sábado, 21 de abril de 2012

A Vinda do Espírito


Capítulo II

Portanto, nesse dia de Pentecostes, o Espírito Santo desceu e encheu o templo dos Seus apóstolos como um aguaceiro de santificação, os quais Ele havia preparado para Si mesmo, vindo não mais como um visitante passageiro, mas como um perpétuo Consolador para uma eterna habitação. Dessa forma, Ele veio para os Seus discípulos, não mais pela graça da visitação ou da operação neles, mas pela própria presença da Sua majestade.Agostinho

“... isto disse ele do Espírito que haviam de receber...” (Jo 7.39) é a palavra de Jesus mais do que surpreendente, ao falar do “Espírito que deviam receber os que creriam nele”. Mas o Espírito não havia sido visto descer sobre Jesus como pomba e pousar sobre Ele? Não fora Ele o divino agente na criação, e na iluminação e inspiração dos patriarcas e profetas e videntes da antiga dispensação? Como pôde então Jesus dizer que Ele “não fora dado”? A resposta a essa questão fornece o melhor ponto de partida para um estudo da doutrina do Espírito.
Agostinho chama o dia de Pentecostes de “dies natalis” do Espírito Santo. É somente depois do dia de Pentecostes que o Espírito Santo Se encontrou no mundo em sua esfera oficial, como mediador entre os homens e Cristo. É nos seguintes sentidos, então, que o dizer de Agostinho é verdadeiro, ao chamar o dia de Pentecostes de “o nascimento do Espírito”:

1. O Espírito Santo, daquele momento em diante, passou a residir na terra. A igreja cristã, por toda esta dispensação, é a habitação do Espírito, tão verdadeiramente como o céu é a habitação de Jesus Cristo. Isso está de acordo com a sublime palavra de Jesus em Jo 14:23:

“Se alguém me amar, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e faremos nele morada”

Essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, e as duas primeiras Pessoas da Divindade agora fazem morada na igreja por meio da terceira. O Espírito Santo, durante o tempo presente, está em missão oficial na terra; e toda presença espiritual e comunhão divina da Trindade com os homens se dá por meio dEle. Eles estão de forma invisível aqui no corpo dos fiéis, pela habitação do Consolador. O Espírito Santo está aqui, habitando perpetuamente na igreja; e Ele está igualmente lá, em comunhão com o Pai e com o Filho de quem procede, e dos quais, como participante da Divindade, jamais pode separar-Se, da mesma forma que o raio solar não pode separar-se do sol de onde provém.

2. Além disso, o Espírito Santo, num sentido místico, mas muito real, assumiu forma humana na igreja no dia de Pentecostes. Com isso não estamos de forma alguma dizendo que essa encarnação seja igual à que ocorreu com a segunda Pessoa da Trindade. Quando “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, foi a união de Deus com o gênero humano sem pecado; aqui temos o Espírito Santo unindo-Se com a igreja em sua condição imperfeita e militante. Apesar disso, é declaração literal da Escritura que o corpo dos fiéis é habitação do Espírito divino. É nesse fato que temos a peculiaridade distintiva da presente dispensação. “... porque ele habita convosco e estará em vós” disse Jesus, falando da vinda do Consolador; e essa profecia se cumpriu de tal forma, que depois do dia de Pentecostes se diz que o Espírito Santo habita na igreja. “... se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós” é a compreensão inspirada da qual procede o profundo ensino de Romanos oito. Todo o reconhecimento e honra que os discípulos atribuíam ao seu Senhor eles agora dão ao Espírito Santo, Seu verdadeiro substituto, o Seu eu invisível, presente no corpo dos crentes. Isso transparece claramente na decisão do primeiro concílio de Jerusalém. Diz assim o registro: “... pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” — como se dissessem: “Estiveram presentes Pedro, e Tiago, e Barnabé, e Paulo, tão verdadeiramente como também estava presente o Espírito Santo”.
E quando Ananias e Safira conspiraram e mentiram, cometendo o primeiro pecado mortal na igreja, Pedro pergunta: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo...?” Dessa forma, não somente se reconhece a presença pessoal do Espírito na pessoa dos crentes, mas Ele está ali em autoridade e supremacia, como o centro da assembléia.
Depois da ascensão de Jesus e do envio do Espírito Santo, a igreja assume o nome que pertencia anteriormente ao seu Senhor; ela é o templo de Deus, é o único templo existente na terra durante a presente dispensação. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo...?” pergunta o apóstolo. Essa palavra ele dirige à igreja como corporação. “... também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito” — essa é a sublime descrição que encontramos na Epístola aos Efésios (2:20-22). Por ora, é suficiente destacar o fato que aqui se usa a mesma linguagem que Cristo usou em referência a Si mesmo. Como acontece com a Cabeça, assim acontece com o corpo místico; ambos são habitação do Espírito Santo, e assim Deus, de certa forma, está encarnado em ambos; e pela mesma razão. Cristo era “a imagem do Deus invisível”; e quando Ele esteve entre os homens, na carne, Ele podia dizer-lhes: “Quem me vê a mim vê o Pai”. Até onde sabemos, a única maneira do Deus desconhecido tornar-Se conhecido, e o Deus invisível tornar-Se visível, era por meio da encarnação. Por isso, depois de Cristo haver retornado ao Pai, e o mundo não podia mais vê-lO, Ele enviou o Paráclito (Paracleto) para encarnar no Seu corpo místico, a igreja. Da forma como o Pai Se revelou através do Filho, assim o Filho Se revela pelo Espírito Santo por meio da igreja. Como Cristo era a imagem do Deus invisível, assim a igreja é destinada a ser a imagem do Cristo invisível; e os Seus membros, quando forem glorificados com Ele, serão a expressa imagem da Sua pessoa.
Esse é, então, o mistério e a glória da presente dispensação. Apesar de ser algo misterioso, nem por isso é menos verdadeiro; por ser algo glorioso, nem por isso é menos prático. Encontramos, numa admirável obra a respeito do Espírito Santo, a diferença entre a manifestação do Espírito antes e depois: “Na antiga dispensação, o Espírito Santo operava por meio dos crentes, mas não habitava nem pessoalmente nem permanentemente nos crentes. Ele vinha sobre os homens; Ele não Se encarnava no homem. Seu agir era intermitente; Ele ia e vinha como a pomba que Noé soltou da arca, a qual ia e vinha, sem encontrar lugar de repouso. Já na nova dispensação, Ele reside, Ele habita no coração como a pomba, o Seu símbolo, que João viu descer e pousar na cabeça de Jesus. Comprometido com a alma, o Espírito saiu freqüentemente para ver sua noiva, mas ainda não era Um com ela; o casamento só se consumou no dia de Pentecostes, após a glorificação de Jesus Cristo” [1].

