quarta-feira, 8 de julho de 2009

COMO SENHOR JULGARÁ OS SEUS SANTOS

O Senhor fala com todas as igrejas e a todos os santos
Gostaria que olhássemos no livro de Apocalipse algumas coisas das quais certamente já temos antes, no passado, conversado ou lido. Especificamente, estou recordando agora o livro do irmão Watchman Nee chamado "A ortodoxia da Igreja", onde li a respeito disto. Mas não por havê-lo lido vou privar a vocês de recordar-lhe porque é útil, porque é a verdade.
Nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse, o Senhor fala com todas as igrejas de todos os lugares, de todos os tempos e de todas as épocas, ao falar especificamente com as sete igrejas da Ásia Menor. Ele falou com aquelas sete igrejas históricas; e ao falar com elas, ele tratou certos assuntos que se apresentariam ao longo da história da Igreja, e que nos mostram como o Senhor encontraria, em sua vinda, às igrejas.
Dois grupos de igrejas
O irmão Watchman Nee nos chamava a atenção, especialmente nesse livro, para dois grupos específicos de igrejas que aparecem aqui entre as sete mencionadas nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse; e esses dois grupos se distinguem por várias coisas. Uma delas, a sua terminação.
Se vocês me acompanharem para ver essas terminações às sete igrejas, no capítulo 2, quando fala com a igreja em Éfeso, ele apela primeiro para a igreja -que era a primitiva- e em seguida, então, apela aos vencedores. Ele diz: "Aquele que tem ouvido, ouça o que o Espírito diz às igrejas". E então agora se dirige ao grupo dos vencedores, e diz: "Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, o qual está no meio do paraíso de Deus".
No final da mensagem à igreja em Esmirna, o Espírito também mantém a mesma ordem que em Éfeso, e o fará também com Pérgamo. Primeiro fala com as igrejas em geral, e em seguida aos vencedores.
O irmão Stephen Langdom, um arcebispo de Canterbury no século XII, que dividiu a Bíblia em capítulos, colocou quatro igrejas no capítulo 2 e três igrejas no capítulo 3. Possivelmente se tivéssemos sido nós, ou o irmão Watchman Nee, ou eu, pelo menos teríamos colocado diferentemente os números dos capítulos; teria posto o capítulo 2 com as três primeiras igrejas, e o capítulo 3 com as quatro últimas igrejas. Porque realmente há uma divisão em dois grupos.
Nas três primeiras igrejas, o Espírito fala com a Igreja em geral, à Igreja quando ainda estava mais próxima da sua origem, e não tinha tido os embates que teve que acontecer na idade média, chamadas 'obscuras' por alguns. E então, para Stephen Langdom, Tiatira aparece colocada dentro do capítulo 2.
Mas, se vocês se fixarem, no capítulo 2, agora na mensagem a Tiatira, diz o verso 26: "Ao que vencer e guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações, e as regerá com vara de ferro, e serão quebradas como vaso do oleiro; como também eu a recebi de meu Pai; e lhe darei a estrela da manhã". Vemos que a partir daqui, primeiro fala aos vencedores, e em seguida diz: "Aquele que tem ouvido, ouça o que o Espírito diz às igrejas". A partir de Tiatira, o Espírito muda a ordem. E o Espírito começa a apelar primeiro para os vencedores.
O mesmo acontece nas três igrejas mencionadas no capítulo 3. Assim, por esta mudança do Espírito, por esta mudança de ordem no falar do Espírito, podemos agrupar as três primeiras igrejas, Éfeso, Esmirna e Pérgamo em um grupo, e podemos agrupar as 4 últimas igrejas, de Tiatira a Laodicéia em outro grupo.
A segunda vinda mencionada no segundo grupo de igrejas
Mas há, além disto, outra coisa também que nos chama a atenção. Quando o Senhor fala com as quatro igrejas do segundo grupo, quando ele apela primeiro aos vencedores antes do que para as igrejas em geral, o Senhor menciona-lhes a sua segunda vinda. É como se o Senhor estivesse dando a entender que, quando ele vier, irá encontrar muitas pessoas da cristandade nos diferentes estados descritos por cada carta.
Porque estas cartas não somente falavam com as igrejas históricas da Ásia Menor, mas Deus utilizou as situações descritas por Cristo, nessas igrejas históricas da Ásia Menor, para falar profeticamente. Porque todo o Apocalipse, do primeiro capítulo até o último, é chamado uma profecia. "Bem-aventurado o que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia" (1:3). O qual nos conduz a interpretar estes capítulos 2 e 3 de Apocalipse também como profecia a respeito da situação da Igreja em geral. Embora fale com aquelas primeiras igrejas históricas, ao mesmo tempo fala com todas as igrejas, ou seja, às diferentes condições, características, pelas quais o povo de Deus teria que passar os diferentes desafios que a Igreja do Senhor nas distintas circunstâncias iria enfrentar.
E de maneira profética, o Senhor reforça, aprova certas coisas, e ao mesmo tempo, como sumo sacerdote, usando as tesourinhas, a espevitadeira, diz também a cada igreja o que ele desaprova. Por isso, no capítulo 1, ele aparece vestido como sumo sacerdote. Assim como entre os sacerdotes, uma de suas tarefas era manter diante de Deus os candeeiros acesos. Um dos trabalhos sumo sacerdotais de Cristo glorificado é manter os candeeiros em funcionamento. E por isso ele diz: "Tenho contra ti…", mas também: "Tens isto…". Ele aprova certas coisas e desaprova certas coisas, e assim o Senhor se apresenta como a resposta para todos os desafios do povo de Deus em qualquer circunstância.
Uma das coisas deste segundo grupo de igrejas, as quatro últimas, desde Tiatira até Laodicéia, é que é mencionada a segunda vinda do Senhor; o que significa que quando o Senhor voltar vai achar à cristandade em diferentes situações. Nem todos os cristãos serão achados na mesma situação. Oxalá todos fossem vencedores, e oxalá todos vencessem qualquer tipo de desafio; mas nem todos os cristãos serão achados na mesma situação, e isto nos chama a atenção.
Grupos entre grupos
Alguns, quando o Senhor vier, serão achados na situação de Tiatira, porque o Senhor menciona a sua vinda a Tiatira. E por sua vez também diz: "Mas a vós…". Quando o Senhor diz: "Mas a vós…", está fazendo um contraste entre o que tinha denunciado de Tiatira até aqui, a estes "vós". Nem todos em Tiatira estavam na mesma situação. Ele fala de Jezabel, fala do tempo que lhe deu para arrepender-se, fala dos que fornicaram com Jezabel, fala dos filhos de Jezabel. Mas nem todos estão enredados com Jezabel.
Ele diz: "Mas a vós…". Este "vós" é uma minoria dentro da maioria em Tiatira. "…a vós e aos demais…". Ou seja, que aqui vemos um duplo remanescente. "…os demais" não são todos os de Tiatira. "Vós" é como dizer de um grupo seleto, um grupo de elite, de avançados, em Tiatira, com alguns que os acompanham, que são chamados "os demais", e que se distinguem do resto de toda Tiatira.
Então, diz o verso 24: "Mas a vós…". Esse é esse grupo seleto, o remanescente, ao qual o Senhor não lhe impõe outra carga, nem lhe diz o que está repreendendo aos de Tiatira. "…a vós e aos demais que estão em Tiatira, a quantos não têm essa doutrina…". Ou seja, alguns em Tiatira tinham a doutrina de Jezabel, e das profundezas de Satanás, mas não todos. "…e não conheceram o que eles…". Não a vós nem esse grupinho que está com vocês, mas o resto dos de Tiatira. Há uma diferença entre "eles" e "vós"; inclusive entre "os demais" e "eles".
"…O que eles chamam as profundezas de Satanás, eu vos digo: Não vos imporei outra carga…". A uns, impõe-lhes carga. Mas "…a vós -distinto do resto- não vos imporei outra carga".
"Mas o que tens…". O Senhor não diz que tem tudo, mas pelo menos têm algo. Algo que ele valoriza, algo que ele quer encontrar quando vier; encontrar naqueles que lhes tem correspondido viver no ambiente destacado por Tiatira. "…o que tens, retende-o até que eu venha". Quer dizer: 'Mantenham-no; eu aprecio isso, eu quero encontrar isto entre vocês. Não vou impor para vocês outra carga. Mas isto que tens, isto que eu aprovo, isto que eu quero encontrar quando voltar, retenham até que eu venha'.
