sábado, 28 de novembro de 2009

As 42 Jornadas no Deserto - Mensagem 57 - parte 1 e 2

12ª Estação – Monte Sinai – 5ª Subida (Mensagem 57)

Texto: Ex 20:21 a 23.33


Vamos dar continuidade ao estudo das 42 estações durante a peregrinação do povo de Israel pelo deserto. Estamos na 12ª estação – Monte Sinai – estudando sobre as subidas de Moisés ao Monte. Nós sabemos que Moisés subiu ao Monte Sinai 11 vezes e, agora, estamos na 5ª subida, quando Moisés sobe sozinho e Arão fica embaixo com o povo, como o representante do povo diante de Deus.
Esta 5ª subida vai desde Ex 20:21 até Ex 23:33. Nesta subida Moisés recebe as outras leis que Deus lhe dá – as leis que o Senhor coloca diante de Moisés. Então, além do Decálogo, os Dez Mandamentos que Deus escreveu com Seu próprio punho, com Seu próprio dedo, em tábuas de pedra, além dessas Leis, Deus deu outras leis. Deus deu leis acerca da propriedade, leis acerca da imoralidade e da idolatria, do testemunho falso e da injustiça, sobre o ano de descanso e o sábado e sobre as três festas. Todas essas leis, todos esses assuntos, revelam para nós o coração do significado da sabedoria inescrutável e infinita da bondade de Deus. Nesta subida podemos ter uma ideia do reino governado por leis estabelecidas por Deus.
Quanto ao caráter das leis apresentadas aqui nesta subida, podemos aprender uma lição dupla:

1) Vemos Deus decretar leis que mostram o caráter da Sua justiça. Nessas leis não se vê parcialidades e nem mesmo a diferença entre ricos e pobres. A balança onde foram pesadas as reivindicações de cada homem foi afinada com precisão divina. É isso que nós temos que olhar aqui.

2) Quanto ao homem, é impossível ler todas essas leis sem ficar impressionado com a declaração que, indireta, mas realmente, revelam sua depravação. O fato de o Senhor promulgar leis contra certos crimes prova que o homem era capaz de cometê-los. Se não houvesse essa capacidade ou tendência no homem, não haveria necessidade de promulgar essas leis.

Nós temos que saber, amados irmãos e irmãs, que a humanidade traz em seu coração as sementes das abominações mais tenebrosas e horríveis que podemos imaginar. Desde a cabeça até à planta do pé, não existe nem mesmo um átomo de perfeição moral no homem. Então, precisamos ver aqui a grandeza do poder de Deus na salvação. Olhando para essas leis nós podemos ter uma verdadeira concepção da grandeza do poder de Deus na salvação. Quando abrimos a Bíblia no Novo Testamento, em Efésios 2:1-3, podemos medir o poder de Deus na nossa salvação, porque, ao olharmos para estas leis nesta 5ª subida e também para os Dez Mandamentos na 4ª subida, podemos ver a própria incapacidade do homem em poder cumprir os mandamentos de Deus, os desígnios de Deus.
É interessante quando abrimos a Bíblia no Evangelho de Mateus, a partir do capítulo 5, e, estudando sobre o Sermão do Monte, percebemos que o Senhor Jesus coloca ainda um sentido muito mais elevado no tocante ao homem e a Lei, quando Ele diz:

“Ouvistes o que foi dito (...). Eu, porém, vos ensino...”.

Então vemos que aquilo que o Senhor Jesus exigiu do homem quanto ao caráter da Lei estava acima da possibilidade de o homem cumprir. Ele disse que se o homem pensasse, imaginasse em seu coração, ele já estaria cometendo um delito, um pecado. Por exemplo: se ele olhasse para uma mulher, se ele tivesse um sentimento impuro em seu coração, já estaria em pecado de adultério. Então, o que significa isso? Significa a nossa incapacidade, significa que não há possibilidade de o homem em si, por si, alcançar a justiça de Deus, satisfazer a justiça de Deus. O homem é depravado por nascimento. Mas leiamos Efésios 2:1-3, que diz assim:

“1 E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, 2 em que, noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; 3 entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também”.

Amados irmãos e irmãs, aqui nós vemos a nossa real condição. O argumento de Paulo é que nós precisamos ter a verdadeira concepção do abismo, do pecado onde nós nos encontrávamos sem Deus. Aqui estamos diante da doutrina do pecado. Nessas palavras de Paulo podemos ter uma descrição da profundidade do nosso estado no passado, em Adão, da nossa completa corrupção. Jamais vamos compreender a doutrina da encarnação se não entendermos a doutrina do pecado. Como poderemos entender a morte do nosso Senhor Jesus em nosso lugar, o que Ele fez lá na cruz, se claramente não entendermos a doutrina do pecado? Paulo diz, no versículo 1º de Efésios 2, que:

“Estávamos mortos nos nossos delitos e pecados”.

Aqui podemos ver que estávamos mortos em delitos e pecados. Notem que Paulo está dizendo que ”estávamos mortos” – essa morte não é uma morte física, e sim uma morte espiritual. Vejam que no versículo 2 ele diz: “Nos quais andastes outrora”, isto é, andávamos mortos. Espiritualmente falando, o que significa a morte?

§ Morte é a antítese da vida;

§ Vida é sempre descrito na Bíblia em termos de relacionamento com Deus.

Olhem o versículo 12 nesse mesmo capítulo, quando ele diz: “Naquele tempo estáveis sem Cristo, não tendo esperança e sem Deus no mundo” – isso é morte!
Em 1 Jo 1:2 diz assim:

“E a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada.”

Precisamos estudar, dissecar, este versículo:

§ O termo “vida”, no grego, é “zoe”: essa palavra descreve a vida de Deus; revela-nos a vida de Deus;

§ João diz que esta vida “se manifestou”: Aqui a palavra “manifestou”, no grego, é “phaneroo”, que significa tornar manifesto, visível; tornar conhecido aquilo que estava escondido.

§ Ele também diz “nós a temos visto”: Aqui temos a palavra grega “horao” – tornar-se conhecido pela experiência, experimentar. Esta vida é desfrutada, experimentada.

§ João diz mais: “e dela damos testemunho”: A palavra “testemunho” aqui é “martureo”, que significa ser uma testemunha; afirmar ter visto, ouvido ou experimentado algo.

§ E ele diz também que nós “anunciamos”: Essa palavra no grego é “apaggello” – proclamar; tornar abertamente conhecido; declarar esta vida. E esta vida nos foi dada na regeneração quando nós estávamos mortos nos nossos delitos e pecados.

Por estar morto espiritualmente, o homem é ignorante quanto à verdade do Evangelho de Cristo. Ele não compreende as coisas espirituais. Romanos 8:5 diz:

“Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.”

Notem duas palavras interessantes nesse texto: “inclinam” e “cogitam”.

1) “inclinam”: no grego, nós temos o particípio presente da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, que é “ser”. Esse verbo faz referência à pessoa que é carnal. O texto indica as pessoas que são carnais, que cogitam para as coisas carnais e não para as coisas espirituais.

2) “cogitam”: no grego é “phroneo”. Essa palavra vem de dois vocábulos: “phren” – faculdade de perceber ou julgar – e “phroneo” – ter entendimento; ser do mesmo pensamento; concordar; compartilhar.

Esse texto, numa linguagem mais popular, de acordo com o original como foi escrito, é assim:

“Porque há pessoas que vivem de acordo com a natureza humana, têm a sua mente controlada por essa mesma natureza. Mas os que vivem de acordo com o Espírito de Deus, têm a sua mente controlada pelo Espírito.”

