quarta-feira, 25 de março de 2015

Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo Através da Oração - Capítulo 4. O Segundo Nível




Por: Madame Guyon



Capítulo 4. O Segundo Nível


Alguns chamam o segundo nível da oração de  Contemplação, a oração da fé e da quietude; outros o chamam de Oração da Simplicidade. Devo usar aqui esta segunda denominação, por ser mais justa que a primeira, a qual implica num estado mais avançado do que aquele que tratando agora.
Quando a alma é exercitada por algum tempo no caminho mencionado, gradualmente descobre ser capaz de abordar a Deus com facilidade, que o recolhimento é conseguido com menos dificuldades e que a oração torna-se fácil, doce e prazerosa; reconhece que este é o verdadeiro caminho para encontrar a Deus e sente que "teu nome é como um óleo escorrendo" (Ct. 1.3). O método deve ser alterado neste momento, e o que aqui descrevo deve ser buscado com coragem e fidelidade, sem deixar se abater pelas dificuldades do caminho.
Primeiro, uma vez que a alma, através da fé se coloque na presença de Deus e se alinhe diante Dele, deve permanecer assim por alguns instantes, em respeitoso silêncio. Mas, se no começo, ao formar o ato de fé, sentir uma pequena e agradável sensação da presença Divina, permaneça assim, sem perturbação, nutrindo esta sensação pelo tempo que puder. Quando ela diminuir, estimule a vontade através de algum sentimento carinhoso; caso a doce paz seja restabelecida, que assim permaneça; o fogo deve ser ventilado gentilmente, mas uma vez aceso, é preciso diminuir os esforços, ou o extinguiremos com a nossa atividade.
Recomendo que nunca terminem a oração sem permanecer um tempo em respeitoso silêncio. É muito importante para a alma dirigir-se à oração com coragem e trazer consigo um amor puro e desinteressado, que não busca nada de Deus, senão agradá-Lo e fazer a Sua vontade; pois um servo que mede seus esforços apenas pela recompensa, não é digno de recompensa alguma. Dirija-se à oração, não esperando desfrutar dos deleites espirituais, mas para estar exatamente da forma que agrada a Deus. Isto irá preservar seu espírito tranquilo tanto na aridez como na consolação, evitando que seu ser seja surpreendido com a aparente ausência ou rejeição de Deus.

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