O irmão Luiz Fontes estará conosco a partir do dia 03 de novembro ministrando a Palavra do SENHOR. A conferência vai do dia 03 a 06 de novembro. As reuniões acontecerão na escola Nova Dimensão a noite às 20:00h e no domingo às 09:00h.
Venha ouvir a Palavra do SENHOR e ser abençoado!
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
O DOMÍNIO DO ESPÍRITO
Efésios 5:18-21
Voltamos
à consideração deste versículo em razão da sua crucial importância para a vida
cristã. Vamos agora examinar isto mais diretamente. Precisamos descobrir o que
significa “encher-nos do Espírito”, e devemos tentar descobrir também como
encher-nos do Espírito. Vejamo-lo, primeiramente, à luz de usos semelhantes na
Bíblia. Esse é sempre um processo sábio. Sempre que topamos com uma proposição
ou frase de algum modo difícil, a primeira coisa que devemos fazer é buscá-la
noutros lugares das Escrituras, procurar paralelos. Quando procedemos assim,
logo fazemos certas descobertas.
Ao
que me parece,
o primeiro ponto que temos que tomar claro em nossas mentes é que “encher-nos
do Espírito” não é a mesma coisa que “batizados com o Espírito”. Ora, é
precisamente aqui que grande parte da confusão tende a surgir. Encher-nos do
Espírito não é o mesmo que sermos “selados” com o Espírito, que eu considero
como sinônimo de sermos “batizados com o Espírito”. E digo isto por esta razão
- que as pessoas que o apóstolo está exortando a encher-se do Espírito, são as
mesmas das quais dissera, no capítulo primeiro, versículo treze, que foram
“seladas” com o Espírito (Ef 1:13,14). Portanto, encher-se do Espírito não é a
mesma coisa que ser selado por Ele. E Paulo lembra a mesma coisa em Ef 4:30: “E
não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da
redenção”.
É
importante manter estas coisas bem claras. O “batismo” com o Espírito, o “selo”
do Espírito, é uma experiência definida e concreta. Relaciona-se principalmente
com a questão da segurança e da certeza - é uma experiência muito definida. Não
é uma coisa que “se recebe pela fé”; a pessoa sabe se foi selado pelo Espírito
ou não. Não se pode ser batizado com o Espírito e ignorá-lo. Vê-se isso muito
claramente em Atos 2, e em vários outros capítulos desse mesmo livro. Ora,
principalmente, o propósito desse batismo é capacitar-nos a testemunhar com
poder e com ousadia. Esse foi o efeito imediato do batismo do Espírito que se
vê com clareza no em Atos 2. Essa, naturalmente, foi a promessa feita pelo Senhor
aos apóstolos - “e ser-me- eis testemunhas”, depois que isto lhes fora feito
(At 1:8). A confusão tende a surgir por esta razão, que no capítulo dois de
Atos dos Apóstolos - o qual é um relato de como os apóstolos e outros foram
batizados com o Espírito Santo - a expressão realmente empregada é que eles
“foram cheios do Espírito”. Daí as pessoas saltam para uma conclusão - “Ah”,
dizem elas, “é-nos dito que eles foram “cheios do Espírito”, e aqui os
efésios são exortados a “encher-se do Espírito”; portanto, é a mesma coisa”. Aí
é onde e como a confusão entra.
O
que vem descrito em Atos 2 é “batismo com o Espírito”. Ora, o “batismo com o
Espírito” evidentemente inclui o “encher-se do Espírito”; porém é mais do que
isso. Aí, parece-me, está a diferença essencial. Não se pode ser “batizado com
o Espírito” sem “encher-se do Espírito”. O batismo é uma experiência distinta,
concreta e especial, ao passo que, como vou demonstrar, o “encher-se do
Espírito” visa a ser um estado continuado, uma condição na qual sempre se deve
estar. Esse é, pois, o ponto no qual traçamos a nossa distinção mais importante
- selo ou batismo é uma experiência muito definida, enquanto que “encher-se do
Espírito” é mais uma condição continuada. As duas coisas não são idênticas, e diferem desse modo.
Ao
abordarmos o presente vocábulo “cheios” ou “encher-vos”, vemos este vocábulo é
empregado de duas maneiras diferentes. Uma delas é a seguinte: lemos que
certas pessoas foram cheias do Espírito a fim de realizar a seguinte tarefa
especial ou peculiar que lhes fora confiada. Vemos, por exemplo, no Velho
Testamento, o caso de um homem chamado Bazaleel, perito no trabalho com
diversos metais, e que, portanto, foi utilizado na construção do tabernáculo. Lemos sobre
isso em Êx 31:3. Este homem foi cheio do Espírito de Deus a fim de poder fazer
aquele trabalho particular. Foi um revestimento especial, um ato especial pelo
qual foi cheio do Espírito, para que ele pudesse cumprir aquela tarefa. Mas
existe demonstração mais interessante de como certas pessoas foram cheias do
Espírito antes do dia de Pentecoste. Esta é a profecia concernente a João
Batista, em Lucas 1:15. Depois se nos fala de Isabel, mãe de João em Lucas
1:41-42. A
mesma coisa lemos a respeito de Zacarias, pai de João Batista, também em Lc
1:67. Em cada um destes casos, pode-se observar, estas pessoas foram cheias do
Espírito Santo para poderem falar ou fazer alguma coisa. E um revestimento de
poder com um propósito especial.
O
outro emprego do termo no Novo Testamento está, como já disse, em Atos 2:4: “E
todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Essa é uma proposição
singular, porque as duas coisas aconteceram juntas. Houve o batismo e,
inclusive, o encher-se do Espírito; e foi isso que os capacitou a falarem
noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Mas em Atos
4:8 lemos isto: “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse”.
Aqui é outro encher-se do Espírito. O homem que já fora batizado e cheio
naquele dia de Pentecoste, agora é cheio de novo, com um objetivo especial. O
mesmo Pedro é enchido do Espírito outra vez. Estou confirmando o ponto que há
esta diferença essencial entre ser batizado e ser cheio. Mas ainda estamos
tratando do encher-se do Espírito em termos de capacidade e poder outorgados
para a realização de uma tarefa específica.
