sábado, 31 de outubro de 2009

Igreja chinesa abençoa outros, apesar das dificuldades


Veja como os irmãos da China precisam das nossas orações e como as perseguições e dificuldades têm amadurecidos estes irmãos.

Temos muito a aprender com eles, pois aqui no Brasil, podemos adorar ao nosso Deus sem as perseguições que acontecem na China e em outros países e muitas vezes não damos importância à comunhão da Igreja e as reuniões, enquanto aquele povo gostaria de ter a mesma liberdade que nós.


Texto extraído do site Missões Portas Abertas: http://www.portasabertas.org.br/


Na década de 1990, a Portas Abertas começou a fornecer Bíblias e livros para uma igreja doméstica na costa leste da China. A igreja enviava cristãos a Guangzhou, sul da China, para receber as Bíblias. Uma vez, a igreja enviou três irmãos para buscar um carregamento de Bíblias. Colaboradores da Portas Abertas haviam preparado seis sacolas de material, quatro delas com pequenas Bíblias e outras duas com Bíblias de estudo, que eram quatro vezes maiores que um livro normal e muito mais pesadas. Quando os irmãos viram as Bíblias de estudo, o semblante deles mudou, os colaboradores perguntaram se eles não gostaram do material. Um dos chineses respondeu: “Queríamos que todas as sacolas tivessem Bíblias pequenas. Estamos felizes com as Bíblias de estudo, mas seria bom se vocês pudessem trazer mais, para que mais irmãos possam ler e ter o seu próprio exemplar da Palavra de Deus.” Essa era a necessidade naqueles dias. A Portas Abertas continuamente levava as Escrituras e outros livros até que a carência fosse diminuída e a Igreja pudesse adquirir a Bíblia nas igrejas do Estado. Com a provisão de materiais, aquela igreja passou a ter 120 mil membros em 2008. Próspera para dividir Quando a China iniciou sua reforma econômica, aquela igreja começou a prosperar financeiramente. Como forma de manifestar o amor de Deus, ela começou a servir sua comunidade. Essa igreja reagiu prontamente ao terremoto na província de Sichuan, em maio de 2008. Embora estivesse a mais de 2 mil quilômetros de distância da área atingida, na primeira semana após o desastre, a igreja arrecadou 440 mil dólares para doar a uma ONG aprovada pelo governo. Depois disso, fizeram outra doação de 1,4 milhão de dólares. A igreja também participou de um projeto de renovação para uma vila que teve o curso de seus dois rios alterados pelo terremoto. Os rios eram a única fonte de água para a vila. Com o terremoto, o leito dos rios ficou muito longe, e os aldeões tinham de carregar potes de água por uma trilha na montanha, cheia de curvas. Os mais jovens conseguiam, mas os mais moradores mais velhos tinham muita dificuldade. Seria necessária uma grande quantidade de água para o projeto de renovação da vila, mas a falta de uma fonte prejudicaria o processo e a volta à vida normal. A dedicada igreja decidiu construir uma barragem e bombas para levar água até a vila. As bombas tiveram de ser construídas em meio à floresta. Toda a construção gastou 5 mil tijolos, 4 toneladas de cimento, 10 metros cúbicos de areia e mais de 6 mil metros de canos. A maioria do material teve de ser levada à mão. Com dez equipes voluntárias, a igreja construiu todo um sistema de transmissão de água para cada casa daquela vila. Outro projeto criado por eles foi o de estabelecer um centro comunitário para dar aconselhamento e educação às mulheres e crianças afetadas pelo desastre. Pronta para influenciar Hoje, entre 5 a 6% da China é cristã. Pensando nos padrões ocidentais, isso é suficiente para causar um impacto significativo nos valores da nação. Historicamente, o governo chinês tentou suprimir o cristianismo, mas o tempo proveu ser isso impossível. Nos últimos 30 anos, a Igreja tem visto um crescimento inédito, uma vez que a perseguição estimulou os cristãos a fortalecer sua fé e a evangelizar. Segundos pesquisadores, a Igreja não-registrada se tornou a organização mais organizada e internacionalmente conectada da China. A Igreja pode anunciar um novo sistema de coexistência, já que é grande o bastante para influenciar a sociedade cada vez mais. Depois do terremoto em Sichuan, quase 1 milhão de voluntários ajudaram, e 63% deles eram cristãos, segundo o Ministério de Assuntos Civis. Os cristãos contribuíram com 11% das doações feitas a ONGs aprovadas pelo governo. Um ano depois do terremoto, a maioria dos voluntários que permanece na região é cristã, e o amor de Deus continua a restaurar um mundo despedaçado, por meio de palavras e ações. Pedidos de oração • Ore para que o governo reconheça a população cristã como um grupo social significativo e estabeleça práticas justas para incluí-los na sociedade. Assim, os cristãos terão mais oportunidades de abençoar, influenciar e estar envolvidos com a comunidade. • Ore para que os cristãos possam testificar publicamente sua fé em Deus e amar a sociedade. • Ore para que a igreja não registrada e a Igreja do Estado se unifiquem, a fim de que haja uma só Igreja na China.


Fonte: Missão Portas abertas

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O PERIGO DE ELIMINAR O INSTRUMENTO HUMANO

Para todo erro extremista, há outro erro, igualmente perigoso, no extremo oposto. Isso parece óbvio, mas na prática é muito difícil evitar esses erros do extremo oposto, pois as reações costumam dificultar uma visão mais equilibrada. Ao identificar a terrível e generalizada tendência humana de tomar a glória de Deus para si mesmo, poderíamos até concluir que, neste caso pelo menos, não existiria o outro extremo como perigo a evitar. Afinal, quanto mais o homem se ocultar e desaparecer para que somente Deus tenha liberdade de agir, não é melhor? Entretanto, usando o exemplo clássico de um avivamento do século passado, Rick Joyner mostra que aqui, também, existe o perigo do extremo oposto!

Quase todo avivamento ou mover de Deus, tanto nas Escrituras quanto na história, foi iniciado pela instrumentalidade de um único indivíduo. Embora muitos outros possam ter sido importantes na preparação, na sustentação e na continuação do mover, Deus geralmente tem escolhido uma pessoa em particular como canal para conduzir seu povo a um novo passo no seu plano eterno.

Como bem sabem os que têm tomado o tempo para estudar os movimentos de Deus no passado, este, sem dúvida, tem sido um dos pontos mais vulneráveis no plano de Deus: muitos líderes e avivamentos têm naufragado justamente porque o instrumento humano tomou o lugar de Deus.

No avivamento do País de Gales, em 1904, porém, aconteceu justamente o contrário. O instrumento que Deus estava usando saiu de cena antes da hora, o que também causou um fim prematuro ao avivamento.

Uma Liderança Muito Discreta

Estamos referindo-nos, obviamente, a Evan Roberts. Embora não fosse um líder dinâmico, nem mesmo um bom pregador, ele era indiscutivelmente a centelha que Deus usou para acender o fogo naquele lugar.

Sua liderança era discreta e variava de acordo com a orientação de Deus para cada ocasião. Por vezes, entrava numa reunião, sentava-se à frente, mas não dizia nada por três horas. Depois, levantava-se, pregava e orava por uns dez ou quinze minutos e sentava-se de novo. Outras vezes, pregava o tempo todo ou orava o tempo todo. Com freqüência, ficava sentado em silêncio durante toda a reunião.

Evan Roberts não permitia que suas reuniões ou visitas a uma outra cidade fossem anunciadas com antecedência superior a um ou dois dias da sua chegada. Ainda assim, limitava-se a dizer que esperava estar num certo lugar a uma certa hora. Ele fugia de repórteres e temia a adulação. Muitas vezes, retirava-se das reuniões quando sentia que o povo havia vindo para ouvi-lo em vez de ao Senhor. Nas reuniões em que se sentiu o centro da atração, ele apelou com um coração angustiado para que as pessoas se voltassem para Cristo apenas, a fim de que o Espírito Santo não se retirasse.

Embora tivesse se tornado o pregador mais mencionado pela mídia daquele tempo, ele sempre se recusava ser entrevistado por repórteres vindos do mundo todo. Não se deixava fotografar, exceto pelos membros da sua família. Ele sabia que esse despertamento era de Deus e não dele mesmo e que, se as pessoas o idolatrassem, a glória seria removida. Ele nem mesmo respondia aos pedidos que vinham de editoras do mundo todo, querendo publicar a sua biografia. Seu grande temor era que, assentindo a essas coisas, poderia estar roubando uma pequena fração da glória que era devida somente ao Senhor.

Foi essa determinação de Roberts que manteve o povo com o foco centrado corretamente no Senhor e contribuiu para que eles pudessem continuar com a bênção da presença do Espírito por todo o tempo em que o avivamento foi dado.

O Erro de Anular o Instrumento Humano

Porém, como acontece com muitos líderes, sua maior força transformou-se em sua maior vulnerabilidade. Evan Roberts temia tanto a possibilidade de tomar a atenção que era devida apenas ao seu amado Senhor que, em 1906, ele atendeu ao conselho de Jessie Penn-Lewis e retirou-se definitivamente do ministério, passando a viver em reclusão o resto da sua vida. Ele nunca mais foi ativo no ministério, e o avivamento, em pouco tempo, arrefeceu-se.

Não há dúvidas de que Jessie Penn-Lewis era uma serva de Deus, usada pelo Senhor de várias maneiras, especialmente através dos seus escritos. Porém, no seu zelo de combater o foco do avivamento no homem, ela cometeu um grave erro: contribuiu para que o instrumento que Deus estava usando fosse anulado.

Alguns têm argumentado que, se tivesse sido um verdadeiro avivamento, a saída de um homem não teria feito nenhuma diferença. No entanto, as Escrituras e a história testificam de modo diferente. Por ter o Senhor dado sua autoridade aos homens, ele sempre olha para os homens que estão na brecha, quando deseja mover-se na Terra. Somente Deus pode acender o fogo do avivamento, mas ele se move através de homens.

Tal como João Batista, Evan Roberts recebeu o encargo de preparar o caminho do Senhor, apontar para ele e ter a disposição de diminuir enquanto ele crescesse. Entretanto, era importante que João não diminuísse antes de o Senhor crescer; este é o ponto em que muitos que estão buscando o mover de Deus falham.

O Senhor deu a João Batista uma unção que inflamou toda uma nação, de modo que tanto os grandes como os pequenos foram até ele. Somente depois de ter conquistado a atenção da nação é que ele apontou para aquele que é o maior. João teve que permitir que o Senhor o levantasse por algum tempo, ou ele não teria como cumprir o seu propósito.

É verdade que muitos que alcançam uma posição de destaque acabam querendo permanecer ali, não querendo diminuir ou ceder o espaço quando a presença do Senhor vem crescendo. Isso, porém, não invalida o fato de que muitos outros nunca chegam à posição de poderem apontar para o Senhor e testificar dele, porque não querem ser elevados à posição em que isso seria possível.

Desde o princípio, foi propósito de Deus usar as pessoas para fazer a sua obra. O Senhor plantou o jardim, mas colocou o homem nele para cultivar e guardá-lo. Ser usado grandemente por Deus não é roubar a sua glória, mas mostrá-la de uma forma maior – contanto que continuemos, como João Batista e Evan Roberts, a apontar para ele.

Geralmente, é um espírito maligno, um espírito religioso de falsa modéstia, que procura negar ao homem esta união com Deus em sua obra, com enganos idealistas de que o homem estaria recebendo uma parte maior de sua glória. É correto reconhecer que o homem é apenas o “vaso terreno” e que a glória é toda de Deus, mas é uma idéia humana negar que a glória do Senhor possa estar num vaso terreno.

Para recebermos a graça de Deus, precisamos entender que ele usa as coisas tolas para confundir as sábias, as fracas para confundir as fortes. Antes de sua partida, o Senhor Jesus falou: “Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor” (Mt 23.39, ênfase acrescentada). Desse modo, ele estava declarando que, daquela hora em diante, nós não o veríamos mais a menos que abençoássemos e aceitássemos aqueles que fossem por ele enviados.

Extraído e adaptado de “Sombras das Coisas Que Virão”, Volume 2, Rick Joyner, Danprewan Editora. Mais informações sobre o ministério de Rick Joyner no site:www.morningstarministries.org.

por Rick Joyner

Nicolaísmo, surgimento e crescimento do clero. F. W. Grant

Extraído do site http://www.verdadespreciosas.com.ar/Traduzido para o Português pelos irmãos da cidade de Alegrete-RS

