Avançando para a perfeição (1)
A Epístola aos Hebreus tem uma nota recorrente, que é a palavra "perfeição" em sua variada morfologia. Há, pelo menos, nove menções da palavra, distribuídas através de toda a epístola. Três delas se referem ao Senhor Jesus Cristo, e as restantes apontam para a realidade do crente.
Hebreus nos mostra alguns aspectos da maturidade cristã, a do crente em vias de aperfeiçoamento à semelhança do seu Senhor. As duas primeiras menções (e a sexta) se referem ao Senhor Jesus Cristo, que foi aperfeiçoado por meio das aflições e sofrimentos, para vir a ser o nosso Salvador e Sumo Sacerdote. A última já lhe mostra "feito perfeito para sempre" (7:28).Cristo é o exemplo e modelo para os vários filhos de Deus que aspiram compartilhar com ele a glória futura. Assim como ele foi aperfeiçoado, os filhos de Deus também têm que ser aperfeiçoados.
Portanto, um primeiro aspecto que destaca Hebreus no caminho para a maturidade é relativo ao repouso. Há uma promessa para o povo de Deus de entrar no repouso de Deus. Este repouso é alcançado quando, deixadas para trás as obras que o crente presumia ter valor para apresentar-se diante de Deus, ele vê a obra perfeita e consumada de Cristo na cruz. Paulo coloca esta verdade em Efésios capítulo 2, quando mostra o crente sentado nos lugares celestiais em Cristo Jesus (v. 6). Mas esta não é só uma verdade preciosa, mas um princípio que deve reger a vida do crente: A centralidade e suficiência de Cristo.
Por isso os primeiros dois capítulos de Hebreus estão cheios de Cristo, tanto na sua glória anterior, como em sua encarnação, e sua obra. Quando aparece o homem, em sua fragilidade, é só como receptor e beneficiário da obra de Cristo. Quando o homem detém o seu vão intuito de contemplar ao Senhor, então fica em condições inclusive de ir além das Suas obras: de "conhecer os seus caminhos" (3:10).
O repouso de Deus é uma bênção que está ao alcance do crente. Só a incredulidade, a dureza de coração, pode lhe deixar fora do seu alcance. A exortação do escritor inspirado é: "Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia em semelhante exemplo de desobediência" (4:11).
Assim, a primeira coisa que Hebreus põe diante de nós é o assunto do repouso. Aquilo que Josué não pôde dar a Israel, o nosso Josué, o Senhor Jesus, nos outorga gratuitamente, pela fé.
Avançando para a perfeição (2)
Um segundo aspecto de Hebreus que nos põe no caminho da maturidade é a compreensão do ministério sacerdotal do Senhor, e a própria participação dele por parte do crente.
Se não tivéssemos o livro de Hebreus não teríamos a possibilidade de conhecer muito a respeito da obra de Cristo além da cruz. Quando Davi diz no Salmo 110: "Jurou Jeová, e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque", uma palavra que é citada três vezes em Hebreus, estava assinalando um fato que ocorreu nos céus "posterior à lei", um ministério que o Senhor desenvolveria depois da sua exaltação e coroação à mão direita do Pai.
Esse ministério é tão perfeito que o Senhor não só foi o Sumo Sacerdote que apresentou a oferta perfeita ao Pai por nossos pecados, mas também ele mesmo é a oferta apresentada. Sobre isto João faz referência quando diz que "ele é a propiciação por nossos pecados" (1ª João 2:2). "Propiciação" aqui implica a obra de redenção completa, quer dizer, o que ele fez como propiciador, e como oferta sobre o propiciatório. Esta é a obra da cruz.
Mas Hebreus nos leva mais adiante, ao nos mostrar o Senhor, já concluída a sua obra redentora, como intercessor diante do Pai. Este é o Sumo Sacerdote "que pode salvar perpetuamente os que por ele se aproximam de Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (7:25). A nossa posição está agora duplamente assegurada diante de Deus, pois Cristo é a nosso propiciação, e também o nosso Intercessor.
Estes dois aspectos da obra de Cristo, uma na terra e a outra no céu, têm como objetivo fazer os crentes perfeitos, levá-los a maturidade. A vontade de Deus não é só nos salvar, mas também nos transformar na imagem de Cristo. E para isso foi necessária uma obra de Cristo posterior à cruz, que sustente o nosso caminhar no tempo presente. O apóstolo João vai inclusive um pouco além ao nos apresentar o Senhor como o nosso 'parakletos', quer dizer, alguém que intervém depois que o cristão peca. Dizendo de maneira simples, o Senhor como Sumo Sacerdote intervém por causa de nossa fragilidade antes da nossa queda, e como Advogado quando caímos. Maravilhosa provisão de Deus para nós!
O desejo de Deus ao nos mostrar o maravilhoso ministério sacerdotal de nosso Senhor é também nos conduzir pelo mesmo caminho, para que os cristãos também exerçam o ministério da intercessão. Esta é uma nobre tarefa, e a que mais perto nos põe do coração de Deus.
Os cristãos maduros são intercessores por excelência. Um intercessor é aquele que se esquece de si mesmo para tomar sobre si causas alheias, como se fossem suas, o qual é uma expressão do amor de Deus, perfeito e transbordante.
Fonte:www.aguasvivas.ws
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