Watchman Nee
Publicação: 23/04/2009
Qual o propósito da enfermidade?
Há algumas questões com respeito à doença que gostaríamos de considerar juntos diante de Deus:
1. A relação entre doença e pecadoAntes da queda da humanidade não existia nenhuma espécie de enfermidade; a doença surgiu somente depois que o homem pecou. Alguém pode dizer que, de forma geral, tanto a doença como a morte resultaram do pecado; pois pela transgressão de um homem o pecado e a morte entraram no mundo (Rm 5.12). A doença se espalhou a todos os homens assim como a morte.
Embora nem todos tenham pecado da mesma maneira que Adão, todavia por causa da transgressão dele todos morrem. Onde há pecado há morte também. Entre estes dois está aquilo que comumente chamamos de doença. Este é, então, o fator comum a todas as doenças. Porém, há realmente mais de uma causa a ser explicada sobre os males que atacam as pessoas. Algumas doenças brotam de pecado, enquanto outras não. No tocante à humanidade, a doença não vem de pecado; mas com relação ao individuo pode ser ou não a causa. Precisamos distinguir entre estas duas aplicações da doença. É absolutamente verdadeiro que se não houvesse pecado não haveria nem morte nem doença; pois se não houvesse morte no mundo, como poderia jamais haver doença? A morte brota do pecado, e a enfermidade pelo princípio da morte. Mesmo assim isto não pode ser aplicado especifica e indiscriminadamente a todo individuo, pois embora muitos fiquem doentes por causa do pecado, há outros que adoecem por razões outras que não o pecado. Nesta questão do relacionamento entre pecado e doença devemos fazer uma distinção cuidadosa entre a aplicação do mesmo à humanidade como um todo e sua aplicação aos homens individualmente.
Devemos lembrar que em livros do Velho Testamento como Levítico e Números a promessa de Deus era que, se o povo de Israel O obedecesse, andasse em Seus caminhos, não se rebelasse em Seus caminhos, não se rebelasse contra Suas leis e não pecasse contra Ele, então o Senhor os protegeria de muitas enfermidades. Estas palavras claramente nos ensinam que muitas doenças têm origem no pecado ou rebelião contra Deus. Todavia no Novo Testamento descobrimos que algumas doenças não foram causadas por qualquer transgressão cometida pela pessoa.
Paulo escreveu certa vez que entregava a Satanás para a destruição de sua carne o homem que tinha pecado, vivendo com a mulher do pai (1 Co 5. 4,5). Isto indica definitivamente que algumas doenças procedem do pecado. A conseqüência do pecado é doença, se o pecado for leve, ou morte se for grave. A julgar pelas palavras de 2 Coríntios 7, este homem não ficou doente ao ponte de morte porque o seu pesar produziu arrependimento que o levou à salvação e não trouxe desgosto (vv. 9, 10). Paulo pediu à igreja em Corinto para perdoar tal homem (2 Co 2. 6,7). Em 1 Corintios 5 é dito para entregar a carne desse homem ( não sua vida) a Satanás; ele devia ficar doente mas não ser morto.
Paulo, além disso, escreveu que os membros da igreja em Corinto, que comiam e bebiam do pão e do cálice do Senhor sem discernir o corpo do Senhor, haviam ficado fracos e doentes e alguns haviam até morrido (1 Co 11. 29,30). Isto revela que a desobediência ao Senhor foi a causa de sua doença.
As Escrituras fornecem informação suficiente no sentido de que muitos (mas não todos) ficam doentes por causa do pecado. Desse modo, a primeira atitude que devemos tomar quando doentes, é nos examinar para determinar se pecamos ou não contra Deus. Pelo exame muitos descobrirão que seus males são na verdade devidos ao pecado; em algum ponto de suas vidas rebelaram-se contra Deus ou desobedeceram à Sua Palavra. Eles se desviaram. Tão logo esse pecado particular for encontrado e confessado, a doença desaparecerá. Incontáveis irmão e irmã no Senhor têm passado por tais experiências. Logo depois da causa ser descoberta diante de Deus a doença se vai. Este é um fenômeno que ultrapassa o conhecimento da medicina.
A doença não surge necessariamente do pecado, porém, grande parte dela tem essa origem. Reconhecemos que muitas moléstias têm causas naturais, mas declaramos igualmente que não podemos atribuir toda doença a causas naturais.