A maioria dos cristãos estão tão acostumados a um sistema de clérigos e laicos em suas “igrejas”, que se assombram ou até se enfurecem quando este sistema é questionado. Parece-lhes muito correto que haja um pastor ou ministro que se encarregue de uma igreja; e o fato de que tudo pareça funcionar muito bem sob este regime, se argumenta como prova de sua validez. Neste tratado, Grant examina e refuta abertamente o sistema clérigo-laicista. Demonstra com clareza, à luz das Escrituras, que esta estrutura humana é um mal que têm causado grande perda ao povo de Deus. Mesmo que tenha sido escrito há mais de 100 anos atrás, as coisas não estão melhores hoje. Animo aos irmãos a lerem esta obra com uma mente livre de prejuízos e com a Bíblia aberta. Não queremos a opinião de Grant nem a minha nem a de ninguém, senão o que Deus pensa a respeito. Te rogo, pois, que faças uso do princípio escriturário que diz: “julgai todas as coisas, retende o que é bom” (1.ª Tessalonicenses 5:21). Quero mencionar um ponto ao qual Grant não havia referido, talvez porque em seus dias não era tão comum como hoje. Refiro-me ao uso do título de Reverendo em relação com um pregador. O Dicionário define Reverendo como um “epíteto de respeito aplicado ou anteposto ao nome de um clérigo. Digno de ser reverenciado; que merece reverencia” (Dicionário Webster; similarmente el DRAE). O termo aparece assim vertido em algumas versões da Bíblia no Salmo 111:9: “Santo e reverendo é seu nome”( Versão Reina Valera), aplicado ao nome de Deus, pelo que ninguém deveria aplicá-lo a sí mesmo. A medida que você ler este escrito se dará conta, sem requerer muita imaginação, do porquê ocorreram estas coisas. Quando os homens começaram a ocupar os postos de clérigos (isto é, uma classe dirigente que estava por cima do resto das pessoas, ou seja, dos laicos), almejaram um título que mostrava o respeito que supunham que lhes era devido. Um desses títulos foi o de “reverendo”, que soava muito respeitoso. Seguindo esta mesma direção, muitos “ministros” se sentem orgulhosos de exibir as iniciais que indiquem algum grau acadêmico, tal como “Doutor em Teologia”, etc. à continuação de seus nomes, para assinalar assim que são algo especial, que têm alguma capacidade especial transmitidas por escolas ou instituições religiosas humanas, ao invés de estarem plenamente capacitados pelo chamado e o ensinamento de Deus. Com as observações precedentes, recomendo esta revisão da obra do Sr. Grant a cada leitor, rogando que ajude a mostrar a cada verdadeiro filho de Deus seu grande privilégio de ter acesso direto a Deus, e pedindo também que exponha à nudez o perverso sistema que tem chegado a ser tão comum no cristianismo Atual.
“Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.... Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.” (Apocalipse 2:6,15, nas epístolas do Senhor dirigidas às igrejas de Éfeso e de Pérgamo). Nas cartas proféticas dirigidas às sete igrejas do Apocalipse 2 e 3 (as quais nos dão a história espiritual da Igreja desde o tempo dos apóstolos até a vinda do Senhor), a carta à igreja de Pérgamo segue após às cartas à igreja de Éfeso e a igreja de Esmirna. Pérgamo marca a terceira etapa do desvio da verdade por parte da Igreja e é historicamente fácil de reconhecer. Aplica-se ao tempo no qual, logo de haver atravessado as perseguições pagãs (Esmirna), a Igreja foi publicamente reconhecida e estabelecida no mundo. O tema principal da carta à Pérgamo é “a Igreja que mora onde está o trono de Satanás”. A palavra correta é «trono», e não «assento» (como diz na versão RV) . Satanás tem seu trono no mundo, não no inferno, o qual será sua prisão e no qual nunca reinará. Ele é chamado “o príncipe deste mundo” em João 12:31, 14:30 e 16:11. Portanto, morar onde está o trono de Satanás é assentar-se no mundo, sob o governo e a proteção de Satanás. Isto é o que as pessoas chamam a instituição da Igreja! Teve lugar sob o imperador romano Constantino, perto do ano 320 d.C. Mesmo quando a tendência da Igreja em unir-se com o mundo vinha aumentando por algum tempo, foi então quando ela saiu fora do lugar que lhe era próprio e ingressou nos lugares da antiga idolatria pagã. As pessoas chamam isto de “triunfo do cristianismo”, mas o resultado foi que a Igreja se posicionou com tal firmeza nas coisas do mundo como nunca antes. O lugar de liderança no mundo foi dela e os princípios do mundo a invadiram rapidamente. O nome Pérgamo indica isto. É uma palavra grega que significa casamento. O casamento da Igreja com qualquer coisa antes que Cristo venha a levá-la consigo (no arrebatamento), é infidelidade a Ele, com quem ela está desposada. Mas aqui está o matrimônio da Igreja e do mundo, o final de um noivado que havia começado a muito tempo antes. Antes do tempo deste «casamento», uma coisa importante se menciona na primeira carta à igreja de Éfeso, ainda que só de maneira incidental, pois ele não caracteriza a condição espiritual da assembléia de Éfeso. O Senhor lhes diz: “Mas tens isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço” (Apocalipse 2:6)! Entretanto, em Pérgamo temos mais que as obras dos nicolaítas; temos uma doutrina, e a Igreja, ao invés de recusá-la, a tolerava. Em seu tempo, os santos de Éfeso aborreciam as obras dos nicolaítas, mas em Pérgamo a permitiram e não condenaram aqueles que sustentavam a doutrina. Como temos de interpretar estes versículos? Falamos que a palavra nicolaítas é a única que temos para nos ajudar. Muitos têm realizado grandes esforços para intentar demonstrar que existiu uma seita dos nicolaítas —um grupo religioso chamado por esse nome— mas a maioria dos autores concordam em que essa hipótese é muito improvável. Mesmo se existiu tal seita, é difícil entender por que deveria haver nestas epístolas proféticas semelhante menção repetida e enfática de uma seita obscura acerca da qual a história nos possa dizer pouco ou nada. O Senhor denuncia solene e poderosamente: “a qual aborreço”. Ela deve ser especialmente importante para Ele, e também deve ser significativa na historia da Igreja, por pouco compreendida que possa ser. Além disso, a Escritura não nos encaminha à história da Igreja nem a nenhuma história para que interpretemos seus significados. A Palavra de Deus é seu próprio intérprete através do Espírito Santo e não temos que buscar em outras fontes para descobrir o que está ali. Do contrário, a interpretação da Escritura dependeria de homens eruditos que buscam respostas para aqueles que não tem os mesmos recursos ou atitudes, as quais, forçosamente, haveriam de serem aceitas sobre a base de sua autoridade somente! Ao largo da Escritura, o significado dos nomes é importante, e o significado de nicolaíta é chamativo e instrutivo. Por suposto, para aqueles que falavam grego, o significado lhes abriria resultado claro. Significa subjugador do povo. A última parte da palavra (Laos) é a palavra grega que designa ao «povo» e nosso termo de uso comum«laicos» deriva dela. Assim pois, os nicolaítas foram gente que estiveram submetendo ou reprimindo aos laicos —a massa do povo cristão— para assenhorearem indevidamente sobre eles. O que faz que isto seja mais claro ainda é que em Pérgamo temos também àqueles que sustentavam a doutrina de Balaão; um nome cuja semelhança no tocante a significado tem sido observada com freqüência. Balaão é uma palavra hebréia que significa destruidor do povo, um significado muito importante em vista de sua história. Balaão “ensinava a Balaque a por tropeço ante os filhos de Israel, a comer de coisas sacrificadas aos ídolos, e a cometer fornicação” (Apocalipse 2:14). Com este propósito instigou a Israel a mesclar-se com as nações, das quais Deus os havia separado com cuidado. A confusão dessa necessitada separação significou a destruição de Israel, enquanto prevalecera. De igual modo, a Igreja é chamada a sair fora do mundo, e é sumamente fácil aplicar o tipo divino neste caso. Assim, a estreita relação destes dois nomes (Balaão e nicolaíta), ajuda a confirmar o significado anterior de nicolaíta. Observemos o desenvolvimento do nicolaitismo. No princípio (e só estou traduzindo a palavra), certas pessoas adotaram uma posição de superioridade sobre o povo. Suas obras demonstraram o que eram. Ainda não há doutrina na carta à igreja de Éfeso, mas uma doutrina, ou ensinamento, se estabeleceu já em Pérgamo. Agora o lugar de liderança é assumido para ser deles por direito. A doutrina —o ensinamento sobre isto— é aceita ao menos por alguns, e a Igreja se vê indiferente ante esta situação. O que tem sucedido entre as obras dos nicolaítas e a doutrina? Tem surgido um partido ao qual o Senhor assinala como daqueles que diziam que eram judeus e não o eram, mas que eram a “sinagoga de Satanás”, o esforço demasiado exitoso de Satanás de judaizar a Igreja, de fazer que a Igreja fosse como o judaísmo do Antigo Testamento. O judaísmo foi um sistema probatório; um sistema de prova, para ver se o homem podia produzir uma justiça tal que agradasse a Deus. O resultado da prova foi que Deus disse “não há justo, nem sequer um” (Romanos 3:10). Só então Deus pode mostrar sua graça. Enquanto estivesse submetendo a prova ao homem, Deus não podia abrir o caminho a Sua própria presença, e justificar ai ao pecador. Ele teve que manter afastado ao homem entretanto perdurará aquela prova, para que sobre aquele fundamento (as obras dos homens) nenhum pudesse ver a Deus e viver. Não obstante, a natureza essencial do cristianismo é que todos são bem vindos. Há uma porta aberta e um acesso direto a Deus. O sangue de Cristo habilita a cada pecador a aproximar-se de Deus, e a encontrar justificação por Ele. Ver a Deus em Cristo é viver, não morrer. Por isso, aqueles que lhe tem encontrado pelo caminho do sangue que fala de paz, são considerados aptos e ordenados para tomar um lugar distinto de todos os demais, porque agora eles são Seus, são filhos do Pai e membros de Cristo, de Seu corpo.
Essa é a verdadeira Igreja, um corpo chamado a sair fora, separado do mundo. Leia 1.ª Coríntios 12 e Efésios 1:22-23. O judaísmo, por outro lado, incluiu a todos os judeus. Nenhum podia tomar um lugar com Deus. Por conseguinte, a separação entre judeus piedosos e não piedosos, era impossível. O judaísmo foi uma necessidade prevista por Deus; mas instaurar novamente o judaísmo, depois que Deus lhe houve posto fim, não tinha sentido. Pelo contrário era o muito exitoso trabalho de Satanás contra o evangelho de Deus e Sua Igreja. Deus apelidou a estes judaizantes como a “sinagoga de Satanás”. Agora podemos entender como quando o verdadeiro caráter da Igreja se perdeu de vista, quando o significado de «membro da Igreja» chegou a ser gente batizada com água no lugar de ser com o Espírito Santo; quando o batismo com água e com o Espírito Santo foram considerados a mesma coisa (e isto chegou a ser aceito como doutrina prematuramente na história da igreja), a sinagoga judaica foi, na prática, estabelecida novamente. Cada vez foi sendo mais difícil falar de cristãos que houvessem feito a paz com Deus ou ainda que fossem salvos. Eles esperavam ser, e os sacramentos e ordenanças chegaram a ser meios de graça para assegurar, no possível, uma salvação muito distante. Vejamos como isto contribuiu à doutrina dos nicolaítas. A medida que a Igreja chegou a ser uma «sinagoga», os cristãos vieram a ser, na prática, o que foram os judeus da antigüidade, quando não havia em forma alguma nenhuma aproximação real a Deus. Inclusive o Sumo Sacerdote, quem (como tipo de Cristo) entrava ao Lugar Santíssimo uma vez ao ano, tinha que cobrir o propiciatório com uma nuvem de incenso para não morrer. Os sacerdotes comuns só podiam entrar no Lugar Santo, e as pessoas nem sequer podiam entrar ali. Tudo isto estava expressamente designado como um testemunho de sua condição espiritual. Era a conseqüência de seu fracasso espiritual, por quanto o oferecimento feito por Deus a eles em Êxodo 19 foi este: “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa” (v. 5, 6). Assim pois, a Israel se lhe ofereceu, condicionalmente, uma igual possibilidade de acesso íntimo a Deus. Todos eles haviam de ser sacerdotes. Mas isto foi revogado porquanto quebraram o pacto. Então, os membros de uma família especial (Levi) foram postos como sacerdotes, e o resto do povo foi colocado em um segundo plano. Assim, um sacerdócio separado e intermediário caracterizou ao judaísmo. Não havia nenhum labor missionário; nenhuma saída ao mundo; nenhuma provisão, nenhuma ordem para pregar a Lei em absoluto. Em efeito, o que podiam dizer? Que Deus estava em uma densa obscuridade e que ninguém podia ver-lhe e viver. Essas não eram boas novas. Assim, a ausência do evangelista e a presença do sacerdócio intermediário contavam a mesma triste história. Tal era o judaísmo. Quão diferente é o cristianismo! Nem bem a morte de Cristo houve rasgado o véu (entre o lugar santo e o lugar santíssimo, indicando um acesso a Deus para todos os sacerdotes) (Mateus 27:51), e houve aberto o caminho até a presença de Deus, então, de imediato, houve um Evangelho, e a nova ordem foi: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). Deus agora está fazendo-se conhecer ao mundo inteiro. A intermediação sacerdotal terminou, dado que todos os cristãos agora são sacerdotes para Deus. O que foi oferecido a Israel condicionalmente, é agora um ato incondicional e consumado no cristianismo. Nós somos um reino de sacerdotes; e é Pedro (ordenado pelos homens como o cabeça do ritualismo) quem anuncia as duas coisas que destroem por completo o ritualismo. Primeiro, nos diz que somos “nascidos de novo”, não por batismo, senão “pela Palavra de Deus que vive e permanece para sempre”. Segundo, em lugar de uma casta de sacerdotes, ele diz a todos os cristãos: “Vós também, como pedras vivas, sede edificados como casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo” (1.