domingo, 10 de junho de 2018

As 42 Jornadas no Deserto



Introdução - Parte 01
Texto: Nm 33: 1-49

Meus irmãos e irmãs! Nós vamos estudar sobre as jornadas no deserto. No capítulo 33 do livro de Números, encontram-se todas estas 42 estações, onde o povo de Israel esteve no deserto durante toda a sua peregrinação registrada no Pentateuco, especialmente nos livros de Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômio. Este capítulo (Nm 33) trata da peregrinação do povo de Israel pelo deserto no período de 40 anos.
No aspecto espiritual podemos ver aqui, numa visão neotestamentaria, a nossa peregrinação espiritual até a terra prometida. Nossa viagem espiritual do Calvário até a Nova Jerusalém.
Em Provérbios capítulo 4, versículo 18, Salomão disse: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”.  É interessante notar que a palavra “perfeito”, na Bíblia, dá a idéia de algo maduro, algo completo, de plenitude espiritual, de amadurecimento espiritual.
A vida cristã é uma carreira que temos que percorrer. Por um lado, Deus em Cristo nos salvou; este é um fato! Mas por outro lado, temos que viver a vida cristã de acordo com esta “tão grande salvação” que Deus nos deu em Cristo. Precisamos considerar algo importante aqui. Por um lado temos a soberania de Deus em nos escolher na eternidade passada e manifestar em nós as “riquezas da sua graça” por meio desta salvação, por meio da Redenção em Cristo. Por outro lado nós temos a responsabilidade em relação à escolha de Deus. Isto é, precisamos viver um Evangelho a altura da graça de Deus. Precisamos corresponder a esta graça operando em nós. Precisamos compreender que temos uma vida responsável para viver. Temos uma vida para percorrer. Não podemos viver acomodados em relação à eleição. Nós temos uma carreira cristã a percorrer! Temos que compreender que tudo o que Deus fez e faz, e tudo o que ele está fazendo, tem em vista o Reino. Por isso estudar estas 42 jornadas é algo muito importante para compreendermos até mesmo nossa vida aqui, porque em cada uma destas estações nós vamos extrair grandiosas lições para a nossa vida cristã.
No livro de Apocalipse, capítulo 1, versículo 6, João nos revela que “Deus nos redimiu em Cristo Jesus, para nos constituir reino de sacerdotes”. Nós não podemos pensar na Redenção como algo que Deus fez para nos livrar do inferno e para tratar com os nossos pecados. Nós temos feito da Redenção algo muito pobre na nossa experiência cristã. Quando lemos este texto, vemos que Ele nos salvou e nos redimiu para fazer de nós reino. Reino é para administração, para o governo de Deus em Cristo e com Cristo. O Sacerdócio é para ministrar a Deus. Isto mostra o quanto a nossa vida cristã é rica em todos os aspectos
Em Efésios capítulo 4, versículos 12 e 13, vemos que a vida cristã é vivida em estágios. Paulo diz assim: “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo. Percebemos aqui quatro estágios em nossa vida cristã:

Primeiro – Unidade da fé.
Segundo – O pleno conhecimento do filho de Deus.
Terceiro – À perfeita varonilidade.
Quarto – À medida da estatura da plenitude de Cristo.

Em Filipenses, capítulo 2, versículo 12, Paulo diz: “Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”.

Ainda podemos ler Hebreus, capítulo 12, versículo 1, quando o escritor desta maravilhosa Epístola diz: “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”.
Veja que em Efésios capítulo 4, ele diz: Até que todos cheguemos”. Nós precisamos chegar, precisamos avançar, precisamos correr. Mas para isso temos alguns degraus, temos alguns estágios.

Depois, em Filipensses 2.12, Paulo diz: “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”.

E o escritor aos Hebreus diz no capítulo 12.1: “corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”.