A
seguir, tomemos outro exemplo. Após o seu julgamento, Pedro e João voltaram aos
seus companheiros, à igreja, e relataram o que lhes acontecera, e todos se
puseram a orar. Depois, é-nos Atos 4:31: “E, tendo
orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos
foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus”.
Repetiu-se a mesma coisa. Estas pessoas já haviam sido batizadas, tinham sido
cheias quando foram batizadas, mas tornam a ser cheias novamente. Isto é uma
coisa que pode repetir-se muitas vezes. Na verdade, há outro exemplo notável,
em conexão com o apóstolo Paulo. A narrativa da sua conversão e a do seu
batismo com o Espírito Santo estão em Atos 9. Mas em Atos 13:9, vemos que Paulo
está falando, e eis o que nos diz: “Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando
os olhos - ele, disse”. O apóstolo tomou a resolução de repreender Elimas pelo
que ele dissera. Daí se nos diz que Paulo, cheio do Espírito Santo, fixou os
olhos nele. Ele foi “cheio” para poder falar a esse homem e repreendê-lo
severamente.
À
luz disso tudo, é óbvio que estamos lidando com uma experiência nítida,
precisa. Todas estas pessoas estavam cônscias do fato de que o
Espírito lhes sobreviera, que tinham sido dotadas de novo poder e de
autoridade. Sabiam exatamente o que havia acontecido. Portanto, esta é uma
experiência que descreve algo que nos sucede, a nossa tomada de consciência de
aumento de poder com um propósito específico. É, pois, uma coisa bem distinta e
clara.
No
entanto isto não se restringe ao novo Testamento, graças a Deus. Leiam as
biografias dos grandes pregadores da Igreja através dos séculos, e
especialmente nas épocas de avivamento e despertamento, e verão essa espécie de
coisa repetida interminavelmente. O pregador, subitamente, fica ciente de que o
Espírito de Deus veio sobre ele. Recebe luminosidade, compreensão, poder e
capacidade para falar com convicção; e coisas tremendas acontecem. O homem toma
consciência pessoal disso, e o mesmo se dá com os que o estão ouvindo. Muitos
são os exemplos disto, durante a longa história da Igreja cristã.
Graças
a Deus, isto não se limite à história passada. Pela graça de Deus, continua
acontecendo. Há homens ainda vivos que sabem disso, que se regozijam com isso,
homens que servem a Deus com honestidade e sinceridade e que de vez em quando
ficam conscientes desta experiência. Então, esse é um nodo
como se
emprega a expressão; estas diversas pessoas foram cheias do Espírito, e
receberam poder e capacidade incomuns.
Agora
se levanta a questão: é esse o sentido desta proposição de Ef 5:18?
Opino que não, e que é preciso que não nos deixemos confundir pela simples
similaridade da expressão. Então, que será? Para mim é uma descrição de um estado ou condição. Talvez a melhor maneira de entendê-la seja relembrar o
que se nos diz do Senhor em Lucas 4:1. Lemos que “Jesus, cheio do
Espírito Santo... foi levado pelo Espírito ao deserto”, para ser tentado pelo
diabo. Pois bem, essa é uma afirmação de que o Senhor foi “cheio do Espírito
Santo”. Igualmente nos fala a Seu respeito em João 3:34, dizendo que “não lhe dá
Deus o Espírito por medida”. Ele sempre estava cheio do Espírito, em toda a Sua
plenitude.
Mas
observemos outras afirmações. Tomemos, por exemplo, o que lemos
acerca de
Estevão em Atos. Ele
foi um dos escolhidos, como vemos Atos 6, para tratar de várias questões para
que os apóstolos pudessem entregar-se à oração
e à pregação da Palavra. E isto lemos sobre
ele: “Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo.” Ele era cheio do
Espírito Santo. Não se declara que num dado momento ele foi cheio do Espírito
para fazer certa coisa. Não, ele foi escolhido para fazer esse trabalho porque
já estava “cheio do Espírito Santo”. Mas tomemos outra afirmação sobre ele em
Atos 7:55. Aqui Estevão estava sendo julgado, e lemos: “Mas ele, estando cheio
do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus que
estava à direita de Deus; e disse...”
Ora,
para mim essa declaração se enquadra nas duas categorias. Estevão estava
habitualmente cheio do Espírito Santo, mas, em função das circunstâncias, da
crise em que agora se achava, embora estivesse cheio do Espírito, foi “cheio do
Espírito” outra vez. Significa que, embora estivesse cheio do Espírito, houve
uma manifestação posterior, um posterior “encher-se” até ao transbordamento, e
lhe foi dada uma capacidade particular para enfrentar os seus caluniadores e
acusadores, e a proferir a Palavra de Deus com ousadia e convicção. Mas
examinemos também a declaração a respeito de Bamabé, companheiro de Paulo. Sobre
Bamabé lemos em Atos 11:24. Parecido com Estevão. Era cheio de fé, e também era
cheio do Espírito Santo. Concluo com uma declaração a respeito dos discípulos
como um grupo. Em Atos 13:52 leio: “E os discípulos estavam cheios de alegria e
do Espírito Santo”.
Não
é tanto uma questão de poder agora; é mais uma questão de como vive a pessoa.
Estevão escolhido - por quê? Porque era um homem “cheios de fé e do Espírito
Santo”. Assim falavam dele e, portanto, quando foram escolher os diáconos,
disseram: pois bem, aí está um homem cheio de fé e cheio do Espírito Santo.
Barnabé foi escolhido pela mesma razão. À
luz de todas estas passagens das Escrituras, acaso não fica clara e evidente
que neste versículo - Ef 5:18- estamos lidando com o segundo emprego da
expressão? Aqui nos é dado um relato de um estado
ou condição. De fato penso que se
pode provar isso, além de toda dúvida, da seguinte forma: “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas continuai enchendo-vos do
Espírito”. O tempo verbal é da maior importância, e aqui consta
o o
presente contínuo. A tradução mais correta deste versículo é a seguinte: “... mas
continuai enchendo-vos do Espírito - sede perpetuamente cheios do Espírito.
