30ª
Estação – Jotbatá (parte 3)
TEXTOS: Nm 33:33; Jo 7:37-39; Tg
3:11; Mt 5:8; Jo 15:3; Jr 17:9; Mt 15:19-20a; Sl 86:11; Jr 3:10; Rm
7:22-23; Sl 23; ICo 12:13
Vamos avançar na sequência dessa
série de estudos acerca de Jotbatá,
a 30ª estação. Creio que essa estação nos fala claramente acerca
do fluir do Espírito Santo. Jotbatá
é uma região onde havia águas
correntes, águas fluindo para a satisfação do povo de Israel.
Temos estudado sobre esse
assunto a partir do que nos falou o Senhor Jesus em Jo 7:37-39:
“37 No
último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém
tem sede, venha a mim e beba. 38 Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
39 Isto
ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem;
pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido
ainda glorificado.”
Estamos agora estudando sobre
esse “interior”,
pois aqui há uma chave para entendermos o verdadeiro significado de se ter uma
vida cheia do Espírito Santo de Deus – uma vida que verdadeiramente permita o
fluir do Espírito Santo. Se esse
interior estiver sujo, cheio de coisas que não agradam o Senhor, como o
Espírito Santo poderá fluir?
Nós vimos pela Palavra de Deus,
de uma forma muito clara, em Tiago
3:11, que de uma mesma fonte não pode jorrar água doce e aquilo que é amargoso.
E pela Palavra de Deus temos a certeza de que o Senhor, pelo Seu caráter Santo,
não flui de um lugar impuro. Por isso precisamos ter um coração puro. Em Mateus 5:8, ensinando sobre as
bem-aventuranças, o Senhor Jesus disse:
“8 Bem-aventurados os limpos de
coração, porque verão a Deus.”
É interessante tudo
isso, porque em João 15:3, o
Senhor Jesus, olhando para os discípulos, disse:
“3 Vós já estais limpos pela
palavra que vos tenho falado”.
A única maneira que
alguém tem de ter o coração limpo é reconhecer toda a impureza que tem dentro
de si e buscar a ajuda do Senhor. E nós precisamos lamentar em face ao nosso
próprio coração. Jeremias 17:9
diz:
“9 Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto;
quem o conhecerá?”.
Creio que nesse texto nós precisamos
analisar algumas palavras. Amados irmãos, olhando para essas palavras de Jeremias,
nós precisamos estar bem atentos ao que o nosso Senhor Jesus nos fala aqui.
Precisamos estar certos de que o nosso Senhor Jesus está nos conduzindo de uma forma
preciosa. Vamos atentar para essas palavras de Jeremias:
·
Enganoso – fala de algo astucioso,
traiçoeiro;
·
Desesperadamente – no
hebraico significa mergulhado em desespero; extremamente aflito, atormentado,
sem esperança;
·
Corrupto – significa estar fraco,
doente, frágil; ser incurável.
Então é isso que ele fala do nosso
coração. Ele é enganoso, traiçoeiro, astucioso; um coração mergulhado em
desespero, extremamente aflito, atormentado. Não há esperança para esse coração
caído, adâmico, porque ele é corrupto, fraco, doente, frágil.
Irmãos, nosso coração é
desesperadamente perverso. Como disse o irmão Mackintosh, “é um inferno em miniatura”. E quando você estuda a Palavra de Deus,
vê que essa palavra “coração” define “o homem interior”. Na tradição
judaico-cristã, essa palavra “coração” refere-se à “fonte de todas as energias físicas,
emocionais, intelectuais, volitivas e morais”. Do coração originam-se
impulsos impenetráveis, além de sentimentos, disposições e desejos
inconscientes. O coração também tem suas raízes e é o centro da concepção do
entendimento; é a sede da vontade; é o órgão central e unificador da nossa vida
pessoal; é o centro da personalidade humana. Mas quando você vai para a Palavra
de Deus, vê que o Evangelho começa com a seguinte pergunta: “Qual é a condição do seu coração diante de
Deus?”.
O coração é sempre o manancial de todas
as nossas dificuldades. Veja o que o Senhor Jesus disse em Mateus 15:19-20a:
“19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios,
prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. 20 São estas as coisas que contaminam o homem (...)”.
