Nós temos que estudar este maravilhoso assunto. É bom lembrarmos das estações passadas – Ritma, onde houve incredulidade, Rimom-Perez, onde houve obstinação, Libna, onde Deus revelou sua graça, o caminho como podemos entrar na terra prometida (Libna nos mostra o perdão em Deus). Mas aqui em Rissa Deus ensina como enfrentar essa condição espiritual que esteve representada pelas estações anteriores de Ritma e Rimom-Perez. Então nós temos tudo isso. Agora Deus vai nos conduzir a Libna e a ali ele nos mostra como nós temos que enfrentar esta situação, como podemos encontrar em Deus O Caminho para podermos possuir a terra. Tudo isso é extremamente significativo.
Quando lemos estes textos de Nm 15:32-41, nós vemos que os filhos de Israel acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado. E quando encontraram aquele homem, levaram-no a Moisés e a Arão e a toda a congregação e o meteram em guarda. Eles ainda não sabiam o que fazer. No versículo 35, o Senhor diz a Moisés que o homem deveria ser morto. Assim, toda a congregação foi levada para fora do arraial. E aquele homem morreu como o Senhor ordenara a Moisés.
Depois, no versículo 38, até o versículo 41, Deus diz aos filhos de Israel que nos cantos das suas vestes fossem feitas “borlas” pelas suas gerações, “borlas” presas em cada canto por um “cordão azul”. E as “borlas” estariam ali para que eles pudessem lembrar de todos os mandamentos do Senhor, para que eles pudessem cumprir. Deus diz assim nos versículos 39 a 41:

39 - E as borlas estarão ali para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR e os cumprais; não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após os quais andais adulterando,
40 - para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus.
41 - Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.

Então, irmãos, sabemos que estes textos foram dados para focar a questão do “sábado”. Na Bíblia, o sábado era uma figura de Cristo. O problema aqui nesta primeira parte era em relação ao sábado. A lição que Deus queria ensinar era que eles tinham que aprender a repousar em Deus, o que prefigura, no Novo Testamento, a nossa “experiência em viver Cristo”, em “repousar em Cristo”. Qual a razão desta lição?
Quando olhamos para Rimom-Perez, eles procuraram vencer por eles mesmos. Lembra quando quiseram subir e tomar a terra? Pela obstinação dos seus corações. Eles queriam lutar sem Deus. Em Libna Deus mostra a eles que por meio do sacrifício eles obteriam o perdão de Deus, nessa nossa vida que recebemos em Cristo, isto é, nessa nova vida “em Cristo”, que recebemos pela infinita misericórdia e graça de Deus e mediante o “sangue” de Cristo, o qual nos limpa do poder do pecado, da acusação de Satanás, da presença do pecado nos governando e também pelo Seu Espírito que nos conduz a esta nova vida. Somos agora conduzidos a esta experiência.
Precisamos atentar para este versículo 32, de Números capítulo 15:

32 - Estando, pois, os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado.

Precisamos saber que o sábado foi dado ao homem para que nele (o sábado) o homem pudesse descansar. Esse descanso não era apenas um descanso físico, mas que nesta experiência o homem pudesse ter sempre em Deus uma profunda reflexão de tudo aquilo que é Deus. Refletir na misericórdia, na graça, na provisão de Deus é viver uma vida na completa suficiência de Deus. É isso que precisamos entender aqui.
Quando estudamos o Evangelho de Mateus, capítulo 13, versículos 7 e 22, o Senhor Jesus diz:

7 - Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.
22 - O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.

