"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando
as suas lâmpadas saíram ao encontro do seu noivo". Mateus 25.1
Mateus é o único dos quatro evangelhos que usa esta expressão: 'reino dos céus'. Isto porque o evangelho de Mateus foi escrito para os judeus e revela a Cristo como o filho de Davi, como o Rei dos reis (Mateus 1.6). O evangelho de Mateus é o primeiro dos quatro seres viventes que estavam ao redor do trono em Apocalipse 4, o que tinha a semelhança de um leão. Por isso ele é o primeiro dos quatro evangelhos.
O reino dos céus é um período dentro do reino de Deus, que iniciou na vinda de Jesus, com o princípio do seu ministério nesta terra, e terminará no final do reino milenar: "Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus... Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força" Mateus 4.17 e I Coríntios 15.24.
Quando Jesus proferia uma parábola, ele não tinha como intenção contar uma estória, mas uma verdade expressada por um exemplo. A parábola é um ensino da verdade em mistério, acessível apenas aos seus discípulos: "E, acercando-se dele os discípulos, disseram-lhe: Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado" Mateus 13.10-11.
O evangelho do reino é ensino para os salvos, já o evangelho da graça são as boas novas para os não salvos, e deve ser exposto com clareza.. O ensino é só para os discípulos, por isso é que Jesus falava a eles em parábolas.
Jesus usa esta parábola quando proferia um sermão sobre a sua segunda vinda, que vai desde Mateus 24, até o final do capítulo 25. Isto nos mostra que Jesus falava por essa parábola do reino milenar e não de salvação ou perdição. Ele falava do que viria depois da sua segunda vinda.
Jesus, praticamente em todo o seu ministério neste mundo, falou do reino milenar. Quando vemos Jesus falando, se não discernirmos a diferença de salvação e reino vai nos parecer que a salvação é por obras, e que também podemos perdê-la se não continuarmos perseverando nas obras. Creio que disto provém toda a confusão entre os cristãos.
Não é isto. A salvação é totalmente pela graça e é eterna, mas o reino é alcançado como galardão, pelas boas obras em Cristo, e será temporário: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie... Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" Efésios 2.8-9 e I Coríntios 3.14-15.
Nesta parábola das dez virgens e na parábola dos talentos Jesus fala deste reino. A diferença é que na parábola das dez virgens Ele fala acerca dos que já morreram, dos que já dormiram em Cristo, e na parábola dos talentos, dos que estiverem vivos na sua vinda. Nas dez virgens ele identifica isto quando diz: "E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram" (v.5). Na dos talentos diz: "Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles" (v.19).
Esta parábola fala de todos os regenerados, já que a virgindade é a característica de uma nova criatura (II Coríntios 11.2), e o dez significa o número completo, até o último e um tempo limitado (Apocalipse 2.10). Isto é, esta parábola fala de todos os santos que já dormiram em Cristo e que aguardam a ressurreição, mas cinco eram prudentes e cinco insensatas, néscias, loucas.
Não só a virgindade, mas o óleo na lâmpada mostra a regeneração delas, o novo nascimento, o nascimento no Espírito, pois o espírito do homem é a lâmpada do Senhor (Provérbios 20.27), e o óleo na lâmpada é o seu Espírito (Zacarias 4.1-6). Mas notem algo importante no verso 8 de Mateus 25: as lâmpadas das insensatas estavam se apagando. Isto nos mostra claramente que não é uma questão de salvação, mas de reino, pois o próprio Senhor disse em Isaías 42, no verso 3: "A cana trilhada não a quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça".
O verso 7 nos traz outra revelação graciosa, que todos os salvos irão ressuscitar juntos. À voz do noivo todas despertaram do sono, todas se levantaram como diz o texto. As Escrituras só falam de duas ressurreições, da primeira e da segunda. A primeira é para os santos, e a segunda é para todos os que restarem: "E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos" Apocalipse 20.4-6.
No que estava a diferença das cinco insensatas para as prudentes? Somente o óleo na botija. E o que significa o óleo na botija, já que na lâmpada todas tinham? A comunhão dos santos, o enchimento do Espírito pela Igreja do Senhor. Paulo nos ensina isto quando diz: "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração" Efésios 5.18-19.
O óleo para as botijas só se adquire na comunhão dos santos, através de todos os santos (Efésios 3.18). É o óleo que desce da cabeça que é Cristo, até a orla dos vestidos que é a Igreja (Salmo 133). Somente esta comunhão pode encher as botijas, nos encher do Espírito. É o óleo da unção, da unção que permanece em nós (I João 2.27). Já as insensatas, que desprezaram esta comunhão, e que dependiam dos mercadores, na volta do Senhor ficarão de fora.
Mas quem são os mercadores que elas foram comprar óleo quando o noivo voltou (v.10)? Esses são os escolhos em nossos ágapes, os que se banqueteiam com os cristãos; pastores que se apascentam a si mesmos sem temor. Os que por amor do lucro se atiraram no erro de Balaão (Judas 1.11-12). Os que têm os olhos exercitados na ganância (II Pedro 2.14).
Esses mercadores vendem o óleo. Fazem dos cristãos negócio. Os insensatos que dependem dos mercadores conseguem manter as suas lâmpadas acesas, mas nunca terão as suas botijas cheias de óleo como os prudentes. Nisto é que está a insensatez. Eles vendem porque são mercadores e o juízo para eles será severo, mas a insensatez ou loucura está em depender e confiar as nossas vidas aos mercadores.
O Senhor nos ensina que o pavio que fumega, que está quase se apagando, não será apagado por Ele. A salvação permanece como graça eterna na vida desses cristãos. O prejuízo será no reino. Temporário, mas doloroso. Como diz o Senhor: "com choro e ranger de dentes".
Naquele dia os insensatos não poderão tomar desse óleo que somente pode ser adquirido na comunhão dos santos, e os mercadores continuarão sem poder supri-los para levá-los ao reino. Portanto, meus amados irmãos, não sejamos néscios ou insensatos, mas procuremos saber qual é a vontade do Senhor (Efésios 5.17). Amém
Por: Irmão Edward Burk (Londrina-PR)
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