3. Uma razão ainda mais óbvia pela qual, antes do dia de Pentecostes, se podia dizer que “ainda não havia Espírito” encontra-se nas seguintes palavras: “porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. No descortinar das eras, vemos cada uma das pessoas da Divindade exercendo, a seu turno, um ministério terreno e lidando com o homem na obra da redenção. Sob a lei, Deus o Pai desceu à terra e falou aos homens, da nuvem no Sinai e da glória acima do propiciatório. Sob a graça, Deus o Filho veio ao mundo, ensinando, sofrendo, morrendo e ressuscitando. Sob a dispensação da eleição e da obra agora em andamento, o Espírito Santo está aqui desenvolvendo a obra de renovação e santificação da igreja, a qual é o corpo de Cristo. Há uma seqüência necessária nesses ministérios divinos, tanto com respeito ao tempo quanto com respeito à natureza deles. Na época de Moisés, era possível dizer: “Cristo ainda não existe”, uma vez que a economia de Deus Jeová ainda não havia sido completada. Era preciso que a lei fosse dada primeiro, com seus sacrifícios e tipos e cerimônias e sombras; o homem tinha de ser posto em teste debaixo da lei, até que o tempo designado do seu treinamento se completasse. Aí, então, Cristo teria de vir para representar todos os tipos e completar todos os sacrifícios em Si mesmo; para fazer por nós “o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne”, e para tornar-se “o fim da lei... para justiça de todo aquele que crê”. Quando, por sua vez, Cristo completou a obra da redenção ao morrer na cruz por nossos pecados, e ressuscitou dos mortos para nossa justificação, e assumiu Seu lugar à direita de Deus para ser o perpétuo intercessor, aí, então, o Espírito Santo desceu para comunicar à igreja e para operar nela a obra completada por Cristo. Em suma, assim como Deus o Filho completa a obra de Deus o Pai para os homens, assim Deus o Espírito Santo torna real aos corações humanos a obra de Deus o Filho.
Há uma santa deferência, por assim dizer, entre as Pessoas da Trindade, com respeito aos seus respectivos ministérios. Quando Cristo estava exercendo o Seu ministério na terra, o Pai nos remetia a Ele, falando do céu e dizendo: “Este é o meu Filho amado; a Ele ouvi”. Quando o Espírito Santo inicia o Seu ministério terreno, Cristo nos remete a Ele, também falando do céu, com ênfase repetida sete vezes, dizendo: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas[2]. Assim como cada Pessoa nos remete ao ensino da outra, assim também cada Pessoa, por sua vez, completa o ministério da outra. As palavras e as obras de Cristo não eram dEle mesmo, mas do Pai: “As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras[3]. O ensino e as mensagens do Espírito não são dEle mesmo, mas de Cristo: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”. “Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”.
Essa ordem nos ministérios das Pessoas da Divindade é tão definida e eterna, que a encontramos claramente prenunciada até mesmo nos tipos apresentados no Antigo Testamento. No templo, por exemplo, jamais se verá a bacia de água colocada antes do altar. O altar é o Calvário, e a bacia de água é o dia de Pentecostes. Um representa o sangue do sacrifício, o outro representa o Espírito santificador. Se algum sumo sacerdote descuidadamente se achegasse à bacia de bronze sem antes ter passado pelo altar de bronze, poderíamos esperar uma voz de repreensão vinda do céu: “Ainda não é hora de lavar-se com água”; e isso significaria exatamente a mesma coisa que: “Ainda não havia Espírito”.
Também, quando o leproso ia ser purificado, repare que o sangue tinha de ser colocado sobre a ponta da sua orelha direita, sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito. Depois disso seria colocado o óleo sobre a orelha direita, o polegar direito, e o polegar do pé direito — o óleo sobre o sangue da oferta pela transgressão (Lv 14). Tornamos a dizer: nunca, em todas as variadas repetições dessa cerimônia divina, se inverteu a ordem, de forma que se aplicasse primeiro o óleo e depois o sangue. Isso significa, quando comparamos o tipo ao antítipo, que era impossível que o Pentecostes precedesse o Calvário, ou que o derramamento do Espírito pudesse ter vindo antes do derramamento do sangue.