E então, apela aos vencedores, e aqui nos damos conta do por que mudou a modalidade. Mudou, a partir de Tiatira, à modalidade de falar primeiro aos vencedores. Antes era às igrejas e por último aos vencedores; agora começa a falar primeiro aos vencedores. Ele quer encontrar vencedores entre aqueles cristãos a quem tem correspondido viver nas circunstâncias de Tiatira.
Medida personalizada
É muito interessante notar como o Senhor tem em conta os diferentes tipos de circunstâncias em que as pessoas têm que viver e desenvolver o seu trabalho. O Senhor não mede a todas as pessoas pela mesma medida, primeiro porque ele conhece integralmente toda a realidade. Nós, ao contrário, não conhecemos senão algumas coisas, e geralmente julgamos segundo as aparências, e às vezes contaminados por nossas próprias projeções. O Senhor, não.Irmãos, temos que aprender isto. O Senhor não vai julgar os nossos irmãos com os nossos paradigmas pessoais, mas com os paradigmas nos meios pelos quais eles tiveram que desenvolver-se. O Senhor Jesus disse assim: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados, e com a medida com que medis, vos será medido" (Mat. 7:1-2).
Irmão, não se equivoque. Não pense que Deus vai julgar os outros pelos seus paradigmas. Deus vai julgar a ti com os teus paradigmas; mas vai julgar aos outros com os paradigmas com que eles viveram. Com o juízo com que eles julgaram, com esse juízo serão julgados; com a medida com que eles mediram, com essa medida eles serão medidos. Eles não serão medidos com a sua medida, mas com a medida com que eles mediram; eles não serão julgados com o seu juízo, mas julgados com o juízo com o qual eles julgaram.
Paradigmas e rigor
Porque às vezes nós pensamos ou sentimos que todos os filhos e servos e pessoas da terra, que são criados alheios, vão ser julgados por nossos próprios paradigmas. Mas nós sabemos que os nossos paradigmas estão em formação; ainda os nossos paradigmas têm que ser ajustados. E Deus não vai julgar a todos com paradigmas em formação, alheios. Aos que estão em Tiatira, não lhes imporá outra carga.
O Senhor diz que no dia do juízo haverá mais tolerância, por exemplo, para Sodoma e Gomorra, que são tão terríveis, do que para algumas outras cidades. E ele diz: "No dia do juízo, os de Sodoma e de Gomorra, aquela geração, se levantará contra esta outra geração, porque eles teriam se arrependido se tivessem tido as mesmas oportunidades que tiveram estes outros".
Mas o Senhor sabe que nem todos tiveram as mesmas oportunidades, nem todos tiveram o mesmo processo. Portanto, o Senhor é muito justo em seu exame das coisas, e ele tem em conta a história de cada um. O Senhor tem em conta o que a pessoa ignora, e ele tem em conta as oportunidades que teve ou que não teve. "Ai de vós, porque a vós se vos pedirá maior conta!", diz aos seus apóstolos, "porque vocês tiveram maiores oportunidades que outros; o juízo contra vocês será mais rigoroso". Nem todos os julgamentos serão com o mesmo rigor, nem com a mesma medida; mas o Senhor, a cada qual, o julgará com a sua medida.
Políticas de terra arrasada
Porque às vezes nós fazemos, da nossa política, uma política de terra arrasada, como faziam os muçulmanos. O paradigma muçulmano, uma vez que Maomé pretendia falar em nome de Deus, mas projetando a sua personalidade violenta, contraditória, ele impunha o seu paradigma pela força, e aos que não se convertia ele os matavam, ou os escravizavam, e com essa tipo de conceito de Deus é que eles julgam.
O Senhor Jesus disse assim: "Vem a hora -e isso veio muitas vezes na história da Igreja- em que qualquer que vos mate pensará que preste um serviço a Deus". Haverá pessoas que estarão matando e perseguindo os cristãos, pensando que estão fazendo bem.
