sábado, 30 de abril de 2016

A IGREJA EM JERUSALÉM



CAPÍTULO 3: A IGREJA EM JERUSALÉM (PARTE 1) – Stephen Kaung

Leitura: At 1:12-14; 2: 37-47; 4: 32,33


Oremos:

Senhor, nós temos lido Tua Palavra. Agora, que Teu Espíri­to Santo sopre sobre Tua Palavra escrita e a faça viva e operante em nossa vida. A Ti seja a glória. No nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Estamos considerando juntos a vida da Igreja, o Corpo de Cristo. A primeira igreja que apareceu na terra foi a igreja em Jerusalém. Portanto, gostaríamos de ver a vida da igreja em Jerusalém. Sabemos que há somente uma Igreja. O Senhor Jesus disse: "Sobre esta pedra [rocha] edificarei a minha igreja, e as portas do interno não prevalecerão contra ela" (Mt 16:18). Essa é a Igreja universal única; mas a edificação dessa única Igreja é realizada por Deus por meio de muitas igrejas locais. Isso é bastante evidente, porque não apenas encontramos isso no livro de Atos, mas pode­mos ver também no livro de Apocalipse. Nos primeiros três capítulos, vemos as sete igrejas na Ásia. Então, nos capítulos 21 e 22, encontramos a Igreja universal, a cidade santa, a nova Jerusalém. A edificação real da Igreja universal é realizada por meio da edificação das igrejas locais. A primeira igreja local a aparecer so­bre a Terra foi aquela em Jerusalém. Por esse motivo, a igreja em Jerusalém tem um lugar bastante especial.
Após nosso Senhor ter ascendido ao céu do Monte das Olivei­ras, alguns de Seus discípulos retornaram a Jerusalém. Eles foram para o cenáculo, onde esperaram de modo ativo, orando unanime­mente pelo cumprimento da promessa do Espírito Santo. A Bíblia nos diz que no cenáculo havia onze apóstolos, e o nome de cada um deles foi dado. Além dos onze apóstolos, havia algumas mulheres. Em Lucas 8:2,3, descobrimos que, quando nosso Senhor estava atuando na Terra, havia várias mulheres que O seguiam, ministrando a Ele e a Seus discípulos. Eram Maria Madalena, Joana, mulher do procurador de Herodes, Suzana e muitas outras. Não há dúvida: essas eram as mulheres que esta­vam lá no cenáculo. Também é dito que Maria, a mãe de Jesus, e os irmãos de nosso Senhor Jesus estavam lá. Quando nosso Se­nhor estava na terra, Seus irmãos na carne não criam Nele; mas, de alguma maneira, após Sua morte e ressurreição, todos os Seus irmãos se tornaram Seus discípulos, entre eles Tiago e Judas. Portanto, todos juntos eram cerca de 120 pessoas que se encontra­vam naquele lugar.
Podemos dizer que estas 120 pessoas eram “a nata” de todos os discípulos de nosso Senhor Jesus naquele tempo. Eram aqueles que fielmente seguiram o Senhor Jesus. Eram aqueles que obede­ceram ao Senhor Jesus e retornaram para Jerusalém, aguardando pela promessa da vinda do Espírito Santo. Eles conheciam o Se­nhor. Todos tinham uma longa história com o Senhor, e, enquan­to eles estavam esperando e orando, com trabalho de parto, o Espírito Santo veio dos céus no dia de Pentecostes. Eles foram cheios com o Espírito Santo e alguma coisa aconteceu: em um Espírito, aqueles 120 crentes foram batizados em um Corpo – o Corpo de Cristo. Não apenas cada um deles individualmente teve um relacionamento orgânico com o próprio Senhor, mas eles fo­ram organicamente unidos uns aos outros como um corpo. Eles não eram mais 120 indivíduos, mas eram 120 membros do único Corpo de Cristo.