Percebemos, assim, que não somente a ordem desses dois grandes eventos da redenção foi estabelecida desde o princípio, mas a data deles foi marcada no calendário dos acontecimentos típicos. A morte do cordeiro pascal indicou, de geração em geração, embora eles não o soubessem, o dia do ano e a semana em que Cristo, nossa Páscoa, seria sacrificado por nós. A apresentação ao Senhor do molho das primícias da messe, “no dia imediato ao sábado” por longos anos estabeleceu o dia da ressurreição do nosso Senhor no primeiro dia da semana. E o mandamento “Contareis para vós outros desde o dia imediato ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão[4] determinou o dia de Pentecostes como o dia da descida do Espírito Santo. Às vezes pensamos que os discípulos estavam esperando um tempo indefinido naquele cenáculo, aguardando o cumprimento da promessa do Pai. O tempo estava determinado não apenas com Deus na eternidade, mas também no calendário dos rituais hebraicos na terra. Eles aguardaram dez dias em oração, simplesmente porque depois dos quarenta dias que o Senhor andou com os discípulos após a Sua ressurreição, restavam dez dias para completar as “sete semanas”.
Para resumir o que estamos dizendo, o Espírito de Deus é o sucessor do Filho de Deus em Seu ministério oficial na terra. Enquanto a obra terrena de Cristo em favor da Sua igreja não estivesse completa, a obra do Espírito neste mundo não podia começar. O ofício do Espírito Santo é comunicar Cristo a nós — Cristo em Sua inteireza. A obra redentora do nosso Salvador não se completou quando Ele morreu na cruz, ou quando Ele ressuscitou de entre os mortos, ou mesmo quando Ele ascendeu aos céus no monte das Oliveiras. Somente quando Ele Se assentou no trono do Seu Pai, consumando em Si mesmo todo o Seu ministério — “eu sou... aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos” — é que o Cristo completo estava pronto para ser comunicado à Sua igreja[5]. O primeiro pecado de Adão interrompeu a comunhão do homem com Deus, e a sua união foi rompida. Quando o segundo Adão[6], depois da cruz e da ressurreição, assumiu Seu lugar à direita de Deus, restaurou-se essa comunhão interrompida. São muito lindas as palavras do nosso Salvador ressurreto quando trata esse assunto: “Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus[7]. O lugar que o divino Filho conquistou no coração do Pai Ele conquistou para nós também. Toda aceitação e posição e privilégio que agora era dEle, também era nosso, por direito de redenção; e o Espírito Santo foi enviado para confirmar isso e nos fazer compreender aquilo que Cristo conquistou por nós. Sem a obra expiatória de Cristo em nosso favor, seria impossível a obra santificadora do Espírito em nós; por outro lado, sem a obra do Espírito em nós, a obra de Cristo em nosso favor teria sido em vão.
“Ao cumprir-se o dia de Pentecostes”. Agora estamos aptos a ver o que essas palavras significam histórica, típica e doutrinariamente. Os sete sábados (sete semanas) a partir do dia da ressurreição foram contados, e o Pentecostes já veio. Então, subitamente, aos que estavam “todos reunidos no mesmo lugar”, “veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo...”. Da mesma forma que a manjedoura de Belém foi o berço do Filho de Deus, assim o cenáculo foi o berço do Espírito de Deus. Da mesma forma que a vinda do “santo Filho Jesus” (At 4.27,30 – RC) foi um testemunho de que Deus “visitou e redimiu o seu povo” (Lc 1.68), assim foi a vinda do Espírito Santo. O fato que o Consolador está aqui é prova de que o Advogado está lá, na presença do Pai. Pedro e os demais apóstolos agora confrontam as autoridades religiosas com o seu testemunho: “... a quem vós matastes, pendurando-o num madeiro. Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados. Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem” (At 5.30-32). Assim como o som dos sinetes de ouro das vestes do sumo sacerdote testificavam no Santo dos Santos que ele estava vivo, assim o som do Espírito Santo, vindo do céu e ouvido naquele cenáculo, era testemunha incontestável de que o grande Sumo Sacerdote a quem eles tinham acabado de ver passando através da cortina de nuvens, entrando além do véu, estava vivo, por eles, na presença do Pai. Dessa forma, havia chegado o “dies natalis”, o nascimento do Espírito Santo. Nos próximos capítulos, consideraremos os detalhes da Sua missão terrena.