Amados irmãos, é importante percebermos que “os espinhos” representam a “fascinação das riquezas” que “sufocam a Palavra”. No texto que lemos em Números 15:32 vemos um homem que estava apanhando lenha. Isso desagradou a Deus, pois aqui vemos um ato de desobediência à Palavra de Deus. Alguém que estava procurando viver uma vida para si próprio, uma vida fora do contexto de Deus, fora do caráter de Deus, da vontade de Deus, sem o respaldo da Palavra de Deus. Será que imaginamos o quanto é perigoso nós vivermos uma vida sem o respaldo da Palavra de Deus, que não é sustentada pela Palavra de Deus, que não está fundamentada na Palavra de Deus? Será que imaginamos o quanto isto é sério? O quanto Deus deseja nos corrigir destes erros do nosso próprio coração. Aqui encontramos alguém que procurava viver uma vida para si mesmo, completamente afastado do caminho de Deus. Como nós somos tentados a isso! Como nós somos tentados a viver para nós mesmos! A viver uma vida sem uma referência espiritual! E o grande perigo disso é sermos guiados por nossa mente, pela nossa vontade. Veja o versículo 39, do capítulo 15, de Números. A parte b deste texto diz assim: “não seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos”. Nós não podemos viver uma vida segundo a nossa vontade. Temos que entender que agora “em cristo” não vivemos uma vida “almática”. Não que tenhamos que restringir nossas emoções, nossa vontade, nossa mente. Não é isso. Nós temos que viver a vida cristã permitindo, na nossa consciência, que a Palavra de Deus fale a nós claramente o que Ele quer; que tenhamos percepção, isto é, intuição. Porque “consciência”, “intuição” e “comunhão” são as faculdades do nosso espírito. E por que nós não conseguimos liberar o nosso espírito? Porque vivemos uma vida segundo os nossos desejos, segundo o nosso próprio coração almático. Seguimos os nossos olhos e não seguimos a “voz interior” do Espírito no nosso espírito. Não seguimos a nossa consciência, não seguimos aquilo que o Senhor fala em nosso espírito. Porque o que fazemos, os nossos desejos, são sempre voltados às nossas necessidades peculiares, naturais, humanas e, muitas vezes adâmicas, isto é, na nossa carnalidade. Mas, para que sejamos corrigidos, sabemos que quando nos convertemos nosso espírito foi vivificado. E nesse espírito vivificado é onde Deus fala. Nós precisamos ouvir a voz de Deus no nosso espírito. Nós precisamos ter intuição, isto é, percepção espiritual para que não sejamos enganados.
E como tudo isso acontece? Outra faculdade do nosso espírito é “comunhão”. É aqui que Deus, pelo Espírito Santo, no nosso espírito, se une. E isto tem que ser uma “motivação” contínua. Comunhão com Deus tem que ser algo todo dia, sempre. Significa que devemos viver uma vida de “prioridade espiritual”. As coisas espirituais não podem ser vividas esporadicamente durante o dia. O “maná” tinha que ser apanhado logo cedo. Isso porque as nossas primeiras ações devem estar voltadas para Deus. Como: oração, louvor, aquela lembrança de contemplação dentro de nós. Os cristãos perderam a visão, a sensibilidade de que neles existe uma faculdade chamada de “espírito”. É a parte mais profunda do ser do homem, mais extraordinária. A parte mais grandiosa do nosso ser é o espírito. Se estudarmos todos os textos na Bíblia que focam o espírito seremos ricamente ajudados. Sentiremo-nos enriquecidos com a ajuda do Senhor por meio da Sua Palavra para compreendermos a nós mesmos. Isso porque muito da nossa vida cristã tem sido vivida na alma, na nossa carne, na nossa força natural, de nós mesmos para nós mesmos. Como aquele homem que foi procurar sustento, provisão para si, alguma atividade. Pode ser uma coisa muito simples a atitude daquele homem. Mas essa atitude, aparentemente muito simples, revela o “engano do nosso próprio coração”, revela as “motivações secretas” e “obstinadas” que nós carregamos dentro de nós mesmos.
Olhe o contexto deste episódio! Nós vimos incredulidade, vimos presunção, e agora vemos um homem pisando a Palavra de Deus, menosprezando a Palavra de Deus. MENOSPREZAR A PALAVRA DE DEUS É MENOSPREZAR O PRÓPRIO DEUS. É aqui que o Espírito Santo deseja nos disciplinar, nos corrigir, para que nós não andemos segundo os “desejos do nosso próprio coração”. Para que não venhamos seguir os nossos “próprios olhos”, mas seguir a Palavra de Deus. Seguir a “voz do Espírito” no nosso “interior”, na nossa. Ter percepção daquilo que agrada e daquilo que não agrada a Deus. Viver uma vida de comunhão com Deus. Só isso poderá nos ajudar, nos corrigir.
Que Deus abundantemente fale ao nosso coração.

Nenhum comentário: