quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A FAMÍLIA - Parte 2

O MARIDO

"Vós, maridos, amai a vossas mulheres,
como Cristo amou a Igreja" Efésios 5.25.
Em continuação aos nossos estudos sobre a família, pedimos a Deus, que nos revele toda a graça sobre este assunto, porque temos visto que todos os filhos de Deus, como também nós, carecemos de revelação e zelo no que diz respeito a família. Mas o Senhor é o que nos ensina o que é útil, e o caminho que devemos andar (Isa 48.17). A filosofia, a ciência, a psicologia não é nada, somente a sabedoria divina pode nos tornar perfeitos, e esta sabedoria divina está expressa em sua Palavra, portanto, é para Ela que devemos atentar.
Como vimos nos números anteriores, a família é a primeira instituição criada por Deus na terra, com a finalidade principal de glorificá-Lo e servi-Lo. E para que esta família O sirva e O glorifique, ela precisa ser preparada por Ele antes que ela exista.
No capítulo anterior, vimos que o estabelecimento desta família é providência divina, portanto, é por Ele instituída, consumada e sustentada. Vimos também que ela nunca pode ser em jugo desigual, nem pela escolha humana.
Neste capítulo, queremos olhar para a Palavra de Deus, e aprender com o Espírito de Deus o papel do homem na família.
Todo o Reino de Deus é formado de hierarquia de autoridade, seja entre os homens, os anjos, animais, e até entre os demônios. Isto representa que em todos os níveis de Sua criação existem autoridades, e onde existe autoridade, existe submissão. Entre os homens não é diferente, pois, até mesmo o homem Jesus está debaixo de autoridade, bem como o homem, a mulher e os filhos: "Quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo" . I Cor 11.3.
A liderança e a autoridade de uma família é do marido, e a submissão da esposa e dos filhos. O que primeiro precisamos entender, é que esta autoridade não é algo constituído pelos homens, mas por Deus em sua Palavra. Toda rebeldia contra este mandamento, não será contra o marido, mas a Deus: "Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor" Ef 5.22. "Filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor" Ef 6.1.
Estamos vivendo os tempos angustiosos que a Palavra de Deus diz, pois, os filhos são desobedientes aos pais, e governam suas próprias vidas a seu bel prazer. As mulheres governam a casa e exercem autoridade sobre os maridos. Os homens tornaram-se amantes de si mesmos e amigos dos deleites, e todos sem afeição natural (II Tim 3.1). O pecado trouxe conseqüências graves aos homens e conseqüentemente à família, portanto, só há um caminho para os filhos de Deus, aceitar a Palavra de Deus como um mandamento do Senhor, que define a natureza desta liderança de uma maneira responsável.
A hierarquia estabelecida por Deus na família, significa que o marido e pai é o cabeça, responsável por tudo que é essencial à família. Podemos definir o pai, como o profeta, sacerdote e rei desta família. Não estamos com isto anulando o sacerdócio real da esposa, nem de algum filho que seja regenerado, mas a responsabilidade do pai como aquele que deve ensinar, interceder e governar sua família. Quando muita gente está procurando revelações grandiosas na Palavra de Deus sobre vários assuntos, e verdadeiramente há muitos, e não desprezamos nenhuma, estão deixando a primeira e principal responsabilidade de todo filho de Deus: cuidar da sua família. "Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo" I Tim 5.8.
Olhando para a figura de Deus como Pai, podemos constatar que Ele não possui um privilégio em governar, mas um grande encargo de responsabilidade. Da mesma maneira, é o pai de família ainda que numa escala bem menor. Governar não é um privilégio, mas um encargo. Privilégio é ser governado, e nisto consiste toda a bênção da esposa que veremos mais a frente. Todos no Reino de Deus exercem autoridade, e todos também exercem submissão, seja dos filhos para com a mãe, da esposa para com o marido, do marido para com Cristo e de Cristo para com Deus. Todos exercem autoridade sobre uns e exercem submissão para com outros. Cada qual como Deus, que está sobre todos, o determinou. Todo o que tem a responsabilidade de governar, deve governar com amor e sabedoria, e todo aquele que se submete, deve se submeter com amor e reverência.