Uma vez, um homem que tinha participado da matança dos hugonotes na França -os cristãos bíblicos- na noite de São Bartolomeu e outras perseguições subseqüentes, em que se fizeram massacres terríveis, e quando estava morrendo um destes duques perseguidores, o sacerdote católico lhe perguntou se não tinha que arrepender-se disso, e ele disse: 'Não, essa era a melhor coisa que pude fazer em minha vida'. Essa era a glória com a qual ele pensava apresentar-se diante de Deus: Ter exterminado os 'hereges', que eram os filhos de Deus.
O Senhor diz: "Vem a hora em que qualquer que vos mate pensará -esse é o seu paradigma- que rende um serviço a Deus". Por isso, o Senhor Jesus dizia aos fariseus: "Mas como dizeis que vêem, maior pecado tem. Porque se não vissem, nenhum pecado terias, mas como dizem que vêem, o seu pecado permanece".
Os paradigmas, as situações, os crescimentos dentro do povo de Deus são diferentes. Portanto, temos que ter muito cuidado quando vamos apresentar a palavra do Senhor no meio do povo do Senhor. Não podemos ter a política de terra arrasada, tipo muçulmano, que não tem em conta os paradigmas daqueles aos quais estão invadindo.
Sabe o que os inquisidores faziam quando queimavam aos protestantes? Quando eles estavam na estaca, sendo queimados e confessando e invocando o nome do Senhor Jesus, os inquisidores não queriam que mencionassem a Jesus, mas sim a Maria. E punham em uma haste uma estátua de Maria. E o pobre irmão estava sendo queimado e lhe colocavam a estátua de Maria pelo nariz: 'Diz: Salve Rainha. Diz, diz, diz', querendo que ele invocasse a Maria, e não ao Senhor Jesus. Que paradigmas, não é verdade? E aqueles que faziam isso queriam 'salvar' ao 'herege'.
Vocês se dão conta, irmãos? Dão-se conta das diferenças? Quando o Senhor Jesus vier, ele vai encontrar irmãos que tem vivido no contexto de Tiatira. E fala com os vencedores, e lhes fala do que ele espera deles.
Privilégios e responsabilidades
Mas em seguida chegamos a Sardes. Sardes representa outra situação, outras circunstâncias, uma mudança de paradigmas na época. Outra época, outras lições aprendidas, outros desafios. E o Senhor menciona também a sua segunda vinda aos de Sardes. Aqui, no verso 3, diz a Sardes: "lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido".
A Tiatira disse: "O que tens". Mas a Sardes não diz "o que tens". 'Porque tinha mais e estás perdendo. Estão perdendo as coisas'. Olhe, "lembra-te … do que tens recebido…". Ou seja, agora está tendo menos do que tinha recebido. Aos de Tiatira diz: "O que tens, isto retende-o", mas aos de Sardes diz: 'Espero que tenham mais do que têm'. Tem perdido as coisas que já tinham.
"…guarda-o, e arrepende-te. Pois se não vigiares, virei sobre ti como ladrão, e não saberás a que hora virei sobre ti". Aqui ele menciona a sua vinda. Alguns, na vinda do Senhor, vão ser achados na condição de Sardes, o que Sardes representa na história da Igreja. Porque o Senhor vai cobrar de Sardes o que deu a Sardes, e vai pedir a Tiatira o que deu a Tiatira.
Às vezes nós discutimos acerca do assunto dos cinco talentos, dos de dois talentos, os de um talento, e dizemos: 'Mas, Senhor, como é que a uns vai dar cinco talentos, e a mim somente me dá dois. Eu teria dividido melhor as coisas, eu teria repartido melhor que você. Eu teria agarrado os cinco deste e os dois deste e o outro desse, e teria feito oito e teria repartido de dois em dois, todos iguais. Não é verdade que somos iguais?'.
Mas o Senhor não entra nesse joguinho. Ele é a cabeça do Corpo; ele reparte como ele quer. Ao que dá cinco, lhe dá cinco, e não podemos lhe dizer que o de cinco só vai responder por dois, como tampouco podemos esperar que ao que lhe deu dois responda por cinco. Ao que lhe deu cinco, vai pedir-lhe conta por cinco; ao que lhe deu dois, vai pedir-lhe conta por dois; ao que lhe deu um, vai pedir-lhe conta por um. Ele não vai pedir conta a ti como pede a outro irmão, nem vai pedir a outro irmão como pede a ti. Você não sabe o que Deus vai pedir a outro irmão.