UM POVO, UM CORPO

Provavelmente, ao ler o registro do dia ele Pentecostes, pen­samos que foi Pedro quem se levantou e pregou a primeira men­sagem do evangelho; mas, se lermos cuidadosamente, veremos que quando Pedro se levantou os outros onze se levantaram com ele. E se lermos com mais cuidado ainda, na verdade, foram todos os 120 que se levantaram. Cada um deles falava em lín­guas das grandezas de Deus, e foi isso que atraiu a multidão até eles. Evidentemente, eles haviam se deslocado do cenáculo para o Pórtico de Salomão, porque esse era o lugar onde as multidões poderiam se ajuntar, e todos os ouviam falando em sua língua nativa. Imediatamente após o nascimento do Corpo, todos os membros do Corpo estavam funcionando. Não apenas Pedro funcionou, não apenas os onze apóstolos com ele, mas todos os membros do Corpo – homens e mulheres – estavam funcionando. Todos eles estavam testificando, falando das grandezas de Deus, e isso atraiu as multidões até eles. Este é um corpo sadio. Quando você vê cada parte do corpo funcionando, sabe que esse corpo está sadio. Graças a Deus, desde o princípio, um corpo saudável nasceu.
Quando a multidão ouviu a pregação do evangelho, todos foram compungidos no coração. Era o tempo da festa de Pente­costes, e muitos judeus de todas as partes do mundo estavam juntos em Jerusalém para celebrarem-na. Infelizmente, muitos vinham devido à tradição – era uma religião para eles. Mas, graças a Deus, entre a multidão, havia pessoas que buscavam a Deus e a verdade de fato. Foi na vida dessas pessoas que a luz brilhou. Então, quando elas ouviram a pregação do evangelho, foram compungidos no coração e perguntaram a Pedro e aos onze apóstolos: "Que faremos, irmãos? Nós rejeitamos a Cristo. Agora, o que devemos fazer?" Pedro disse: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Sau­lo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para lodos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar." Aquelas pessoas receberam plenamente as palavras de Pedro. Pedro falou ainda muitas outras coisas. Ele os exortou a serem salvos daquela geração perversa que havia rejeitado o Salvador, a serem separados dos demais e se tornarem localmente comprometidos com Cristo Jesus. Assim todos quantos creram foram batizados, e em um dia, cerca de três mil almas foram acrescentadas. Esses três mil foram completamente salvos. Foram nascimentos perfeitos.
Hoje, quando as pessoas dizem que creem no Senhor Jesus, algumas vezes não é de maneira absoluta, não é de forma clara. Mas lá em Jerusalém houve pessoas que se arrependeram, que se separaram do mundo, daquela geração perversa, que foram batizadas e se tornaram comprometidas com Cristo, que receberam a promessa do enchimento com o Espírito Santo e foram cheias com o Espírito. Elas foram completamente salvas, perfeitamente nascidas, embora ainda fossem bebês em Cristo, exatamente como éramos quando cremos no Senhor Jesus – no início, éramos bebês em Cristo. Porque foram completamente salvos e perfeitamente nasci­dos de novo, aqueles 3.120 crentes foram unidos como um só cor­po. Não havia nenhuma brecha de qualquer tipo. Eles eram como uma única pessoa, um corpo. Essa era a igreja em Jerusalém.
A igreja em Jerusalém não era composta apenas de vetera­nos em Cristo Jesus; era também composta de bebês em Cristo. Era uma família. Aqueles que conheciam o Senhor há bastante tempo eram capazes de ajudar os que eram bebês em Cristo, e aqueles que eram bebês em Cristo eram humildes o bastante para receber ajuda dos que conheciam melhor o Senhor. Eles se uniram como um porque eram um – uma família, um povo, uma igreja, um corpo.
 