É isso que Paulo está falando. As pessoas que não são cristãs, não se interessam pelas coisas cristãs. Vejam que o interesse das pessoas não cristãs é por tudo o que é sensual; é pela luxúria, pelo prazer carnal, por coisas efêmeras. Eles, por si só, jamais irão se interessar pelos assuntos espirituais, pela vida, pela eternidade, por Deus, por Cristo, pelo Espírito Santo.
Paulo, no capítulo 4 e versículo 18 de Efésios, diz algo muito sério quanto a isso, quando trata desse assunto de uma forma muito clara, com muita propriedade:

“Obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração.”

Vejam que na frase “alheios à vida de Deus”, a palavra “alheios”, no original, significa algo muito sério:

§ separação; estar distanciado, alienado; ser excluído da companhia, da intimidade de alguém.

É interessante que no grego essa palavra “alheios” é “apallotrioo”:

§ “apo” – uma preposição primária que fala de separação; distância; ser excluído; estar alienado;

§ e “allotrios” – que significa estrangeiro; estranho; que não é da família; inimigo.

Paulo diz que o homem é ímpio por natureza. E por causa da impiedade em que vive, por causa do seu coração ímpio, é descrito como obscurecido de entendimento e está alheio à vida de Deus. Agora ele vai mostrar-nos dois aspectos desta vida:

1) Primeiro ele diz “ignorância em que vivem”: “agnoia” – falta de conhecimento; cegueira moral e espiritual. Esse termo descreve uma pessoa que peca por ignorância, por falta de visão, de conhecimento espiritual.

2) Depois Paulo diz “dureza do seu coração”: “porosis” – o significado dessa palavra é o que se cobre com um calo; bloqueio na capacidade de discernimento mental; percepção obstruída; estado de mente insensível. A ideia aqui é de uma calosidade que cobre o coração e o entendimento de uma pessoa sem Deus, de uma pessoa que não é cristã.

Amados irmãos e irmãs, todas essas verdades que temos visto até aqui descrevem para nós esse estado de morte espiritual, de queda – aquilo que Deus disse para Adão lá em Gênesis 2:17:

“mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Em Gn 3:4, a serpente diz para Eva:

“é certo que não morrereis”.

No primeiro texto, em Gn 2:17, Deus disse ao homem que se ele comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal ele iria morrer. Mas, em Gn 3:4, satanás diz a Eva que eles não morreriam se comessem do fruto proibido.
Vejam que a mentira é o fundamento de todo o pecado; é a raiz do pecado na experiência humana. Sabemos que Adão viveu 930 anos e depois morreu (Gn 5:5). Depois que comeu do fruto proibido, ele viveu 930 anos. Humanamente ele continuou vivo, mas espiritualmente estava morto. Quando estudamos a queda, vemos que satanás, sutilmente, agindo contra o homem em algumas áreas, começa a usurpar no homem um lugar de completa preeminência. E, assim, ele vai levando o homem de um estado de decadência a decadência... a decadência...
Primeiro satanás introduz a dúvida no coração de Eva. Talvez possamos ver aqui os passos dessa decadência: a dúvida no coração de Eva quanto a Palavra de Deus. Em Gn 3:1, satanás diz assim para Eva: “é assim que Deus disse?”
Quando Deus criou o mundo, vemos que Ele o criou pelo poder da Palavra. Olhem que Gn 1:3 diz assim: “Disse Deus: Haja luz”. Essa expressão, “disse”, no hebraico é “amar”, a mesma expressão que temos nos seguintes textos:

Gn 2:16:

“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: de toda árvore do jardim comerás livremente”.

E Gn 3:1:

“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?”

Temos aqui a mesma palavra. Nas duas referências Moisés usou a palavra hebraica “amar” – “lhe deu esta ordem” (Gn 2:16), e “Deus disse” (Gn 3:1). Nesses textos, vemos que:

§ a palavra de Deus é o Seu falar;

§ a ordem de Deus é a Sua Palavra expressa.

Quando Eva deu ouvidos às mentiras perversas de satanás, ela estava permitindo que satanás anulasse dentro dela o operar da Palavra de Deus. Vejam que a consequência imediata disso é que Eva acrescentou algo a Palavra de Deus. Eva disse:

“Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais” – Gn 3:3.