"O que a ti?"
Você ocupe-se com você. Que não aconteça a você o que aconteceu com Simão Pedro, que estava tão interessado colocando o nariz na relação do Senhor com João, que o Senhor teve que lhe dizer: "E a ti, o que te importa, Pedro? E a ti, o que te importa? O que a ti? Você, siga-me; não coloque o nariz onde não tem sido chamado. Você, siga-me. A minha relação com João, é com João. Não vou tratar contigo igual, nem você tem que se meter muito em minha relação com João. Eu sei o que dou a João, e o que vou pedir a João. Mas você é Pedro, você não é João. Você faça o melhor que sabe; mas não te metas com João. Eu me meto com João.
"Quem é você, que julgas o servo alheio? Para seu próprio Senhor está em pé ou cai, mas poderoso é o Senhor para o firmar" a qualquer irmão. Não julguemos antes do tempo, porque os seus irmãos não vão ser julgados segundo os seus paradigmas; mas você, sim. Você sim vai ser julgado com o juízo com que você julga; você sim vai ser medido com a medida com que você mede, mas não os seus irmãos. Você.
A Filadélfia
Então, aqui, o Senhor fala agora de sua vinda também a Filadélfia. "Porquanto guardaste a palavra da minha paciência…". Para interpretar bem este verso, temos que ir a todas as outras ocasiões quando o Senhor fala da palavra da sua paciência. A palavra da perseverança, assim como no discurso escatológico do Senhor lá no monte, dois dias antes da páscoa, que está registrado em uma parte em Mateus 24 e 25, outra parte em Marcos 13 e 14, outra parte em Lucas, que citou um pedacinho no 17 e outro no 21, porque ele citou o segundo tema, não cronologicamente. E você tem que reconstruir aquele discurso completo, escatológico, aquele pequeno Apocalipse do Senhor Jesus, e ver o que ele ensinou.
Ali é quando aparece pela primeira vez nas palavras do Senhor Jesus este assunto da palavra da perseverança: "…aquele que perseverar até o fim, este será salvo". E diz: "Quando virem no lugar santo a abominação desoladora de que falou o profeta Daniel … então os que estiverem na Judéia, fujam para os montes ... Mas o que perseverar até o fim…". E esse é o contexto desta frase.
E essa mesma frase aparece lá em Apocalipse 14, quando diz o Senhor, depois de ter falado desses três anjos que levam a sua mensagem a respeito da Babilônia, e dos que recebem a marca da besta, e que não terão repouso nem de dia nem de noite os que adoram à besta e recebem a sua imagem e a sua marca. Diz: "Aqui está a paciência dos santos". Esse é o contexto da palavra da perseverança.
E diz: "Porquanto guardaste a palavra da minha paciência -que é outra tradução, mas no grego é o mesmo-, eu também te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para provar os que habitam sobre a terra. Eis que venho sem demora; guarda o que tens" - assim como disse a Tiatira.
Certamente, o que os de Tiatira têm é diferente do que têm os de Filadélfia. Os de Filadélfia têm muito mais; mas o Senhor não imporá outra carga a Tiatira. Mas espera que os de Filadélfia retenham também o que têm, "…para que ninguém tome a tua coroa". E então menciona ao vencedor: "Ao que vencer…", e depois, às igrejas.
A Laodicéia
Já, na mensagem a Laodicéia, está implicada a vinda do Senhor em três passagens. Primeiro no verso 14, quando diz: "Eis aqui o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus, diz isto". Quando o Senhor diz aqui "o Amém", o Amém é o que termina, o Amém é o ponto final. Ele é o princípio e ele é o fim, o primeiro e o último. Então, na palavra "o Amém" está implicado a conclusão, ou seja, a vinda do Senhor.