Lembro-me de um irmão, professor numa escola de medicina, que ensinou aos seus alunos: “Temos encontrado muitas explicações naturais para as doenças. Por exemplo: um certo tipo de cocus causa um tipo particular de doença. Como médicos, podemos determinar que tipo de organismo produz tal tipo de enfermidade, mas não temos como explicar porque entre certas pessoas igualmente expostas, algumas são contaminadas enquanto outras permanecem imunes. Suponhamos, por exemplo, que dez pessoas entrem no mesmo cômodo simultaneamente e sejam expostas ao mesmo tipo de cocus. Deveríamos esperar que as mais fracas fossem contaminadas; todavia, pode perfeitamente acontecer que as fracas sejam poupadas e as fortes atacadas. Temos de reconhecer,” ele concluiu, “que além das causas naturais existe o controle da Providência”. Pessoalmente concordo com as palavras desse irmão. Quão frequentemente as pessoas adoecem a despeito de toda medida preventiva.
Também me lembro do que me foi relatado por um dos meus colegas sobre sua experiência na Faculdade Médica de Pequim. Havia um professor na faculdade que tinha muito conhecimento, mas pouca paciência. Por isso, frequentemente fazia perguntas simples nos exames. Uma vez ele perguntou por que as pessoas contraíam a tuberculose. Era uma pergunta bastante simples; porém, muitos falharam em dar a resposta certa. Eles responderam que certo tipo de pessoa tinha o bacilo da tuberculose. Todas as provas que continham esta resposta foram consideradas erradas. O professor explicou que a terra estava cheia de bacilos da tuberculose, mas que nem todos eram abatidos pela tuberculose. É somente sobre certas condições favoráveis, ele lembrou, que estes bacilos causam a doença chamada tuberculose. Os bacilos por si só não podem causar a doença. Muitos estudantes esqueceram a importância dessas condições favoráveis. Estejamos cientes, portanto, que a despeito da presença de muitos fatores naturais, os cristãos só adoecem com a permissão de Deus, dada sob condições apropriadas.
Cremos francamente que existem explicações naturais para a doença; isto tem sido provado cientificamente. Confessamos, todavia, que muitas moléstias entre os filhos de Deus são conseqüências do pecado contra Deus conforme o caso citado em 1 Coríntios onze. É, portanto, essencial pedir primeiro perdão e depois cura. Frequentemente podemos detectar, logo depois de termos sido abatidos com doença, onde transgredimos contra o Senhor ou como temos sido desobedientes à Sua Palavra. Quando o pecado é confessado e o problema resolvido, a doença se vai. Isto é realmente um acontecimento maravilhosíssimo. De forma que o ponto inicial que precisamos conhecer é a relação entre pecado e doença. De forma geral a doença resulta do pecado; e individualmente também, ela pode resultar do pecado.
2. A Obra do Senhor e a doença“Verdadeiramente Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós O reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades” (Is. 53:4,5). De todos os escritos do Velho Testamento este capítulo 53 de Isaias é o mais citado no Novo Testamento. Ele faz referências ao Senhor Jesus Cristo, principalmente como nosso Salvador. O verso 4 afirma que “tomou sobre Si as nossas enfermidades e carregou com as nossas dores”, enquanto que Mateus 8:17 declara que isto aconteceu “para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”. O Espírito Santo indica aqui que o Senhor Jesus veio ao mundo para tomar as nossas enfermidades e carregar as nossas doenças. Anteriormente à Sua crucificação Ele já tinha tomado nossas enfermidades e carregado nossas doenças; isto quer dizer que durante Seu ministério terreno o Senhor Jesus fez da cura Seu encargo e tarefa. Ele não somente pregou, Ele também curou.
Ele pregou as boas novas por um lado, mas por outro fortaleceu o fraco, restaurou a mão mirrada, purificou o leproso e levantou o paralítico. Enquanto estava sobre a terra o Senhor Jesus devotou-Se à realização de milagres como também ao ministério da Palavra. Ela saiu fazendo o bem, curou os doentes e expulsou os demônios. O propósito de Sua obra foi destruir a doença, o resultado do pecado. Ele veio para tratar com a morte e a doença, como também com o pecado.