ª Pedro 1:23; 2:5). Hoje, nosso louvor e ação de graças, e ainda nossas vidas e nossos corpos, tudo deve ser sacrifício espiritual para Deus (Hebreus 13:15, 16; Romanos 12:1). Esta deve ser a verdadeira obra sacerdotal de nossa parte, e só deste modo se conseguirá que nossas vidas adquiram seu próprio caráter. Estes sacrifícios são o serviço de oferendas de gratidão daqueles capacitados para aproximarem-se a Deus. No judaísmo —permita-me repetir— ninguém se aproximava a Deus. Assim pois, sempre que se encontra uma casta sacerdotal, isto significa a mesma coisa, ou seja, para a grande massa de pessoas, Deus está fora, distante e obscuro.O SIGNIFICADO DE UM CLEROVamos ver agora o que significa um clero. É a palavra que assinala a uma classe especial de pessoas, distinguida dos «laicos» por haver se entregado a coisas espirituais e por ter um lugar de privilégio em relação com estas coisas sagradas que os laicos não têm. Atualmente, esta classe especial está sendo atacada por duas razões, ainda que esteja longe de desaparecer. Primeiro, Deus está projetando luz com respeito a este assunto. A segunda razão é puramente humana: a época é democrática, e os privilégios de classes estão desaparecendo. Mas,que significado tem esta classe especial? Posto que é distinta dos laicos, e goza de privilégios que estes não tem, significa um aberto e real nicolaitismo, a menos que a Escritura avalie suas pretensões, posto que os laicos tem sido submetidos a eles! Mas a Escritura não utiliza tais termos e distinções de classe, nem os aplica a nossos tempos do Novo Testamento. Estes termos, «clérigo» e «laico», são pura invenção humana, que tem surgido depois que o Novo Testamento fora completado, ainda que em realidade o conceito que está detrás destes termos foi de fato importado do judaísmo do Antigo Testamento. Devemos ver o importante principio que está em jogo para entender por que o Senhor diz que aborrece as obras dos nicolaítas. Nós também, se estamos em comunhão com nosso Senhor, devemos aborrecer o que Ele aborrece. Eu não estou falando de pessoas (que Deus não me permita esse mal!), senão de uma coisa. Hoje estamos ao final de uma larga série de afastamentos de Deus. Como conseqüência, crescemos entre muitas coisas que tem chegado até nós como “tradições dos anciãos”, vinculadas com homens a quem honramos e amamos, e, admitindo sua autoridade, temos aceitado estas tradições sem sequer jamais haver analisado a questão por nossa própria conta à luz da Palavra de Deus. Reconhecemos sinceramente a muitos destes homens como verdadeiros servos de Deus, mas ocupando uma posição errônea. Eu me refiro à posição: à coisa que o Senhor aborrece. Deus não diz: «as pessoas que eu aborreço». Mesmo naqueles dias esta classe de mal não era hereditário como o é agora, e aqueles que espalhavam o mal tinham sua própria responsabilidade, nós, não obstante, não deveríamos envergonhar-nos nem temer estar onde o Senhor está. De fato, não podemos estar com Ele neste assunto, a menos que nós também aborreçamos as obras dos nicolaítas. Devemos aborrecer esta coisa porque significa uma casta ou classe espiritual —um grupo de pessoas que oficialmente tem um direito à direção em coisas espirituais, uma proximidade a Deus derivada de uma posição oficial, e não de poder espiritual—. Isto é realmente um ressurgimento, abaixo outros nomes, e com modificações, do sacerdócio intermediário do judaísmo. Este é o significado do clero. Portanto, o resto dos cristãos são só os laicos, os leigos, pagantes, em maior ou menor medida, à antiga distancia de Deus, à qual a cruz pôs fim. Agora podemos ver a razão do por que a Igreja tinha que ser judaizada antes que as obras dos nicolaítas pudessem amadurecer em uma doutrina. Sob o judaísmo, o Senhor até havia autorizado a obediência a escribas e fariseus que se sentavam na cadeira de Moisés (Mateus 23:2-3); e para que este texto se aplique agora, a cadeira de Moisés tinha que ser estabelecida na Igreja cristã. Uma vez que este teve lugar, e que a massa de cristãos fora degradada do sacerdócio do qual falou Pedro, a meros «membros laicos», a doutrina dos nicolaítas foi estabelecida.O MINISTÉRIO CRISTÃO Não me interpretem mal. Eu não ponho em dúvida a instituição divina do ministério cristão, posto que o «ministério» é característico do cristianismo. E se bem creio que todos os verdadeiros cristãos são ministros, eu não questiono um ministério especial e distintivo da Palavra, como dado por Deus a alguns e não a todos, mas para o uso de todos. Ninguém que seja verdadeiramente ensinado por Deus pode negar que alguns cristãos tenham o lugar de evangelista, pastor ou mestre. A Escritura ensina que todo verdadeiro ministro é um dom de Cristo, que o é por Seu cuidado como Cabeça da Igreja, e que é para Seu povo, que é algum irmão que tem seu lugar dado por Deus somente e que é responsável, em seu caráter de ministro, ante Deus somente. O miserável sistema clérigo-laicista degrada o ministro de Deus desse bendito lugar e faz dele pouco mais que a manufatura e o servidor dos homens. À vez que outorga um lugar de senhorio sobre pessoas que comprazem à mente carnal (a velha natureza), este sistema restringe ao homem espiritual, tanto ao gerar nele uma consciência artificial para os homens (o conselho da igreja, etc.), como ao obstaculizar sua consciência para estar corretamente diante de Deus. Permita-me estabelecer brevemente qual é a doutrina da Escritura sobre o «ministério». É muito simples. A verdadeira Igreja (Assembléia) de Deus é o corpo de Cristo; todos os membros são os membros de Cristo. Nas Escrituras não há mais condição de membros que esta: a de membros do corpo de Cristo, ao qual pertencem todos os verdadeiros cristãos; não muitos corpos de Cristo, senão um só corpo (Efésios 4:4); não muitas igrejas, senão uma só Igreja. Há um lugar diferente para cada membro do corpo pelo único fato de que ele ou ela são um membro. Nem todos podem ser o olho, ou ouvido, etc., mas todos eles são necessários, e todos são ministros em alguma forma, uns dos outros. Assim pois, cada membro tem seu lugar, não só em uma determinada localidade e para o benefício de uns poucos, senão para o benefício do corpo inteiro. Cada membro tem um dom “porque da maneira que em um corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros tem a mesma função, assim nós, sendo muitos, somos um corpo em Cristo, e todos membros uns dos outros. De maneira que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada...” (Romanos 12:4-6). Leia também 1.ª Coríntios 12:7.11; Efésios 4:7 y 1.ª Pedro 4:10, os que também demonstram que cada cristão possui um dom. Em 1 Coríntios 12, Paulo fala em detalhe destes dons e os chama por um nome significativo no versículo 7: “manifestações do Espírito”. Eles são dons do Espírito e, também, manifestações do Espírito. Eles se manifestam (se mostram) a si mesmos ali onde se encontram, onde há discernimento espiritual por gente que está mui próximo de Deus, em comunhão íntima com ele. Por exemplo, tomemos o Evangelho. De onde obtém seu poder e autoridade? É de alguma aprovação do homem, ou é de seu próprio poder inerente? Desafortunadamente, a tentativa comum de acreditar ao mensageiro, tira, em lugar de agregar, poder à Palavra. A Palavra de Deus deve ser recebida simplesmente por ser sua Palavra. Ela tem a capacidade de satisfazer as necessidades do coração e da consciência só por ser as boas novas de Deus; o Deus que conhece perfeitamente qual é a necessidade do homem e que, em conseqüência, tem feito provisão para ele. Todo aquele que tem sentido o poder do Evangelho sabe de Quem tem vindo o poder. A obra e o testemunho do Espírito Santo na alma não necessitam nenhum testemunho do homem que os suplementem. Mesmo a apelação do Senhor em seu próprio caso foi à verdade. Ele expressou: “Pois se digo a verdade, por que vós não me credes?” (João 8:46). Quando Ele falava na sinagoga judaica ou em qualquer outro lugar, era, aos olhos dos homens, só um pobre filho de carpinteiro, não acreditado por escola ou grupo de homens alguns. Todo o peso da autoridade humana esteve contra Ele. Ele inclusive repudiou “o receber testemunho dos homens”. Só a Palavra de Deus deve falar por conta de Deus. “Minha doutrina não é minha, senão daquele que me enviou” (João 7:16). E, como se aprovou a si mesma? Pelo fato de ser verdade! A verdade se fez conhecer àqueles que a buscavam; o que “quer fazer a vontade de Deus, conhecerá se a doutrina é de Deus, ou se eu falo por minha própria conta” (João 7:17). Em João 7 e 8, o Senhor lhes está dizendo: «Eu digo a verdade. a tenho trazido de Deus; e se esta é a verdade, e se procurais fazer a vontade de Deus, aprendereis a reconhecê-la como a verdade.» Deus não manteria as pessoas na ignorância e na obscuridade se procuravam fazer Sua vontade. Permitiria Deus que os corações sinceros fossem defraudados pelos muitos enganos que haviam em redor? É claro que não! Ele faz conhecer Sua voz a todos os que lhe buscam. Assim, o Senhor diz a Pilatos: “Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz” (João 18:37). “Minhas ovelhas ouvem minha voz, e eu as conheço, e me seguem”, e de novo: “Mas ao estranho não seguirão, senão fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” (João 10-27, 5).A verdade é de uma natureza tal que a desonramos se tratamos de convalidá-la para aqueles que são verdadeiros, como se ela não fosse capaz de evidenciar a si mesma. Deus mesmo inclusive é desonrado, como se ele não pudesse ser suficiente para as almas, ou para o que ele mesmo tem dado. Não, o apóstolo fala de “manifestação da verdade, recomendando-nos a toda consciência humana diante de Deus” (2.ª Coríntios 4:2). O Senhor diz que o mundo está condenado porque “a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más” (João 3:19). Não havia nenhuma falta de evidência. A luz estava ali, e os homens reconheceram seu poder para sua própria condenação, quando procuraram escapar dela. Da mesma maneira, no dom está a “manifestação do Espírito”, e é “dada a cada um para proveito” (1.ª Coríntios 12:7). Pelo simples fato de que um homem o tenha, ele é responsável de usá-lo; responsável ante Ele, quem não o tem dado em vão. A capacidade e o título para «ministrar» estão no dom, porque eu sou responsável de ajudar e de servir com o que tenho. Se os demais recebem ajuda, eles não necessitam perguntar se tenho autorização para ajudá-los.Este é o caráter sensível do ministério, o serviço de amor conforme a capacidade que Deus dá; serviço mútuo de uns aos outros e para todos, sem acepção ou a exclusão de uns a outros. Cada dom é adicionado ao tesouro comum, e todos são feitos mais ricos. A benção de Deus e a manifestação do Espírito são toda a autorização requerida. Nem todos são mestres, mas se aplica exatamente o mesmo princípio. O ensinamento é, entretanto, uma das muitas divisões do serviço para Deus, serviço que é rendido por uns a outros, de acordo com a esfera de seu ministério. Não havia acaso nenhuma classe ordenada (designada) na Igreja primitiva? Isso é uma coisa totalmente distinta. Havia duas classes de oficiais que eram regularmente designados ou ordenados.
Os diáconos ou servidores tinham a seu cargo os fundos para os pobres e outros propósitos, e eram eleitos, primeiro pelos santos para este posto de confiança, e logo nomeados pelos apóstolos, já fosse diretamente ou por aqueles autorizados pelos apóstolos para fazê-lo. Os anciãos foram uma segunda classe —homens de idade, como o indica a palavra— que foram nomeados nas assembléias locais unicamente pelos apóstolos ou seus delegados (Atos 14:23; Tito 1:5) como bispos ou supervisores para estarem atentos ao estado espiritual da assembléia. Os anciãos eram o mesmo que os bispos, como deduzimos claramente das palavras de Paulo aos anciãos de Éfeso (Atos 20:17,28), quando ele lhes exorta dizendo: “Portanto, olhai por vós e por todo o rebanho em que o Espírito Santo os tem posto por bispos.” Aqui os tradutores da versão Reina-Valera tem deixado sem traduzir a palavra grega «bispo» que significa «supervisor», e o mesmo podemos observar em Tito 1:5, 7: “Por esta causa te deixei em Creta, para que... e estabelecesses anciãos em cada cidade, assim como eu te mandei... porque é necessário que o bispo (supervisor) seja irrepreensível...”. O trabalho de um ancião era vigiar ou supervisar, e mesmo quando ser “apto para ensinar” (1.ª Timoteo 3:2) era uma qualidade muito requerida em vista de que os erros eram já rampantes, o fato de ensinar certamente não era algo limitado àqueles que eram “maridos de uma só mulher, que tenha a seus filhos em sujeição com toda honestidade”, etc. (Tito 1:6-9; 1.ª Timóteo 3). Esta foi uma prova necessária para um que seria ancião (ou bispo), “pois o que não sabe governar sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” (1.ª Timóteo 3:1-7). Qualquer que tenham sido os dons que tiveram os anciãos, eles os utilizavam da mesma maneira que faziam todos. O apóstolo Paulo ordena o seguinte: “Os anciãos que governam bem, sejam tidos por dignos de duplo honorários, especialmente os que trabalham em pregar e ensinar” (1.ª Timóteo 5:17). Mas se desprende claramente que eles podiam governar bem sem ocupar-se em trabalhar na Palavra e no ensino. O significado de sua ordenação ou nomeação era só este: aqui se tratava de uma questão de autoridade, não de dom. Foi uma questão de título para examinar com freqüência assuntos difíceis e delicados entre pessoas que não estavam dispostas a submeterem-se à Palavra de Deus. A ministração do «dom», não obstante, era uma questão totalmente diferente.MINISTÉRIO VS. CLERICALISMONosso penoso dever, agora, é contrastar esta doutrina da Escritura com os sistemas nos quais uma classe definida está consagrada formalmente a coisas espirituais, enquanto os laicos estão excluídos de dita ocupação. Este é o verdadeiro nicolaísmo: a sujeição do povo. O ministério da Palavra de Deus é completamente legítimo e nele estão aqueles que possuem dons e responsabilidades especiais (mas não exclusivamente) para ministrá-lo. Mas o «sacerdócio» é suficientemente distinto do «ministério» para ser reconhecido facilmente onde quer que seja reclamado ou exista. Os protestantes em geral negam que todo poder sacerdotal esta em seus ministros. Não tenho nenhum desejo de disputar sua honestidade nesta negação. Eles querem dizer que seus ministros não tem nenhum poder autoritativo de absolvição, e que eles não fazem da mesa do Senhor um altar no que se renove, dia após dia (como na missa católica romana), a perfeição do oferecimento único e suficiente de Cristo, negada por inumeráveis repetições. Eles tem razão com respeito a ambas as coisas, mas esta não é a história completa. Se analisarmos mais profundamente, encontraremos que existe um caráter sacerdotal de muitas outras maneiras. Podemos distinguir sacerdócio e ministério como segue: o ministério é para os homens, enquanto que o sacerdócio é para Deus. O que ministra traz a mensagem de Deus ao povo, falando, da parte de Deus, a eles. O sacerdote se dirige a Deus de parte do povo, falando no sentido inverso: de parte do povo, a Deus. O louvor e as ações de graças são sacrifícios espirituais. Eles são parte de nossas oferendas como sacerdotes. Agora, ponha uma classe especial em um lugar onde eles só, de forma regular e oficial, atuem dando louvores e ações de graças, e virão a ser um sacerdócio intermediário, mediadores entre Deus e aqueles que não estão tão perto Dele. A Ceia do Senhor é a mais completa e proeminente expressão pública da adoração e ação de graças cristã; mas, que ministro protestante ou pastor denominacional não o considera como seu direito e dever oficiais de administrá-la? A maioria dos «laicos» se abstém de administrá-la. Este é um dos terríveis males do sistema, pelo qual as massas cristãs são deste modo secularizadas (feitas mundanas). Ocupadas com coisas mundanas, pensam que não podem esperar ser espiritualmente como os clérigos. Deste modo, as massas são exoneradas das ocupações espirituais, para as quais crêem não reunir as mesmas condições que o clero. Mas isto vai muito mais além. “Porque os lábios do sacerdote tem de guardar a sabedoria” (Malaquias 2:7). Mas como pode o laico (que tem chegado a ser tal por haver abandonado seu sacerdócio voluntariamente) ter a sabedoria pertencente a uma classe sacerdotal? A falta de espiritualidade à qual se tem desprezado a si mesmos não lhes permite conhecer as coisas espirituais. Assim, só a classe ocupada nas coisas espirituais vem a ser intérprete autorizada da Palavra de Deus. Deste modo, o clero vem a ser os olhos, ouvidos e boca espirituais dos laicos. De qualquer maneira, esta organização convém à maioria das pessoas. O «clericalismo» não tem começado simplesmente porque uma classe de homens que quiseram dirigir assumiram o lugar de liderança. Esta miserável e anti-bíblica distinção entre clero e laicos nunca poderia ter ocorrido de maneira tão rápida e universal se não estivesse tão bem adaptada ao gosto daqueles a quem substituiu e degradou. No cristianismo, como em Israel, a profecia têm sido cumprida, “os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo.” (Jeremias 5:31). Ao sobrevir uma decadência espiritual, um que esta voltando ao mundo troca de boa vontade, como Esaú, sua primogenitura espiritual por uma mistura da sopa do mundo. Concede com gratidão sua necessidade de cuidar das coisas espirituais àqueles que aceitem esta responsabilidade. Uma vez que a Igreja perdeu seu primeiro amor e o mundo começou a introduzir-se através das portas pobremente protegidas, chegou a ser mais difícil para os cristãos tomar o bendito e maravilhoso lugar que lhes pertencia. Cada passo descendente só fazia mais fácil os passos subseqüentes, até que, em menos de 300 anos desde o começo da Igreja, um sacerdócio judaico e uma religião ritualista foram praticados em quase todas as partes. Só os nomes das coisas preciosas do cristianismo foram deixados. A realidade dos privilégios especiais e cada cristão individual havia desaparecido. ORDENAÇÃO
