Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
sexta-feira, 28 de maio de 2010
ESTUDO DO TABERNÁCULO - A CASA DE DEUS
A descrição que se faz em Êxodo do capítulo 25 em diante a respeito das coisas em que os filhos de Israel deviam ocupar-se: Êx 5:3 – “... deixa-nos ir, pois, caminho de três dias ao deserto, para que ofereçamos sacrifícios ao SENHOR, nosso Deus...”.
Podem dividir-se em duas partes, ambas intimamente relacionadas. Uma é a Casa de Deus, e a outra é o Sacerdócio.
O apóstolo Pedro, em sua Primeira Epístola, toca também nestes dois pontos no capítulo 2: "Achegando-se a ele, pedra viva, desprezada na verdade pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados como casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio do Jesus Cristo" (v. 4-5).
A Casa de Deus está no Antigo Testamento, e também está no Novo Testamento. No Antigo, como figura e sombra das coisas celestiais; no Novo, como as coisas celestiais mesmas (Realidade Espiritual). A Casa é a Igreja; e o sacerdócio o conforma a todos os cristãos no Senhor Jesus Cristo.
Essas coisas que antes foram escritas, para nosso ensino foram escritas (Rom. 15:4).
Era no Ttabernáculo, que se realizava o culto público, desde que os israelitas andaram pelo deserto até ao reinado de Salomão, era não só o templo de Deus, mas também o palácio do Rei invisível. 1 Cr 29:19 – “e a Salomão, meu filho, dá coração íntegro para guardar os teus mandamentos, os teus testemunhos e os teus estatutos, fazendo tudo para edificar este palácio para o qual providenciei”.
Era a “Sua santa habitação”, o lugar em que Ele encontrava o Seu povo, tendo com os israelitas comunhão;
Êx 25:22 – “Ali, virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”.
O Senhor desceu do “Monte” para o Tabernáculo”. Era, pois, o “tabernáculo da congregação”, isto é, o templo do encontro de Deus com o homem. Deus quis que eles fossem um reino sacerdotal, e aproximar-se-iam d'Ele, e teriam uma relação contínua da mesma maneira que o marido e a mulher.
Então Deus lhes revelou um padrão de adoração que era consistente com a Sua santidade, tornando possível para o homem pecador entrar em Sua presença.
A maioria dos escritores, ao tratar do Tabernáculo, destaca as variadas glórias de Cristo que são tão ricamente ilustradas nele. Este é, sem dúvida alguma, o aspecto mais importante e claro do ensino do Tabernáculo. Sl 29.9, nos diz: “A voz do SENHOR faz dar cria às corças e desnuda os bosques; e no seu templo tudo diz: Glória!”. Podemos ver nele ilustrações dos santos no seu testemunho coletivo.
Deus habitou naquele edifício antigo e o descreveu como Seu santuário, agora, da mesma forma, Ele habita no meio do Seu povo reunido. Paulo escreveu, da igreja em Corinto: “Vós … sois o templo [santuário] de Deus e … o Espírito de Deus habita em vós” (I Co 3:16).
O Tabernáculo em seu conjunto representa à igreja (composta por ex-judeus e ex-gentios), e dentro dela o mais importante é o Senhor Jesus Cristo. O centro da atenção de Deus é Jesus Cristo.
Nenhuma construção material pode, agora, ser chamada de Casa de Deus, pois o mesmo apóstolo disse: “Deus … não habita em templos feitos por mãos de homens” (At 17:24). O Senhor mesmo disse: “… onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). Em Apocalipse 1:13 – “e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem...”
Na Igreja em Corinto foi ensinada que mesmo aqueles que visitassem suas reuniões, ao contemplarem a ordem divina sendo seguida no meio da igreja, confessariam publicamente que “... Deus estava verdadeiramente entre eles...” (I Co 14:25).
Estas poucas referências são suficientes para deixar claro que, ao considerarmos o Tabernáculo como uma ilustração de características de uma igreja neotestamentária, não estamos viajando pelos campos da mera imaginação. É REALIDADE ESPIRITUAL!
DESCRIÇÃO DO TABERNÁCULO
O PORTÃO DE ENTRADA
Êx 27:16 – “À porta do átrio, haverá um reposteiro de vinte côvados, de estofo azul, e púrpura, e carmesim, e linho fino retorcido, obra de bordador; as suas colunas serão quatro, e as suas bases, quatro”.
Era conhecido como O Portão de Entrada. Não era de linho branco, mas era multicolorido em tecido branco, azul, púrpura e carmesim. Aqui nos é revelado “quatro aspectos de Cristo nos Evangelhos”.
• Mateus – Púrpura – Rei.
• Marcos – Carmesim – Salvador.
• Lucas – Linho Bco Retorcido – Homem Perfeito.
• João – Azul – Divino.
Pense na beleza que o Israelita veria quando ele se aproximava do portão do Tabernáculo. Os raios luminosos do sol estariam resplandecendo nas quatro cores do portão.