O salmo 103 é familiar a muitos dos filhos de Deus; eu mesmo gosto muito de lê-lo. Davi proclama: “Bendize, ó minha alma, ao Senhor; e tudo o que há em mim, bendiga o Seu santo nome!” Por que bendizer ao Senhor? “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não se esqueça de nenhum dos seus benefícios.” Quais são os Seus benefícios? “É Ele quem perdoa todas as tuas iniqüidades, e quem cura todas as tuas enfermidades” (vv.1-3). Desejo que os irmãos e irmãs vejam que a doença está associada com dois elementos: morte por um lado, e pecado do outro. Mencionamos anteriormente como a morte é o resultado do pecado, com a doença incluída nela. Tanto a doença como a morte brotam do pecado. Aqui no Salmo 103 vemos que a doença está associada com o pecado. Por causa do pecado na alma existe doença no corpo. Junto com o perdão da nossa iniqüidade vem a cura da nossa doença. O problema no corpo é o pecado por dentro e a doença por fora. Mas o Senhor Jesus tira ambos.
Todavia, existe uma diferença básica entre o tratamento de Deus para com a nossa iniqüidade e o Seu tratamento da nossa doença. Por que esta diferença? Nosso Senhor carregou nossos pecados em Seu corpo sobre a Cruz. Algum pecado permanece sem perdão? Nenhum absolutamente, pois a obra de Deus é tão completa que o pecado é totalmente destruído. Mas quanto ao tomar nossas enfermidades e carregar nossas doenças enquanto Ele vivia na terra, o Senhor Jesus não erradicou todas as doenças e todas as enfermidades. Pois observe que Paulo nunca diz: “quando peco então estou santificado,” mas, ele declara que “quando estou fraco, então sou forte” (2 Co. 12:10). Portanto o pecado é tratado completa e ilimitadamente enquanto que a doença o é em parte.
Na redenção de Deus o tratamento da doença é diferente do tratamento do pecado. Com o último, sua destruição é totalmente limitada; com o anterior não é assim. Timóteo, por exemplo, continuou tendo um estômago fraco. O Senhor permitiu que esta doença permanecesse com Seu servo. Assim na salvação de Deus a doença não foi erradicada tão completamente como o pecado. Alguns afirmam que o Senhor Jesus trata somente com o pecado e não com a doença também; outros imaginam que a esfera do Seu tratamento da doença é tão ampla e inclusiva quanto o Seu tratamento do pecado. Todavia, as Escrituras manifestamente indicam a nós que o Senhor Jesus trata tanto com o pecado como com a doença; só que Seu tratamento com o pecado é ilimitado, enquanto que com a doença é limitado. Devemos contemplar o Cordeiro de Deus tirando todo o pecado do mundo. Ele carregou o pecado de cada uma e de todas as pessoas. O problema do pecado, portanto, já está resolvido. Entretanto a doença ainda penetra os filhos de Deus.
Porém, nós asseveramos que visto o Senhor Jesus ter realmente levado nossas doenças, não deveria haver tanta enfermidade como há entre os filhos de Deus. Enquanto Jesus esteve na terra Ele indubitavelmente dedicou-Se à cura dos doentes. Ele incluiu a cura em Sua obra. Isaias 53:4 cumpriu-se em Mateus 8, não em Mateus 27. Ela foi realizada antes do Calvário. Tivesse sido realizada na cruz, a cura seria ilimitada. Mas não, o Senhor Jesus levou nossas antes de Sua crucificação, com o resultado de que este aspecto da Sua obra não é ilimitado como foi o carregar dos nossos pecados por Ele.
Mesmo assim, inúmeros santos permanecem doentes porque perderam a oportunidade de serem curados. Deixe-me acrescentar mais algumas palavras sobre este ponto. A menos que tenhamos a segurança que Paulo teve após orar três vezes, de que sua fraqueza permaneceria porque seria útil para ele, nós devemos pedir a cura. Paulo só aceitou sua fraqueza depois de orar pela terceira vez e de lhe ter sido mostrado distintamente pelo Senhor que Sua graça era suficiente para ele e que Sua força seria aperfeiçoada em sua fraqueza. Até que tenhamos certeza de que Deus quer que levemos nossa fraqueza, nós devemos pedir ousadamente que o Senhor mesmo a leve e tire nossa doença. Os filhos de Deus vivem sobre a terra não para ficar doentes, mas para glorificar a Deus. Se ficarem doentes e trouxerem glória a Deus, isso é ótimo; mas muitas doenças não O glorificam necessariamente. Consequentemente devemos aprender a confiar no Senhor enquanto doentes e devemos reconhecer que Ele carrega nossa doença também. Ele curou um grande número de pessoas enquanto estava na terra. E Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Entreguemos nossa enfermidade a Ele e peçamos a Ele pela cura.