Vejam a perversidade do pecado: a partir daqui o pecado vai tomando uma forma de governo para poder suplantar o homem debaixo de um jugo aterrorizante, perverso, cruel, onde há todas as manifestações pecaminosas subsequentes a essa desobediência, a essa mentira. Satanás tinha o quê? A mentira, o engano. Mas Eva tinha o quê? A Palavra de Deus. E aqui Eva permitiu que o engano, que a mentira de satanás, suplantasse nela a Palavra de Deus. E aqui vemos a origem do pecado na humanidade, vemos que o homem começa, então, a agir de acordo com Efésios 4:18.
Agora, voltamos para essa 5ª subida e vemos todas essas leis que Deus dá para o homem, acerca de assuntos práticos, acerca da sua própria vida, do relacionamento, enfim, nós vemos Deus colocando essas leis. Primeiro Deus dá as leis naquilo que estava relacionado ao homem e Ele e, depois, na 5ª subida, Deus dá as leis relacionadas com a vida humana em todos os seus aspectos. E o homem falha. O homem é incapaz de cumprir integralmente a Lei de Deus. É por isso que as coisas estão como estão. É por isso que nós estamos vendo a decadência do homem. Em todas as áreas, temos visto o homem decadente.
Olhando para Efésios 2:4, Paulo começa assim: “mas Deus”. Paulo inicia com uma conjunção que revela um contraste, que demonstra um contraste: “mas Deus”. Essa frase é a totalidade do Evangelho. Nesta frase vemos o Propósito Eterno de Deus na nossa salvação. Essa frase revela para nós que a nossa salvação é algo de Deus; é uma obra soberana de Deus; é uma obra graciosa de Deus; é por Sua misericórdia. Paulo diz:

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do Seu grande amor com que nos amou”.

É isto que agora ele passa a nos ensinar, a sentença divina quanto a nós:

§ onde abundou o pecado, superabundou a graça;

§ onde o pecado se tornou poderoso e operante, a graça de Deus foi manifestada para poder superabundar sobre o pecado!

Isso é salvação! É isso que nós temos que entender. É isso que Deus deseja nos mostrar.
Não podemos olhar para essa subida sem ter o nosso foco no Novo Testamento, sem poder compreender o caráter de Deus. Por que Ele colocou essas leis? Qual a finalidade de tudo isso? A Bíblia diz, em Romanos 10, que o fim da Lei é Cristo. O alvo de tudo isso, o propósito de tudo isso, só poderia ser conhecido em Cristo Jesus. Graças a Deus por Cristo Jesus!
Que Deus, poderosamente, fale ao seu coração e lhe abençoe através da Sua santa e poderosa Palavra.

As 42 Jornadas no Deserto

12ª Estação – Monte Sinai – 5ª Subida (Mensagem 57 – parte 2)

Texto: Ex 20:21 a 23.33


Daremos continuidade ao estudo das 42 estações durante a peregrinação do povo de Israel pelo deserto. Estamos na 12ª estação – Monte Sinai – estudando sobre as subidas de Moisés ao Monte. Esta é a 5ª subida, quando Moisés sobe sozinho e Arão fica embaixo com o povo, como o representante do povo diante de Deus. Nesta 5ª subida, que vai desde Ex 20:21 até Ex 23:33, Moisés recebe as outras leis que Deus lhe dá. Além do Decálogo, os Dez Mandamentos, Deus deu leis acerca da propriedade, leis acerca da imoralidade e da idolatria, do testemunho falso e da injustiça, sobre o ano de descanso e o sábado e sobre as três festas.
Todas essas leis, todos esses assuntos, revelam para nós o coração do significado da sabedoria inescrutável e infinita da bondade de Deus. Nesta subida podemos ter uma ideia do reino governado por leis estabelecidas por Deus.

Agora, a partir de onde paramos, continuaremos com o estudo da semana passada:

Por estar morto espiritualmente, o homem é ignorante quanto à verdade do Evangelho de Cristo. Ele não compreende as coisas espirituais. Romanos 8:5 diz:

“Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.”

