quinta-feira, 23 de junho de 2016

PROBLEMAS



CAPÍTULO 3: A IGREJA EM JERUSALÉM (Parte 9)



Ananias e Safira


Aqueles cristãos tiveram problemas? Claro que sim. Enquanto estivermos na carne, enquanto suprirmos a carne, o inimigo sempre terá uma base para atacar. Quando o Senhor está trabalhando, o inimigo também está. A igreja em Jerusalém começou de maneira muito gloriosa, mas o inimigo trabalhou por meio da carne de Ananias e Safira. Aquele era um período glorioso. As pessoas eram libertadas de si mesmas. Pessoas que possuíam bens vendiam seus bens e depositavam o dinheiro aos pés dos apóstolos, a fim de compartilhar com aqueles que estavam em necessidade. Quão glorioso era isso! Não havia nada forçado, não se pregava sobre isso. Era tudo voluntário, que brotava de corações cheios de amor.
Mas, então, apareceram Ananias e Safira – vanglória. Eles viram Barnabé, um levita, vender sua terra e trazer o dinheiro aos apóstolos. Quando ele fez isso, foi elogiado pelos apóstolos, os quais o chamaram de Barnabé, o filho da consolação. De certa maneira, isso mexeu com alguma coisa no interior desse casal; foi como se eles dissessem: “Queremos esse tipo de louvor, esse tipo de glória.” Mas isso era vanglória! Neste mundo queremos ganhar alguma coisa, mas na igreja o que iremos ganhar? A igreja é lugar para perda, não para ganho. Você não vai para a igreja para ganhar algo, você vai para dar alguma coisa. O que podemos obter da igreja? O que a igreja pode oferecer-nos? Nada. Ainda assim, quando a carne está presente, mesmo na igreja podemos desejar obter alguma vanglória.
Ananias e Safira venderam uma parte de sua propriedade. Por um lado eles queriam glória, por outro não conseguiram deixar o mundo completamente. Não havia necessidade de eles fazerem aquilo. Se não fizessem, ninguém iria recriminá-los; mas desejaram ambos os mundos. Mantiveram parte do dinheiro, deram parte para a igreja e disseram: “Isto é tudo.” Eles se esqueceram de que o Espírito Santo estava na igreja.
Pedro perguntou: “Isto é tudo?” Ananias respondeu: “É.” Pedro disse: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentistes aos homens, mas a Deus” (At 5:3,4). A disciplina do Espírito Santo veio imediatamente.
Agradecemos a Deus por este incidente, porque ele nos ensina muitas coisas. Nós realmente cremos que o Espírito Santo está na Igreja; portanto, não estamos vivendo meramente diante dos homens, mas vivemos diante de Deus. Nós cremos no Espírito Santo. Cremos que o Espírito Santo está presente na Igreja. Se é assim, você acha que deveríamos honrá-Lo? Ou você acha que podemos enganá-Lo? Deveríamos apagá-Lo, entristece-Lo, trapaceá-Lo? Creio que essa é uma lição que devemos aprender.
Também, por intermédio desse caso, podemos ver disciplina. A Igreja não é edificada sem disciplina. Não gostamos de disciplina, gostamos de liberdade. Gostamos de fazer o que bem entendemos, da nossa maneira. Pensamos que a Igreja é uma democracia e que cada um pode fazer o que gosta, dizer o que quer. Não, a Igreja não é uma democracia, é uma teocracia. O Senhor é Rei. Portanto, há disciplina. Não foi Pedro que disciplinou Ananias e Safira, foi o Espírito Santo que os disciplinou. Pedro foi apenas um instrumento. Precisamos ver isso.
Na Igreja, nós não queremos disciplina. Quando alguns irmãos começam a exercitar alguma disciplina, achamos que eles estão nos disciplinando. Se entendermos dessa forma, o espírito de rebeldia sem dúvida surgirá em nós; mas precisamos ver que a disciplina na Igreja vem do Espírito Santo e não do homem porque o Espírito Santo representa Cristo, a Cabeça. Portanto, que aprendamos a crer na disciplina e a aceitá-la.
Os problemas não são necessariamente destrutivos. Os problemas, se são bem tratados, podem ser bênçãos disfarçadas; e, assim, devido a esse problema, descobrimos que a disciplina é uma bênção.
“E sobreveio grande temor a toda a igreja” (v 11). Amor e temor não são coisas opostas. Eles se complementam. Algumas vezes pensamos que, se há amor, não deveria haver temor. Isso é verdade, pois o perfeito amor lança fora o temor, mas o temor aqui é o temor relacionado à punição, não o temor de desagradar o Senhor. Se amamos o Senhor, haverá sempre o temor associado ao amor. Teremos o temor de não agradá-Lo. Portanto, esse caso, que é um triste caso, nos mostra que no Corpo de Cristo há disciplina. Essa é a vida do Corpo.

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