3. A Atitude do crente para com a doençaToda vez que o cristão ficar doente, a primeira coisa a fazer é investigar a causa do mal diante do Senhor, não devendo ficar ansioso demais pela cura. Paulo estabelece um bom exemplo nos mostrando como ele conhecia bem a sua fraqueza. Devemos examinar se temos desobedecido ao Senhor, se pecamos em algum lugar, se devemos algo a alguém, se violamos alguma lei natural, ou negligenciamos alguma obrigação especial. Devemos saber que nossa quebra da lei natural, frequentemente pode constituir pecado contra Deus, pois é Deus quem estabelece estas leis naturais pelas quais governa o universo. Muitos têm medo de morrer; quando adoecem buscam apressadamente os médicos, porque estão ansiosos para serem curados. Esta não deve ser a atitude do cristão. Ele deve primeiro procurar isolar a causa de sua doença. Infelizmente quantos irmãos e irmãs não possuem qualquer paciência. No momento em que adoecem eles procuram pelo remédio. Você está tão temeroso de perder sua preciosa vida que através da oração você se apega a Deus para a cura, mas simultaneamente se apega ao médico para os remédios e injeção? Isto revela quão cheio do “eu” você está. Mas como poderia estar menos cheio do “eu” na doença se nos dias comuns você está cheio do “eu”? Aqueles que geralmente estão cheios do “eu”, serão aqueles que buscarão ansiosamente pela cura tão logo fiquem doentes.
Posso lhes dizer que a ansiedade de nada vale? Visto que você pertence a Deus, sua cura não é tão simples. Mesmo que você seja curado desta vez, ficará doente de novo. É preciso que se resolva o problema diante de Deus primeiro; e depois poderá ser resolvido o problema no corpo.
Aprenda a aceitar qualquer lição que a doença possa lhe trazer. Porque se você tiver tratos com Deus, muitos dos seus problemas serão resolvidos rapidamente. Você descobrirá que frequentemente sua doença é devida a algum pecado ou falta. Após confessar seu pecado e pedir perdão, você pode esperar a cura de Deus. Ou, se você tiver avançado um pouco mais com seu Senhor, talvez possa discernir que o ataque do inimigo está envolvido nisso. Ou a questão da disciplina de Deus pode estar associada com sua falta de saúde. Deus corrige com doença para torná-lo mais santo, mais maleável ou submisso. Quando você trata destes problemas diante de Deus, poderá ver a razão exata de sua enfermidade. Algumas vezes Deus poderá permitir que você receba alguma ajuda médica, mas em outras Ele poderá curá-lo instantaneamente sem tal assistência.
Devemos ver que a cura está nas mãos de Deus. Aprenda a confiar Naquele que cura. No Velho Testamento Deus tem um nome especial que é: “Eu sou o Senhor, teu curador” (Ex 15:26). Busque-O e Ele será gracioso para com os Seus nesta questão particular.
O passo inicial que o crente deve, portanto, dar quando fica doente, é descobrir a causa; depois ele pode recorrer a vários e diferentes modos de cura, um dos quais é chamar os presbíteros da igreja para orar e ungi-lo com óleo. Esta é a única ordem na Bíblia com respeito à doença.
“Está doente alguém entre vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5:14,15).