Prossiga ,continue, seja constantemente esta a vossa condição”. É o presente
contínuo. Argumento que, sendo o presente contínuo, não pode ter o primeiro
significado, que, evidentemente, é algo que vem, e toma a vir, e ainda se
repete, como aconteceu com Pedro, Estevão e o apóstolo Paulo em várias
circunstâncias. O ser cheio para uma tarefa é algo que vem e passa; já este ser
cheio do Espírito significa uma condição constante, permanente,
que
não varia nem muda. Noutras palavras, o que nos é dito nesta passagem é que se
tem em vista que sejamos sempre como Estevão, Barnabé, Paulo e como outros que
eram homens “cheios do Espírito”.
É vital que isso fique firmado. As pessoas ficam esperando por uma experiência de
encher-se do Espírito porque têm uma concepção equivocada deste ensino
particular. Então já está firmado o que isto significa em termos do uso típico
do Novo Testamento. Mas, que significa na prática hoje? Eis aqui a questão
prática para nós. Parece-me que a maneira de abordar isto é lembrar-nos de que
o Espírito Santo é uma Pessoa. Não é apenas uma influência. Muitos parecem
falar em encher-se do Espírito como se o Espírito Santo fosse uma espécie de
líquido. Isso é um erro completo, porque esquece que o Espírito Santo é uma
Pessoa. Ele não é uma substância, nem um líquido, nem um poder ou força como a
eletricidade. Todos tendemos a cair neste erro. O Espírito Santo é a terceira
Pessoa da bendita e santíssima Trindade. Mas, se é assim, por que a Bíblia
emprega as expressões “derramar” etc., com referência ao Espírito? Estas são
apenas figuras, é claro. As Escrituras desejam transmitir a idéia de que a
influência do espírito sobre nós é um poder. Estes são apenas termos e
expressões empregados com o fim de colocar a verdade para nós de maneira vívida, para
podermos perceber as variações que ocorrem na força da influência e do poder pessoais;
mas não devemos liberalizar uma analogia ou uma ilustração e começar a
pensar nela de algum modo matéria-lista.
A influência é influência exercida por uma Pessoa, a Pessoa do Espírito Santo.
Então,
que significa ser “cheio”, neste sentido? Vem nestes termos: “Daquilo que toma
plena posse da mente se diz que a enche”. E comum dizer que uma coisa que toma
posse da minha mente, enche a minha mente; assim, falamos em ser ou estar
“cheio” de alguma coisa. Alguém, de repente, passa a ter um novo interesse.
“Ah”, dizemos, “ele está cheio disto”. Ou falamos disto em termos de pessoas.
Se vemos uma pessoa ficar falando sempre doutra, dizemos: “Ah, ele está absolutamente
cheio de Fulano”. Estamos falando acerca da influência da pessoa “A” sobre a
pessoa “B”, e dizemos que a pessoa “B” está cheia de “A”, sempre falando dessa
pessoa. Isso tudo é com referência a
pessoas. Mas, deixem-me fazer a seguinte colocação: tomemos a analogia do
apóstolo aqui - “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito”. Que é que dizemos de um bêbado? Dizemos: “Ele está sob
a influência da bebida”. Assim, o que o apóstolo está dizendo, em certo
sentido, é: “Não fiquem sob a influência do vinho; fiquem sob a influência do
Espírito Santo”. “Ser cheio” significa “estar sob a influência de”. O homem que
está cheio de vinho, “encharcado”, está sob a influência do vinho. Muito bem,
diz o apóstolo, não fiquem sob a influência do vinho, mas fiquem sob a
influência do Espírito Santo. E exatamente a mesma expressão.
Estar
“sob a influência” significa que toda a nossa personalidade - mente, coração e
vontade - está sendo dominada por essa outra influência ou poder. Mas aqui há
uma analogia - como a mente, o coração e a vontade daquele homem são afetados
por aquele vinho, assim devemos ser influenciados e afetados na mente, no
coração e na vontade pelo Espírito Santo. O homem que está sob a influência do
vinho, não pode mais controlar-se. Muito bem, Paulo diz, deixem que o Espírito
Santo os controle. É isso que significa ser cheio do Espírito. Não é uma coisa
derramada em mim de modo que eu tenho que tentar esvaziar o vaso primeiro, e
então receber.... Essa maneira de pensar é completamente errada, faz violência
à Pessoa do Espírito. Não, a exortação é: “Continuem sendo dominados pelo
Espírito Santo”. Como um assunto ou uma pessoa do seu interesse pode
encher-lhes, assim sejam cheios do Espírito Santo.
Se
é esse, então, o seu significado, a subseqüente questão que se levanta é: como
isso vem a ser possível? Como uma pessoa pode encher-se do Espírito? Nossa primeira
observação é que se trata de uma ordem,
uma injunção: “Enchei-vos”, “continuem sendo cheios” do Espírito, “continuem
sendo dominados pelo Espírito Santo”. Infere-se, pois, necessariamente, que não
se trata de uma experiência isolada. Dado que é uma ordem, não é uma
experiência; dado que está no presente contínuo, não é uma crise, não
é um experiência crítica; e, portanto, não deve ser procurada como “uma
bênção”. Há muitos que giram por todo lado, de reunião em reunião, procurando,
esperando conseguir “a bênção” de serem “cheios do Espírito”. Às vezes são
convidados para virem à frente, no fim de uma reunião, para “receberem” a
plenitude do Espírito. Mas, certamente, isso é fazer total violência ao ensino
das Escrituras. Não é uma experiência, é um estado ou condição em que devemos
viver sempre, permanentemente. É como devem ser sempre, diz o apóstolo; e ele
nos ordena que sejamos assim. Daí deduzo que isto não é uma
coisa que nos acontece; é uma coisa que nós controlamos, e que nós determinamos.
Portanto, é-lhe
dada uma
ordem, uma injunção, uma exortação. Devemos, pois, parar de pensar nisso em
termos de “ter uma experiência”.