Observemos com maior detalhe um traço característico desta clerezia ou clericalismo. Notamos a confusão entre o ministério e o sacerdócio; a atribuição de um título oficial não escriturário, para as coisas espirituais, para administrar a Ceia do Senhor e para batizar, etc. Agora tratarei sobre ênfase posta por este perverso sistema sobre a ordenação (isto é, nomeação ou reconhecimento oficial). Quero que vejas o que significa ordenação. Primeiro, se consultamos o Novo Testamento, não encontraremos nada acerca de uma ordem para ensinar ou pregar. Encontraremos as pessoas que fazem livremente, usando um dom que tenham. A Igreja inteira foi dispersa fora de Jerusalém (exceto os apóstolos) e estas pessoas foram por todas as partes pregando a Palavra. As perseguições não as ordenaram. Não há rastro de outra coisa. Timóteo recebeu um dom de profecia pela imposição das mãos de Paulo, em companhia dos anciãos (2.ª Timóteo 1:6; 1.ª Timóteo 4:14); mas aquela era a comunicação de um dom, não uma autorização para usá-lo! A Timóteo, então, se lhe ordena que comunique seu próprio conhecimento a homens de fé, que foram capazes também de ensinar a outros (2.ª Timóteo 2:2), mas não há nenhuma palavra acerca de ordená-los. O caso de Paulo e Barnabé em Antioquia (Atos 13:1-4) fracassa como sustento do propósito com que alguns o querem usar, porque (da maneira como se pretende usar) profetas e mestres estariam obrigados a ordenar ao apóstolo Paulo mesmo, que recusa totalmente ser um apóstolo “dos homens ou por homem” (Gálatas 1:1). Ao contrário o Espírito Santo diz: “Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que (Eu) os tenho chamado” (Atos 13:2). Se trata aqui simplesmente de uma missão especial que eles cumpriram (Atos 14:26). O que significa ordenação nos círculos religiosos da atualidade? Pode você estar seguro de que significa muito; do contrario, os homens não contenderiam com tanto zelo por ele. Há duas formas de ordenação. Na forma mais extrema —como no caso dos católicos romanos e os ritualistas— à ordenação se o confere a atribuição de conceder tanto autoridade como poder espiritual. Os líderes da igreja se adotam, com todo o poder dos apóstolos, a faculdade de subministrar o Espírito Santo mediante a imposição de suas mãos. Deste modo, as massas do povo de Deus são descartadas do sacerdócio que Ele mesmo lhes tem outorgado, e uma classe especial é colocada em seu lugar para intermediar por eles de uma maneira que anula o fruto da obra de Cristo e os ata à «igreja» como o único meio de achar graça. Aqueles que aceitam uma forma mais moderada de ordenação, recusam reta e consistentemente essas pretensões anti-cristãs. Eles não pretendem conferir nenhum dom na ordenação, senão que só «reconhecem» o dom que Deus têm dado. Pero este «reconhecimento» é considerado necessário antes de que a pessoa possa batizar ou administrar a ceia do Senhor, coisas que não requerem nenhum dom especial em absoluto! Então, enquanto ao ministério, o dom de Deus estaria obrigado a requerer a aprovação humana, e é «reconhecido» em nome de Seu povo por aqueles a quem se considera que tem um «discernimento» que os cristãos laicos não tem. Cegos ou não, estes homens ordenados —o clero— vêm a ser os “guias dos cegos”, à vez que seus próprios corações são tirados do lugar de responsabilidade direta ante Deus e feitos indevidamente responsáveis ante o homem. Uma consciência artificial é feita para eles de parte daqueles que os ordenaram, e lhes são constantemente impostas condições as quais se tem que ajustar a fim de obter o reconhecimento requerido. Inclusive estes pastores ou ministros freqüentemente estão sob o controle de seus «ordenadores» no que respeita a sua senda de serviço. Em princípio, tudo isto é infidelidade a Deus, porque se Deus me tem dado um dom a fim de que o use para Ele, eu seria certamente infiel se comparecer a algum homem ou a um grupo de homens com o fim de solicitar sua permissão para usá-lo. O próprio dom acarreta a responsabilidade de usá-lo, como o temos visto. Se eles dizem que as pessoas podem cometer erros, eu estou de acordo, mas quem tem de assumir minha responsabilidade se estou equivocado? Além do mais, os erros cometidos por um «corpo ordenante» (ou «presbitério») são muito mais sérios que os de um indivíduo que meramente marcha sem haver sido enviado pelos homens, porque os erros do corpo ordenante são declarados sagrados e se prolongam no tempo pela ordenação que conferiu. Se a pessoa «ordenada» simplesmente se sustentara por seus próprios méritos, encontraria rapidamente seu verdadeiro nível; mas o corpo ordenante tem investido sobre ele um caráter que deve ser mantido. Equivocação de por meio ou não, ele é agora nada menos que um novo membro do corpo clerical, um ministro, mesmo quando não tenha realmente nada que ministrar. Ele deve ser mantido —deve ter sua «igreja»— por mais que esta se encontre em uma localidade pouco ilustre, onde as pessoas —tão amadas por Deus como qualquer— é posta sob seu cuidado e deve ficar sem se alimentar se ele não for capaz de alimentá-las. Não me acuse de sarcástico. O anterior é um fiel retrato do sistema do qual estou falando, sistema que envolve ao corpo de Cristo com vendas que impedem a livre circulação do sangue vivificante do ministério, que deveria estar fluindo de forma irrestrita através de todo o corpo. Aqueles que ordenam na atualidade devem provar que são ou apóstolos ou homens designados pelos apóstolos porque, segundo as Escrituras, nenhum outro tinha autoridade para ordenar (Atos 14:23; Tito 1:5). Aliás, devem provar que o «ancião» segundo as Escrituras pode não ser ancião de todo, senão um jovem, uma pessoa solteira, apenas saída de sua adolescência e que fora evangelista, pastor e mestre —todos dons de Deus envoltos em uma só pessoa—. Este é o ministro segundo o sistema: o tudo em todos para 50 ou 500 almas confiadas a ele como seu rebanho, no qual nenhum outro tem o direito de interferir. Seguramente a marca de «nicolaísmo», está posta sobre um sistema como este! Mesmo quando o ministro esteja espiritualmente dotado (e muitos estão, como outros muitos não estão), é improvável que tenha todos os dons espirituais. Suponha-se que seja um verdadeiro evangelista e que as almas se salvem; ele pode não ser um mestre, e ver-se assim incapacitado para edificá-las na verdade. Ou talvez tenha o verdadeiro dom de Deus de mestre, mas é enviado a um lugar onde há tão somente uns poucos cristãos e muitos de sua congregação são não convertidos. Não há conversões, mas sua presença ali, a causa do sistema sob o qual está trabalhando, mantém afastado (em diversos graus) ao evangelista que se necessitaria ali. Agradeçamos a Deus que Ele sempre esteja desbaratando estes sistemas, e que as necessidades possam ser supridas de algum modo irregular. Entretanto, esta provisão humana não é conforme o plano de Deus e por ele divide ao invés de unir. O sistema é o responsável de tudo isto. O ministério exclusivo de um só homem, ou de um número específico de homens em uma congregação, não tem Escritura que o sustente. A ordenação é o esforço para limitar todo ministério a certa classe e faz descansar a este na autorização humana e não no dom divino. E assim se nega aos demais membros do corpo —o rebanho de Cristo— a capacidade aprovisionada por Deus para ouvir Sua voz e logo comunicá-la. O resultado é que se dá ao homem a atenção que deveria ser dada à Palavra que ele traz. A pergunta prevalecente é: Está autorizado? Relativo à verdade do que fala, com freqüência é secundaria se ele está ordenado; ou talvez, diria eu, sua ortodoxia (sua retidão doutrinal) está estabelecida já de antemão para eles pelo fato de ser ordenado. O apóstolo Paulo não fora autorizado para ministrar conforme este plano. Houve apóstolos antes dele, mas ele não subiu a eles nem recebeu nada deles. Se houvesse uma «sucessão», ele a cortou. Paulo fez o que fez, de propósito, para mostrar que seu evangelho não era segundo os homens, nem derivado deles (Gálatas 1:1) e que não descansava sobre a autoridade humana. Se ele mesmo ou um anjo do céu (cuja autoridade pareceria concludente), anunciasse um evangelho diferente do que havia pregado, a sentença solene de Paulo é: “seja anátema” (Gálatas 1:8-9). Autoridade, então, não é nada, a menos que seja autoridade da Palavra de Deus. Esta é a prova: É isto conforme às Escrituras? “Acaso pode um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no buraco?” (Lucas 6:39). Dizer: «Eu não pude conhecer: confiei no outro», não o salvará do poço (o inferno para os não conversos, a pobreza espiritual e a perda da comunhão para os salvos), independentemente de quanta «autoridade» pretendeu ter o ministro que lhe guiou ao erro. Mas, como pode pretender o não espiritual e não instruído «laico» ter um conhecimento igual ao do educado e acreditado ministro, dedicado às coisas espirituais? Em geral, não pode. Ao invés de segurar por si e para si a Palavra de Deus, usando o poder do Espírito Santo que mora Nele para aprender as coisas espirituais (João 14:26), ele se submete àquele que, segundo supõe, deve saber mais e melhor. Assim pois, na prática, o ensinamento do ministro ou pastor substitui principalmente a autoridade da Palavra. Entretanto, ele mesmo não tem certeza em quanto à verdade ministrada. O laico não pode ocultar-se a si mesmo o fato de que os ministros não estejam de acordo entre si por mais doutos, bons e acreditados que sejam. Mas aqui o diabo intervém e sugere à pessoa incauta que a confusão é o resultado da imprecisão das Escrituras, quando em realidade é o resultado de fazer caso omisso das Escrituras. Opinião, não fé, há em todas as partes. Você tem direito a sua opinião, mas deve conceder a outros o direito a ter a própria. Você pode dizer «eu creio» enquanto não quer dizer «eu sei». Reclamar «conhecimento» seria reclamar que você é mais sábio e melhor que as gerações precedentes, as que creram de forma diferente. A infidelidade (incredulidade) logra prosperar desta maneira, e Satanás se regozija quando consegue que os pensamentos de muitos vibrantes comentaristas substituem a simples e segura voz divina. O que você necessita é a “espada do Espírito, que é a Palavra de Deus” (Efésios 6:17). Crês tu que «assim disse João Calvino» ou «Martinho Lutero» ou qualquer outro homem, impactará tanto a Satanás como: “assim disse o Senhor”? ¿Quem pode negar que tais pensamentos e práticas, estão em todas as partes e não restringidas unicamente aos católicos romanos e ritualistas? A tendência constante é a de desviar-se do Deus vivente, mesmo quando Ele está tão próximo dos seus hoje em dia como nunca antes na história da Igreja. Ele é, inclusive, tão capaz para instruir como sempre, e todavia está disposto a cumprir a palavra: “O que quer fazer a vontade de Deus, conhecerá se a doutrina é de Deus” (João 7:17). Os «olhos» da fé são os olhos do coração (do afeto por Deus), não olhos da cabeça. Deus tem ocultado dos sábios e entendidos o que revela às criaturas. A escola de Deus é mais efetiva que todos os seminários juntos, e nessa divina escola, laicos e clérigos podem ser iguais: “o espiritual julga (discerne) todas as coisas (1.ª Coríntios 2:15), pois tudo depende da condição espiritual individual. Não há substituto para a espiritualidade. O homem não pode gerar espiritualidade em outra pessoa mediante a ordenação nem mediante nenhum outro meio. Ordenação, em sua forma mais moderada, é o esforço do homem para realizar a manifestação do Espírito Santo. Mas se aqueles que ordenam cometem um erro (o são eles mesmos não espirituais e, por ele, incapazes de julgar) e seu «ministro» não tem nada que ver com a obra de Deus, eles simplesmente provêem guias cegos para os cegos.DISCUSÃO E SUMÁRIODeste modo, a santa Palavra de Deus sempre encomenda a si mesma ao coração e à consciência. O esforço de querer dar Sua aprovação ao sacerdócio romano ou à hierarquia protestante, fracassa em ambos os casos por estar sobre o mesmo terreno do nicolaísmo. Não, o nicolaísmo não é coisa do passado, não é doutrina obscura de épocas passadas, senão um gigantesco e difundido sistema de erro, frutífero em resultados malignos. O erro, ainda que mortal, pode perdurar por muito tempo. Não vá atrás dele por causa de sua antigüidade ou porque todo o mundo o segue. O Senhor aborrece este perverso sistema clerical. Se Ele o aborrece. Deveríamos sentir medo de ter comunhão com Ele neste assunto? Todos devemos reconhecer que há bons homens envolvidos neste sistema: homens piedosos e verdadeiros ministros, que levam sem saber o emblema dos homens. Que Deus os livre! Que possam deixar de lado suas ataduras e serem livres! Que possam elevar-se à verdadeira dignidade de seu chamamento e serem responsáveis ante Deus, caminhando diante Dele somente! Por outro lado, amados irmãos, é de grande importância que todos os integrantes de Seu povo, por diferente que seja seu lugar no Corpo de Cristo, estejam conscientes de que todos eles são ministros, assim como sacerdotes, sem exceção. Cada cristão tem deveres espirituais que emanam de suas relações espirituais com todos os demais cristãos. É o privilégio de cada cristão contribuir com sua participação ao tesouro comum dos dons espirituais com os quais Cristo tem dotado a sua Igreja. Um que não contribui com seu ministério, está retendo de fato o que é sua obrigação para com toda a família de Deus. Ninguém que possua sequer um aparentemente pequeno «talento», tem direito a ocultá-lo e não dobrá-lo. Tal ação é infidelidade e incredulidade.“Mais bem-aventurado é dar que receber” (Atos 20:35). irmãos, quando despertaremos à realidade destas palavras? Temos uma inesgotável fonte de regozijo, a qual é para benção, e se viermos a ela quando temos sede, rios de água viva correrão de nós. A fonte de águas vivas (a Palavra) não está limitada, para aquele que a recebe, pela quantidade que recebe dela. Ela é divina e, além disso, completamente nossa. Oh, conhecer mais desta plenitude e de toda a responsabilidade de sua possessão em um mundo espiritualmente seco e cansado! Oh, conhecer melhor a infinita graça que nos utiliza como o meio de seu passo aos homens! Quando estaremos em condições de entender nossa comum posição e doce realidade da comunhão verdadeira com Ele, quem “não veio para ser servido, mas para servir”? (Mateus 20:28). Oh, por um ministério não oficial!; que corações cheios transbordem dentro dos vazios para que muitos outros possam também estar cheios. Como deveria regozijar-nos —em um mundo de necessidade, miséria e pecado― o fato de encontrar constantes oportunidades para mostrar a capacidade da plenitude de Cristo para combater e ministrar a cada um das necessidades do mundo. Para resumir, pois, podemos afirmar que o ministério oficial é independência prática do Espírito de Deus. Diz que um homem deve transbordar, mesmo quando estiver vazio; e, por outro lado, que outro não deve transbordar, mesmo se estiver cheio. Propõe, ante a presença do Espírito Santo —que veio na ausência de Cristo para ser o Guardião de seu povo— assegurar a ordem e o fortalecimento mediante legislação ao invés de fazê-lo mediante poder espiritual. Provoca que o rebanho de Cristo deixe de escutar Sua voz, fazendo algo não necessário para eles. Deste modo sanciona e perpetua a não-espiritualidade individual, em lugar de condená-la e de evitá-la. No método de Deus para o tratamento da não espiritualidade, o fracasso humano pode tornar-se exteriormente mais evidente, pois Deus se interessa pouco em uma aparência exterior correta quando o coração não é reto para com Ele. Ele sabe que a habilidade para guardar uma correta aparência, com freqüência impede o juízo honesto, diante Dele, da verdadeira condição espiritual! Os homens repreenderiam a Pedro por sua tentativa de caminhar sobre aquelas ondas (Mateus 14:24-33), o qual evidenciou sua pouca fé. Entretanto, o Senhor só reprovou a pequenez da fé que o fez fracassar. O homem recomendaria o bote para o fracasso de Pedro em lugar do poder de sustentá-lo do Senhor, sustento que lhe fez provar a Pedro. De qualquer maneira, vento e ondas podem virar o bote, mas “o Senhor nas alturas é mais poderoso que o estrondo das muitas águas, mais que as fortes ondas do mar” (Salmo 93:4). Ao longo destes séculos de fracasso humano, tem provado alguém que Deus seja infiel? Amados, é vossa honesta convicção que é algo completamente seguro confiar no Deus vivente? Se é assim, então deixemos Deus trabalhar, por mais que devamos admitir que temos fracassado. Atuemos como se realmente confiássemos Nele.