Amados, a terrível e trágica falácia
que muitos têm proclamado é que o homem está como está por causa do seu
ambiente. Dizem que o homem só poderá melhorar se seu ambiente for melhorado.
Isso não passa de uma trágica mentira, de uma trágica falácia. O primeiro erro
do homem ocorreu em um ambiente perfeito, agradável, de paz, harmonia, onde o
amor de Deus predominava sobre ele. Foi no paraíso que o homem agiu em rebelião
a Deus. Então, olhe para esse texto de Mateus
15:1-20. Vemos nitidamente que o problema do homem está no seu coração.
As dificuldades do homem encontram-se no âmago do seu ser.
Agora quero que você volte a Mateus 5:8, nas palavras do
nosso Senhor:
“8 Bem-aventurados os limpos de
coração, porque verão a Deus.”
É interessante que essa
palavra, “limpos”, no grego é “katharos”: “puro, livre de desejo corrupto, de pecado
e culpa; livre de qualquer mistura com o que é falso”.
Uma das melhores definições para esse
termo no aspecto espiritual é aquela que podemos encontrar no Salmo 86:11:
“11 Ensina-me,
SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só
temer o teu nome.”
Amados, nossa grande dificuldade é o nosso coração dúplice. Quando
estudamos o livro do profeta Jeremias, descobrimos que a causa do cativeiro de
Judá foi um coração dividido. Jeremias
3:10 diz assim:
“10 Apesar de
tudo isso, não voltou de todo o coração para mim a sua falsa irmã Judá,
mas fingidamente, diz o SENHOR.”
Ao estudar o Livro de Jeremias, você vê
que o coração do povo de Judá era o coração de quem tinha Deus e mais algumas
coisas. Eles estavam possuídos pela idolatria. Idolatria significa viver de
substitutos. Em Romanos 7:22-23
Paulo diz:
“22 Porque, no
tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo,
nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.”
Um coração limpo é um coração
destituído de contaminação, de impureza. E para que tenhamos um coração limpo,
um coração puro, temos que permitir que a Palavra de Deus trabalhe em nós. Somente a Palavra
de Deus poderá limpar o nosso coração. O texto que vimos em João 15:3 diz:
“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.
A Palavra de Deus é o instrumento do
Espírito Santo para poder nos limpar, para nos vivificar, para nos transformar.
A Palavra vem nos limpando de toda impureza, de toda iniquidade.
Amados irmãos, como necessitamos ser
trabalhados pela Palavra de Deus, como necessitamos ser limpos por ela. Se
desejamos ter uma vida onde o Espírito Santo flui com toda liberdade, com toda
intensidade; se queremos ter em nós uma fonte a jorrar para a vida eterna, precisamos
ter em nós o falar de Deus, Sua Palavra vivificadora, Sua Palavra que nos
transforma. Nós necessitamos do falar de Deus dia após dia, porque o falar de
Deus é o Seu trabalhar. Quanto mais
ouvimos a Palavra de Deus, mais Deus está trabalhando em nós. Por causa
deste coração, por causa desta vida que vivemos na terra, necessitamos de uma
profunda comunhão com Deus e com Sua Palavra. Somente através da Palavra
é que poderemos estar limpos, é que poderemos ser conduzidos por Deus a uma
experiência profunda com Seu Espírito. Por essa razão lemos no Salmo 23:4, onde Davi diz:
“(...) a tua vara e o teu cajado me consolam”.
Há algo muito especial aqui, porque a
figura do “cajado” e a figura da “vara” falam
daquilo que vemos da própria Palavra de Deus. A Palavra de Deus é uma vara, tem
o aspecto da vara e do cajado. Isso é maravilhoso. De uma forma e de outra, tanto
a vara, como o cajado, simbolizam a Palavra de Deus. Como “vara”, ela tem o
propósito de nos corrigir, de nos tratar e de nos disciplinar. Como “cajado”,
ela tem a finalidade de nos conduzir. E você pode ver isso. É o que o Senhor
diz aqui, pelo Seu Espírito, através desse cântico de Davi, no Salmo 23.