De
novo, permitam-me fazer a seguinte colocação, para maior clareza. O que
aconteceu com os discípulos no dia de Pentecoste foi uma experiência, o que
aconteceu com Cornélio e sua família, quando o Espírito caiu sobre eles, foi
uma experiência, o que aconteceu com os de Samaria, quando Pedro e João
desceram para lá, de Jerusalém, e impuseram as mãos sobre eles e oraram por eles,
foi uma experiência. Ser “selado”, ser “batizado” com o Espírito é um
experiência definida. Não dominamos isso; é inteiramente ação do Senhor. É algo
que Ele nos faz. Mas é patente que este encher-se é uma coisa que está sob o
nosso controle; e, portanto, é-nos colocado na forma de
uma ordem ou de uma exortação. Noutras palavras, devemos livrar-nos de todas as
noções de passividade, aqui; não
esperamos, apenas, que isto aconteça. Está em nosso poder determinar se estamos
cheios do Espírito ou não. Está claro? Não está em nosso poder determinar se
vamos ser regenerados
ou não, não está em nosso poder determinar se vamos ser batizados com o
Espírito ou não, mas está em nosso poder decidir se vamos continuar sendo
cheios do Espírito ou não. Encher-se do Espírito não é uma experiência pela
qual esperamos, ou pela qual oramos, ou pelo qual ansiamos. Ao contrário, vocês
e eu temos que fazer certas coisas, se desejamos continuar a encher-nos do
Espírito. Quais?
Primeiro,
permitam-me colocá-las negativamente. Se pretendo continuar a encher-me do
Espírito, não devo “entristecer” o
Espírito. Encontramos essa expressão em Ef 4:30. Que quer dizer? Quer dizer que
se eu e vocês nos rendermos a alguma coisa oposta ao Espírito, não estaremos
sob o controle do Espírito. Se eu permitir que minhas cobiças e paixões me dominem,
então o Espírito Santo não me estará dominando.
“Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes
opõem-se um ao outro” (Gl 5:17). Se eu desejo ser cheio do
Espírito e ser dominado por Ele, preciso cuidar que as minhas cobiças, paixões
e maus propósitos não me estejam dominando; nem tampouco o diabo
deverá dominar- me. Devo resistir ao diabo, e também devo resistir ao “mundo”.
Isso é óbvio; não devo entristecer o Espírito. Se estou levando uma vida de
pecado, Ele Se entristece; e Ele não me controla; quando está
entristecido. Lembremo-nos de que estamos lidando com uma Pessoa. Portanto,
devo ser muito cuidadoso para, em termos negativos, não entristecê-LO de modo
nenhum. Ele é comparado com uma pomba - gentil e sensível.
De
igual modo, não devemos “extinguir” o
Espírito. O Espírito está em nosso interior estimulando,
dando idéias, produzindo pensamentos, fazendo sugestões. Toda vez que as
recuso ou as rejeito, toda vez que digo, “Não, espera um minuto, quero fazer
isto primeiro, e depois...”, estou extinguindo o Espírito, e na mesma proporção
não estou sendo dominado pelo Espírito. Isto é voluntário, está sob o meu
controle. Se deliberadamente O rejeito, se deliberadamente faço coisas que Ele me diz
que não faça, bem, não estou sendo controlado pelo Espírito; e não desfrutarei
os resultados da bênção de ser dominado pelo Espírito.
Mas,
passemos para a visão positiva - isso é o mais importante. A visão negativa
certamente é óbvia. Não podemos encher-nos de vinho e do Espírito Santo ao
mesmo tempo; não podemos encher-nos do pecado e do Espírito Santo; são
incompatíveis. “Não há comunhão entre a luz e as trevas, entras” (2 Co
6:14-16). Isso é elementar, por certo. Temos que parar de entristecer o
Espírito; temos que resistir ao diabo, temos que sujeitar o corpo, temos que
lutar contra os resíduos e restos do pecado que há em nós. Essa é a primeira
parte, mas é negativa.
E
a positiva, que é? É isto - e nada pode ser mais importante que isto - temos
que dar-nos conta de que Ele está dentro de nós. O Espírito Santo está em todo
cristão. Para empregar as palavras de um hino, Ele está dentro de nós -
“hóspede bondoso e bem disposto”.
Já
notaram como o Senhor se expressa a respeito? Ele ia deixar os Seus discípulos,
e eles estavam desanimados. Disse Ele: “Não se turbe o vosso “oração” -
não se entristeçam. “Não lhes deixarei sem consolação”; que significa: “Não
lhes deixarei órfãos, enviarei outro Consolador” (Jo 14). “Enviar-lhes-ei
Alguém que
fará por vocês o que tenho feito enquanto estive com vocês. Vocês me
procuravam
quando estavam em dificuldade, me consultavam. Eu estava
sempre aqui para responder-lhes. Porque lhes digo que parto, dizem: “E agora,
que faremos?” Não se perturbem, porém. Vou enviar-lhes outro Consolador, vou
enviar-lhes outro Advogado, Alguém que estará para sempre com vocês, em vocês;
estará com vocês o tempo todo para guiar-lhes, dirigir-lhes e fazer tudo de que
tiverem necessidade. O meio pelo qual somos dominados pelo Espírito Santo
consiste em lembrar-nos de que Ele está aí, “hospede bondoso e bem disposto”
dentro de nós, habitando em
nós. Temos que fazê-lo deliberadamente.
Devemos começar o nosso dia dizendo a nós mesmos alguma coisa como isto: “O
Espírito Santo está morando em mim, Ele está em meu corpo; o meu corpo é templo
do Espírito Santo, que vive e mora dentro de mim. Devo lembrar-me disso”.
Mais
que isso; temos que desejar tê-lO, temos que ansiar por Ele, por Sua companhia
e Sua comunhão. Já notaram quantas vezes o Novo Testamento fala da “comunhão do
Espírito Santo”? Vejam a bênção: “A graça do Senhor Jesus (Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos” (2 Co 13:13).
Precisamos que nos lembrem desta comunhão? Temos que lembrar-nos a nós mesmos
dela, e que buscá-la. Se Ele está em mim, devo comungar com Ele, devo ter
comunhão com Ele. Devo consultá-lO, considerar Sua presença e pedir-Lhe que Se
manifeste a mim cada vez mais. É assim que podemos ser cheios do Espírito.
Em
seguida, também, preciso prestar a máxima atenção a todas as Suas sugestões. Se
alguma
vez vocês sentirem um súbito desejo de ler a Palavra de Deus,
será o Espírito Santo agindo em
vocês. Ele os está incitando. Obedeçam-Lhe; vão fazê-lo. Se
se sentirem impulsionados a orar, façam-no. Obedeçam-Lhe; parem de fazer o que
estiverem fazendo; não adiem a obediência. ELE lhes solicitou isto; portanto,
larguem tudo; façam o que Ele pede. Sejamos sensíveis às Suas sugestões. Dessa
maneira é que seremos cada vez mais dominados pelo Espírito. Quanto mais Lhe
obedecermos, mais indicações dará dos Seus desejos, mais sugestões nos dará.