Quando um Israelita aproximava-se do Tabernáculo ele via à sua frente uma parede de linho branco ao redor da área do tabernáculo, formando uma barreira ao redor.
Este era o único meio pelo qual os homens e mulheres poderiam se achegar a Deus. Era a única entrada em todo o tabernáculo. Não havia nenhum outro meio.
João 10:9 – “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem”.
João 14:6 "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim."
O ÁTRIO EXTERIOR
Qualquer israelita poderia entrar no átrio, mas só a tribo sacerdotal poderia ir, no Tabernáculo, e apenas o Sumo Sacerdote poderia ir além, no Santo dos Santos, uma vez por ano no dia do Yom Kippur, O Dia da Expiação.
As cortinas que fechavam o perímetro do átrio deviam ser de linho torcido. O linho representa "as ações justas dos Santos" (Ap. 19:8).
O átrio com seus três ambientes representam também ao cristão individual, com seu corpo (átrio), alma (Lugar Santo), e espírito (Lugar Santíssimo). O átrio é o corpo, que está em contato com o mundo físico, exterior. A alma é o lugar onde reside a personalidade, com o pensar, o sentir e o querer. E o espírito é esse lugar secreto onde veio fazer morada o Espírito Santo.
Este é o ambiente exterior, e como tal, simboliza o aspecto da igreja que está em contato com o mundo. É a parte que, ao menos parcialmente, é visível de fora. A igreja tem um testemunho diante do mundo.
A consagração do cristão começa pelo corpo (o átrio), conforme nos assinala o apóstolo Paulo, e depois segue para dentro: "Assim, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rom. 12:1). Seja em forma pessoal, em forma corporativa como igreja, o átrio deve estar separado para Deus.
O Livro de Romanos nos é revelado no Átrio - Precisamos chegar até o átrio e compreender toda a obra de CRISTO realizada com o propósito de nos levar mais e mais para a profundidade da vida de DEUS e nos revelar o Seu propósito.
O desejo do nosso Pai Celeste é que entremos e nos aproximemos com ousadia até o lugar santíssimo. Mas não podemos esquecer que tudo que podemos desfrutar quando estivermos dentro do santuário só será possível se aquilo que foi realizado no átrio for realidade em nossas vidas.
Dentro do átrio exterior estava dois artigos de mobília, o altar de bronze, onde os sacrifícios eram feitos, e a pia de bronze onde os sacerdotes lavaram as suas mãos e os pés.
ALTAR DE BRONZE
É o primeiro que o adorador se encontrava à entrada do tabernáculo. Conhecia-se também como o altar dos sacrifícios ou do holocausto. O altar à entrada do tabernáculo fala da cruz de Cristo, pela qual temos acesso a Deus.
Nenhuma outra dependência do tabernáculo estava disponível para o adorador se não tivesse ficado solucionado o problema dos pecados, à entrada, no altar.
O altar nos recorda nossa condição de pecadores, e do que para nos aproximarmos de Deus, os pecados têm que ser tirados do meio.
Este altar, de madeira de acácia e recoberto de bronze, também nos fala do Senhor Jesus. A madeira nos mostra sua humanidade, e o bronze sua condição de Cordeiro de Deus posto sob o julgamento de Deus, sob a ira de Deus, por causa de nós.
O altar tinha também chifres em seus quatro cantos. Quando um pecador estava em grande aflição, e necessitava misericórdia, agarrava-se aos chifres do altar para reclamar perdão. Assim, o altar satisfazia a justiça de Deus e também a necessidade de misericórdia por parte do homem.
Eram de bronze porque todos participavam do trabalho de juízo sobre o pecado.
Tudo isto fala de juízo sobre o pecado, e misericórdia para o pecador. O altar tem, para nós, forma de cruz, e ela tem todos os recursos espirituais necessários para que todo homem, não importa quão pecaminosa seja sua condição, fique perfeitamente em paz com Deus.
A BACIA DE BRONZE
A pia era o segundo objeto no átrio do tabernáculo. Estava entre o altar do holocausto e o Lugar Santo.
Nem seu tamanho, nem seu peso, nem seu formato são informados, mas pelo menos sabemos que foi feito dos espelhos das mulheres, e que era usado pelos sacerdotes para lavar suas mãos e pés.
Com certeza ela nos fala da Palavra de Deus. Há duas citações que deixam isto claro: “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a Tua Palavra” (Sl 119:9); e: “Vós já estais limpos, pela Palavra que vos tenho falado” (Jo 15:3).
Todos que visitam uma igreja devem ficar impressionados com o uso constante que é feito das Escrituras, e pelo fato de que tudo é feito de acordo com o ensino delas.
O sacerdote em serviço, que entrava no portão do átrio exterior, tinha à frente o altar onde ele sacrificava como qualquer outro Israelita. Uma vez além do altar ele estava pronto para agir como sacerdote, pois na pia ele se preparou para o serviço de Deus. Então ele poderia ministrar no altar ou no Santo Lugar porque ele estava limpo.