A IGREJA EM JERUSALÉM (PARTE 2)

Leitura: At 2:37-47; 4:32,33; Mt 18:19,20; 1Co 11:26

UMA NOVA MANEIRA DE VIVER

Como pode haver um novo corpo, um corpo vivo, e não ha­ver uma nova maneira de viver? Sem qualquer planejamento, sem nenhuma necessidade de esforço de qualquer espécie, vemos que, de maneira sobrenatural, um estilo de vida começou a surgir na­turalmente, uma nova maneira de viver começou a aparecer. An­teriormente, eles viviam a própria vida, mas algo aconteceu. Eles se tornaram um povo – não apenas um povo, mas um corpo –, e muito rapidamente a vida do corpo começou a emergir. A vida do corpo não é algo planejado ou manufaturado. A vida do corpo é proveniente da vida. Eles compartilhavam uma vida comum. Porque eles eram um só corpo, muito naturalmente começaram a viver juntos um modo peculiar de vida. Era muito natural, Era uma maneira de viver, uma vida corporativa, uma vida unida a qual o mundo nunca vira antes. Era um modo de vida diferente de todos os outros que o mundo jamais poderia conhecer, porque Jesus é esse modo de vida.

VIDA DO CORPO

Que tipo de vida é a vida do Corpo? Que espécie de vida aqueles primeiros crentes viviam como a Igreja de Deus? Primei­ramente, antes de qualquer coisa, eles perseveravam, persistiam, ocupavam-se com a doutrina e a comunhão dos apóstolos, com o partir do pão e com as orações (At 2:42). Antes disso acontecer, eles estavam ocupados com muitas coisas; mas daí em diante, o que ocupava a vida deles? Como viviam? Eles prosseguiam fiel­mente, ocupados com a doutrina e a comunhão dos apóstolos.  

A Doutrina dos Apóstolos

O que é a doutrina dos apóstolos? Devemos observar que a palavra doutrina é singular, mas a palavra apóstolos é plural. Havia doze apóstolos, mas havia apenas uma doutrina, a doutrina dos apóstolos. Qual era essa doutrina? Vocês se lembram que nosso Senhor disse: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século" (Mt 28:19,20). Em outras palavras, a doutrina dos apóstolos não era outra além da que o Senhor Jesus lhes havia ensinado. Eles apenas ensinavam o que o Senhor lhes havia ensinado.
Também o apóstolo Paulo disse: "Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei" (1Co 11:26). Os apóstolos não possuíam ensino próprio; eles apenas ensinavam aquilo em que havi­am sido ensinados pelo Senhor. Portanto, o ensino dos apóstolos não é outro, diferente do ensino de Cristo. Eles ensinavam Cristo.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

RELACIONAMENTO COM A CABEÇA



CAPÍTULO 2: O NASCIMENTO DA IGREJA (PARTE 4)

Leitura: Mt 16:18; At 1:6-9 e 12-14; 2:1-4; 2:33, 36; 1Co 12:12-27


Mencionei anteriormente que sempre pensamos em termos de indivíduos, mas, se penetrarmos no pleno propósito de Deus, temos de ver que, apesar de sermos salvos individualmente, Deus nos fez um só Corpo. É verdade, nenhuma outra pessoa pode ser salva em lugar de outra. Cada um de nós tem de se arrepender, crer no Senhor Jesus e ser salvo. Como crentes individuais, precisamos buscar o crescimento pessoal, tendo comunhão pessoal com nosso Senhor Jesus. Isso é importante; mas lembremos que Deus fez algo bem maior do que apenas aquilo que é individual: Ele nos colocou juntos e nos fez um só corpo; somos membros uns dos outros. Em outras palavras, disso resulta não apenas a comunhão com a Cabeça, mas também uns com os outros. Creio que é evidente que não conseguimos fazer isso sem nosso Senhor Jesus, sem nossa Cabeça.
Eu me lembro de quando nosso irmão Watchman Nee retornou da Inglaterra. Ele havia visitado um irmão já bem idoso, George Cutting, que escreveu Segurança, Certeza e Gozo da Salvação[1], aque­le folheto que foi usado por Deus para salvar muitas pessoas. Na­quela ocasião, o irmão Cutting estava com cerca de 90 anos e, quando o irmão Nee foi visitá-lo, ele estava de cama, inconsciente a maior parte do tempo. Mas de tempos em tempos ele ficava lúcido. O irmão Nee sentou-se ao lado da sua cama, esperando por um mo­mento de lucidez, e, quando isso ocorreu, o irmão Cutting disse ao nosso irmão: "Eu não posso fazer nada sem Ele, e Ele não pode fazer nada sem mim." Daí ele caiu no sono novamente. Penso que é claro que nós não podemos fazer nada sem Ele. Como podemos fazer algo sem Cristo? Mas você já parou para pensar que nosso Senhor Jesus não pode fazer nada sem você? Ele precisa de você exatamente como você precisa Dele. Há uma co­munhão entre você e o Senhor que é muito preciosa.