Portanto, devemos ser cuidadosos e meticulosos na obediência a cada um dos
Seus mandados ou exigências.
Todas
estas coisas nos sucedem com freqüência. Ele quer conduzir-nos avante, quer
guiar-nos. Sempre o faz, sempre está desejoso de mostrar-nos mais e mais do
Senhor Jesus Cristo. Deixem-nO fazê-lo. Não nos pesará a culpa de apagar
saudáveis insinuações acerca da freqüência à casa de Deus, acerca da leitura
das Escrituras, acerca da oração, e etc? Ocorrem as sugestões do Espírito Santo
com vistas a conduzir-nos, dominar-nos e dirigir-nos. Deixemos que Ele o faça.
Esse é o sentido da exortação em foco.
Não
recebemos isto como uma experiência isolada. Quisera Deus que o fosse! Quão
mais fácil seria! É questão de relacionamento pessoal; e, como cristãos, somos
criaturas responsáveis. Ele não vai ficar fazendo tudo enquanto ficamos na
passividade. Não é que tudo é feito maravilhosamente para nós, não nos restando
mais nenhuma luta. Há luta! O mundo, a carne e o diabo continuam aí, e temos
que resistir-lhes. E também temos que ouvir positivamente o Espírito e dedicar
tempo e atenção para fazê-lo. Nessas questões não existem atalhos. Não
recebemos isso num pacote fechado e amarrado, como artigo de pronta entrega, já
tudo pronto e completo. Não, esse método é próprio das seitas; não é esse o
ensino do Novo Testamento. E psicologia; não é o ensino das Escrituras.
Demos
ouvidos às sugestões do Espírito, e a seguir demos ouvidos à Palavra, às
Escrituras. Que é esta Palavra? É a Palavra do Espírito Santo. Ele é o Autor.
“Homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).
Nada desta Palavra é de particular interpretação; ela não é do homem, é a
Palavra de Deus. Leiam-na, digo-lhes, estudem-na,
devorem-na, procurem
compreendê-la, dediquem-lhe tempo e atenção. Vocês têm aproveitado todas as
oportunidades para aprofundar-se nesta Palavra? Basta comparecer a um culto
por semana? Quantas vezes damos atenção à exposição pública da Palavra e ao
estudo privado para compreendê-la? É dessa maneira que somos conduzidos pelo
Espírito. Conhecer a Sua Palavra e todas as suas injunções,
dar-lhes
ouvidos; ter sensibilidade ante elas, e então obedecê-las! Obedecer à Palavra
de Deus! O Espírito Santo agrada-Se quando um de nós toma uma palavra das
Escrituras e a põe em prática, quando deixamos que ela governe as nossas
decisões, as nossas ações e todo o nosso comportamento.
Aí
estão, pois, alguns dos princípios. Mencionei apenas alguns títulos dos meios
pelos quais havemos de encher-nos do Espírito. Constitui submissão voluntária
ser dominado em toda a nossa vida, mente, coração e vontade, pelo Espírito
Santo de Deus.A que isso leva? É o que o apóstolo vai dizer, na seqüência.
Significa que fruto do Espírito se manifestará em nós. Onde Ele exerce
o controle, o fruto e evidente e óbvio - “caridade (ou “amor”), gozo, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:22). Ei-los! São
evidentes. E também todas as coisas que o apóstolo passa a dizer no versículo
seguinte, o verso dezenove deste capítulo cinco de Efésios
- acerca
de como devemos conduzir-nos na casa de Deus, de como devemos conviver
harmoniosamente, maridos e esposas, pais e filhos, senhores e servos. Quando os
homens e as mulheres são dominados pelo Espírito Santo na mente, no coração e
na vontade, essa é o tipo de vida que levam. Prossigamos, continuemos sendo
dominados pelo
Espírito
Santo, que habita em nós como “hóspede bondoso e bem disposto”.
domingo, 14 de outubro de 2012
O ESTÍMULO DO ESPÍRITO
Irmãos segue o estudo para o
nosso compartir desta terça e quinta feira.
Como vimos, nestes últimos meses,
estudando sobre a Pessoa e Obra do Espírito Santo,
agora o Senhor nos direciona a aplicar este ensinamento, este depósito
que ele fêz em nós. Onde
vamos aplicá-los? Esta série de estudos irão nos conduzir nas seguintes
áreas da nossa vida: Casamento, Lar, Igreja e
Trabalho. Irmãos que necessidade temos de ser "cheios
do Espírito" para termos a expressão ou o bom perfume de Cristo
nestas áreas. Vamos irmãos! podemos ser cheios do Espírito neste tempo! Como
disse Josué e Calebe "Eia subamos e possuamos". Irmãos
o Espírito irá nos encher! O que temos que fazer? Vamos agora mesmo, individualmente
e coletivamente, "ficar em Jerusalém até que
sejamos cheios do Espírito". O que isso significa?
Não sair da presença do Senhor. O que isso nos implicará?
Cruz, negar a nós mesmos, abrir mão de certas coisas lícitas. Irmãos não temos
mais tempo para brincar de cristãos. O Senhor tem pressa em "adornar
a sua Noiva". Não basta ser Igreja. Temos que ser Noiva.
Não basta ser salvo. Temos que conquistar o Reino. "Eia
subamos e possuamos".
Números 13:30 - Então, Calebe fez
calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra,
porque, certamente, prevaleceremos contra ela.
O Horário da reunião será às
20:00 agora.
Efésios 5:18
“E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito”
Nada é mais notável acerca do
apóstolo Paulo do que o variado caráter do seu ministério,
suas exposições das grandes doutrinas da fé O apóstolo jamais aborda qualquer
problema prático da vida cristã de maneira imediata ou direta: sempre o faz
doutrinariamente. Assim, nesta passagem vemos que quando o apóstolo passa a
tratar dos problemas do cristão em sua vida conjugal
e familiar, e em seu trabalho, ele o faz lembrando-nos que a
vida cristã é vida no Espírito. Ele expõe isto de maneira
extraordinária, com as palavras, “E não
vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”.