Não se apresse em buscar a cura, mas antes tenha tratos com Deus no início. Uma das coisas a ser feita é chamar os anciãos da igreja para ungir você com óleo. Isto fala do fluir do óleo do Cabeça a você, como um dos membros do corpo. O óleo que o Cabeça recebe, corre pelo corpo inteiro. Como membro do corpo de Cristo, alguém pode esperar que o óleo no Cabeça flua até ele. Onde a vida flui, a doença é levada. O propósito da unção é, portanto, trazer o óleo do Cabeça. Através da desobediência, do pecado, ou talvez por alguma outra razão, o crente colocou-se fora da circulação do corpo e separou-se da vida do corpo. Por conseguinte ele precisava chamar os anciãos da igreja para reinstalá-lo na circulação e no fluxo da vida do corpo de Cristo. Acontece exatamente como no corpo físico; pois quando algum dos seus membros está prejudicado a vida do corpo não pode fluir livremente para ele. De forma que a unção é para restaurar tal fluxo. Os anciãos representam à igreja local; eles ungem o crente em nome do corpo de Cristo a fim de que o óleo do Cabeça possa fluir para ele novamente. Que venha o óleo do Cabeça sobre aquele membro através do qual a vida tem sido obstruída! Nossa experiência nos diz que tal unção pode levantar instantaneamente o que está seriamente doente.
Algumas vezes alguém identifica a explicação para sua doença como sendo individualismo. Esta pode ser a causa principal da doença. Alguns cristãos são altamente individualistas. Eles fazem tudo conforme sua própria vontade. Fazem tudo por si mesmos. Se a mão de Deus vem sobre eles, eles adoecem, porque o suprimento do corpo não atinge tais membros. Eu não ouso simplificar demais estes assuntos. As causas para a doença podem ser muitas e variadas. Uma doença pode ser por desobedecer ao mandamento do Senhor, recusa em realizar Sua vontade; outra pode ser por algum pecado particular cometido; mas outro ainda pode ser uma conseqüência de individualismo. No caso de certos indivíduos Deus passa por cima e não disciplina; mas especialmente no caso daqueles que conhecem a igreja, Ele os corrige com doenças caso comecem a agir independentemente. O Senhor não deixará que estes sigam sem alguma disciplina.
É possível também que a enfermidade seja a conseqüência de um corpo maculado. Se alguém profanar seu corpo, Deus destruirá esse templo. Muitos estão enfermos porque corrompem seus corpos.
Em resumo, portanto, dizemos que nenhuma doença acontece sem uma causa. Se um cristão contrai uma doença ele deve tentar localizar sua causa ou causas. Depois de confessá-las uma a uma diante de Deus, ele deve chamar os anciãos da igreja para que possam confessar uns aos outros e orar uns pelos outros. Os anciãos ungirão o doente com óleo para que a vida do corpo de Cristo possa ser-lhe restaurada. O influxo da vida fará desaparecer a doença. Cremos nas causas naturais, mas adicionalmente devemos afirmar que as causas espirituais têm prioridade sobre as naturais. Se as espirituais forem cuidadas, a doença será curada completamente.
4. A correção de Deus e a doençaUm fato maravilhoso é encontrado na Bíblia: é relativamente fácil que um “pagão” seja curado, mas a cura do cristão não é tão fácil. O Novo Testamento nos mostra claramente que sempre que um incrédulo buscar o Senhor ele é curado imediatamente. O dom da cura é dado tanto aos irmãos quanto aos não crentes. Todavia, a Bíblia fala de alguns crentes que não são curados; entre eles estão Trófimo, Timóteo e Paulo. E estes são os melhores entre os irmãos. Paulo deixou Trófimo doente em Mileto (2 Tm 4:20). Ele exortou Timóteo para que usasse um pouco de vinho por causa do seu estômago e das suas freqüentes enfermidades (1 Tm 5:230. o PRÓPRIO Paulo experimentou um espinho na carne, que o fez sofrer muito, sendo reduzido a grande fraqueza (2 Co 12:7). Seja qual for a natureza do espinho, problema nos olhos ou alguma outra doença, ela maltratava sua carne. Há pessoas que sentem grande incômodo quando um simples dedo é ferido por um espinho. O de Paulo, todavia, era um espinho enorme. Ele o incomodou tanto que só podia descrever sua condição física como fraqueza. Os três que foram citados, são irmãos por excelência, porém, nenhum foi curado. Eles tiveram de suportar a doença.
É evidente que a doença difere bastante do pecado em suas conseqüências. O pecado não produz nenhum fruto de santidade, mas a doença sim. Quanto mais uma pessoa peca, mais corrupta se torna; a doença, porém, produz o fruto da santidade porque a mão disciplinar de Deus está sobre o doente. Sob tais circunstâncias convém que o filho de Deus aprenda como submeter-se à potente mão de Deus.