Na família, o pai foi constituído por Deus como o profeta, o sacerdote e o rei, da mesma maneira que Jesus o é para com sua Igreja. Como profeta, é da responsabilidade do pai ensinar a sua casa, e começa pela esposa: "As mulheres estejam caladas nas igrejas; porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher falar na igreja" I Cor 14.34-35, e que se estende aos filhos: "E estas palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em sua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te" Deut 6.6-7.
A função do pai como profeta é edificar (ensinar), exortar (repreender), e consolar sua família pela Palavra de Deus. Todo ensinamento, repreensão e consolação que não for feita pela Palavra de Deus não tem validade alguma, pois, só Ela é útil para estas coisas, e é a única que tem poder para derrubar os sofismas do mundo, bem como a única que é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração, e trazer fé, e salvação e arrependimento: "Mas o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação. Toda Escritura é divinamente inspirada e útil para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra. Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne (pelos métodos humanos), pois as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência a Cristo. Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Logo a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus" (I Cor 14.3; II Tim 3.16; II Cor 10.3-5; Heb 4.12; Rom 10.17).
A primeira característica de um profeta é ser cheio do Espírito Santo e guiado por Ele, pois, sem esta suficiência um pai não poderá governar sua casa: "Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço" Atos 6.3. É fato que estes irmãos estavam sendo encarregados de outro serviço, mas quem não sabe cuidar da sua própria casa, como poderá cuidar da igreja de Deus? (I Tim 3.5).
A segunda característica de um profeta é ser vigia de seu povo. O pai como profeta deve vigiar sobre a sua casa, para que diante de qualquer perigo, toque o alarme, e avise seu povo: " Filho do homem, eu te dei como atalaia (sentinela, guardião, vigia) sobre a casa de Israel; quando ouvires uma palavra da minha boca, avisá-lo-ás da minha parte" Eze 3.17.
A terceira característica de um profeta é ser fiel a Deus. O pai como profeta deve ser fiel a Deus em sua casa, independente se sua esposa e seus filhos são ou não regenerados. Ele sempre deve falar-lhes a Palavra de Deus, quer ouçam quer deixem de ouvir, e dar o exemplo a seus filhos em tudo: "Mas tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir" Eze 2.7.
A quarta característica de um profeta é que ele seja sincero e verdadeiro. O pai como profeta deve ser sincero para com sua família e sempre verdadeiro. Ninguém é um bom governante se não governa com a verdade, e para isto, não se pode dar a aparência dos homens: "Mestre, sabemos que és verdadeiro, e que ensinas segundo a verdade o caminho de Deus, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens" Mat 22.16.
Nós teríamos muitas outras características que não poderíamos numerar, mas as principais características do pai como profeta é ensinar, corrigir e consolar sua família com a Palavra de Deus, e ser cheio e guiado pelo Espírito de Deus. Tornar-se uma torre de vigia, para ao primeiro sinal do inimigo, dar aviso a sua família. Como também ser fiel, sincero e verdadeiro. Que maneja bem a palavra da verdade, apto para ensinar, com todo amor e sabedoria.
Todos nós aprendemos com Deus, quer seja o marido, a esposa ou os filhos, mas Deus deu ao pai a responsabilidade de profeta para com sua família, portanto, é dele a responsabilidade de ensinar tanto a esposa como aos filhos, e cabe a Deus revelá-los.
A função do pai como sacerdote, é ministrar as coisas consagradas e ser o mediador entre Deus e sua família. É da responsabilidade do pai como sacerdote, ministrar as coisas consagradas a Deus, como as orações, as ofertas, os dízimos, as ações de graças e etc... de sua família. A outra responsabilidade do pai como sacerdote, mesmo que sua esposa e seus filhos sejam regenerados, é de se colocar como mediador, na brecha pela sua família: "Tendo ele pedido luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é necessário fazer para me salvar? Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa. Então lhe pregaram a palavra de Deus, e a todos os que estavam em sua casa" At 16.29-31.