RELACIONAMENTO UNS COM OS OUTROS

A partir disso, o irmão Nee ampliou o que ouviu e disse que, não apenas deveríamos dizer ao Senhor: "Nada posso fazer sem Ti e, graças a Deus, Tu nada podes Fazer sem mim", mas deveríamos dizer uns aos outros: "Nada posso fazer sem ti e tu nada podes fazer sem mim". O que quer dizer "nada posso fazer sem Ele e Ele nada pode fazer sem mim"? É porque Ele é a Cabeça e eu sou parte do Seu Corpo. Como membro do Corpo, como posso fazer alguma coisa sem a Cabeça? Mas a Cabeça dirá: "Bem, como posso fazer algo sem você? Você é Meu membro. Eu não posso expressar a Mim mesmo, não posso encontrar satisfação se não tiver você." E a mesma coisa é verdadeira entre nós, cristãos, já que somos membros uns dos outros. Já vimos que nada podemos fa­zer uns sem os outros?
Recentemente eu estava em certo lugar junto com alguns ir­mãos. Um irmão confessou para o outro: "Nada posso fazer sem você." Mas ele se virou para outro irmão e disse: "Já não tenho o mesmo sentimento em relação a você." Essa foi uma confissão que me tocou de maneira muito profunda. Quão frequentemente dizemos a um irmão ou a uma irmã: "Sim, somos tão chegados, nada posso fazer sem você", mas imediatamente nos viramos para outro irmão e dizemos: "Eu não preciso de você, posso prosseguir sem você." Quão triste é isso!
Que o Senhor realmente nos mostre o que Ele realizou em Pentecostes. Ele nos reuniu em um Corpo, e nós temos de enten­der que não podemos fazer nada uns sem os outros. Temos de pedir ao Senhor para nos levar ao ponto de podermos dizer ho­nestamente: "Nada posso fazer sem qualquer irmão ou irmã – necessito de todos os irmãos e irmãs." E a mesma coisa será dita de mim. Embora eu seja um membro pequeno, os outros irmãos e irmãs vão dizer: "Não, você é necessário, preciso de você." Esta é a maravilha de Pentecostes. Que o Senhor nos ajude.

Oremos:

Querido Pai celestial, somos tão gratos porque, para o nas­cimento da Igreja, Tu passaste por trabalho de parto com dores. Somos muito agradecidos porque o Senhor nos trouxe à existência. Que coisa gloriosa é a igreja, o Corpo de Cris­to! Nós louvamos e Te agradecemos por pertencermos a esse Corpo. Reconhecemos a Ti, nosso Senhor Jesus, como nossa Cabeça. Não há outra Cabeça que não seja Cristo Jesus; e nós reconhecemos que somos apenas os membros, mem­bros uns dos outros pertencentes ao mesmo Corpo. Senhor, realmente oramos para que Tua vontade, por meio do Espírito Santo, conduza-nos para esta gloriosa verdade: de que não podemos fazer nada sem Cristo, assim como Cristo nada pode fazer sem nós; e, da mesma maneira, não podemos fazer coisa alguma uns sem os outros. Senhor, conduz-nos a Tua verdade. Continua a fazer e a ensinar por meio de Teu corpo, até aquele dia, quando ocorrerá a união eterna. Pedi­mos no Teu precioso nome. Amém.