Extraído do Blog: www.filhovarao.blogspot.com

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

AS QUALIDADES DA MULHER QUE DEUS QUER USAR

Na carta do apóstolo Paulo aos Colossenses é feita uma solene declaração em relação ao nosso Senhor Jesus Cristo: «Porque nele foram criadas todas as coisas, as que há nos céus e as que há na terra, visíveis e invisíveis; sejam tronos, sejam domínios, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por meio dele e para ele» (Col. 1:16).
Neste texto são afirmadas importantes verdades. Em primeiro lugar, com a expressão «todas as coisas» Paulo se refere à totalidade da criação; a que existe nos céus e a que existe na terra, visível e invisível. Portanto, refere-se não somente ao homem, os animais, as plantas e as flores, mas também aos anjos, arcanjos, querubins e serafins. Tudo foi criado em Cristo.
Em segundo lugar, a expressão «nele foram criadas todas as coisas» significa que todas as coisas foram criadas pensando no bendito Filho de Deus. Com efeito, ele é a causa de todas as coisas «e sem ele, nada do que foi feito se fez» (João 1:3b). Em terceiro e último lugar, o texto declara que tudo foi criado «para ele». Em outras palavras, tudo foi criado para expressar a Cristo. A multiforme graça e a multiforme sabedoria de Cristo requeriam ser expressas em inumeráveis criaturas, e criadas nas mais variadas e diversas formas, cores, desenhos, estilos, espécies e gêneros. Cada espécie de árvore e cada espécie de animal foram criadas para expressar um aspecto da beleza e a glória de Cristo.
Por conseguinte, isto que se prega de toda a criação visível e invisível, é também aplicável ao gênero humano, quer dizer, ao homem e à mulher. Ela foi criada muito distinta do homem e a principal razão deste fato é, como todas as demais coisas, poder expressar particularidades de Cristo através daquelas qualidades próprias da mulher. Estas características peculiares da mulher, através das quais Cristo deve ser expresso, fazem que a mulher tenha um lugar único e insubstituível no lar e na igreja.

A função específica da mulher na edificação da igreja
Qual é então a função específica da mulher na edificação da igreja? Aquela que tem relação com as características únicas da mulher. Ninguém mais poderá dar essa contribuição, porque só ela foi criada com essas qualidades.
A palavra grega para mulher é «guné» e aparece 214 vezes no Novo Testamento. Ao percorrermos por estes textos podemos descobrir diversos aspectos que se repetem e que parecem corresponder às qualidades próprias da mulher.

Caridade e generosidade
Por exemplo: Será casualidade o que dizem Mateus 27:55-56; Lucas 8:1-3 e Atos 9:36-39?
«Estavam ali muitas mulheres olhando de longe, as quais tinham seguido a Jesus desde a Galiléia, servindo-lhe, entre as quais estavam Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu».
«Aconteceu depois, que Jesus ia por todas as cidades e aldeias, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze com ele, e algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos maus e de enfermidades: Maria, que se chamava Madalena, da que tinham saído sete demônios, Juana, mulher de Cuza procurador de Herodes, e Suzana, e outras muitas que lhe serviam com seus bens».
«Havia então em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido quer dizer, Dorcas. Esta abundava em boas obras e em esmolas que fazia. E aconteceu que naqueles dias adoeceu e morreu. Depois de lavada, a puseram em uma sala. E como Lida estava perto de Jope, os discípulos, ouvindo que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, a lhe rogar: Não demore para vir a nós. Levantando-se então Pedro, foi com eles; e quando chegou, o levaram para a sala, onde lhe rodearam todas as viúvas, chorando e mostrando as túnicas e os vestidos que Dorcas fazia quando estava com elas».
Por que esses atributos caridosos e de generosidade estão associados nestes versículos só com mulheres? Em 1ª Timóteo, Paulo, falando das qualidades que deve ter uma viúva para ser sustentada pela igreja, diz: «que tenha testemunho de boas obras... se tiver praticado a hospitalidade; se tiver lavado os pés dos santos; se tiver socorrido aos afligidos; se tiver praticado toda boa obra» (5:10).
Talvez possa chamar a atenção a mais alguém que a equipe de Jesus estava composta também por mulheres. Elas, não só o acompanharam pela Galiléia, mas também foram com ele até Jerusalém. Mateus diz que «tinham seguido a Jesus desde a Galiléia, servindo-lhe...». Lucas especifica que elas «o serviam com seus bens». Alguma vez você se perguntou como Jesus foi sustentado durante o seu ministério? Onde e como comia? Quem lavava a sua roupa? Quem se preocupava destes aspectos, sem os quais ele não teria podido levar a cabo a sua missão? Pois bem, Jesus era acompanhado de muitas «Dorcas».
A mulher foi criada com a capacidade de amar entranhavelmente. A maternidade confirma isto. Esta capacidade faculta a mulher a doar-se por outros de maneira mais espontânea que os homens. A sua capacidade de amar entranhavelmente a faz pensar nos outros mais que em si mesma, e lhe permite desprender-se mais facilmente das coisas materiais que os homens. A mulher sempre sabe como fazer para economizar e para compartilhar até do pouco que possa ter.
Portanto, a misericórdia e a ajuda aos necessitados será sempre uma característica destacada das mulheres. Quando elas falham em ser fiéis à sua vocação, a igreja perde a sensibilidade social e a solidariedade.

Oração persistente
Será casualidade que Jesus, na hora de falar de orar sempre e não esmorecer tome uma mulher viúva como exemplo? (Luc. 18:1). O que há na mulher que faz com que ela seja precisamente uma mulher que diz: «Se tão somente tocar o seu manto, serei salva»? (Mr. 5:25-28).
Neste ponto, no entanto, não há melhor exemplo que o da mulher cananéia ou sirofenícia (Mt. 15:21-28): «Saindo Jesus dali, foi à região de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia que tinha saído daquela região clamava, lhe dizendo: Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de mim! Minha filha é gravemente atormentada por um demônio. Mas Jesus não lhe respondeu palavra. Então se aproximando os seus discípulos, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, pois vem gritando atrás de nós. Ele respondendo, disse: Não sou enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então ela veio e se prostrou diante dele, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos, e lançá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor; mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus amos. Então respondendo Jesus, disse: Oh mulher, grande é a tua fé; faça-se contigo como tu desejas. E a sua filha foi curada desde aquela hora».
À luz destes textos podemos dizer que a constância, a perseverança e a longanimidade (ânimo longo), são qualidades preponderantemente femininas. Até mais. Estas mulheres mostraram uma determinação a toda prova, capaz de ultrapassar toda barreira e vencer todo obstáculo.
A viúva da parábola brilha por sua insistência e tenacidade. O juiz da parábola, como era injusto, não tinha a mínima intenção de fazer justiça à viúva. No entanto, o incômodo que ela lhe produzia ao «vir continuamente» diante dele, moveu o juiz a lhe fazer justiça. A mulher que padecia de fluxo de sangue teve que abrir passagem entre uma grande multidão que apertava a Jesus (Mr. 5:24). A mulher cananéia, por sua vez, teve que sobrepor-se a aparente apatia e negativa de Jesus. Ele não pretendia desprezar a mulher nem ao menos rejeitá-la, mas, ao contrário, Jesus procurava fazer que a fé desta mulher brilhasse. Para isso, Jesus a tratou em uma primeira instância de maneira muito indiferente e, em seguida, foi duro com ela. Assim ela teve a gloriosa oportunidade de mostrar o tipo de fé que possuía: Uma fé ferrenha, que não se rende e que não retrocede até obter o que necessita. Irmãs, assim são as mulheres, assim são vocês.
A mulher sirofenícia alcançou algo que, dispensacionalmente, ainda não lhe correspondia. Com efeito, a época da salvação dos gentios ainda não tinha começado, não obstante, ela alcançou antecipadamente aquilo que até esse momento pertencia somente aos filhos de Israel. Irmãs, vocês podem entender isto? Só uma tenacidade, própria das mulheres, pode levar a igreja a novas dimensões, a novas alturas. Esta é a contribuição específica das mulheres para a edificação da igreja. Se vocês não o fizerem, ninguém o fará. Deus conta com isso, porque assim foram criadas por ele. Não somente a misericórdia seja algo a que vocês não podem renunciar, mas também à oração.

Adoração
Será casualidade que as três vezes que o Novo Testamento menciona que alguém ungiu a Jesus com um perfume, foram mulheres? (Mr. 14:3-9; Luc. 7:36-50; Jo. 12:1-8).
«Mas estando ele em Betânia, na casa de Simão o leproso, e sentado à mesa, veio uma mulher com um vaso de alabastro de perfume de nardo puro de muito preço; e quebrando o vaso de alabastro, o derramou sobre a sua cabeça. E houve alguns que se indignaram dentro de si, e disseram: Para que se tem feito este desperdício de perfume? Porque podia haver-se vendido por mais de trezentos denários, e haver-se dado aos pobres. E murmuravam contra ela. Mas Jesus disse: Deixem, por que a molestais? Boa obra me tem feito. Os pobres sempre tereis convosco, e quando quiserdes poderão fazer-lhes bem; mas a mim nem sempre me tereis. Esta tem feito o que podia; porque tem se antecipado para ungir o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo que em qualquer lugar que se pregue este evangelho, em todo mundo, também se contará o que esta tem feito, para memória dela» (Mr. 14:3-9).
Quem ensinou a estas mulheres que deviam adorar desta maneira? Onde estava escrito que assim se adorava ao Senhor? Foi uma casualidade? Não, não é casualidade, porque as mulheres, por causa da sua forma de ser, são capazes de adoração espontânea, criativa e inovadora. Até mais, são capazes de adoração sem reservas. Os homens que presenciaram a cena, os discípulos, não teriam feito nenhuma crítica para a mulher se ela tivesse derramado um pouco do perfume sobre Jesus; mas, quebraro vaso de alabastro e derramar completamente o perfume sobre a cabeça de Jesus, foi muito para eles. O homem é mais «racional» que a mulher, por isso é que os discípulos consideraram um desperdício a ação dela. «Podia haver-se vendido por mais de trezentos denários, e haver-se dado aos pobres», disseram indignados. Isto indica que o custo do perfume equivalia quase ao salário de um ano de um trabalhador.
Sim, o homem é mais ‘racional’, mas também é mais frio, mais calculista, mais formal; dificilmente sairá de sua compostura para, por exemplo, dançar diante do Senhor. A mulher, ao contrário, é mais emocional, e que sejam assim sempre, porque são vocês, irmãs, as que, mais espontaneamente que eles, podem fazer mais cálida, mais diversa, mais criativa e mais inovadora a adoração. São vocês que geralmente regam com lágrimas o louvor e a adoração que é feita ao nosso Senhor Jesus Cristo.
Segundo palavras do próprio Senhor, esta mulher, ao sair da formalidade estabelecida para adorar espontaneamente ao seu Senhor, «antecipou-se para ungir o meu corpo para a sepultura». O que te parece? Em definitivo, ela foi a única que pôde ungir o corpo de Jesus. Outras mulheres tentaram posteriormente ungir o seu corpo, mas não puderam. Quando chegaram ao sepulcro, Jesus já tinha ressuscitado. Como é então que aquela mulher foi a única que pôde fazê-lo? Porque o fez antecipadamente. E da mesma maneira que foi no caso da mulher cananéia, são as mulheres que mais facilmente podem, por sua espontaneidade e criatividade, atuar antecipadamente e alcançar coisas que de outra maneira não conseguiriam.
Será por estas razões que a igreja é do gênero feminino e está tipificada, nas Escrituras, por mulheres e não por homens? Elas ilustram o que é a igreja e, especialmente nos assuntos do serviço generoso, a oração e a adoração, elas tomam a dianteira. Benditas mulheres! Graças ao Senhor por vocês.