[1] "The Work of the Holy Spirit in Man" (A obra do Espírito Santo no homem), Pastor Tophel, p.32.
[2] Veja as epístolas às sete igrejas (Ap 2.11).
[3] João 14.10.
[4] Levítico 23.11-16.
[5] “Somente quando Cristo alcançou o Seu objetivo, é que Ele passou como herança aos Seus seguidores as graças que caracterizaram o Seu andar aqui na terra; o Elias que subiu deixou para trás o seu manto. É uma mera extensão do mesmo princípio, que o claro ofício do Espírito Santo seja completar a imagem de Cristo em cada seguidor fiel, operando neste mundo uma morte e uma ressurreição espiritual — algo comprovado em cada epístola — a imagem não podia ser estampada até que a realidade fosse plenamente consumada; o divino Artista não podia descer para fazer a cópia antes que o original estivesse totalmente pronto”.Archer Butler
[6] Último Adão: 1 Coríntios 15.45. — N. do T.
[7] João 20.17. “Cristo e o Pai são um, e o Pai é Seu Pai por direito de natureza; contudo quanto a nós, Deus tornou-se nosso Pai por meio do Filho, não por direito de natureza, mas por graça”. — Ambrósio

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 144




30ª Estação – Jotbatá (parte 3)

TEXTOS: Nm 33:33; Jo 7:37-39; Tg 3:11; Mt 5:8; Jo 15:3; Jr 17:9; Mt 15:19-20a; Sl 86:11; Jr 3:10; Rm 7:22-23; Sl 23; ICo 12:13


Vamos avançar na sequência dessa série de estudos acerca de Jotbatá, a 30ª estação. Creio que essa estação nos fala claramente acerca do fluir do Espírito Santo. Jotbatá é uma região onde havia águas correntes, águas fluindo para a satisfação do povo de Israel.
Temos estudado sobre esse assunto a partir do que nos falou o Senhor Jesus em Jo 7:37-39:

37 No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. 39 Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.”

Estamos agora estudando sobre esse interior, pois aqui há uma chave para entendermos o verdadeiro significado de se ter uma vida cheia do Espírito Santo de Deus – uma vida que verdadeiramente permita o fluir do Espírito Santo. Se esse interior estiver sujo, cheio de coisas que não agradam o Senhor, como o Espírito Santo poderá fluir?
Nós vimos pela Palavra de Deus, de uma forma muito clara, em Tiago 3:11, que de uma mesma fonte não pode jorrar água doce e aquilo que é amargoso. E pela Palavra de Deus temos a certeza de que o Senhor, pelo Seu caráter Santo, não flui de um lugar impuro. Por isso precisamos ter um coração puro. Em Mateus 5:8, ensinando sobre as bem-aventuranças, o Senhor Jesus disse:

8  Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”

É interessante tudo isso, porque em João 15:3, o Senhor Jesus, olhando para os discípulos, disse:

3  Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

            A única maneira que alguém tem de ter o coração limpo é reconhecer toda a impureza que tem dentro de si e buscar a ajuda do Senhor. E nós precisamos lamentar em face ao nosso próprio coração. Jeremias 17:9 diz:

9  Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”.

Creio que nesse texto nós precisamos analisar algumas palavras. Amados irmãos, olhando para essas palavras de Jeremias, nós precisamos estar bem atentos ao que o nosso Senhor Jesus nos fala aqui. Precisamos estar certos de que o nosso Senhor Jesus está nos conduzindo de uma forma preciosa. Vamos atentar para essas palavras de Jeremias:

·        Enganosofala de algo astucioso, traiçoeiro;
·        Desesperadamenteno hebraico significa mergulhado em desespero; extremamente aflito, atormentado, sem esperança;
·        Corruptosignifica estar fraco, doente, frágil; ser incurável.

Então é isso que ele fala do nosso coração. Ele é enganoso, traiçoeiro, astucioso; um coração mergulhado em desespero, extremamente aflito, atormentado. Não há esperança para esse coração caído, adâmico, porque ele é corrupto, fraco, doente, frágil.
Irmãos, nosso coração é desesperadamente perverso. Como disse o irmão Mackintosh, “é um inferno em miniatura”. E quando você estuda a Palavra de Deus, vê que essa palavra “coração” define “o homem interior”. Na tradição judaico-cristã, essa palavra coração refere-se à fonte de todas as energias físicas, emocionais, intelectuais, volitivas e morais. Do coração originam-se impulsos impenetráveis, além de sentimentos, disposições e desejos inconscientes. O coração também tem suas raízes e é o centro da concepção do entendimento; é a sede da vontade; é o órgão central e unificador da nossa vida pessoal; é o centro da personalidade humana. Mas quando você vai para a Palavra de Deus, vê que o Evangelho começa com a seguinte pergunta: “Qual é a condição do seu coração diante de Deus?”.
O coração é sempre o manancial de todas as nossas dificuldades. Veja o que o Senhor Jesus disse em Mateus 15:19-20a:

19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. 20  São estas as coisas que contaminam o homem (...)”.