Notem duas palavras interessantes nesse texto: “inclinam” e “cogitam”.

3) “inclinam”: no grego, nós temos o particípio presente da primeira pessoa do singular do presente do indicativo, que é “ser”. Esse verbo faz referência à pessoa que é carnal. O texto indica as pessoas que são carnais, que cogitam para as coisas carnais e não para as coisas espirituais.

4) “cogitam”: no grego é “phroneo”. Essa palavra vem de dois vocábulos: “phren” – faculdade de perceber ou julgar – e “phroneo” – ter entendimento; ser do mesmo pensamento; concordar; compartilhar.

Esse texto, numa linguagem mais popular, de acordo com o original como foi escrito, é assim:

“Porque há pessoas que vivem de acordo com a natureza humana, têm a sua mente controlada por essa mesma natureza. Mas os que vivem de acordo com o Espírito de Deus, têm a sua mente controlada pelo Espírito.”

É isso que Paulo está falando. As pessoas que não são cristãs, não se interessam pelas coisas cristãs. Vejam que o interesse das pessoas não cristãs é por tudo o que é sensual; é pela luxúria, pelo prazer carnal, por coisas efêmeras. Eles, por si só, jamais irão se interessar pelos assuntos espirituais, pela vida, pela eternidade, por Deus, por Cristo, pelo Espírito Santo.
Paulo, no capítulo 4 e versículo 18 de Efésios, diz algo muito sério quanto a isso, quando trata desse assunto de uma forma muito clara, com muita propriedade:

“Obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração.”

Vejam que na frase “alheios à vida de Deus”, a palavra “alheios”, no original, significa algo muito sério:

§ separação; estar distanciado, alienado; ser excluído da companhia, da intimidade de alguém.

É interessante que no grego essa palavra “alheios” é “apallotrioo”:

§ “apo” – uma preposição primária que fala de separação; distância; ser excluído; estar alienado;

§ e “allotrios” – que significa estrangeiro; estranho; que não é da família; inimigo.

Paulo diz que o homem é ímpio por natureza. E por causa da impiedade em que vive, por causa do seu coração ímpio, é descrito como obscurecido de entendimento e está alheio à vida de Deus. Agora ele vai mostrar-nos dois aspectos desta vida:

3) Primeiro ele diz “ignorância em que vivem”: “agnoia” – falta de conhecimento; cegueira moral e espiritual. Esse termo descreve uma pessoa que peca por ignorância, por falta de visão, de conhecimento espiritual.

4) Depois Paulo diz “dureza do seu coração”: “porosis” – o significado dessa palavra é o que se cobre com um calo; bloqueio na capacidade de discernimento mental; percepção obstruída; estado de mente insensível. A ideia aqui é de uma calosidade que cobre o coração e o entendimento de uma pessoa sem Deus, de uma pessoa que não é cristã.

Amados irmãos e irmãs, todas essas verdades que temos visto até aqui descrevem para nós esse estado de morte espiritual, de queda – aquilo que Deus disse para Adão lá em Gênesis 2:17:

“mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Em Gn 3:4, a serpente diz para Eva:

“é certo que não morrereis”.

No primeiro texto, em Gn 2:17, Deus disse ao homem que se ele comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal ele iria morrer. Mas, em Gn 3:4, satanás diz a Eva que eles não morreriam se comessem do fruto proibido.
Vejam que a mentira é o fundamento de todo o pecado; é a raiz do pecado na experiência humana. Sabemos que Adão viveu 930 anos e depois morreu (Gn 5:5). Depois que comeu do fruto proibido, ele viveu 930 anos. Humanamente ele continuou vivo, mas espiritualmente estava morto. Quando estudamos a queda, vemos que satanás, sutilmente, agindo contra o homem em algumas áreas, começa a usurpar no homem um lugar de completa preeminência. E, assim, ele vai levando o homem de um estado de decadência a decadência... a decadência...
Primeiro satanás introduz a dúvida no coração de Eva. Talvez possamos ver aqui os passos dessa decadência: a dúvida no coração de Eva quanto a Palavra de Deus. Em Gn 3:1, satanás diz assim para Eva: “é assim que Deus disse?”
Quando Deus criou o mundo, vemos que Ele o criou pelo poder da Palavra. Olhem que Gn 1:3 diz assim: “Disse Deus: Haja luz”. Essa expressão, “disse”, no hebraico é “amar”, a mesma expressão que temos nos seguintes textos:

Gn 2:16:

“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: de toda árvore do jardim comerás livremente”.

E Gn 3:1:

“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?”

Temos aqui a mesma palavra. Nas duas referências Moisés usou a palavra hebraica “amar” – “lhe deu esta ordem” (Gn 2:16), e “Deus disse” (Gn 3:1). Nesses textos, vemos que:

§ a palavra de Deus é o Seu falar;

§ a ordem de Deus é a Sua Palavra expressa.

Quando Eva deu ouvidos às mentiras perversas de satanás, ela estava permitindo que satanás anulasse dentro dela o operar da Palavra de Deus. Vejam que a consequência imediata disso é que Eva acrescentou algo a Palavra de Deus. Eva disse:

“Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais” – Gn 3:3.

Vejam a perversidade do pecado: a partir daqui o pecado vai tomando uma forma de governo para poder suplantar o homem debaixo de um jugo aterrorizante, perverso, cruel, onde há todas as manifestações pecaminosas subsequentes a essa desobediência, a essa mentira. Satanás tinha o quê? A mentira, o engano. Mas Eva tinha o quê? A Palavra de Deus. E aqui Eva permitiu que o engano, que a mentira de satanás, suplantasse nela a Palavra de Deus. E aqui vemos a origem do pecado na humanidade, vemos que o homem começa, então, a agir de acordo com Efésios 4:18.
Agora, voltamos para essa 5ª subida e vemos todas essas leis que Deus dá para o homem, acerca de assuntos práticos, acerca da sua própria vida, do relacionamento, enfim, nós vemos Deus colocando essas leis. Primeiro Deus dá as leis naquilo que estava relacionado ao homem e Ele e, depois, na 5ª subida, Deus dá as leis relacionadas com a vida humana em todos os seus aspectos. E o homem falha. O homem é incapaz de cumprir integralmente a Lei de Deus. É por isso que as coisas estão como estão. É por isso que nós estamos vendo a decadência do homem. Em todas as áreas, temos visto o homem decadente.
Olhando para Efésios 2:4, Paulo começa assim: “mas Deus”. Paulo inicia com uma conjunção que revela um contraste, que demonstra um contraste: “mas Deus”. Essa frase é a totalidade do Evangelho. Nesta frase vemos o Propósito Eterno de Deus na nossa salvação. Essa frase revela para nós que a nossa salvação é algo de Deus; é uma obra soberana de Deus; é uma obra graciosa de Deus; é por Sua misericórdia. Paulo diz:

“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do Seu grande amor com que nos amou”.

É isto que agora ele passa a nos ensinar, a sentença divina quanto a nós:

§ onde abundou o pecado, superabundou a graça;

§ onde o pecado se tornou poderoso e operante, a graça de Deus foi manifestada para poder superabundar sobre o pecado!

Isso é salvação! É isso que nós temos que entender. É isso que Deus deseja nos mostrar.
Não podemos olhar para essa subida sem ter o nosso foco no Novo Testamento, sem poder compreender o caráter de Deus. Por que Ele colocou essas leis? Qual a finalidade de tudo isso? A Bíblia diz, em Romanos 10, que o fim da Lei é Cristo. O alvo de tudo isso, o propósito de tudo isso, só poderia ser conhecido em Cristo Jesus. Graças a Deus por Cristo Jesus!
Que Deus, poderosamente, fale ao seu coração e lhe abençoe através da Sua santa e poderosa Palavra.

Por: Ir. Luiz Fontes

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