O objetivo do apóstolo não é apenas denunciar ou proibir a embriaguez. Isso
certamente está incluído no texto; mas não constitui a mensagem principal do
versículo. E se nos detivermos aí, podemos tornar-nos legalistas. E, ainda,
perder a glória desta exortação.
Aqui o apóstolo começa a dar-nos
uma visão ainda mais positiva da vida cristã do que fizera até esta altura. Até
este ponto, ele se interessara, em expor de maneira negativa, a diferença
existente entre a velha vida e a nova. Agora, porém, ele se toma muito mais
positivo e pinta o quadro da nova vida no
Espírito. No entanto, no meio de tudo que estivera dizendo e de tudo que iria dizer, diz de repente: “E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Por
que Paulo introduziu este elemento de embriaguez, de bebida excessiva?
Parece-me haver duas principais
respostas para essa questão. A primeira é que não havia nada mais
característico da velha vida do que a embriaguez e a devassidão. Vemo-lo, por
exemplo, na Epístola aos Romanos, e também no capítulo quarto de Efésios. A forma comum de viver era de embriaguez e
libertinagem, de todas as coisas que acompanham o beber em excesso. Esse era o
modo de viver desses efésios, em
geral. Mas agora, haviam sido transformados. Tomaram-se novas pessoas, são cristãos, estão “no Espírito”; por isso o apóstolo diz
que a nova vida é completamente diferente, um contraste.
Ao mesmo tempo, ele tem também um
segundo objetivo em mente - mostrar que, nalguns
aspectos, há certa similaridade entre os dois estados e vidas. Não
tenho dúvida de que havia na mente do apóstolo, neste ponto, a lembrança do que
aconteceu em Jerusalém. O
relato é dado em Atos cap. 2. É-nos dito que
pessoas de diferentes países os ouviam, e outros, zombando, diziam: “estão cheios de mosto”. Estão bêbados! “Pedro, porém, pondo-se em pé, disse-lhes”: “estes homens não estão embriagados, como vós
pensais”. A passagem fala de homens que subitamente foram cheios do
Espírito Santo; mas certas pessoas pensavam que eles estavam bêbados, cheios de vinho.
Há, portanto, certa semelhança entre os dois estados e condições.
Opino, pois, que o apóstolo se
expressa desta maneira para poder apresentar tanto o elemento de contraste como o de
similaridade. Existem essas claras diferenças essenciais entre as duas
vidas; mas há certos aspectos em que ambas são semelhantes. Assim, o apóstolo
nos dá um maravilhoso quadro da vida cristã em toda a sua plenitude. Primeiramente,
daremos uma olhada no que ele nos fala acerca desta vida do cristão cheio do
Espírito. Depois consideraremos como esta vida se toma possível, e o sentido
exato da expressão “Encher-se (Ser
cheio) do Espírito”. E posteriormente,
passaremos a considerar como esta espécie de vida se mostra e se manifesta.
Há duas expressões que nos cabe considerar antes de examinarmos o
quadro geral. A primeira é a palavra “embriagar-se”.
“E não vos embriagueis”; que
significa? Noutras palavras, a noção toda não é apenas a de um homem que toma
um pouco de vinho, mas de um homem cheio de vinho. De fato, a própria
palavra que o apóstolo empregou aqui, também era empregada com referência ao
processo de “embebedar-se”, “encharcar”. Por exemplo, quando queriam
fazer uso da pele de um animal e desejavam esticá-la, embebiam a pele em
diversos óleos e gorduras, e deste modo ela ficava mais flexível. Pois bem, a
mesma palavra era empregada para esse processo de embeber; “Não vos encharqueis com vinho, mas
enchei-vos do Espírito”.
A palavra subseqüente é “excesso”. Isto dá-nos a chave para
explicar a ilustração que o apóstolo está empregando. Quando ele diz: “E não vos embriagueis com vinho, em que há
contenda” (ou “excesso”), não está simplesmente chamando a atenção para a
quantidade de vinho consumida, mas está afirmando que embriagar-se com vinho leva a excesso. A mesma palavra é empregada
com relação ao filho pródigo. Lemos sobre ele
em Lucas 15, que “desperdiçou a sua
fazenda, vivendo dissolutamente” - a palavra traduzida por “dissolutamente” é exatamente a mesma do
nosso texto aqui em Efésios. O filho
mais novo, o pródigo, foi para uma terra distante com os bolsos cheios de
dinheiro; mas desperdiçou “a sua fazenda”,
o seu dinheiro, “vivendo dissolutamente”.
Assim, podemos ler em Efésios: “E não vos embriagueis com vinho, que “causa dissolução”, ou “prodigalidade”, ou “esbanjamento. Quando nos pesa a culpa de “excesso”, é porque não “poupamos”,
não “guardamos”, não “conservamos”; desperdiçamos de maneira pródiga, desregrada, com esbanjamento; e acabamos
ficando sem absolutamente nada. Portanto, em última análise, a palavra leva
consigo a idéia de “destrutibilidade”.
Agora temos, então, o sentido: “E não vos encharqueis com vinho, que leva ao
desregramento, ao esbanjamento, ao desperdício e à destruição final; mas
enchei-vos do Espírito”.
À luz disso, observemos o quadro positivo que o apóstolo nos dá aqui da
vida cristã. A vida cristã é uma vida controlada,
ordenada. Temos aqui um elo de
ligação com o que veio antes; porque ali Paulo nos disse que devemos andar “prudentemente”,
“não como néscios, mas como sábios”.
“Pelo que não sejais insensatos”. Na
passagem que estamos focalizando, ele desenvolve aquela idéia. A vida cristã é uma vida controlada, uma vida ordenada;
é exatamente o inverso da
condição do ébrio, que perdeu o controle e está sendo controlado por outra
coisa, por assim dizer, e que, portanto, jaz num estado de completa desordem e
desarranjo.