[1] Publicado no Brasil por Depósito de Literatura Cristã (N.E.)

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A MARAVILHA DO PENTECOSTES



CAPÍTULO 2: O NASCIMENTO DA IGREJA (PARTE 3)



No dia de Pentecostes, enquanto os 120 discípulos estavam orando juntos, preparando-se e aguardando pela promessa do Pai, de repente houve o som como de um vento impetuoso, que en­cheu toda a casa, e línguas como de fogo pousaram sobre cada um dos 120 discípulos. Eles foram cheios do Espírito Santo e come­çaram a falar em línguas a respeito das grandezas de Deus.
Sempre pensamos em Pentecostes em termos de sons e sinais. Somos mais atraídos por aquilo que é fenomenal. Somos interes­sados naquilo que é individual. Quando pensamos em Pentecos­tes, este é o modo como normalmente pensamos: pensamos no som – um vento soprando; pensamos nos sinais – línguas de fogo caindo; pensamos naquilo que é fenomenal – o falar em línguas; e pensamos naquilo que é individual – cada um foi cheio com o Espírito Santo e falava das grandezas de Deus. Essas coisas eram verdadeiras, mas o Pentecostes é muito mais do que isso. Precisamos entender a realidade, não o fenômeno. Precisamos entrar na realidade, não no que é exterior. A maravilha do Pente­costes não está no som ou nos sinais, não está nas coisas fenome­nais. A maravilha do Pentecostes é que Deus fez algo tremendo, grandioso, maravilhoso e glorioso. Qual o significado de Pente­costes? O que Deus fez naquele dia?
Eu creio que os 120 devem ter começado a se mover do cenáculo talvez para o Pórtico de Salomão, onde havia um lugar mais amplo, pois aquele era o local em que os discípulos, nos primeiros dias, usualmente se encontravam. Os rumores se espa­lharam e parecia como se toda a cidade houvesse se ajuntado; por­tanto aquele cenáculo era muito pequeno para abrigar todo o ocorrido. Evidentemente, eles devem ter-se deslocado para o Pór­tico de Salomão, e de lá Pedro se levantou com os onze e deu a primeira mensagem. Ele explicou o fenômeno que havia ocorrido porque o povo estava perplexo com tudo aquilo. Alguns até mes­mo disseram que eles estavam embriagados com vinho novo. Pedro disse: "Não! É cedo de manhã, 9 horas. Não é o que vocês estão pensando". Então, o que era aquilo? Pedro explicou o significado de Pentecostes.

O ESPÍRITO SANTO REALIZOU DUAS COISAS

“Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.”
(At 2:33)

O Senhorio de Cristo

O que aconteceu foi o resultado da exaltação de nosso Se­nhor Jesus. Quando nosso Senhor Jesus foi exaltado à mão direita do Pai, Ele recebeu de Deus Pai a promessa do Espírito Santo, e Ele O derramou do alto.

“Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”
(At 2:36)

Quando conectamos os versos 33 e 36 (os vv. 34 e 35 são parênteses), descobrimos o significado do derramamento do Es­pírito Santo, vemos o significado do batismo do Espírito Santo. Isso significa que Deus fez de Jesus ambas coisas, Senhor e Cris­to. Este é o significado de Pentecostes: o Espírito Santo desceu para testificar de uma coisa: Jesus é Senhor. Ele é Senhor de toda a terra. Ele é Cristo, o Ungido, aquele que realizou todo o propósito para o qual Deus O enviou. Ele não é apenas o Salvador, Ele é também o Sumo Sacerdote, o Cristo. O Espírito Santo veio para exaltar Cristo. Deus fez Jesus Senhor e Cristo, e, pelo Espírito Santo, nós reconhecemos Seu senhorio. Ele é o Cabeça; Ele é o único Cabeça do Universo. Ele é nosso Cabeça; Ele é o Cabeça da Igreja. Este é um lado do Pentecostes.
O outro lado está explicado em 1 Coríntios 12:13, pois, como sabemos, as epístolas explicam a história dos quatro Evangelhos e de Atos.
Todos Batizados em Um Corpo

