Por: Stephen Kaung
Prefácio
As Escrituras nos dizem que não devemos deixar de
congregar, como é costume de alguns (Hb 10:25). No entanto, será que sabemos como
ou para que devemos nos reunir?
Com o fim de ajudar aos que de fato desejam se reunir de
acordo com a vontade de Deus, publicamos esta oportuna mensagem de Stephen
Kaung, ministrada por ele em Richmond, EUA, em 23 de agosto de 1981.
Stephen Kaung se converteu ao Senhor Jesus ainda na
adolescência e foi ativo na Igreja Metodista da China, onde seu pai era
ministro. No início dos anos de 1930, ele teve seu primeiro encontro com
Watchman Nee e juntou-se a ele em ministério de tempo integral, cooperando na
China até 1949, quando passou a envolver-se na obra cristã em outras partes do
mundo. Ele é muito respeitado como um experiente servo do Senhor, e hoje, com
quase 100 anos de idade, suas mensagens têm muito a nos encorajar a como seguir
ao Senhor de forma mais adequada.
Que possamos considerar este assunto diante do Senhor
para que em cada lugar a igreja seja edificada como Seu testemunho vivo, cheia
de realidade espiritual.
Pelos interesses de Cristo,
Os Editores (Editora dos Clássicos).
Campinas, 2 de setembro de 2014.
CAPÍTULO 1: Por que nos reunimos assim?
Já faz algum tempo temos considerado esta
questão: afinal, por que nos reunimos assim? O significado de Igreja é “a
reunião dos que foram chamados para fora”. Todos recebemos a vida do nosso
Senhor Jesus e partilhamos dessa vida. Deus nos chamou dentre todas as nações
para constituir-nos em um povo para Si. É precisamente isso o que somos e por
causa disso não podemos deixar de nos reunir.
Nos primeiros dias, quando o evangelho era
pregado e pessoas eram salvas, estas se reuniam espontaneamente. Reuniam-se
para adorar o Senhor; reuniam-se para servir ao Senhor como um povo, uma
Igreja, um corpo. Não havia problema. Hoje, entretanto, temos problemas porque
verificamos que aqueles que foram salvos pela graça, mesmo que estejam vivendo
na mesma região, não estão se reunindo. Algumas pessoas se reúnem sob
determinado tipo de denominação, enquanto outras o fazem em grupos
independentes.
Verificamos, pois, que o povo de Deus está
espalhado; o povo de Deus não se encontra junto. Mesmo que estejam se
encontrando, as pessoas não o fazem como um só povo, uma Igreja e um único
corpo. Devemos congregar-nos com nossos irmãos, mas aonde haveremos de ir? Com
quem estaremos reunidos? Há qualquer justificativa para o fato de nos
congregarmos separadamente de outros grupos de irmãos e de denominações?
Podemos justificar o fato de nos reunirmos assim? Acho que esta é uma pergunta
muito importante, e é vital que a respondamos. Caso não pudermos respondê-la de
forma afirmativa, deveríamos nos dispersar e nem sequer nos juntarmos.
A fim de responder a essa pergunta, devemos
considerar o propósito de Deus através dos séculos. Não se trata apenas de uma
mera questão ocasional, mas de algo que realmente nos conduz de volta ao cerne
do Seu propósito por toda a eternidade. Por que nos reunimos dessa maneira? Há
uma razão: para cumprir o propósito de Deus com respeito ao Seu Filho. O nosso
congregar não objetiva suprir nossas próprias necessidades. De fato, temos
muitas necessidades e ao nos reunirmos muitas delas são supridas.
Graças a Deus por isso! Mas isso é apenas
uma consequência. Não nos congregamos para suprir necessidades próprias, e sim
para suprir unicamente a necessidade de Deus. Nosso Deus tem uma necessidade
que está relacionada ao Seu Filho. Ele tem um propósito bem-definido com respeito
ao Seu Filho. Ele tem uma ideia exata acerca de Seu Filho. Deus não é, em absoluto,
vago a respeito disso.
Qual é o Seu propósito com respeito ao
Filho, que é o centro de toda Sua atenção? Em Efésios 1:10 está escrito: “... fazer convergir nele… todas as coisas...”,
e em Colossenses 1:18: “... para em
todas a coisas [Ele] ter a primazia”. Deus criou todas as coisas em Cristo, por
Cristo e para Cristo, para que Cristo tenha a primazia em todas as coisas e
para que em Cristo convirjam todas as coisas. Para que isso se cumpra, Ele
precisa realizar essas coisas primeiramente entre o Seu povo, isto é, em Sua
Igreja. Deus O constituiu por cabeça sobre tudo e O deu à Igreja, a qual é o
Seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas (Ef 1:22-23).
Portanto, aqui se encontra uma razão muito
definida para que nos reunamos. A razão
pela qual nos congregamos é para que Cristo seja tudo para nós, para que, na
Igreja, todas as coisas convirjam n’Ele, para que Ele tenha o primeiro lugar
tanto em nossa vida individual quanto na corporativa. Esta é a razão pela
qual nos reunimos assim.