Amados, a terrível e trágica falácia que muitos têm proclamado é que o homem está como está por causa do seu ambiente. Dizem que o homem só poderá melhorar se seu ambiente for melhorado. Isso não passa de uma trágica mentira, de uma trágica falácia. O primeiro erro do homem ocorreu em um ambiente perfeito, agradável, de paz, harmonia, onde o amor de Deus predominava sobre ele. Foi no paraíso que o homem agiu em rebelião a Deus. Então, olhe para esse texto de Mateus 15:1-20. Vemos nitidamente que o problema do homem está no seu coração. As dificuldades do homem encontram-se no âmago do seu ser.
Agora quero que você volte a Mateus 5:8, nas palavras do nosso Senhor:

8  Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”

            É interessante que essa palavra, limpos, no grego é “katharos”: puro, livre de desejo corrupto, de pecado e culpa; livre de qualquer mistura com o que é falso”.
Uma das melhores definições para esse termo no aspecto espiritual é aquela que podemos encontrar no Salmo 86:11:

11 Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome.”

Amados, nossa grande dificuldade é o nosso coração dúplice. Quando estudamos o livro do profeta Jeremias, descobrimos que a causa do cativeiro de Judá foi um coração dividido. Jeremias 3:10 diz assim:

10 Apesar de tudo isso, não voltou de todo o coração para mim a sua falsa irmã Judá, mas fingidamente, diz o SENHOR.”

Ao estudar o Livro de Jeremias, você vê que o coração do povo de Judá era o coração de quem tinha Deus e mais algumas coisas. Eles estavam possuídos pela idolatria. Idolatria significa viver de substitutos. Em Romanos 7:22-23 Paulo diz:

22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.”

Um coração limpo é um coração destituído de contaminação, de impureza. E para que tenhamos um coração limpo, um coração puro, temos que permitir que a Palavra de Deus trabalhe em nós. Somente a Palavra de Deus poderá limpar o nosso coração. O texto que vimos em João 15:3 diz:

“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

A Palavra de Deus é o instrumento do Espírito Santo para poder nos limpar, para nos vivificar, para nos transformar. A Palavra vem nos limpando de toda impureza, de toda iniquidade.
Amados irmãos, como necessitamos ser trabalhados pela Palavra de Deus, como necessitamos ser limpos por ela. Se desejamos ter uma vida onde o Espírito Santo flui com toda liberdade, com toda intensidade; se queremos ter em nós uma fonte a jorrar para a vida eterna, precisamos ter em nós o falar de Deus, Sua Palavra vivificadora, Sua Palavra que nos transforma. Nós necessitamos do falar de Deus dia após dia, porque o falar de Deus é o Seu trabalhar. Quanto mais ouvimos a Palavra de Deus, mais Deus está trabalhando em nós. Por causa deste coração, por causa desta vida que vivemos na terra, necessitamos de uma profunda comunhão com Deus e com Sua Palavra. Somente através da Palavra é que poderemos estar limpos, é que poderemos ser conduzidos por Deus a uma experiência profunda com Seu Espírito. Por essa razão lemos no Salmo 23:4, onde Davi diz:

“(...) a tua vara e o teu cajado me consolam”.

Há algo muito especial aqui, porque a figura do cajado e a figura da vara falam daquilo que vemos da própria Palavra de Deus. A Palavra de Deus é uma vara, tem o aspecto da vara e do cajado. Isso é maravilhoso. De uma forma e de outra, tanto a vara, como o cajado, simbolizam a Palavra de Deus. Como vara, ela tem o propósito de nos corrigir, de nos tratar e de nos disciplinar. Como cajado, ela tem a finalidade de nos conduzir. E você pode ver isso. É o que o Senhor diz aqui, pelo Seu Espírito, através desse cântico de Davi, no Salmo 23.
Ele diz assim:

1 O SENHOR é o meu pastor; nada [nada!] me faltará. 2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes [olhem o alimento]. Leva-me para junto das águas de descanso [olhem o fluir do Espírito]; 3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão [a tua vara] e o teu cajado me consolam.