Por Rúbens Chacaron - Extraído da Revista Águas Vivas Ano 10 nº 58

VERDADES ESSENCIAIS DA FÉ CRISTÃ

Vimos alguns aspectos da administração do Senhor e do depósito de Deus. E agora é necessário pôr um pouco mais os pés na terra. Necessitamos que o Senhor nos ajude a discernir os elementos essenciais do testemunho da palavra do Senhor que a igreja tem.

Os elementos essenciais do cristianismo
E, claro, ao falar agora, devemos recordar coisas que antes já consideramos. Não vamos só falar de elementos. Estamos usando a palavra somente a maneira de itens, de pontos cruciais ou chaves; mas logicamente, cada um deles tem uma rica realidade espiritual e são propriedade agora da igreja.
O que tem sido confiado nas mãos da igreja é propriedade exclusiva da igreja; este testemunho e estas coisas não se encontram a não ser na igreja. Fora da igreja, estas coisas não são compreendidas, e até pior, são atacadas, e às vezes ferozmente, porque são coisas que vão ao coração do inimigo, para inutilizá-lo.
Por isso, Satanás combate o que é próprio da igreja; às vezes abertamente – quando o faz pelo lado do ateísmo, do engano ou da incredulidade. Mas, às vezes se infiltra para combater o que é essencial, que foi confiado à igreja, de maneira ardilosa, por meio de heresias, de confusões, para tratar de invalidar o que nos tem sido confiado.
As «coisas» essenciais não se encontram em outros monoteísmos; nem sequer no próprio monoteísmo judaico, se ficarmos somente no nível do Antigo Testamento. Certamente todo o Antigo Testamento é revelação de Deus, revelação verdadeira. O que está nele, desde Gênesis até Malaquias, é tudo de Deus; só que requeria ser cumprido e ser completado no Novo Testamento.
E por isso, de forma triste, temos que dizer que, inclusive o povo de Israel, que foi povo de Deus, realmente escolhido por Deus para um primeiro testemunho –uma primeira parte do testemunho–, até o próprio monoteísmo judaico ficou míope. Quanto mais o islâmismo, que é uma tergiversação do Antigo e do Novo Testamento!
O inimigo foi tão ardiloso com o Islã, que lhes deixou o mais que pode a respeito de Jesus Cristo, mas lhes tirou o coração. Eles chegaram a crer inclusive que Jesus é o filho, não o Filho de Deus, mas nascido da virgem Maria. Os muçulmanos chegam a reconhecer certos títulos a Jesus, embora lastimosamente sem entender o que significam. E por isso, por outro lado, negam o conteúdo desses títulos.
Mahoma tinha ouvido que os cristãos aplicavam o título de Messias e de Verbo ao Senhor, e dessa mesma maneira ele os aplicou, mas sem entender suas implicações. Ou seja, que às vezes, alguém pode se enganar ao ouvir que Mahoma fala do Messias Jesus e do Verbo de Deus, mas sem reconhecer que ele é o Filho de Deus. A ascensão de Jesus é reconhecida pelo Islã; mas eles pensam em sua ascensão como nós podemos pensar no desaparecimento de Enoque, que caminhou com Deus e Deus o levou, ou Elias, que foi arrebatado ao céu em um carro de fogo. Assim, eles falam de Jesus como um profeta que foi para o céu, da mesma maneira que foi Enoque e Elias. Mas, segundo eles, devem retornar para morrer, porque não aceitam que Jesus é o Filho de Deus que morreu por nossos pecados na cruz. Quase todo o resto eles tem.
O inimigo lhes deixou quase tudo o que servia para que eles cressem que estavam com Deus, mas tirou-lhes a essência, a identidade do Senhor Jesus e o essencial da obra do Senhor e do evangelho. Para eles, a pior blasfêmia que os seus ouvidos podem ouvir é que Jesus é o Filho de Deus.
Mas para o cristianismo, ao contrário, a grandeza é que Deus tem um Filho unigênito, que é o Filho de Deus, o Senhor Jesus. E o essencial da obra do Senhor Jesus não são os seus milagres. Tudo isso o Senhor Jesus fez, tudo isso o Islã reconhece. O que não reconhece é que ele morreu na cruz, uma morte expiatória, que é o essencial.
O que a igreja possui, nem o meio acadêmico, nem a filosofia possuem. O que foi confiado à igreja é exclusivo; não está nas mãos do judaísmo nem do Islã, nem das outras religiões panteístas ou politeístas, nem nas mãos da ciência, nem da filosofia, nem da academia, nem de nenhuma ideologia. É testemunho exclusivo da igreja. Por isso, a igreja precisa conhecer esses elementos vitais do depósito de Deus, do testemunho da igreja, que Deus quer dar através da igreja e sua Palavra, a todo mundo.

Coisas essenciais e coisas periféricas
O que Deus revela à igreja, ele quer que todo mundo o tenha. Deus, com toda sinceridade, quer que todos os homens sejam salvos e venham ao pleno conhecimento da verdade. Mas os homens não querem. Muitos foram enganados, não crêem e se opõem. A igreja deve identificar os itens fundamentais do depósito que lhe foi confiado; porque às vezes nos perdemos em assuntos periféricos e não distinguimos as coisas essenciais. E nisso, também o diabo tem ganho uma partida para os cristãos: em nos pôr a brigar uns com os outros a respeito das coisas periféricas, questões menores, que não são as essenciais.
Agora, a própria palavra do Senhor nos ensina que, a respeito das coisas essenciais, devemos ser muito sérios e cuidadosos, e que devemos ser tolerantes a respeito das coisas periféricas.
O mesmo verbo «contender», pelo menos na tradução Reina-Valera, é usado de duas maneiras. Em Romanos, capítulo 14, o apóstolo Paulo diz: «…para não contender a respeito de opiniões porque um crê que de tudo se pode comer; outro que é fraco só come legumes; um faz caso do dia, outro julga iguais todos os dias». E o apóstolo nos diz que devemos receber inclusive o fraco na fé. Mas já está na fé, no essencial da fé. «Recebamos ao fraco na fé, sem contender sobre opiniões, porque Deus vai julgar a cada um». Deus conhece as intenções de cada um.
Mas o mesmo verbo «contender» é utilizado de maneira contrária, mas pelo mesmo Espírito Santo, o apóstolo Judas, irmão de nosso Senhor Jesus e de Tiago. E assim como Paulo diz: «...para não contender sobre opiniões», Judas diz: «...contendais ardentemente pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos».
Então, anteriormente nos detivemos um pouquinho em enfatizar a existência daquilo que se chama «a fé que uma vez por todas foi dada aos santos», pela qual o Espírito Santo, através do apóstolo Judas, diz-nos para contender ardentemente, enquanto o apóstolo Paulo nos diz «quanto a opiniões, para não contender». Não contender a respeito de opiniões; mas, contender abertamente pela fé.
Ou seja, há uma diferença entre o que são coisas fundamentais, e vamos dizer, correspondem à essência da revelação divina e do evangelho, e as coisas que já dentro da fé permite pela amplitude de liberdade que têm os filhos de Deus, de pesquisar, de investigar, já dentro do fundamental, algumas coisas, e se formam escolas de opinião, mas estando todos na mesma base comum.
Já as palavras em Judas são diferentes das palavras de Paulo. Paulo fala de opiniões a respeito de coisas semelhantes a essas, como se pode comer de tudo ou só algumas coisas; a respeito dos dias, coisas desse tipo. Ao contrário, o contexto das palavras de Judas o apóstolo, é a respeito da salvação comum, a respeito de Deus e do Senhor e da graça não convertida em libertinagem, à salvação comum.
Então, temos que aprender a fazer diferença entre o que é fundamental, aquilo no qual os apóstolos nos chamam a atenção. Por um lado, Paulo nos diz, para receber aquele que o Senhor recebeu. E por outro lado, João nos diz, para não receber nem chamar bem-vindas a determinadas pessoas que estão dizendo determinadas coisas a respeito de Deus e de Jesus.
Não podemos confundir o que é essencial com o que é periférico. E o inimigo é muito ardiloso; ele quer chamar periférico e irrelevante ao que é extremamente sério, e por outro lado, quer que nós coemos os mosquitos, e quer que nós engulamos os camelos. Então, o Senhor tem que corrigir a ordem de prioridades em nossas consciências, nos ajudar a distinguir os assuntos fundamentais; porque esses não são só assuntos; são as palavras ensinadas pelo Espírito a respeito da administração de Deus.

As verdades fundamentais, ou dogmas
Então, vou ter que advogar por uma palavrinha que, às vezes, nós desprezamos. Possivelmente em nossa tradução da Bíblia não a encontremos, e por isso não nos parece bíblica. E essa palavrinha é «dogma». A palavra «dogma» é uma palavra bíblica; só que aparece traduzida de outras maneiras nas Escrituras, e por isso diante de uma tradução às vezes inadvertida, depois corremos o risco de tirar-lhe a importância.
Quando houve, em Jerusalém, o concílio apostólico, em Atos 15, não estava tratando somente de questões judaicas, não estava tratando somente de assuntos periféricos – embora eles estavam implicados. O que estava sendo tratado era nada menos que a essência do evangelho. Somos salvos por fé, por graça, ou a salvação depende das obras e da circuncisão? Não era só se podíamos comer chouriço ou não.
Às vezes pensamos que o concílio de Jerusalém se ocupou de chouriço. Aqui no Chile também se diz chouriço? Como dizem? Prietas. Bom, na Colômbia chamamos morcela ou chouriço. Não, o tema era outro; o assunto era nada menos que a essência do evangelho.
Quando eles chegaram a uma conclusão, vocês recordam o que diz ali? «pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não lhes impor nenhuma outra coisa necessária…». E escreveram aquela carta, e a enviaram junto a alguns delegados deles os apóstolos Barnabé e Paulo, e acrescentaram a Silvano e a Judas Barsabás, para que também eles, com palavras, explicassem nas igrejas o sentido daquela carta.
E então, na tradução Reina-Valera diz, no capítulo 16, que os apóstolos foram pelas igrejas e lhes entregavam as ordenanças que os apóstolos tinham acordado, e as igrejas eram edificadas, etc. Essa palavra, que ali foi traduzido «ordenanças», no contexto dos decretos de Augusto César foi chamada «edito»; essa palavra, no original grego, é «dogma».
Às vezes nós, em nossa atitude anti-religiosa, nos excedemos. Está bem ser anti-religioso, ser anti-fariseu nesse sentido; mas ser antidogmático é mais delicado, diferente. A palavra de Deus fala de verdades fundamentais; nela não podemos tomar algumas coisas e as deixar, como se diz, à vontade de Deus. A palavra de Deus identifica de maneira clara e profunda algumas coisas. Por exemplo, a Palavra diz que o que não honra ao Filho como se honra ao Pai, não tem a Deus. Isso é uma coisa séria. «Quem não tem ao Filho, não tem ao Pai; quem nega o Filho, nega também o Pai». Então, todo o relativo à relação do Pai e o Filho, e quem é o Filho, são assuntos fundamentais.
Quando se tratava sobre o Filho, os apóstolos eram extremamente rigorosos. Não contemporizavam ou se acomodavam à cultura, porque isso tem que haver com o essencial da fé. Que Jesus Cristo é Deus com o Pai, isto é um dogma. Que Jesus Cristo é também Deus e homem verdadeiro é um dogma. Que a morte do Senhor Jesus na cruz é expiatória, e só na base dessa morte podemos ser salvos, é um dogma. Que a justificação é pela fé, somente por graça e não por obras, é um dogma. São verdades fundamentais, que a igreja tem que aprender a distinguir e realçar e insistir constantemente nelas, especialmente quando o Senhor começou a nos revelar algumas coisas relativas, por exemplo, ao reino, ao castigo dispensacional, à recompensa das obras.