Se alguém está doente deve tratar de toda causa da sua doença diante do Senhor. Se depois de tratar de tudo, a mão de Deus ainda permanecer sobre ele, ele deve então entender que esta enfermidade tem o propósito de refreá-lo para que não seja orgulhoso, libertino ou por alguma outra razão. Ele deve aceitá-la e aprender sua lição. Ficar doente não terá valor se a lição não for aprendida. A doença por si só, não torna um homem santo, mas o fato de aceitar sua lição produz santidade. Alguns pioram espiritualmente durante a doença; tornam-se mais egocêntricos. É por isso que o indivíduo deve descobrir a lição nessas ocasiões. Que proveito ou fruto pode ser extraído dela? A mão de Deus está sobre mim para me manter mais humilde como Ele fez com Paulo, “para que não me exaltasse pela excelência das revelações” (2Co 12:7)? Ou é porque Deus deseja enfraquecer meu individualismo obstinado? Qual a utilidade da doença se ela não induz a aprender a lição da fraqueza? Muitos estão doentes em vão porque jamais aceitam o tratamento do Senhor para seus problemas particulares.
Não olhe para a doença como sendo algo terrível. Na mão de quem está essa faca? Lembre-se que está na mão de Deus. Por que devemos ficar ansiosos por nossa enfermidade como se estivesse na mão do inimigo? Saiba que Deus mediu todas as nossas doenças. Para ser correto, Satanás é o originador delas; é ele quem torna as pessoas doentes. Todavia, todos os que leram o livro de Jó reconhecem que isso é apenas através da permissão de Deus e está completamente sob a restrição de Deus. Sem a permissão de Deus, Satanás não pode tornar ninguém doente. Deus permitiu que Jó fosse atacado por uma doença, mas observe que Ele não permitiu que o inimigo tocasse em sua vida. Por que então, ficamos tão agitados, tão cheios de desespero, tão ansiosos para sermos curados, tão temerosos de morrer quando somos abatidos pela doença?
Sempre é bom ter em mente a lembrança de que a doença está na mão de Deus. Ela foi medida e limitada por Ele. Depois que Jó cumpriu o curso da sua prova, sua doença terminou, pois tinha realizado seu propósito nele – “Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão” (Tg 5:11).
Que vergonha tantos doentes sem reconhecer o propósito da doença e sem aprender sua lição. Todas as enfermidades estão na mão do Senhor e são medidas para nós, para que possamos aprender nossas lições. Quanto mais cedo aprendemos, mais rápido estas enfermidades passarão.
Falando francamente, muitos estão doentes porque amam demais a si mesmos. A menos que o Senhor remova este amor-próprio dos seus corações, Ele não pode usá-los. Portanto devemos aprender a ser aqueles que não amam a si mesmos. Algumas pessoas não pensam em mais nada senão em si mesmas. O universo inteiro parece revolver ao redor delas. Elas são o centro da terra e do universo. Dia e noite estão ocupadas consigo mesmas. Toda criatura existe para elas e tudo roda ao seu redor. Até mesmo Deus, nos céus, é para elas, Cristo é para elas, a igreja também. Como Deus pode destruir tal egocentrismo? Por que algumas doenças são difíceis de serem curadas? Quão propositalmente solicitam a condolência dos homens! Se rejeitassem a condolência humana, suas doenças logo seriam curadas.
Um fato notável é que muitos estão doentes porque gostam de ficar doentes. Na doença recebem a atenção e o amor que comumente não desfrutam na saúde. Eles frequentemente se tornam doentes para que possam habitualmente ser amados. Tais pessoas precisam ser repreendidas severamente; se estivessem dispostas a receber o tratamento de Deus nesta questão particular logo ficariam boas.
Conheço um irmão que sempre esperava amor e bondade dos outros. Sempre que lhe perguntavam sobre seu bem-estar, ele habitualmente respondia com queixas sobre sua fraqueza física. Ele dava um relatório detalhado de quantos minutos sofreu com febre, quanto tempo durou a dor de cabeça, quantas vezes por minuto respirou e quão irregular era a batida do seu coração. Ele vivia em constante desconforto. Gostava de contar às pessoas sua angústia para que pudessem se compadecer dele. Nada tinha para relatar senão sua história de doença interminável. E às vezes queria saber por que não era nunca curado.