Ele diz assim:
“1 O SENHOR é
o meu pastor; nada [nada!] me faltará. 2 Ele me faz
repousar em pastos verdejantes [olhem o alimento]. Leva-me para junto das águas de
descanso [olhem o fluir do Espírito]; 3 refrigera-me
a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4 Ainda que
eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás
comigo; o teu bordão [a tua vara] e o
teu cajado me consolam.
Gostaria que você notasse esta palavra: “me consolam”.
Aqui ela tem o sentido de “compaixão,
de aliviar, de confortar, de consolar”. A Palavra de Deus tem essa
finalidade, porque o propósito dela, mesmo disciplinando, é sempre de corrigir,
de nos conduzir. E conduzir a quê? Ao descanso, à satisfação de Deus. Deus não
tem prazer no nosso coração impuro, Ele deseja ganhar o nosso coração. E eu e
você precisamos estar cientes disso, pois se não entendemos o que significa ser
cheio do Espírito Santo, ter o fluir do Espírito Santo, jamais vamos entender o
verdadeiro significado da vida cristã. E Deus deseja mostrar isso para nós.
Amados, quando olhamos para a Palavra de Deus, vemos tanto a questão do “batismo”,
como a questão do “enchimento do Espírito”. Tanto o “batismo no Espírito Santo”,
como o “enchimento”. O
batismo significa ser colocado dentro de alguma coisa. Mas o enchimento
significa que algum elemento está dentro de você. No batismo diz que você
foi colocado dentro de algo, emergido em algo. Mas o enchimento indica que um elemento
está dentro de você. Quando nós pronunciamos que bebemos do Espírito, significa
que nós estamos desfrutando, estamos bebendo aquilo que é espiritual. O batismo
significa que você é colocado dentro da água. O beber significa que a água está
dentro de você.
Essas metáforas nos são apresentadas para nos introduzir na “pericorese
espiritual”, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem em plena
comunhão de amor, de glória e santidade em nós. Creio que o
propósito de Deus é nos levar a uma profundidade espiritual. Se nós entendermos
isso, vamos compreender verdadeiramente o significado de viver uma vida cheia
do Espírito Santo.
Em I Coríntios 12:13 Paulo
diz:
“13 Pois, em
um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer
gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só
Espírito.”
Podemos ver aqui: “batizados” e “beber”.
“Batizados”,
no Novo Testamento, ocorre sessenta e três vezes, e seu significado é “mergulhar repetidas vezes”; e, “beber”,
ocorre quinze vezes em todo o Novo Testamento, e seu significado é “receber
na alma o que serve para refrescar, fortalecer, nutrir para a vida”.
Amados irmãos e irmãs, Paulo diz nesse texto que todos fomos batizados
em um corpo no dia do Pentecostes. Foi aí que aconteceu o batismo. Na última
frase, no entanto, vemos a conjunção “e”, que apresenta algo muito
importante dentro da gramática grega. Diz: “E a todos foi dado beber de um só
Espírito”. Irmãos, em certa
ocasião o Senhor comparou o “Espírito Santo” à “água
viva”. E quando foi isso? Vocês se lembram, pois estamos estudando
sobre isso, lá em João 7:37-39.
Após a Sua ascensão, o nosso Senhor derramou dos céus a “água viva”. Isso
foi o batismo. Assim, todos os cristãos da terra foram batizados, porque o
Espírito Santo foi derramado sobre eles. Mas aqui em I
Coríntios
12:13 diz que hoje todos nós temos que beber de um só
Espírito.
Aquilo que o Senhor nos deu em Pentecostes é um fato, uma realidade.
Assim como a Cruz foi um fato, um fundamento, algo que ocorreu, o Pentecostes também.
E a Igreja, desde esse tempo, vive essa experiência, essa realidade. E ela
precisa conhecer isso na prática, experimentar isso na prática. Nós não podemos
viver na periferia dessas verdades. Todos nós, salvos em Cristo Jesus, temos
essa bênção.
Então, nós temos que entender. E
para que o Espírito Santo possa fluir em nossa vida, continuadamente, é necessário
que o nosso interior esteja sendo limpo pelo falar do Senhor, pela Sua Palavra.
Que Deus, mais uma vez, venha lhe abençoar em Cristo Jesus.
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