As 42 Jornadas no Deserto
Texto:
Nm 33: 1-49
Vamos prosseguir. E que Deus
nos conceda graça na Sua Palavra para que nós venhamos extrair algumas verdades
profundas para a nossa vida hoje.
Quando lemos o livro de
Números, no capítulo 33, versículos 1-49, vemos todas as estações por onde o
povo de Israel peregrinou durante 40 anos. Essa leitura à primeira vista parece
estranha para algumas pessoas; algumas podem achar que estes versículos não têm
muita importância. Mas temos em conta meus irmãos e irmãs, que foram inspirados
pelo Espírito Santo e que estão escritos para nos admoestar; foram escritos
para que nós percebamos que as coisas não são tão rápidas e não tão fáceis.
Alguém disse que: “Deus trabalha devagar
porque tem pressa”; eu concordo com isso.
Nestas estações, nestas
jornadas de 40 anos, podemos ver este trabalho meticuloso, cuidadoso do nosso
Pai Celeste. Quando atentamos para a vida da Igreja, tanto quanto
especificamente para a vida de cada membro do Corpo de Cristo, vemos que existe
um desenvolver, uma progressão gradual semelhante à revelação de Deus através
da história. É necessário que esta progressão espiritual, coletiva e profética
venha acontecer por etapas, como vemos nestas estações, nesta jornada de 40
anos. Nessa Jornada encontramos o significado do tempo. A definição de tempo é o período continuo e indefinido no qual os
eventos se sucedem. É isso que eu e você precisamos entender. A maneira
como Deus se revela, a maneira como ele trabalha como nos conquista.
1 Coríntios, capítulo 10,
versículos 6 e 11, diz: “Ora, estas
coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más,
como eles cobiçaram. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos
têm chegado.” Aqui percebermos que a vida cristã é vivida em estágios. É de
estágio em estágio.
Quando estudamos 2 Coríntios,
capítulo 3, versículo 18, que diz: “E
todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como
pelo Senhor, o Espírito”; vemos nitidamente que a nossa Salvação é um
assunto da glória de Deus, a nossa Salvação exalta a glória de Deus.
Vamos adentrar para este
assunto de acordo com a epístola aos Efésios. Vejamos dois textos:
Em Efésios, capítulo 1,
versículo 6, Paulo diz: “para louvor da
glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado”, e depois
no versículo 12, diz: “a fim de sermos
para louvor da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo”.
Precisamos ver duas coisas impressionantes e estupendas. Paulo fala sobre a
Graça de Deus e sobre a Glória de Deus. E se você estuda a Salvação no Novo
Testamento, vai ver que a Salvação é um assunto da Glória e da Graça de Deus.
Em 2 Coríntios, capítulo 3,
versículo 18, Paulo diz assim: “E todos
nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como
pelo Senhor, o Espírito”. Neste texto eu quero que você apenas note a frase
“de glória em glória”.
Temos que estudar estas duas
preposições: “de” e “em”. Quando Paulo diz “de glória”, na
língua grega é a preposição “apo”, que significa “para fora”. Por conseguinte,
meus irmãos e irmãs, há diferentes nuances no significado desta preposição, e o
principal deles é “desde”. A preposição “apo” é somente usada nos casos
ablativos, nas inclinações dos verbos gregos. Se você estuda uma gramática
grega, vai ver que são oito, os casos no grego: “nominativo, genitivo,
ablativo, locativo, instrumental, dativo, acusativo e vocativo”. O caso
ablativo tem a idéia fundamental de origem ou o ponto de partida de onde uma
coisa procede. Quando Paulo está dizendo “de glória”, no grego está assim: “apo
doxis”, que significa “de glória”. Então esta frase é assim: “apo doxa eis
doxa”, que significa de “de glória em glória”. Isto indica que algo foi
realizado na eternidade passada, em seguida ele aponta para algo que está sendo
realizado no presente, tendo em vista a eternidade futura.
Vamos atentar para alguns
exemplos da ocorrência da preposição “apo” para compreendermos melhor.
Paulo diz assim em Romanos, capítulo 8,
versículo 29: “Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho”.
Aqui, temos a preposição “apo”.
Depois em Efésios, capítulo 1,
versículo 4, Paulo diz: “assim como nos
escolheu nele antes da fundação do mundo”.
Ainda em Filipensses, capítulo
2, versículo 13, Paulo diz: “porque Deus
é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar”.
Veja que nestes três exemplos
podemos perceber que a nossa Salvação é de acordo com a presciência de Deus.
Foi algo que Ele decidiu na eternidade em Cristo Jesus - nos
escolher para o louvor da glória da Sua graça. Deus nos escolheu de acordo com
a Sua presciência - foi algo que Ele viu e escolheu em Cristo. É isto que
significa esta primeira preposição “apo”.
Ainda podemos ver este texto de
Filipensses capitulo 2, versículo 13, “que
é Deus que efetua em nós o querer”.
Vamos atentar para este
princípio, em Efésios capitulo 1, versículo 5, quando Paulo diz assim: “nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade”.
Note esta palavra na sua Bíblia
“beneplácito”. Esta palavra no grego
é “eudokia”, que significa deleite,
prazer, satisfação. Esta palavra foi usada no Evangelho de Lucas no capítulo 2,
versículo 14, que diz assim: “Glória a
Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”.
Ainda em Efésios, capítulo 1,
versículo 9, olhe o que Paulo diz: “desvendando-nos
o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo”.
Esta palavra “propusera” - mais um termo rico na
língua grega - ocorre apenas três vezes em todo o Novo testamento: Rm 1.3; Rm
3.25 e Ef 1.19. Esse vocábulo no grego é “protithemai”;
é um composto de dois vocábulos.