A bebida não é um estimulante, é um agente de depressão. Deprime antes de
tudo os núcleos mais elevados do cérebro. Eles controlam tudo que dá ao homem o
domínio próprio, a sabedoria, o entendimento, a capacidade de avaliar tudo;
tudo que faz o homem. A bebida é algo que imediatamente escapa do controle; e
aqui o apóstolo nos está lembrando que não há nada que deva ser mais óbvio
quanto ao cristão, nem mais característico deste, do que a ordem - esta
qualidade do que é bem ordenado, este
equilíbrio, esta esta disciplina. Não
deve existir nada no cristão que lembre aquela falta de controle que constitui
o sinal mais patente da embriaguez.
A vida cristã não é de desperdício ou dissipação, mas, sim, uma vida produtiva.
Que é um cristão? Não posso pensar num melhor modo de descrevê-lo do que este:
ele é exatamente o oposto do filho
pródigo. Nessa parábola temos um comentário perfeito deste versículo que
estamos examinando. Vemos dois lados: o
filho pródigo na terra distante, o
filho pródigo depois que voltou para casa. Aqui está este maravilhoso
contraste. Quero dizer que a bebedeira é sempre dissipadora, ela sempre esbanja. Esbanja o que? Esbanja tempo, a sua energia, lança
fora a pureza, joga fora - a capacidade de pensar, de raciocinar, de compreender, e de todo o equilíbrio
de que venho falando. Tudo isso é dissipado. É isso que faz da embriaguez uma
coisa tão terrível. Vemos um homem assim atirar pela janela as coisas mais
preciosas que lhe pertencem. A embriaguez é sempre destrutiva.
Por outro lado, a vida cristã é o
oposto disso tudo. A grande característica da vida cristã é que ela conserva, edifica e aumenta o que temos. O
cristão está sempre ganhando algo,
sempre aprendendo algo novo. Sobre a
vida piedosa, o Velho Testamento declara que é uma vida que enriquece - que nos
faz ricos em todos os aspectos; de fato nos introduz nas “insondáveis riquezas de Cristo”. A vida
cristã faz isso. É uma vida que preserva,
conserva e aumenta tudo que há de melhor no homem. É precisamente o oposto do
tipo de vida que o filho pródigo levava; e o é em todos os aspectos. O pródigo jogou
fora seu dinheiro com as suas mãos. O cristão não é um miserável, mas diz o
Novo Testamento que ele é um “mordomo”.
Outro contraste notável é este: a
vida cristã, diversamente da vida de embriaguez e de excesso, não esgota o homem. O pobre sujeito pensa que está sendo estimulado; na verdade está se exaurindo
por causa do seu pródigo uso da sua energia. Mas a vida cristã não produz exaustão; na verdade faz exatamente
o oposto, graças a Deus. Todas as outras fontes de influência nos esgotam, ao passo que o Espírito
sempre coloca poder dentro de nós. O
Espírito Santo, volto a dizê-lo, não nos esgota; Ele
coloca poder dentro de nós, mas a energia produzida e gasta pelo homem esgota.
O álcool, ou qualquer estímulo artificial produzido pelo homem, sempre nos
deixa exaustos e fatigados. O Espírito não! A embriaguez esgota; o Espírito
Santo não esgota, mas comunica energia.
Da mesma maneira podemos indicar que este excesso, esta embriaguez,
sempre empobrece. O pobre bêbado se
vê sem nada. Observem isto na parábola do filho pródigo. Lá estava ele,
coitado: o dinheiro tinha acabado, tudo tinha desaparecido, e ele estava
tentando conservar-se vivo comendo as bolotas que eram dadas para alimentar os
porcos. “E ninguém lhe dava nada”.
Ele não possuía absolutamente nada; estava completamente empobrecido. Lembra-se do seu lar e do seu pai, e diz: “Ora, os servos de meu pai estão em melhor situação que eu, têm pão
“para dar e vender”, e eu não tenho
nada”. A vida cristã é o exato oposto
disso. Estamos edificando, estamos aumentando, estamos crescendo, estamos a desenvolver-nos?
Esse é um penetrante teste para vermos se o Espírito está em nós em Sua plenitude,
ou não.
Tenho acentuado que a vida cristã
é uma vida controlada e ordenada, que é uma vida produtiva, em contraste com todas as
outras maneiras de viver. Mas, acima de tudo, quero acentuar que a vida cristã
não é uma vida meramente negativa. Acredito que foi para dizer isso que o
apóstolo usou esta comparação. Podemos ler esta
Epístola aos Efésios, especialmente cap 4:17 até este
ponto, e talvez, lendo-a superficialmente, fiquemos com a impressão de que a
vida cristã é tão somente negativa - que não devemos fazer isto, não devemos praticar
aquilo, que não nos devemos dar a
conversas tolas, que não devemos embebedar-nos,
e assim por diante. Muitos pensam assim,
é apenas uma vida de proibições, e
vocês estão sempre dando ênfase a ordem, controle, disciplina, zelo e coisas
semelhantes. Esta sua vida cristã é inteiramente negativa?” Dizem eles. A
resposta é: “Não, mil vezes não”. Alguns parecem pensar que o cristão é um homem triste,
quase miserável, um homem meramente moral.
São os homens morais e bons da
igreja que hoje constituem os maiores inimigos da cruz de listo; e, portanto,
eles devem ser denunciados. Surpreende-se alguém de que eu fale deste modo da
moralidade? Faço isto porque, de muitas maneiras, a moralidade é o maior
inimigo do cristianismo. O cristianismo não é moralidade apenas ou ausência de certas coisas da vida do
homem. Certamente não há nada que faça mais dano à fé cristã do que esse modo
de ver. Estou dando ênfase a este ponto porque Igreja cristã tem estado
pregando moralidade e ética, esta pregação do “viver bem”. Tais homens deixam cair às doutrinas; eles não gostam
da idéia de expiação, e consideram ridículo falar do novo nascimento. Para eles, cristianismo é aquilo que ensina o
homem a viver bem.
Mas isso é inteiramente falso. O cristianismo dá vida
nova ao homem. Não é apenas uma espécie de moralidade negativa que entorpece a
alma e a priva de todo vigor e vitalidade. O apóstolo, digo eu, ao
utilizar esta comparação, troveja para nós
este fato tremendo, que a vida cristã não
é tão somente uma vida negativa, uma simples
ausência do mal e do pecado. O cristianismo é estimulante,
é entusiasmante, é emocionante! É isso o que Paulo está
dizendo: “E não vos embriagueis com
vinho, em que há contenda” (ou “excesso”) - não vão atrás de bebida, se é
que vocês estão procurando emoção,
estímulo, alegrias - “mas enchei- vos
do Espírito”, e terão isso tudo, e mais. Esta é a tremenda idéia que é tão
característica do ensino do Novo Testamento. O Espírito Santo é um estímulo real, positivo, ativo.