Gostaria que você notasse esta palavra: me consolam. Aqui ela tem o sentido de compaixão, de aliviar, de confortar, de consolar. A Palavra de Deus tem essa finalidade, porque o propósito dela, mesmo disciplinando, é sempre de corrigir, de nos conduzir. E conduzir a quê? Ao descanso, à satisfação de Deus. Deus não tem prazer no nosso coração impuro, Ele deseja ganhar o nosso coração. E eu e você precisamos estar cientes disso, pois se não entendemos o que significa ser cheio do Espírito Santo, ter o fluir do Espírito Santo, jamais vamos entender o verdadeiro significado da vida cristã. E Deus deseja mostrar isso para nós.
Amados, quando olhamos para a Palavra de Deus, vemos tanto a questão do batismo, como a questão do enchimento do Espírito. Tanto o batismo no Espírito Santo, como o enchimento. O batismo significa ser colocado dentro de alguma coisa. Mas o enchimento significa que algum elemento está dentro de você. No batismo diz que você foi colocado dentro de algo, emergido em algo. Mas o enchimento indica que um elemento está dentro de você. Quando nós pronunciamos que bebemos do Espírito, significa que nós estamos desfrutando, estamos bebendo aquilo que é espiritual. O batismo significa que você é colocado dentro da água. O beber significa que a água está dentro de você.
Essas metáforas nos são apresentadas para nos introduzir na pericorese espiritual, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem em plena comunhão de amor, de glória e santidade em nós. Creio que o propósito de Deus é nos levar a uma profundidade espiritual. Se nós entendermos isso, vamos compreender verdadeiramente o significado de viver uma vida cheia do Espírito Santo.
Em I Coríntios 12:13 Paulo diz:

13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.”

Podemos ver aqui: batizados e beber. Batizados, no Novo Testamento, ocorre sessenta e três vezes, e seu significado é mergulhar repetidas vezes; e, beber, ocorre quinze vezes em todo o Novo Testamento, e seu significado é receber na alma o que serve para refrescar, fortalecer, nutrir para a vida.
Amados irmãos e irmãs, Paulo diz nesse texto que todos fomos batizados em um corpo no dia do Pentecostes. Foi aí que aconteceu o batismo. Na última frase, no entanto, vemos a conjunção e, que apresenta algo muito importante dentro da gramática grega. Diz: E a todos foi dado beber de um só Espírito”. Irmãos, em certa ocasião o Senhor comparou o Espírito Santo à água viva. E quando foi isso? Vocês se lembram, pois estamos estudando sobre isso, lá em João 7:37-39. Após a Sua ascensão, o nosso Senhor derramou dos céus a água viva. Isso foi o batismo. Assim, todos os cristãos da terra foram batizados, porque o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Mas aqui em I Coríntios 12:13 diz que hoje todos nós temos que beber de um só Espírito.
Aquilo que o Senhor nos deu em Pentecostes é um fato, uma realidade. Assim como a Cruz foi um fato, um fundamento, algo que ocorreu, o Pentecostes também. E a Igreja, desde esse tempo, vive essa experiência, essa realidade. E ela precisa conhecer isso na prática, experimentar isso na prática. Nós não podemos viver na periferia dessas verdades. Todos nós, salvos em Cristo Jesus, temos essa bênção.
Então, nós temos que entender. E para que o Espírito Santo possa fluir em nossa vida, continuadamente, é necessário que o nosso interior esteja sendo limpo pelo falar do Senhor, pela Sua Palavra.
Que Deus, mais uma vez, venha lhe abençoar em Cristo Jesus.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ESTUDO DAS JORNADAS DO POVO DE ISRAEL NO DESERTO

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 144


Por: Luiz Fontes

30ª Estação – Jotbatá (parte 3)

TEXTOS: Nm 33:33; Jo 7:37-39; Tg 3:11; Mt 5:8; Jo 15:3; Jr 17:9; Mt 15:19-20a; Sl 86:11; Jr 3:10; Rm 7:22-23; Sl 23; ICo 12:13

Vamos avançar na sequência dessa série de estudos acerca de Jotbatá, a 30ª estação. Creio que essa estação nos fala claramente acerca do fluir do Espírito Santo. Jotbatá é uma região onde havia águas correntes, águas fluindo para a satisfação do povo de Israel.

Temos estudado sobre esse assunto a partir do que nos falou o Senhor Jesus em Jo 7:37-39:

37 No último dia, o grande dia da festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. 38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. 39 Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.”

Estamos agora estudando sobre esse interior, pois aqui há uma chave para entendermos o verdadeiro significado de se ter uma vida cheia do Espírito Santo de Deus – uma vida que verdadeiramente permita o fluir do Espírito Santo. Se esse interior estiver sujo, cheio de coisas que não agradam o Senhor, como o Espírito Santo poderá fluir?

Nós vimos pela Palavra de Deus, de uma forma muito clara, em Tiago 3:11, que de uma mesma fonte não pode jorrar água doce e aquilo que é amargoso. E pela Palavra de Deus temos a certeza de que o Senhor, pelo Seu caráter Santo, não flui de um lugar impuro. Por isso precisamos ter um coração puro. Em Mateus 5:8, ensinando sobre as bem-aventuranças, o Senhor Jesus disse:

8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”

É interessante tudo isso, porque em João 15:3, o Senhor Jesus, olhando para os discípulos, disse:

3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

A única maneira que alguém tem de ter o coração limpo é reconhecer toda a impureza que tem dentro de si e buscar a ajuda do Senhor. E nós precisamos lamentar em face ao nosso próprio coração. Jeremias 17:9 diz:

9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?”.