Logo, diz também desta maneira: "Eis que, eu estou à porta e chamo". Essa frase pode ter uma tripla leitura. Pode ter uma leitura cristológica, de relação pessoal com cada filho de Deus durante a sua vida. "Eu estou à porta e chamo". Também pode ter um sentido eclesiológico: Está falando com a igreja de que o têm fora; a igreja está realizando coisas sem tê-lo em conta, a direção própria e direta do Espírito do Senhor.
Mas também esta frase pode ser entendida de forma cristológica, eclesiológica e escatologicamente. Pode haver uma terceira leitura desta palavra, "Eu estou à porta…". Porque certamente ele, todos os dias, está à porta, e também, da igreja, ele está à porta; mas também a sua vinda está à porta. Então, sem necessidade de pôr uma interpretação ou combater a outra, as três são válidas.
A leitura escatológica também nos permite entender como uma sugestão da segunda vinda de Cristo à igreja em Laodicéia, quando lhe diz: "Estou à porta e chamo; se alguém ouve a minha voz e abre a porta, entrarei a ele, e cearei com ele, e ele comigo". Essa ceia pode ser durante a nossa vida, mas pode ser a ceia das bodas do Cordeiro. Também há uma leitura escatológica válida para aqui.
E no verso 21, quando diz: "Ao que vencer, lhe darei…". Aí está implicada a vinda do Senhor, porque ele dá o seu galardão em sua vinda. "Eis que, cedo venho, e meu galardão comigo, para dar a cada um segundo as suas obras". Ou seja, que, na vinda do Senhor, ele galardoará o seu povo.
Então, podemos dizer que a segunda vinda do Senhor está inserida na mensagem a Laodicéia. Muito mais está quando nos damos conta de que é a sétima igreja. E isto temos que ler no contexto da profecia, porque todo o Apocalipse é uma profecia, esta igreja está nos revelando as pessoas cristãs dos últimos tempos.
"Ao que vencer, lhe darei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci, e me sentei com meu Pai em seu trono". Então, quando o Senhor vier, ele vai encontrar irmãos na situação de Laodicéia. Alguns, vencedores; oxalá fossem todos. Alguns vão ser encontrados na situação de Filadélfia. Alguns, vencedores; oxalá todos.
Alguns vão ser achados na situação de Sardes, como hoje na cristandade há pessoas que têm uma constituição católica romano, outras pessoas têm uma constituição protestante, outras têm uma constituição da visão da Igreja, e outros tem se deslizado para a contemporização dos tempos laodizaicos finais.
Uma ilustração de exame segundo o paradigma
Permitam-me fazer uma ilustração. Não vou fazer doutrina desta ilustração; só é uma ilustração. A doutrina é a da palavra de Deus, a de Cristo e dos apóstolos. Existe a doutrina de Cristo, e a dos apóstolos, e a da igreja. Claro que na vida e na verdade. Vou dar uma ilustração:
Eu escutei isto das minhas três filhas: Elizabeth, Diana Patrícia e Salomé, que estudavam no mesmo colégio. Chegou ali uma senhora. A diretora do colégio permitiu a esta senhora, católica, que teve uma experiência de morte clínica, contar o seu testemunho no colégio.
Ela era uma doutora nas coisas seculares, e era de tradição católica, mas só de tradição. Ela estudava não sei o que na Universidade Nacional, ali perto de casa.
E enquanto ela falava por telefone celular, um raio ou relâmpago deu um golpe na pobre senhora, que ficou em coma; foi chamuscada, mas não morreu; estava quase morta, ou seja, entre a vida e a morte. E essa senhora se encontrou do outro lado; esse era o testemunho que ela contou, que estava como entre o céu e o inferno. Ou o paraíso e o Hades, vamos dizer. E um anjo a sustentava para que não fosse para baixo, mas tampouco podia ir para cima.
Ela via que sua mãe estava como no paraíso, pedindo a Deus: 'Ai Senhor, tenha misericórdia dela, que ela não se vá para o inferno. E no Hades ela via o seu pai, que já tinha morrido; o pai e a mãe já tinham morrido. E o pai estava ali: 'Ai, que a minha filha não venha para este lugar'. Ela via os dois, e ela estava no meio. E aí, nessa hora, pois, todo o seu doutorado não lhe serviu de nada, e a única coisa que lembrava era que era católica.