Uma necessidade também do sacerdote é que ele seja regenerado, um sacerdote real, pois, somente uma pessoa regenerada tem as características necessárias de um sacerdote: o Urim e o Tumim, isto é, as luzes e as perfeições, e assim oferecer sacrifícios aceitáveis a Deus por Jesus Cristo: "Também porás no peitoral do juízo o Urim e o Tumim, para que estejam sobre o coração de Arão quando entrar diante do Senhor" Ex 28.30.
A função do pai como rei é governar sua família. É da responsabilidade do pai governar bem sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito (I Tim 3.4), e também sua esposa, considerando-a como um vaso mais frágil (I Ped 3.7). Cabe ao marido governar sua casa, ainda que não haja plena obediência, isto é, não é por causa da desobediência do povo, que um governante deixara de governar. O pai deve governar sempre, e o deve fazer com mansidão e justiça: "Acaso quem odeia o direito governará?" Jó 34.17.
Todo rei possui um reino, e o reino do marido é a sua casa. Muitos querem reinar em seus trabalhos, sua igreja, mas se ele não reinar de fato em sua casa, de nada vale. Um rei que governe bem em outros reinos e se esquece do seu, não vale nada para seu povo. Quem não sabe governar a sua casa não saberá governar mais nada: "(pois se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)" I Tim 3.5.
Governar não é um privilégio como já dissemos, mas uma responsabilidade, uma mordomia. O Senhor requererá da mão do pai de família esta mordomia: "Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis" Luc 12.45-46. "É impossível que não venham os tropeços, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos" Luc 17.1-2.
Deus deu ao homem a incumbência de governar sua família, e governar significa corrigi-la, dirigi-la, administrá-la, ter autoridade sobre ela, e regular o seu andamento, e tudo isto com amor, mansidão, ordem, e atenção. Todas estas coisas são frutos do Espírito, e é somente a vida de Cristo que torna um homem um bom pai. É necessário que quem governe ame a sua casa como Cristo amou a sua igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5.25). Seja manso para poder corrigir quando há resistência, e também não tome decisões sem refletir. A mansidão faz aquele que crê não se apressar: "Não é bom agir sem refletir, e o que apressa com seus pés erra o caminho" Pv 19.2. "Aquele que crer não se apressará" Isa 28.16. "Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo" Pv 25.11. Ninguém mede sua autoridade pela altura da voz que tem. A mansidão é necessária porque uma palavra dura sempre suscita a ira, e na ira do homem não opera a justiça de Deus (Pv 15.1; Tg 1.20). Um bom governante é também um bom ouvinte, pois como poderá julgar se não souber a causa. Toda atenção lhe é necessária.
Ao que muito é dado, muito também é requerido (Luc 12.48), portanto, foi dado ao pai as primícias, o governo, a autoridade, mas também muito lhe é requerido.
Toda esta prática deve começar dentro de casa, e são nas coisas do dia a dia que observamos isto. A esposa não deve ser intercessora dos filhos junto ao marido, mas mediadora do pai para com os filhos, como o pai é da família para com Deus. A esposa e os filhos devem aprender que as primícias são do pai, num simples pedaço de frango, a tudo o que possui em sua casa. Os filhos e a esposa não têm o mesmo direito do pai. Tudo o que se tem numa casa pertence ao pai, é assim que Deus diz em sua Palavra: "Como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor (dono de tudo); da qual vós sois filhas, se fazeis o bem e não temeis nenhum espanto" I Ped 3.6.
Nas pequenas coisas, e no dia a dia é que nós observamos que os bons costumes se tem corrompido. É fato que estes bons costumes não salvam ninguém, mas eles tornam mais fáceis a compreensão das coisas espirituais para o aprendizado de nossa família. Hoje o pai não tem mais a figura de cabeça como nos tempos antigos, nem é dele as primícias. Tudo hoje está direcionado para os filhos e isto é perverso. Nossos filhos nunca entenderão que Deus é o que governa, e só dEle são todas as coisas, e que é dEle as primícias, se eles não tem como prática observar estas coisas em sua casa. A vida na família é um exercício das coisas de Deus, e ela também é um instrumento precioso de Deus, para termos nossas faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal: "Não vos enganeis, as más conversações, corrompem os bons costumes" I Cor 15.33.

Por: Edward Burke Júnior

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