Creio que nesse texto nós precisamos analisar algumas palavras. Amados irmãos, olhando para essas palavras de Jeremias, nós precisamos estar bem atentos ao que o nosso Senhor Jesus nos fala aqui. Precisamos estar certos de que o nosso Senhor Jesus está nos conduzindo de uma forma preciosa. Vamos atentar para essas palavras de Jeremias:

· Enganosofala de algo astucioso, traiçoeiro;

· Desesperadamenteno hebraico significa mergulhado em desespero; extremamente aflito, atormentado, sem esperança;

· Corruptosignifica estar fraco, doente, frágil; ser incurável.

Então é isso que ele fala do nosso coração. Ele é enganoso, traiçoeiro, astucioso; um coração mergulhado em desespero, extremamente aflito, atormentado. Não há esperança para esse coração caído, adâmico, porque ele é corrupto, fraco, doente, frágil.

Irmãos, nosso coração é desesperadamente perverso. Como disse o irmão Mackintosh, “é um inferno em miniatura”. E quando você estuda a Palavra de Deus, vê que essa palavra “coração” define “o homem interior”. Na tradição judaico-cristã, essa palavra coração refere-se à fonte de todas as energias físicas, emocionais, intelectuais, volitivas e morais. Do coração originam-se impulsos impenetráveis, além de sentimentos, disposições e desejos inconscientes. O coração também tem suas raízes e é o centro da concepção do entendimento; é a sede da vontade; é o órgão central e unificador da nossa vida pessoal; é o centro da personalidade humana. Mas quando você vai para a Palavra de Deus, vê que o Evangelho começa com a seguinte pergunta: “Qual é a condição do seu coração diante de Deus?”.

O coração é sempre o manancial de todas as nossas dificuldades. Veja o que o Senhor Jesus disse em Mateus 15:19-20a:

19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias. 20 São estas as coisas que contaminam o homem (...)”.

Amados, a terrível e trágica falácia que muitos têm proclamado é que o homem está como está por causa do seu ambiente. Dizem que o homem só poderá melhorar se seu ambiente for melhorado. Isso não passa de uma trágica mentira, de uma trágica falácia. O primeiro erro do homem ocorreu em um ambiente perfeito, agradável, de paz, harmonia, onde o amor de Deus predominava sobre ele. Foi no paraíso que o homem agiu em rebelião a Deus. Então, olhe para esse texto de Mateus 15:1-20. Vemos nitidamente que o problema do homem está no seu coração. As dificuldades do homem encontram-se no âmago do seu ser.

Agora quero que você volte a Mateus 5:8, nas palavras do nosso Senhor:

8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.”

É interessante que essa palavra, limpos, no grego é “katharos”: puro, livre de desejo corrupto, de pecado e culpa; livre de qualquer mistura com o que é falso”.

Uma das melhores definições para esse termo no aspecto espiritual é aquela que podemos encontrar no Salmo 86:11:

11 Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome.”

Amados, nossa grande dificuldade é o nosso coração dúplice. Quando estudamos o livro do profeta Jeremias, descobrimos que a causa do cativeiro de Judá foi um coração dividido. Jeremias 3:10 diz assim:

10 Apesar de tudo isso, não voltou de todo o coração para mim a sua falsa irmã Judá, mas fingidamente, diz o SENHOR.”

Ao estudar o Livro de Jeremias, você vê que o coração do povo de Judá era o coração de quem tinha Deus e mais algumas coisas. Eles estavam possuídos pela idolatria. Idolatria significa viver de substitutos. Em Romanos 7:22-23 Paulo diz:

22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.”

Um coração limpo é um coração destituído de contaminação, de impureza. E para que tenhamos um coração limpo, um coração puro, temos que permitir que a Palavra de Deus trabalhe em nós. Somente a Palavra de Deus poderá limpar o nosso coração. O texto que vimos em João 15:3 diz:

“Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado”.

A Palavra de Deus é o instrumento do Espírito Santo para poder nos limpar, para nos vivificar, para nos transformar. A Palavra vem nos limpando de toda impureza, de toda iniquidade.

Amados irmãos, como necessitamos ser trabalhados pela Palavra de Deus, como necessitamos ser limpos por ela. Se desejamos ter uma vida onde o Espírito Santo flui com toda liberdade, com toda intensidade; se queremos ter em nós uma fonte a jorrar para a vida eterna, precisamos ter em nós o falar de Deus, Sua Palavra vivificadora, Sua Palavra que nos transforma. Nós necessitamos do falar de Deus dia após dia, porque o falar de Deus é o Seu trabalhar. Quanto mais ouvimos a Palavra de Deus, mais Deus está trabalhando em nós. Por causa deste coração, por causa desta vida que vivemos na terra, necessitamos de uma profunda comunhão com Deus e com Sua Palavra. Somente através da Palavra é que poderemos estar limpos, é que poderemos ser conduzidos por Deus a uma experiência profunda com Seu Espírito. Por essa razão lemos no Salmo 23:4, onde Davi diz:

“(...) a tua vara e o teu cajado me consolam”.