É difícil falar a verdade e algumas vezes pode custar caro. Um dia me senti fortalecido interiormente para lhe dizer candidamente que sua longa doença era devida ao seu amor pela enfermidade. Ele naturalmente negou-o. Todavia eu continuo apontando a ele: você tem medo que sua doença o deixe. Você se apega à condolência, amor e cuidado. Visto que não pode conseguir estas coisas de outra forma, você as obtém ficando doente. Deve livrar-se desse desejo egoísta antes que Deus possa curá-lo. Quando as pessoas perguntarem como está, deve aprender a dizer que “tudo está bem”. Seria isto mentir quando não passou bem a noite? Lembre-se da história da mulher em Sunem. Ela deitou o filho morto na cama do homem de Deus e foi ver Eliseu. Quando lhe foi perguntado: “Vais bem? Vai bem teu marido? Vai bem teu filho? Ela respondeu: Vai bem” (2 Reis 4:26). Como podia ela dizer isso, sabendo que a criança já havia morrido e estava deitada sobre a cama de Eliseu? Porque ela tinha fé. Ela cria que Deus ia ressuscitar seu filho. Assim você deve crer hoje também.
Seja qual for a causa, intrínseca ou extrínseca, a doença terminará quando Deus tiver alcançado Seu propósito. Pessoas como Paulo, Timóteo e Trófimo são exceções. Embora suas doenças fossem prolongadas, eles reconheciam que isto era útil para sua obra. Eles aprenderam como cuidar de si para a glória de Deus. Paulo persuadiu Timóteo a tomar um pouco de vinho e tomar cuidado com o que comia e bebia. A despeito da fragilidade deles a obra de Deus não foi negligenciada. O Senhor lhes deu graça suficiente para vencer suas dificuldades. Paulo trabalhou em fraqueza. Lendo seus escritos podemos facilmente concluir que ele realizou tanto quando dez pessoas poderiam fazer. Deus usou este homem fraco para exceder a dez pessoas fortes. Embora seu corpo fosse frágil, Deus, entretanto, lhe deu força e vida. Estes, porém, são exceções na Bíblia. Alguns dos vasos especiais de Deus podem receber o mesmo tratamento. Mas os soldados rasos principalmente os iniciantes, devem examinar se pecaram; e após confessar seus pecados verão suas doenças imediatamente curadas.
Finalmente, desejo que vocês vejam diante do Senhor que algumas vezes Satanás pode desfechar ataques repentinos, ou vocês quebram involuntariamente alguma lei natural. Ainda assim pode levar isso diante do Senhor. Se for ataque do inimigo, repreenda em nome do Senhor. Certa vez uma irmã ficou prostrada com febre. Depois de descobrir que era um ataque satânico, ela a repreendeu em nome do Senhor e a febre a deixou. Se você violar uma lei natural colocando sua mão no fogo, certamente ficará queimado. Cuide bem de você. Não espere até ficar doente para confessar sua negligência. É importante cuidar do seu corpo durantes os dias comuns.
5. O modo de buscar a curaComo devem os homens buscar a cura diante de Deus? Três sentenças no Evangelho de Marcos são dignas de serem aprendidas. Eu as considero muitíssimo úteis, pelo menos o são para mim. A primeira menciona o poder do Senhor; a segunda a vontade do Senhor; e a terceira a ação do Senhor.
a) O Poder do Senhor: “Deus pode”. “E Jesus perguntou ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto?” E ele disse: “Desde a infância. E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água para destruí-lo; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.” E Jesus disse a ele: “Se podes! Tudo é possível ao que crê” (9.21-23). O Senhor simplesmente repetiu as três palavras que o pai da criança havia pronunciado. O pai clamou: “Se tu podes, ajuda-nos.” O Senhor Respondeu: “Se tu podes! Ora, todas as coisas são possíveis ao que crê”. O problema aqui não é “se tu podes”, mas “se tu podes crer”.