A Trindade
Então, queria começar dizendo que uma primeira palavra, digamos, chave –inclusive não está na Bíblia; mas, ao que se refere, ela sim está na Bíblia–, é a palavra Trindade. A primeira coisa da qual Deus falou, o tema central de Deus, junto com o restante, de onde brotam e aonde retornam todas as coisas, que lhe dá o começo e o sentido –Alfa e Ômega– a todo o restante da revelação divina, é o que Deus revelou a respeito de Si mesmo. E, por isso, estamos resumindo toda essa revelação divina de Deus a respeito de Si mesmo, na palavra Trindade.
Deus é um só Deus, trino – Pai, Filho e Espírito Santo. O que tem relação com à Trindade de Deus é muito fundamental. Às vezes, nós podemos pensar que essa questão da Trindade não tem nada de prático; mas, se realmente víssemos o que significa conhecer a Deus em Trindade, aí descobriríamos que o mais prático que existe para tudo –para a vida da igreja, para a vida da família, para a saúde da sociedade–, o mais prático é conhecer a Deus em Trindade, no Espírito.
É quando conhecemos a Deus, que Deus é um Deus que é amor, que o Pai é um Pai que tem um Filho e que deu ao Filho toda a plenitude, e como o Pai tem vida em si mesmo, quis que no Filho habitasse toda a plenitude, e que o Filho também tivesse vida em si mesmo, como o Pai. E quando vemos que tudo o que é do Pai é do Filho e tudo o que é do Filho é do Pai, e quando o Senhor estabelece a relação intratrinitaria como modelo e como conteúdo da igreja, aí podemos notar que este assunto da Trindade não é só uma indagação teológica de alguns medievais.
O Senhor Jesus disse –claro que isso requer o maior desafio a todas as capacidades do homem, que sempre ficarão limitadas; por isso necessitamos de revelação–, o Senhor Jesus disse: «…como tu, Oh Pai, em mim e eu em ti, que eles sejam um em nós». Que frase tremenda! Sabemos de cor; mas, quando a entenderemos? «…como…» . Esse é o modelo, «…como tu em mim e eu em ti». O que significa isso? Necessitamos da revelação do Espírito Santo, para entender espiritualmente esse «como».
Como é que o Pai é no Filho, e o Filho é no Pai? «Que também eles», ou seja, a igreja, «sejam um». Fala da unidade da igreja, um tema precioso nestes tempos de divisão de igrejas; mas diz: «sejam um em nós». Esse nós da Trindade, esse nós do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nada mais prático, de resultados mais práticos para a vida da igreja, que ter uma revelação de Deus em Trindade, conhecer a Deus em sua Trindade.
É extremamente prático também para a família. De onde o marido vai aprender? De onde se aprendem as relações fiéis, as relações justas, as relações suaves, cheias de amor, realizadoras do outro? Onde vamos aprendê-las, se não conhecermos a Deus em Trindade? Como uma sociedade vai aprender justiça, vai aprender solidariedade, vai aprender misericórdia, se não tiver cristãos que conheçam a Deus na Trindade?
Então, amados, o ‘assunto’ da Trindade não é um assunto medieval ou bizantino, ou somente teológico. Os apóstolos falaram disso. Muita porção da Palavra de Deus se dedica a nos dizer o que Deus é e como ele é. Deus é um Deus que quis revelar-se, como já enfatizamos, e que quis dar-se.
E nesse revelar-se é que nos damos conta –a igreja– que Deus é trino, depois que o irmão Tertuliano do século II cunhou a palavra trinitas. Isso não quer dizer que Tertuliano inventou a trindade. Não, a palavra trinitas ele aplicou à Trindade, à Trindade da Bíblia.
Há outro irmão que falou maravilhas da Trindade na igreja primitiva, e nunca mencionou a palavra Trindade. Hoje, no seu livro puseram o título A Trindade, mas quando ele escreveu não o chamou assim. Era um irmão chamado Novaciano, também entre o século II e o III, um dos livros da igreja primitiva mais preciosos a respeito da Trindade.
Mas Tertuliano –quando seguimos atentamente– está falando o que a Bíblia fala de Deus. Então, na divindade, o Pai é Deus. Bem, isso não foi tão difícil, digamos, para certos monoteísmos; embora aplicar a Deus a palavra Pai foi muito difícil para o Islã. Israel, pelo menos, a aplica em um sentido mais suave, porque o próprio Deus se apresentava como um pai a Israel; às vezes, também como um marido. Assim, quanto à divindade do Pai, não houve maior problema com esses monoteísmos.
Mas a própria confissão da igreja é a divindade do Filho junto com a do Pai. O Filho é Deus com o Pai. Que, antes da fundação do mundo, o Verbo estava com Deus e era Deus, e todas as coisas foram feitas por meio dele e que sem ele nada do que foi feito se fez. Que o Filho é Deus com o Pai - essa é a própria confissão da igreja. É a igreja que sustenta a confissão da divindade do Filho de Deus.
Houve épocas onde isto foi combatido terrivelmente. Antes, durante e depois do concílio de Nicéia, onde se proclamou abertamente a divindade do Filho, houve ataques imperiais, teológicos, confusões de dentro, repressões de fora. Nosso irmão Atanásio de Alexandria, que foi um baluarte na época para confessar o que a igreja confessa a respeito da divindade do Filho, teve que sair cinco vezes exilado, teve que esconder-se entre os monges do deserto e escrever cartas escondidas aos irmãos, porque Satanás estava tratando de apagar essa grande verdade do coração da igreja: o Filho de Deus é Deus com o Pai, e aquele que não honra o Filho como o Pai, também não tem o Pai.
Que tragédia para o judaísmo, que não é cristão! Que tragédia para o Islã, que eles pensem que têm a Deus e, no entanto não têm ao Pai, se não tiverem o Filho! Quem não recebe ao Filho, não recebe ao Pai; quem não tem ao Filho, não tem ao Pai. De maneira, irmãos, que se fôssemos procurar algum assunto de primeiríssima importância, é a identidade do Senhor Jesus; porque a igreja é a igreja do Senhor Jesus. De qual Senhor Jesus? Qual é o Senhor Jesus da igreja? O Senhor Jesus da igreja é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é Deus com o Pai.
A igreja tem muito a aprender a respeito da divindade do Filho. E é necessário formar, desde os irmãos mais novos até os mais velhos, neste claro testemunho, porque essa é a revelação que o Espírito tem dado acerca do Filho. Irmãos, o apóstolo João dedica muito cuidado nisto. Ele faz diferença entre o Espírito de Deus e o espírito do anticristo, no que esse espírito confessa a respeito de Jesus.
Em tempos de ambigüidade e astúcia, Satanás se esconde, mas o Espírito Santo discerne; o Espírito Santo foi chamado para que abra os olhos da igreja. E a serpente apresenta outro Jesus, outro evangelho e outro espírito. E Paulo diz aos santos, lá em Corinto: «Mas temo que vocês estejam tolerando em demasia. Vem alguém apresentando a outro Jesus, outro espírito, outro evangelho e vocês o toleram».
O tolerante Paulo, o apóstolo inclusivo, o apóstolo do corpo, nestas coisas, foi sério. Como vocês vão tolerar se lhes falam de outro Jesus, se a serpente quer distorcer a verdade sobre o Senhor Jesus? Primeiro, quanto a Sua divindade ou a Sua humanidade, ou quanto à relação de Sua divindade e Sua humanidade, ou na relação do Filho com o Pai ou a Sua relação conosco, Satanás sempre procurou apresentar outro Jesus, e hoje as livrarias estão cheias de apócrifos. Hoje em dia os apócrifos estão em moda. Há pessoas que não lêem a Bíblia, mas lêem seis ou sete volumes de J. J. Benítez, de Cavalo da Troia, falando necedades a respeito de Jesus, e crêem nelas, como se fosse o evangelho.
Satanás está aí, e a igreja, às vezes, fica como se tivesse dormindo, sem responder nada, como que não tendo nada a dizer, enquanto que os irmãos da igreja primitiva morriam por este testemunho.
Então, tudo o que é relacionado com à Trindade, o que a Palavra diz a respeito dela, é item fundamental do testemunho da igreja.
A igreja tem que confessar a divindade do Filho junto com o Pai, tem que confessar a divindade do Espírito Santo junto com a do Filho e do Pai. São Pedro diz que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus. Como o Espírito de Deus não vai ser divino? Como Deus pode ter um Espírito que seja algo menos que divino? Como que o próprio Espírito de Deus também não vai ser Deus?

A Encarnação do Verbo
A segunda palavra chave –assim como a primeira é Trindade–, o segundo grande dogma que tem sido confiado à igreja, a verdade fundamental pela igreja que tem que dar a vida, é a encarnação do Verbo de Deus.
O primeiro grande espetáculo –porque não existe no universo outro maior– é a Trindade. O segundo grande capítulo, a segunda cena, o segundo grande espetáculo, é a encarnação.
O Verbo de Deus, o Verbo que estava com o Pai e era com Deus e era Deus, por meio de quem Deus fez todas as coisas, que estava com o Pai antes da fundação do mundo, que compartilhava com o Pai a glória, sendo o próprio resplendor dela, o Filho, que disse: «Pai glorifica-me tu, ao teu lado, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse»; o que disse: «Antes que Abraão existisse, eu sou»; ele, aquele Verbo, se fez carne, se fez um homem semelhante a nós, tentado em tudo conforme a nossa semelhança, com espírito humano, com alma humana, com corpo humano, perfeitamente humano, um homem verdadeiro como você e eu. Porque, se não fosse um homem, como iria te redimir, como iria pagar o preço pelos homens e como iria realizar a nossa humanidade, se ele não a assumiu?
Mas ele disse: «Pai por eles, a mim mesmo me santifico». Ou seja, ele se vestiu de nossa humanidade, para conduzir a nossa humanidade à estatura de varão perfeito, realizar as possibilidades da humanidade em sua própria encarnação, para em seguida converter-se no pão da vida. «O pão que eu darei é a minha carne. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu lhe ressuscitarei no último dia». Mas, se ele não se fez homem, se foi só um fantasma, como diziam os docetistas, ou alguma lenda ou mito, como estão dizendo hoje os modernos, ou estão querendo fazer diferenças entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, sem confessar que Jesus é o Cristo; irmãos, sem essa grande verdade, Satanás entra furtivamente.
A segunda grande verdade da igreja, pela qual a igreja é igreja, e pela qual e para a qual a igreja vive, é que o Filho de Deus, o Verbo que estava com o Pai, fez-se homem, semelhante a nós em tudo. Cresceu como crescem os homens, porque ele, como Deus, não tem que crescer; ele, como Deus não tem nada que aprender. Mas, como homem, ele cresceu em estatura, cresceu em graça, cresceu em sabedoria diante de Deus e dos homens, e pelo que padeceu, aprendeu a obediência, e foi tentado em tudo conforme a nossa semelhança, mas sem pecado.
«Quem não confessa que Jesus Cristo é vindo em carne», diz João, «esse é o espírito do anticristo, do qual vós ouvistes que vem, e já tem saído muitos anticristos». O anticristo final é um personagem; mas anticristos, no plural, diz João que há muitos espíritos de anticristo, que não confessam que Jesus Cristo é vindo em carne.
Os falsos cristos de hoje, desencarnam o Senhor Jesus, despacham a encarnação, porque eles pretendem dizer: ‘Bom, aquele Verbo, aquele Cristo, só é chamado de Cristo a unção que estava nesse homem, Jesus’, sem confessar que Jesus é o próprio Cristo, mas eles dizem: ‘Não, não! Porque é como um avatar’, eles dizem, ‘veio sobre um e agora vem sobre outro; mas é o mesmo’.
Agora, William Soto Santiago, anda dizendo por toda a América Latina que é o anjo de Jesus Cristo, como se Jesus Cristo necessitasse dele para voltar; que a segunda vinda de Cristo é através de fulano e de beltrano, porque se desfizeram de Jesus Cristo em carne, porque não confessam a Jesus Cristo em carne. O Senhor Jesus ressuscitou como homem. «Um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho. Têm algo de comer? Venham, comamos juntos». E comeu. «Tomam, vêem, ponha aqui o seu dedo, ponha aqui a sua mão».
«O que os nossos olhos viram, e os nossos ouvidos ouviram, e as nossas mãos apalparam referente ao Verbo da vida». Eles deram testemunho do Senhor Jesus Cristo em carne, como homem, depois da ressurreição. Não só espírito. E subiu à vista deles, e os anjos disseram: «Este mesmo Jesus…». Não precisa vir através de William Soto, ou do tal Miranda, que está lá na Colômbia e pela República Dominicana dizendo que é o Cristo, e agora vês o anticristo, tatuando as pessoas, pondo o 666. Um montão de gente que estava nas congregações evangélicas!
Por que são enganados? Muitos serão enganados, porque não conhecem a verdade. Dizem que os maiores especialistas nos dólares falsos são os que conhecem os dólares verdadeiros. Eles conhecem os verdadeiros, e quando vem um meio estranho, embora nunca tenha estudado a respeito desses outros, ao compará-lo com o verdadeiro, se dão conta que o outro é falso.
«Um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho», disse o Senhor. Aí está o corpo. Agora, ele fala de sua alma: «Minha alma está muito triste, até a morte», e fala do seu espírito humano: «Pai, em suas mãos entrego o meu espírito». Ele era um homem com espírito humano, alma humana e corpo humano, que foi ungido pelo Espírito divino. «O Espírito Santo ungiu a Jesus de Nazaré, que andou entre nós fazendo o bem, como todos vós bem sabeis», dizia Pedro.
O Espírito de Deus, o Espírito Santo, ungindo o espírito humano do Senhor Jesus, com alma humana e com corpo humano, e essa pessoa humana era e é a mesma pessoa divina do Filho de Deus, que estava com o Pai. Este era no princípio com Deus e era Deus. Este era no princípio com Deus, e nada do que foi feito se fez sem ele, e este, aquele Verbo, foi o que se fez carne. E não só corpo humano, mas também, como diz em Filipenses, fez-se homem; sendo em forma de Deus, não estimou o ser igual a Deus como coisa a que aferrar-se, mas despojou-se, tomou a forma de servo, feito semelhante aos homens e estando na condição de homem, humilhou-se.
Como homem, foi provado em tudo; como homem, ele venceu as provações; como homem, ele venceu a Satanás. Por isso, Satanás, quando aparecia nas sinagogas, estava disposto a confessar que Jesus era o Santo de Deus, o Filho de Deus. Mas não queria dizer que veio em carne, porque foi em carne que Jesus o venceu; em sua carne, o Senhor condenou o pecado; em sua carne, como homem, foi que Jesus venceu a Satanás. Essa é a grande verdade da igreja. Não há outra vida que viveu como a vida do Senhor Jesus. Esse é o testemunho da igreja. A encarnação é um segundo ponto.