Há algo muito especial aqui, porque a figura do cajado e a figura da vara falam daquilo que vemos da própria Palavra de Deus. A Palavra de Deus é uma vara, tem o aspecto da vara e do cajado. Isso é maravilhoso. De uma forma e de outra, tanto a vara, como o cajado, simbolizam a Palavra de Deus. Como vara, ela tem o propósito de nos corrigir, de nos tratar e de nos disciplinar. Como cajado, ela tem a finalidade de nos conduzir. E você pode ver isso. É o que o Senhor diz aqui, pelo Seu Espírito, através desse cântico de Davi, no Salmo 23.

Ele diz assim:

1 O SENHOR é o meu pastor; nada [nada!] me faltará. 2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes [olhem o alimento]. Leva-me para junto das águas de descanso [olhem o fluir do Espírito]; 3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. 4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão [a tua vara] e o teu cajado me consolam.

Gostaria que você notasse esta palavra: me consolam. Aqui ela tem o sentido de compaixão, de aliviar, de confortar, de consolar. A Palavra de Deus tem essa finalidade, porque o propósito dela, mesmo disciplinando, é sempre de corrigir, de nos conduzir. E conduzir a quê? Ao descanso, à satisfação de Deus. Deus não tem prazer no nosso coração impuro, Ele deseja ganhar o nosso coração. E eu e você precisamos estar cientes disso, pois se não entendemos o que significa ser cheio do Espírito Santo, ter o fluir do Espírito Santo, jamais vamos entender o verdadeiro significado da vida cristã. E Deus deseja mostrar isso para nós.

Amados, quando olhamos para a Palavra de Deus, vemos tanto a questão do batismo, como a questão do enchimento do Espírito. Tanto o batismo no Espírito Santo, como o enchimento. O batismo significa ser colocado dentro de alguma coisa. Mas o enchimento significa que algum elemento está dentro de você. No batismo diz que você foi colocado dentro de algo, emergido em algo. Mas o enchimento indica que um elemento está dentro de você. Quando nós pronunciamos que bebemos do Espírito, significa que nós estamos desfrutando, estamos bebendo aquilo que é espiritual. O batismo significa que você é colocado dentro da água. O beber significa que a água está dentro de você.

Essas metáforas nos são apresentadas para nos introduzir na pericorese espiritual, onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo vivem em plena comunhão de amor, de glória e santidade em nós. Creio que o propósito de Deus é nos levar a uma profundidade espiritual. Se nós entendermos isso, vamos compreender verdadeiramente o significado de viver uma vida cheia do Espírito Santo.

Em I Coríntios 12:13 Paulo diz:

13 Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.”

Podemos ver aqui: batizados e beber. Batizados, no Novo Testamento, ocorre sessenta e três vezes, e seu significado é mergulhar repetidas vezes; e, beber, ocorre quinze vezes em todo o Novo Testamento, e seu significado é receber na alma o que serve para refrescar, fortalecer, nutrir para a vida.

Amados irmãos e irmãs, Paulo diz nesse texto que todos fomos batizados em um corpo no dia do Pentecostes. Foi aí que aconteceu o batismo. Na última frase, no entanto, vemos a conjunção e, que apresenta algo muito importante dentro da gramática grega. Diz: E a todos foi dado beber de um só Espírito”. Irmãos, em certa ocasião o Senhor comparou o Espírito Santo à água viva. E quando foi isso? Vocês se lembram, pois estamos estudando sobre isso, lá em João 7:37-39. Após a Sua ascensão, o nosso Senhor derramou dos céus a água viva. Isso foi o batismo. Assim, todos os cristãos da terra foram batizados, porque o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Mas aqui em I Coríntios 12:13 diz que hoje todos nós temos que beber de um só Espírito.

Aquilo que o Senhor nos deu em Pentecostes é um fato, uma realidade. Assim como a Cruz foi um fato, um fundamento, algo que ocorreu, o Pentecostes também. E a Igreja, desde esse tempo, vive essa experiência, essa realidade. E ela precisa conhecer isso na prática, experimentar isso na prática. Nós não podemos viver na periferia dessas verdades. Todos nós, salvos em Cristo Jesus, temos essa bênção.

Então, nós temos que entender. E para que o Espírito Santo possa fluir em nossa vida, continuadamente, é necessário que o nosso interior esteja sendo limpo pelo falar do Senhor, pela Sua Palavra.

Que Deus, mais uma vez, venha lhe abençoar em Cristo Jesus.