O melhor exemplo que temos para compreender isso, com toda esta verdade, é o próprio Apóstolo Paulo. Veja que ele começou a correr a carreira cristã em Damasco, em Atos, capítulo 9. Alguns eruditos dizem que Paulo se converteu provavelmente no ano 35 d.C. - ali ele começou correr a carreira cristã. Depois o vemos correr a carreira cristã aproximadamente entre os anos 55 a 57 d.C.. Então, ele escreve a primeira carta aos Corintios. E no capítulo 9, versículos 24 a 27, ele diz: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.”
Ele estava correndo, estava avançando com perseverança na carreira que o Senhor havia lhe proposto. Ele desejava chegar à unidade da fé, do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo; ele estava desenvolvendo a Salvação com temor e tremor.
Depois observamos que sete anos se passaram. Agora ele está preso em Roma. Aqui ele escreve aos irmãos em Filipensses capítulo 3, versículo 12, e diz assim: “Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”.
Ele continua correndo! Ele tinha certeza que ainda não tinha chegado ao final, que ainda não tinha completado a carreira. Mas ele disse: “mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”. E nos versículos 13 e 14, ele continua: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”
Continuando a estudar a vida de Paulo, percebemos que mais dois anos se passaram, e ele está perto da sua morte. Agora ele escreve a sua segunda carta a Timóteo, e diz no capítulo 4, versículos 7 e 8: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
Portanto, amados irmãos e irmãs, essas 42 estações revelam os estágios da vida cristã, os quais temos que percorrer. A nossa vida espiritual é assim, de estágio em estágio. A história da peregrinação no deserto, baseada em Números capítulo 33, trata da aplicação espiritual neotestamentaria à Igreja do Senhor Jesus Cristo, da história tipológica da peregrinação do povo de Israel no deserto, desde o Egito até a terra prometida, passando pela península do Sinai, por volta de Edom e Moabe. Segundo o ensino do Novo Testamento, tal peregrinação serve como exemplo à nossa peregrinação espiritual em Cristo. E é justamente isso que iremos estudar.
Na vida da Igreja, tanto quanto na vida de todos e na vida de cada membro do Corpo de Cristo, existe um desenvolver, uma progressão gradual semelhante à progressão da revelação de Deus através da história. É necessário que esta progressão espiritual, coletiva e profética aconteça por etapas, como jornadas, de acordo com a maturidade espiritual da Igreja em cada geração; como aconteceu com o povo de Israel quando peregrinavam pelo deserto.
Para Deus tudo tem o seu tempo. Veja que em 1 Coríntios, capítulo 10, versículos 6 e 11, Paulo diz: “ Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.
Veja que o Apóstolo Paulo declara algo muito importante referindo-se ao Antigo Testamento, quando o povo Hebreu peregrinava pelo deserto, em sua saída do Egito. Sabemos que eles cruzaram o Mar Vermelho e logo experimentaram uma série de provas. No contexto imediato da leitura bíblica, vemos nos versículos 6 e 11 a seguinte expressão: “estas coisas”. Isto se refere a tudo que o povo de Israel passou em sua peregrinação. Diz mais assim: “que sucederam como exemplo”. Não é somente como história que estamos lendo, mas é exemplo para nós, para que não cobicemos, nem pequenas coisas, como eles cobiçaram, e não venhamos a cair nos mesmos erros que eles caíram. Veja no versículo 11, diz: “foram escritas para advertência nossa”.
Irmãos e irmãs! O que aconteceu com Israel em suas jornadas no deserto não era só para que pudéssemos conhecer e dizer: “bom eles passaram pelo deserto, mas isso não tem nada a ver conosco”. Ao contrário, o Senhor, providencialmente, estava dizendo que aquelas jornadas se deram como exemplo para nós. Todas as jornadas do povo de Israel no deserto, quando tirados do Egito e passados pelo Mar Vermelho, eram exemplos não para eles, mas para nós.
Romanos, capítulo 15, versículo 4, diz assim: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Note algo maravilhoso a palavra “esperança”. No grego é “elpis”. Essa palavra fala de uma alegria antecipada.
Veja o que está escrito no versículo 13, do capítulo 15 de Romanos: “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo”. Precisamos ver que enquanto percorremos nossa jornada cristã, o Espírito de Deus nos enche de gozo. Ele transmite a nós a realidade daquilo que está preparado para nós.
Veja o que diz o escritor da epístola aos Hebreus no capítulo 11, versículo 13: “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra”. Aqui temos duas coisas que precisamos considerar:

Primeiro – “vendo-as, porém, de longe”. Aqui temos o vocábulo grego “oida”, que significa ver, prestar atenção, colocar os olhos e não tirar mais; como foco. A expressão longe indica distância na língua grega.
Segundo – “saudando-as”. Essa palavra no grego é “aspazomai”, que significa aproximar-se. A idéia é que à medida que estamos andando em nossa peregrinação espiritual neste mundo, nesta jornada espiritual, tenhamos a Visão da nossa herança cristã entre os santos, tenhamos esta esperança, esta certeza, esta alegria; que tenhamos em nosso coração o testemunho do Espírito Santo de que estamos peregrinando para poder penetrar na terra prometida, naquilo que Deus em Cristo nos dará um dia.

Que Deus, por meio do Seu Espírito, através da Sua Palavra, venha falar ao nosso coração, e que em cada oportunidade essa palavra venha nos atrair mais e mais, nos abençoar mais e mais.


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