“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.” (l Co 12:12)

O batismo com o Espírito Santo realiza duas coisas: a primei­ra é revelar a nós que Jesus é Senhor. Ele é Senhor de todos – o único Senhor, o único Rei, a única Cabeça. E também nos revela que em um Espírito todos nós fornos batizados em um só Corpo e todos nós bebemos de um só Espírito. Assim, temos, primeira­mente, o Cabeça e, então, temos o Corpo.
Os 120 discípulos no cenáculo eram a elite, a nata dos discí­pulos de nosso Senhor Jesus. Os onze apóstolos que haviam esta­do com o Senhor por mais de três anos estavam lá. Os outros irmãos que haviam seguido o Senhor desde os dias de João Batista até o momento que Jesus foi elevado ao céu estavam lá. Algumas mulheres estavam lá, incluindo a mãe de Jesus; e mesmo os ir­mãos do Senhor Jesus, segundo a carne, estavam lá. Lembramos de que, quando o Senhor estava sobre a terra, Seus irmãos carnais não criam Nele; todavia, após Sua morte e ressurreição, todos eles se converteram e creram Nele.
Cada um dos 120 discípulos tinha alguma história com o Senhor. Poderíamos dizer hoje que os 120 discípulos eram bons cristãos, a elite dos discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo, e todos eram devotados ao Senhor. Eles eram capazes de se reunir em total sintonia. É muito difícil 120 pessoas se reunirem em total sintonia. Serem capazes de se reunir concordemente por um minuto pode ser possível, mas por dez dias, perseverando unânimes em oração contínua, isso é impossível. Essa congregação de 120 membros não apenas orou por cinco minutos, mas fizeram contínua oração por dez dias. Creio que qualquer pastor desejaria ter uma congregação assim; todavia, era apenas uma congregação, um ajuntamento de 120 membros. Ainda não ha­via um crescimento orgânico conjunto. Por ser uma congrega­ção, eles podiam se reunir e podiam se separar. Não eram organicamente unidos. Mas a maravilha do Pentecostes é que naquele dia, em um Espírito, aqueles 120 foram batizados em um Corpo. Não eram mais uma congregação de 120 membros, eles se tornaram um Corpo com 120 membros. Você vê a diferença? Uma coisa é um ajuntamento externo; outra é uma união interna em um só corpo.

“E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” O Espírito Santo não somente veio sobre eles e lhes deu poder para serem testemunhas, mas veio para dentro deles, e a todos foi dado beber de um só Espírito. Isso é Pentecostes.
Sempre pensamos sobre o trabalho do Espírito Santo como Aquele que nos revela, convencendo-nos do pecado, da justiça e do juízo. Pensamos no Espírito Santo como Aquele que nos ge­rou. “Aquele que é nascido do Espírito é espírito.” Mas você sabe que, quando crê no Senhor Jesus, você não somente é nascido do Espírito, mas também, ao mesmo tempo, é batizado no Espírito em um Corpo?
O significado de Pentecostes é a liderança de Cristo e o Cor­po de Cristo. Não podemos separar a Cabeça do Corpo nem o Corpo da Cabeça. Temos de ver a Cabeça primeiro, e então nos damos conta de que somos Seu Corpo. Assim, a maravilha do Pentecostes é que, naquele dia, o Cristo ressurreto tomou sobre Si um corpo coletivo e, nesse corpo coletivo, Ele continua a fazer e a ensinar. E esta é a história da vida da Igreja.