Não é verdade que o primeiro problema que surge com a doença é uma dúvida quanto ao poder de Deus? Sob um microscópio o poder da bactéria parece ser maior do que o poder de Deus. Raramente o Senhor interrompe as pessoas quando ainda estão falando, mas aqui Ele parece como que irado. (Que o Senhor me perdoe por falar assim!). Quando Ele ouviu o pai da criança dizer “se tu podes, tem compaixão e ajuda-nos”. Ele bruscamente reagiu dizendo: “Por que dizes, se tu podes? Todas as coisas são possíveis ao que crê. Na doença a questão não é se eu posso ou não, mas se você crê ou não”.
O passo inicial para o filho de Deus dar na doença, portanto, é levantar a cabeça e dizer: “Senhor, Tu podes!”. Você se lembra com certeza, do primeiro estágio da cura do paralítico pelo Senhor? Ele perguntou aos fariseus: “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: ‘Perdoados estão os teus pecados, ’ ou dizer: ‘Levanta-te, toma o teu leito, e anda’?” (Mc 2:9). Os fariseus naturalmente pensaram que era mais fácil dizer que os pecados estão perdoados, pois quem poderia provar se estavam ou não? Mas as palavras do Senhor e seus resultados mostraram a eles que Ele podia curar as doenças e perdoar pecados. Ele não perguntou qual era mais difícil, mas qual era mais fácil. Para Ele, ambos eram igualmente fáceis. Para o Senhor era tão fácil ordenar ao paralítico que se levantasse e andasse, quanto perdoar os seus pecados. Para os fariseus ambos eram difíceis.
b) A Vontade do Senhor: “Deus quer”. Sim, Ele realmente pode, mas como posso saber se Ele quer? Eu não conheço Sua vontade; talvez Ele não queira curar-me. Esta é outra história que lemos em Marcos novamente. “E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava dizendo: ‘Se quiseres, bem podes tornar-me limpo’. Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: ‘Quero, sê limpo’” (Mc 1:40,41).
Não importa quão grande seja o poder de Deus. Se Ele não tiver o desejo de curar, Seu poder não me ajudará. O problema a ser resolvido no início é: Deus pode?; O segundo é: Deus quer? Não existe doença tão impura quanto a lepra. É tão impura que segundo a lei qualquer pessoa que tocasse num leproso tornava-se impura. Todavia o Senhor tocou o leproso e lhe disse: “Eu quero”. Se Ele quis curar nossas doenças. Podemos proclamar com intrepidez: “Deus pode” e “Deus quer”.
c) A Ação do Senhor: “Deus fez”. Deus deve fazer mais uma coisa. “Em verdade vos digo que qualquer que disser a esse monte. Erga-te e lança-te ao mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes, em oração, creia que o recebestes, e tê-lo-eis” (Mc 11:23,24). O que é fé? A fé crê que Deus pode, Deus quer, e Deus fez. Se você crer que recebeu, você o receberá. Se Deus lhe der sua Palavra, você pode agradecer a Ele dizendo: “Deus me curou; Ela já o Fez!”
Muitos crentes esperam ser curados. A esperança considera as coisas do futuro, mas a fé trata com o passado. Se crermos realmente, não esperaremos por vinte ou cem anos, mas nos levantaremos imediatamente e diremos: “Graças a Deus, Ele me curou. Graças a Deus, eu recebi. Graças a Deus, estou limpo! Graças a Deus, estou bem”. Uma fé perfeita pode proclamar que Deus pode, Deus quer e que Deus fez.
A fé trabalha com o que “é” e não com o “desejo”. Permita-me usar uma simples ilustração. Suponhamos que você pregue o evangelho e alguém professe que creu. Pergunte a ele se está salvo, e se ele responder que espera ser salvo, então você sabe que sua resposta é inadequada. Se ele disser: serei salvo, a resposta ainda está incorreta. Mesmo que ele responda dizendo: acho que serei definitivamente salvo, ainda está faltando algo. Mas quando ele responde: eu estou salvo, você sabe que ele está certo. Se alguém crê, então ele está salvo. Toda fé trata com o passado. Dizer eu creio que serei curado não é a verdadeira fé. Se ele crê, agradecerá a Deus e dirá: Eu recebi a cura.
Retenha estes três passos: Deus pode, Deus quer, Deus fez. Quando a fé possuída pelo homem chega ao terceiro estágio, a doença se vai.
Revista à Maturidade – Primavera de 1985
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