Que é que Ele estimula? Estimula
todas as nossas faculdades. Estimula a mente
e o intelecto. Ele realmente desperta
as faculdades da pessoa e as desenvolve. Todavia, Ele não estimula somente o intelecto. Também
estimula o coração. Toca o coração; e
não há nada que possa tocar as profundezas
do coração como o Espírito Santo. A influência
do Espírito Santo toca e estimula a vontade. Os cristãos de todos os tempos sempre concordaram em que a vida cristã
que receberam é o maior estímulo que
se pode conceber. Está sempre levando a algo novo, a algo maior. Posso dar meu testemunho pessoal a respeito disto? Talvez vocês pensem que um homem que por mais de vinte anos
prega no mesmo púlpito, começa a achar que já esgotou
a Bíblia, ou que esta já deixou de estimulá-lo.
Ao contrário, o que acho é que estou apenas começando. É um trabalho cada vez mais maravilhoso. Acho-o cada vez mais
emocionante, semana após semana. Às vezes gostaria que houvesse dois domingos por semana, e até mais! É tão extraordinário! A riqueza, a profundidade e a amplitude são tais que sinto como se estivesse apenas nas antecâmaras; e lá dentro estão
estes grandes tesouros. Tive um vislumbre deles, e quero examiná-los. Que vida estimulante,
emocionante, entusiasmante é
esta! Nela sempre estamos em movimento, sempre nos movendo para diante, virando esquinas
e contemplando sempre panoramas mais majestosos.
Nunca tínhamos ouvido nada a respeito deste, e outro
mais, e ainda outro.
O cristão é o homem cuja mente se expande, cujo coração é
tocado e se alarga. E ele deseja dar de si, deseja ampliar as fronteiras do reino de Deus, para que outros venham a
partilhar dele. A vida cristã afeta o homem completo
- o intelecto, as emoções, a vontade (alma). Que estímulo! A
vida cristã é uma vida feliz; é uma vida repleta de alegria. “Vocês estão interessados em felicidade e alegria?”, pergunta o apóstolo. Pois bem, se estão, “enchei-vos do Espírito”. Vocês pensavam
que esta vida cristã era uma vida insípida
e enfadonha? Se a resposta é sim, estavam errados em sua opinião sobre isso. Deus tenha
misericórdia de nós se representarmos esta vida como insípida e enfadonha! Digo
novamente que ela é emocionante, feliz e repleta de alegria. Ouçam o Velho
Testamento: “A alegria do Senhor é a
vossa força” (Ne 8:10). Ouçam o apóstolo, em sua Epístola aos Fp
4.4: “Regozijai-vos no Senhor; outra vez
digo, regozijai-vos”. Estas são as grandes expressões da vida cristã.
Ainda mais: esta vida não é apenas
feliz e alegre, é uma vida que capacita
a pessoa a ser feliz e alegre, mesmo em meio a provações e tribulações. Ouçam o
que apóstolo Pedro diz sobre isso. (1 Pedro 1:6). “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa sendo
necessário, que estejais por um
pouco contristados com várias
tentações”. Eles estavam passando
por um período muito duro e difícil, estavam
em meio a provações e tribulações. Isto é cristianismo! Os cristãos se
regozijam, mesmo em meio a tribulações. Esta é a
única vida verdadeiramente feliz! As alegrias
naturais muitas vezes levam à miséria
e à infelicidade, ao “dia que vem depois da noite”, ao remorso
e à exaustão. A alegria do Senhor não me faz feliz somente de noite,
mas também de manhã, e durante o dia
subseqüente, e dez, vinte anos depois - em meu leito de morte, e para todo o
sempre na glória. Esta é a única alegria que persiste até na adversidade. “Minha alegria”, diz Cristo à sombra da
cruz, “vos darei, e minha alegria ninguém
tirará de vós.” Graças a Deus, homem nenhum poderá tirá-la, porque se trata da
alegria do Senhor, da alegria do Espírito Santo.
A vida cristã é uma vida convival.
“Convivência social”, dizem eles, “é
impossível sem o estímulo da bebida” - naturalmente querem dizer, sem o
efeito da bebida! Naturalmente, os cristãos gostam da
companhia uns dos outros. Se você não gosta da companhia de cristãos, não posso
ver como você pode ser cristão, de maneira nenhuma. Porventura há na terra
alguma coisa comparável ao encontro de cristãos? Eu sacrificaria tudo que o
mundo tem para oferecer para ter cinco minutos com um santo! Que é que o mundo tem para oferecer-nos de melhor e mais
elevado? A comunhão dos filhos de Deus reunindo-se, conversando acerca da
grande libertação, acerca da nova vida e da bendita esperança que jaz diante
deles, conversando acerca do lar, conversando acerca da glória vindoura,
contentes juntos, enfrentando juntos os problemas, ajudando uns aos outros,
fortalecendo uns aos outros, estimulando uns aos outros. Essa é a alegria dos
Efésios que convivem em comunidade na vida da igreja. Não há nada que se lhe
iguale, contanto que seja genuinamente cristã. Ser membro da igreja não lhes
dará isso necessariamente, como tampouco o fará a moralidade. Mas quando os
membros da igreja estão cheios do Espírito, o resultado é essa vida comunitária,
têm interesse uns pelos outros, têm compaixão, desejo de ajudar, e estão todos
juntos num grande e glorioso espírito de convivência, louvando o Senhor, unindo
as suas vozes em cânticos e antecipando juntos aquilo que ainda lhes está
reservado!
Não se trata meramente, nem
unicamente, de uma vida de abstenção de bebidas, de renúncia ao cinema, de não fumar, de não fazer isto ou aquilo.
A pessoa pode ser transparentemente limpa em todas essas questões
e ainda não ser cristã. “E não vos embriagueis com vinho, em que há
contenda (ou “excesso”), mas
enchei-vos do Espírito.”
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