A Expiação
E um terceiro, a palavra chave é expiação. No coração do testemunho da igreja está a morte expiatória por nossos pecados, do Filho de Deus, que chegou também a ser o Filho do Homem. Deus quando Verbo, homem quando se encarnou, assumindo integralmente a nossa natureza humana, só que sem pecado. E, logo depois de ser seriamente provado, e tendo vencido, tendo recebido do Pai a aprovação, no batismo, no monte da transfiguração e na ressurreição, Deus demonstrou que esse é seu Filho amado. «Este é meu Filho amado no qual tenho contentamento, a ele ouvi».
Deus o vindicou como Filho de Deus na ressurreição, depois de morrer uma morte expiatória. A expiação é o grande coração do evangelho.
Quando você vê o tabernáculo, o que estava no Lugar Santíssimo, no centro do Lugar Santíssimo, era a arca do testemunho, e ainda por cima, o propiciatório. Do que ela nos fala? Da pessoa e obra fundamental do Senhor Jesus. O ouro por dentro e por fora da arca, e a madeira da arca, fala-nos da pessoa divina e humana do Senhor Jesus. O ouro, por dentro, fala-nos de sua identidade eterna como Filho de Deus; porque o ouro representa a natureza divina. E ele, antes da fundação do mundo, estava com o Pai, e portanto, dentro da arca. A sua identidade mais íntima é a de Filho de Deus.
Mas ele também assumiu a natureza humana, fez-se carne, se fez homem como nós. Portanto, um pouquinho mais para fora desse ouro, está a madeira de acácia, que nos fala de sua humanidade. Mas, em seguida, ele disse: «Pai, glorifica-me com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse». Só que ele, agora, não só estava como homem, mas também como Deus. Portanto, ao ser glorificado como Filho de Deus, agora em humanidade, glorificou a nossa humanidade. E, por isso, do lado de fora da madeira, há ouro outra vez na arca.
A arca tem ouro por fora e por dentro, e no meio, madeira. Porque o Senhor Jesus era Deus, fez-se homem e voltou para a glória. Então, ele é homem e Deus, Deus e homem. Há um homem, um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem; mas ao mesmo tempo glorificado. Mas, em cima da arca, estava o propiciatório, onde se fazia propiciação ou expiação, onde se derramava o sangue do cordeiro. Isso é o essencial, isso é o primeiro, isso é o que se encontra no coração do Lugar Santíssimo.
E essas são as três primeiras grandes verdades dogmáticas da igreja: Jesus como Filho de Deus, divino como o Pai, segunda pessoa da Trindade divina, e feito homem, provado em tudo, mas sem pecado, glorioso, e morto na cruz por nossos pecados.
Quando o apóstolo Paulo recordava à igreja em Corinto, os primórdios do evangelho, ele lhes diz: «Declaro-vos, irmãos, o evangelho que vos preguei, no qual recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se é que não crestes em vão». Porque há uma fé que não é do espírito, é só uma crença do homem exterior; mas, quem creu de verdade, como uma revelação, com novo nascimento, esse é salvo para sempre.
Então, Paulo lhes diz: «Declaro-vos este evangelho…». E começa a declarar a essência do evangelho. Fundamento; não há outro fundamento. E a primeira palavra que diz é: «Cristo». E a segunda palavra diz: «morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras e apareceu…». E começa a mencionar as aparições aos homens e não mencionou as mulheres, não porque não lhes tivesse aparecido, mas porque na época o testemunho das mulheres não eram levados em conta; então ele mencionou as aparições aos homens.
Paulo diz que essa é a essência do evangelho; a primeira coisa que ele ensinou. Esse era o fundamento que ele, como perito arquiteto, colocava na igreja. Cada irmão deve estar fundamentado sobre esse fundamento: Quem é o Filho de Deus, a sua pessoa divina e humana, e primeiramente a sua morte expiatória. Então, agora sim vem a ressurreição, agora sim vem a ascensão. Porque a morte era para tirar o negativo; a ressurreição, ascensão e o Espírito para suprir o positivo. Suprir o positivo, o novo.

A justificação pela fé e outras verdades
Então, da morte, da expiação, deriva-se outra grande verdade fundamental que foi a tecla que o Espírito Santo esteve tocando durante a época da Reforma, porque tinha-se perdido. Satanás a tinha confundido no conhecimento dos santos. A justificação pela fé.
Expiação e justificação pela fé são as grandes verdades dogmáticas da igreja. Claro que também, junto com a morte, está a ressurreição. A ressurreição integral, com espírito, alma e corpo, do Senhor Jesus. Ele não ressuscitou só em espírito. Hoje em dia, alguns enfatizam que ele se tornou espírito, como se ele tivesse desaparecido como homem. Mas ele é homem, ele ressuscitou como homem. Inclusive quis conservar as cicatrizes, para que não houvesse dúvida. «De onde tem estas feridas? Com elas fui ferido na casa dos meus amigos», diz Zacarias. Ele conservou as suas cicatrizes. Ele já sabia que Tomé ia dizer isto: «Se não colocar o meu dedo em suas chagas, não vou crer». Então, conservou-as, como uma grande honra.
Vêem? Aí está a essência. Você tem ressurreição, ascensão, derramamento do Espírito. Essas são grandes verdades. Irmão, de cada um destes passos, a igreja obtém imensos benefícios.
Essas sete festas de Israel, como diz Paulo aos Colossenses, eram sombras de Cristo, mostravam algum aspecto fundamental de Cristo. A páscoa mostrava a Cristo crucificado; os ázimos, a Cristo repartido; as primícias, a Cristo ressuscitado; Pentecostes, ao Espírito de Cristo derramado; as trombetas, a Cristo anunciado, pregado aos gentios, crido no mundo, o testemunho da igreja, e a festa da expiação, Cristo advogado, à mão direita do Pai, intercedendo por nós. E então, a festa final, a do reino, a das cabanas ou tabernáculos, Sucote, Cristo voltando, estabelecendo o seu reino milenar.
Essas são grandes verdades sobre Cristo. Cristo divino, na eternidade, na Trindade, Cristo no planejamento, como arquiteto com o Pai, decidindo com o Pai: «Façamos o homem conforme a nossa imagem», etc. Cristo na revelação, Cristo na redenção, Cristo no juízo, Cristo no reino.
As grandes verdades a respeito de Cristo; esse é o tema da igreja, é o gozo da igreja, é a comida da igreja. Agora sim podemos falar da igreja. Mas antes, ainda não. Até não chegar ao século XVI, o Espírito Santo não tinha enfatizado o assunto da igreja. Se você olhar para a história dos temas que o Espírito Santo enfatizou, vai notar que ele seguiu uma ordem sistemática.
O que os irmãos dos três ou quatro primeiros séculos falavam? De muitas coisas, mas o assunto principal que o Espírito Santo os tinha embebido era: Quem é Jesus? Que relação tem Jesus com o Pai? É de outra substância ou é da mesma substância? É consubstancial ou é parecido? Isso era o que eles queriam saber, e pesquisavam as Escrituras em oração. E de repente saltavam das Escrituras as palavras do próprio Deus a respeito de seu Filho e do próprio Filho a respeito de si mesmo, e do Espírito pelos profetas e apóstolos sobre o Filho. Quem era o Filho? Esse era o tema da igreja nos primeiros quatro séculos.
Depois que já tinha ficado claro que o Filho era tão Deus como o Pai, então agora o assunto era: É também homem? Como se relaciona a sua divindade e a sua humanidade? São duas naturezas na mesma pessoa, ou são duas pessoas? Ou é metade Deus e metade homem? Esses eram os assuntos deles. E se atrasaram vários séculos, até o final da época patrística. O último dos patrísticos foi João Damasceno. A cristologia era ainda o seu tema, até o século VIII. Depois, na Idade Média, no século X, começou o assunto da expiação a ser trazido outra vez pelo Espírito Santo. Os apóstolos tinham falado de maneira tão clara, mas na Idade Média não estavam seguros por que Jesus Cristo tinha morrido.
Quando lemos o Novo Testamento, é tão claro. Mas depois de dez anos de história da igreja, ainda um grande teólogo chamado Pedro Abelardo pensava que o Senhor Jesus morreu na cruz para nos dar exemplo de martírio, para nos dar exemplo que nós também temos que deixar ser morto por Deus. Será que é para isso que o Senhor Jesus morreu na cruz? Claro que isso também está incluído, mas, seria esse o ponto principal? Notaram? Quem ia pensar que isso era um ponto de discussão na Idade Média?
Hoje, há coisas que nos parecem uma loucura, como quando os teólogos espanhóis discutiam se os indígenas tinham alma. E dos negros, nem era discutido, davam-no por certo que não tinham. Alguém poderia pensar: meu Deus, essa era a teologia dos teólogos? Exatamente, essa era. E os bizantinos discutindo quantos anjos cabiam na ponta de uma agulha, ou de que cor eram os olhos da virgem Maria. E os muçulmanos tomaram todo o império, quando aqueles estavam em pleno concílio averiguando a respeito dos olhos de Maria.
Irmãos, Satanás nos distrai com as coisas desnecessárias e nos tira o essencial. Então, na Idade Média, por fim o Senhor levanta a irmãos como Anselmo de Canterbury, que escreveu a obra por que Cristo morreu. E aí começa a trazer luz outra vez do que sempre esteve na Bíblia, mas que lhes tinha desaparecido. Não sei o que foi feito da Bíblia. Por fim, começaram a pensar que ele tinha morrido para expiar os nossos pecados, e procuraram entender a expiação. Agora sim, depois da expiação, depois da Idade Média, a cristandade estava preparada para a Reforma.
E, qual era o tema da Reforma? Qual era agora a ênfase do Espírito? «O justo pela fé viverá». Somente a Escritura, só a fé, só a graça. A justificação pela fé, verdade fundamental, o coração de Romanos.
Mas, sabe o que dizia o Concílio de Trento, irmão, em pleno tempo da Reforma, fazendo a Contra-reforma? Reunidos um montão de padres, chegaram a esta conclusão: ‘Aquele que dizer’, diz um dos cânones fundamentais sobre a justificação do Concílio de Trento, da Contra-reforma, ‘aquele que dizer que é justificado somente pela fé seja anátema´. Isso diz o Concílio de Trento, ou seja, anatematizou a São Paulo, anatematizou a Romanos, aos Gálatas, anatematizou a essência do evangelho, aquilo que estava representado por aquele propiciatório no coração do Santíssimo, em cima da arca.
O essencial foi anatematizado pelo Concílio de Trento, porque eles confundiam justificação com santificação. Mas o mesmo Senhor Jesus foi o que falou de justificação. Por acaso ele não contou a parábola do fariseu e do publicano? O publicano orava consigo mesmo; ao contrário, o que dizia o fariseu? «Sê propício a mim». E outras traduções dizem: «Propício para mim». E diz que ele saiu justificado; ou seja, aquele que confiava em sua justiça própria, saiu ainda pecador. Mas, o pecador que confiou na propiciação, saiu justificado.
Isso não é doutrina só de Paulo, mas do Senhor Jesus. Dele, em Isaías 53 se diz que: «O seu servo justo justificará a muitos». A justificação não é invento de Paulo. Hoje em dia querem dizer que Paulo foi o que inventou outro ramo do cristianismo, e atacam a Paulo. Mas o Senhor Jesus disse: «Este me é um instrumento escolhido, para levar o meu nome às nações».
Hoje, a Nova Era, os apócrifos, têm um ódio terrível de Paulo. Hoje em dia já trouxeram outro apócrifo, o de Judas Iscariotes, jogando a culpa em Deus, defendendo o diabo e a Judas. ‘O culpado de tudo é Deus’, esse é o que diz o evangelho de Judas Iscariotes.
Irmãos, a igreja não pode estar calada. Ela tem que dar testemunho constante e permanente do que lhe foi confiado. E isto foi confiado à igreja: «O justo pela fé viverá».

A Igreja
Agora sim, depois da época da Reforma, quando já ficou claro quem é salvo e como se salva, quem não é salvo, e quem está dentro e quem está fora, agora sim se pode falar da igreja, agora sim o Espírito Santo pode tomar alguns dos irmãos, e começar a falar da natureza da igreja, da inclusividade da igreja, do corpo de Cristo. E o movimento da visão da igreja foi introduzido na história da igreja pelo Espírito Santo.
A verdade fundamental a respeito da igreja, descansa sobre a da justificação pela fé. Conseguem notar? E essa descansa sobre a expiação e sobre a pessoa de Cristo e sobre a Trindade. Trindade, encarnação, expiação. Podemos pôr: ressurreição, ascensão, Espírito e também justificação pela fé, vida Santa, vida no Espírito, igreja. Agora sim chegamos à igreja.
Agora, no século XVIII e XIX, XX e XXI, o Espírito Santo está levando a igreja a compreender-se a si mesma, mas à luz da salvação, à luz de Cristo. Ou seja, a eclesiologia não é o primeiro capítulo, é o penúltimo. O último é a escatologia, as últimas coisas. Quando já vemos a igreja, os vencedores, o milênio, o reino, aí começam todas estas coisas, aí começa a escatologia. Novo céu, nova terra, essa síntese que começa por: «Cristo em vós, a esperança da glória». Aí sim, chegamos à escatologia, a esperança, a bendita esperança, uma mesma esperança, «a esperança de glória».
Agora sim, depois do reino, temos a eternidade, o propósito eterno de Deus. Essas são palavras chaves que não devemos esquecer dentro do depósito de Deus. Dentro do conselho de Deus, há assuntos essenciais que têm uma ordem lógica, uma ordem espiritual, que um é o que te leva ao outro. E assim, o Espírito Santo, conforme a promessa de Jesus, conduziu à igreja. Porque ele disse: «O Espírito vos guiará a toda verdade». E o Espírito Santo, como em um parto, dirigiu esse parto da igreja que é como aquela mulher em trabalho de parto para dar a luz esse menino, esse filho varão – Cristo formando-se na igreja.
O Espírito Santo foi revelando à igreja, com a mesma Palavra de sempre, a mesma Bíblia de sempre. Mas, cada vez, ele vai abrindo mais, primeiro a respeito do próprio Deus e a respeito de Cristo, porque é por meio de Cristo que conhecemos a Deus, é por meio de Cristo que conhecemos o homem, é por meio de Cristo que conhecemos a salvação e é por meio de Cristo que conhecemos a igreja e o reino e o propósito eterno de Deus.
Todas estas coisas estão integradas em uma ordem lógica que vem da eternidade e que vai até a eternidade, e que assim foram ensinadas pelo Espírito Santo conforme o seu ministério, ao longo de vinte e um séculos de história eclesiástica. O Espírito Santo enfatizando estas coisas, porque era necessário que primeiro houvesse algumas coisas que fossem clareadas, para que sobre elas o Espírito pudesse nos ajudar a dar um passo mais à frente.
Então, irmãos, digamos que a história da igreja se recapitula na revelação final que a igreja do fim tem que levar. Porque diz a palavra de Deus que «melhor é o fim do negócio que o seu princípio», Vêem? Porque os patriarcas trabalharam para nós, Moisés trabalhou para nós; Josué, os juízes, os reis, os profetas, todo o Israel trabalhou para nós. Os apóstolos trabalharam para nós.
Nós estamos em cima da patrística, sobre os ombros dos escolásticos, sobre os ombros dos pré-reformadores e dos reformadores, dos grandes missionários. Todo o trabalho do Espírito ao longo de vinte e um séculos, era para nos passar isso. Todo esse depósito. Somos herdeiros dele. Foi mastigado por longos séculos. Às vezes, um assunto necessitava de quatro séculos de mastigação para ficar decantado no coração da igreja para poder o Espírito Santo passar a um ponto seguinte.
Mas estamos nas gerações finais, irmãos. Então somos os herdeiros de toda essa riqueza, de todo esse processo. Se o depósito de Deus era grande no princípio, quando não tinha sido digerido, imagine agora que foi digerido por vinte e um séculos de história da igreja! Quantos irmãos tratando de mastigar por um lado e pelo outro, e clarear e conversar, para que fosse chegando a nós algo mais definido, mais decantado!
Irmãos, nós estamos nos ombros deles; mas cada geração tem que ser fiel a sua própria geração. Nós devemos, sobre os ombros dos nossos irmãos, dar um testemunho o mais completo possível, do principio ao fim, do conselho de Deus.
Resumido de uma mensagem ministrada em Temuco, em agosto de 2008

Revista Águas Vivas - Edição Ano 10 nº 58