O primeiro é “pró”, que significa “antes”. E “tithemes”, significa estabelecer, determinar. Então aqui nós temos
a palavra “protithemai”, que
significa estabelecer ou determinar antes.
Romanos, capítulo 3, versículo
25, diz assim: “a quem Deus propôs, no
seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por
ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente
cometidos”. Veja isto! Deus propôs, determinou antes no seu sangue.
Para ilustrar melhor isso vamos
ler 1 Pedro capítulo 1, versículos 18 ao 20: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram,
mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue
de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado
no fim dos tempos, por amor de vós.
Que concordância perfeita nós
encontramos na Palavra de Deus! É interessante vermos outra palavra: “conhecido”, esta é a palavra grega “proginosko”, que significa “conhecia antes”. Deus propôs antes porque conheceu antes. Ele não conheceu
os atos das pessoas, mas as pessoas em si. É nisto que está ligada a
presciência de Deus: as pessoas e não aos
seus atos. Portanto, na preposição “apo”, vemos a salvação na esfera da
eternidade.
Agora temos outra preposição: “eis doxa”,
que é a preposição “eis”, “de glória
em”; a preposição “em”. Nesta segunda preposição, Paulo,
como se descesse na esfera do tempo, começa a ter uma visão da Salvação. É
justamente isso que esta preposição indica - “até que”. A nossa salvação começa
na eternidade em Deus e Ele executa no tempo. Então, nesta outra preposição,
vamos ver que isto está ligado às 42 estações, na jornada de 40 anos do povo de
Israel no deserto. Aqui compreendemos a nossa salvação. Nossa Salvação é – toda
- um ato soberano da parte de Deus!
Paulo diz assim em Efésios,
capitulo 4, versículo 30: “E não
entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção”. Veja a preposição “para”
que é “eis” que na língua grega
significa “até que”. Neste texto a Redenção aponta para a glória vindoura.
Em 2 Coríntios, capitulo 1,
versículo 22, Paulo diz assim: “que
também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração”. No
capítulo 5, versículo 5, diz “Ora, foi o
próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito”.
Também, Efésios, capitulo 1,
versículos 13 e 14, diz assim: “em quem
também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da
promessa; o qual é o penhor da nossa herança, ao resgate da sua propriedade, em
louvor da sua glória.
Nestes versos, ele fala de
penhor e não de selo. Essa palavra “penhor” no grego é “arrhabon”, significa “garantia,
calção”. Significava o sinal que o
comprador tinha que depositar e pagar adiantado, ao ser fechado o negócio, e
que o restante do pagamento viria depois. Somente Paulo usou esta palavra. E o
seu objetivo era nos revelar que o Dom do Espírito que Deus nos deu e nos dá,
agora é um sinal, uma garantia, um antegozo da vida que nós, como cristãos em Cristo Jesus , um dia
viveremos, quando entrarmos na era vindoura. Paulo está dizendo o que nós
estamos experimentando no Espírito Santo é uma pequena parte de tudo aquilo que
um dia, na era vindoura, iremos experimentar. Mas não somente isso! Porque hoje
estamos olhando obscuramente, um dia veremos face a face.
Mas também, Paulo diz que Ele
nos selou com o Seu Espírito. A palavra “selado”
no grego é a palavra “sphragizo” que significa “marcar com um selo, selar com segurança, marcar pela impressão de um
sinal, a fim de provar, confirmar a propriedade, autenticidade, autoridade”.
Essa palavra ocorre 15 vezes em todo o Novo Testamento.
Em 2 Coríntios, capítulo 11,
versículo 10, vemos uma ilustração gloriosa do significado desta palavra. Neste
texto Paulo diz: “A verdade de Cristo
está em mim; por isso, não me será tirada esta glória nas regiões da Acaia”.
Veja o que ele diz: “não me será tirada”.
Este é o mesmo vocábulo da língua grega - “sphragizo” - que Paulo usou em
Efésios 1.13. Em Efésios capitulo 4, versículo 30, Paulo diz “E não entristeçais o Espírito de Deus, no
qual fostes selados para o dia da redenção”.
Então, irmãos e irmãs, o selo é
a estampilha que nosso Pai Celeste coloca em nós para mostrar que pertencemos a
Ele, que somos Seus filhos e que somos herdeiros da grande herança vindoura.
Creio que esta expressão “o dia” refere-se àquele Majestoso e grande Dia em que
nós iremos nos encontrar com o nosso Bendito e Eterno Salvador.
Esse termo “selado” tem três significados
principais:
Primeiro – fala de autenticidade, autoridade.
Segundo – fala de propriedade.
Terceiro – fala de segurança.
O selo tem uma imagem especial
que pertence unicamente a uma pessoa e, portanto quando você vê aquele selo ou
aquela imagem em alguma coisa, você sabe que é propriedade ou posse de uma
determinada pessoa. É isso que nós temos que entender! É isso que o Senhor está
nos falando agora, sobre o “Selo do Espírito”. Portanto, eu e você precisamos saber
que Deus colocou em nós a Sua marca, o Seu Selo, como garantia de que nesta
jornada espiritual, Ele não apenas nos escolheu na eternidade, mas está
trabalhando em nós por meio da Palavra, do Espírito, da Cruz, para que nós
sejamos, cada dia, alcançados por Ele nesta magnífica Obra, nesta poderosa
Obra. Essa Obra que vai completar-se até o Dia da Redenção, até o Dia da
entrada na Era Vindoura. Essa é a garantia, essa é a certeza. Ele quer que você
viva a vida cristã tendo esta garantia, esta certeza do trabalhar Dele na sua
vida.
Que Ele nos abençoe por meio da
sua Gloriosa
Palavra.
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