Então, começou a gritar ao anjo, como para salvar-se: 'Eu sou católica!'. Aí se lembrou que era católica. 'Eu sou católica!'. Isso era a única coisa que podia responder, que era católica. 'Eu sou católica. Como vão me mandar para o inferno!'. Então, o anjo lhe perguntou: 'Bom, se és católica, conhece os dez mandamentos?' Isso foi o que o anjo lhe perguntou. 'Conhece os dez mandamentos?'. E esta doutora não se lembrava dos dez mandamentos.
Ela não se lembrava dos dez mandamentos, e aí se lembrou da síntese. E disse: 'Ah, sim, sim, sim', como se fora uma fórmula mágica para ir para o céu. Os seus paradigmas. 'Ah, sim, sim, sim. Amarás a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo. Lembrei-me, pelo menos da síntese!'. E então o anjo lhe disse: 'E você, tem amado a Deus sobre todas as coisas?'. Agora mudou a coisa: Não era repetir de cor. E aí se deu conta de que não.
E o anjo lhe fez a segunda pergunta. Só lhe fez duas perguntas. 'E amaste ao próximo como a ti mesma?'. E ela se deu conta de que também não. O anjo não lhe perguntou se tinha lido a Watchman Nee nem a Austin-Sparks. Nada disso. Não lhe ia perguntar isso. Pode ser que a nós sim. 'Você leu a Austin-Sparks, é?'. Mas a ela não. Disse-lhe se sabia os dez mandamentos, e esta doutora não sabia. Só a síntese. E lhe perguntou pelo que sabia. E lhe disse: 'Você deveria ir lá onde está o seu pai; mas Deus lhe deu uma segunda oportunidade, porque vejo esse velhinho lá…'.
Havia um velhinho em Valledupar, que tinha ido comprar um doce de cana em uma venda. E o embrulharam em uma folha de jornal onde contavam o caso dessa senhora que caiu um raio e estava em coma. E este camponês, que era crente, levou o doce para casa, tirou o jornal, começou a lê-lo, e viu esta notícia. E ele começou a interceder a Deus por essa pobre senhora que estava em coma, entre a vida e a morte.
Deus ouviu a oração desse velhinho, que ela nem conhecia. E o anjo lhe disse: 'Vê esse ancião lá, esse camponês, ele esteve orando por ti, e Deus te dará uma segunda oportunidade'. E tornou para a vida, e começou a contar o seu testemunho nos colégios de Bogotá, e minhas filhas escutaram.
Essa é uma ilustração, irmãos, de que Deus te julgará com o juízo com que você julga.
Misericórdia e juízo
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia". Mas, ai dos que não têm misericórdia! Porque não se terá deles.
A misericórdia triunfa sobre o juízo. Com o juízo com que você julga você será julgado. Ninguém será julgado com o seu juízo, senão você; ninguém será medido pelo seu paradigma, senão você. Cada um será julgado com o juízo com que julgou e medido com a medida com que mediu.
Quando o Senhor vier, encontrará muitos filhos de Deus em diferentes situações. Se aprendermos estas coisas, Deus nos ajudará a andarmos melhor no meio do povo de Deus, e a tratar às pessoas com mais misericórdia, para que nós mesmos não sejamos julgados. Porque o Senhor, depois que terminar de corrigir ao outro, iniciará contigo.
Babilônia pensava que era melhor, porque estava dando uma surra em Israel? Não, era a hora de Israel; mas depois chegou a hora da Babilônia. E depois chegou a hora da Pérsia, e depois chegou a hora da Grécia, e depois de Roma. Aqui na Colômbia, os conservadores tiveram a sua hora, e em seguida os liberais, em seguida os guerrilheiros, em seguida os paramilitares. Agora quem vai atrever-se a fazer algo. Porque nós pensamos: 'Bom, nós somos os corregedores dos outros'. E depois chegam os nossos, e em seguida chegam os seus.
Então, irmãos, caminhemos com cuidado, para que não façamos mal, e para que a edificação prospere.
Síntese de uma mensagem ministrada no Retiro de Sasaima (Colômbia), em Julho de 2008.

Gino Iafrancesco

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