A pia tinha um grande propósito, lavar e purificar o sacerdote de toda a corrupção.
As mãos falam do que eles faziam o seu ministério, o seu trabalho, tudo eles puseram as mãos era importante, e assim as suas mãos precisavam ser limpas sempre, diariamente.
Os pés representavam aonde eles iam, suas vidas e caminhos. O seu andar tinha que ser um andar santo, assim os seus pés eram sempre lavados, todos os dias.
O SANTO LUGAR
Assim como o sangue saia do átrio e penetrava no lugar santíssimo o Sangue de CRISTO abriu um vivo e novo caminho - (Hb 10.19-22).
A entrada ficava ao oriente, conduzia ao lugar santo - Fala da superabundância das bênçãos divinas sem a participação da mão humana.
Após passar pelo átrio do Tabernáculo e entrar no Lugar Santo, três móveis eram vistos: a mesa, o candeeiro e o altar de incenso.
Estes móveis não eram públicos como aqueles que acabamos de considerar, mas eram vistos apenas pelos sacerdotes no seu serviço.
Cada um desses tem uma lição a nos ensinar acerca do funcionamento interno da habitação de Deus hoje.
A MESA DOS PÃES
A mesa dos pães da proposição - ficava a direita; era feita de acácia e revestida de ouro. Ela é a expressão da comunhão do povo de Deus.
A mesa, com sua coroa e seus doze pães cobertos de incenso, nos falam da unidade dos santos, mantidos em união pelo poder divino, e desfrutando de doce comunhão perante Deus.
Os pães no Tabernáculo eram todos iguais, independentemente do tamanho da tribo que representavam — assim devemos lembrar que a igreja não é lugar de auto-afirmação, ou divisão ou contendas.
Esses pães da proposição representam ao povo de Deus, e a mesa nos fala de comunhão (Ap. 3:20).
Os pães passam por um processo antes de chegar a ser tais. Há trigo moído, amassado e cozido. Da mesma maneira, o povo de Deus não é o conjunto de grãos, quer dizer, não são indivíduos, mas sim homens e mulheres cujo ego foi moído até o pó, para chegar a ser um.
O CANDELABRO
O castiçal - ficava ao lado esquerdo no lugar santo. Tinha sete lâmpadas (25.31-40).
Defronte da mesa dos pães da proposição havia o candelabro. Cada tarde ele era aceso pelo sumo sacerdote, queimando a noite inteira até pela manhã, de sorte que a habitação de Deus nunca estava no escuro.
Este móvel com suas sete lâmpadas nos lembra da luz da igreja brilhando no poder do Espírito.
O primeiro é que é de ouro maciço, de uma só peça, lavrado a martelo. Diferente do tabernáculo, que representa a igreja universal, o castiçal tipifica a igreja local.
Há nele uma unidade indivisível, que é a unidade da igreja local. Na visão inicial de Apocalipse, o Senhor Jesus está no meio dos sete candelabros de ouro, os quais são as sete Igrejas (Ap. 1.20).
É de uma peça, porque a igreja é uma em cada localidade – pelo menos assim a vê Deus, independentemente de como a vemos nós em sua distorção.
Está localizada fora do véu que separa o Lugar Santíssimo, pois embora a igreja é para Deus, seu testemunho é para os homens.
A igreja tem luz, uma luz que não é própria, mas sim a luz de Cristo pelo Espírito - que é o azeite. Ela irradia essa luz para iluminar o ambiente circundante.
Exercícios sacerdotais e ministério público nos ajuntamentos dos santos não são desenvolvidos “no escuro”, nem aqueles que servem ficam tropeçando uns sobre os outros enquanto se ocupam no serviço de Deus.
O ALTAR DO INCENSO
No capítulo 30 de Êxodo se descreve o altar do incenso. Este altar é distinto do altar de bronze, que estava localizado no átrio. Este é de ouro, e menor, e está localizado no Lugar Santo.
Sua localização no Lugar Santo não é casual - como nada o é no tabernáculo.
Para ter acesso a ele é preciso ter passado primeiro pelo altar de bronze, quer dizer, pela cruz de Cristo para o perdão dos pecados.
O altar do incenso representa o ministério intercessor de Cristo, e, por extensão, de todo sacerdote.
O altar de bronze é para expiação; o Altar de ouro é para intercessão. Estes são dois dos ofícios do Senhor Jesus Cristo, primeiro como Cordeiro e em seguida como Advogado à mão direita de Deus.
Todos os cristãos estão permanentemente associados com estes dois altares. Com o de bronze, pois devem ir ao sangue da cruz pelo perdão de seus pecados; e o Altar de ouro para desenvolver seu ministério intercessor a favor dos homens e a adoração.
Cada dia devia ser oferecido incenso, ao mesmo tempo do serviço das lâmpadas. Mas antes de descrever a composição do incenso, descreve-se o azeite da unção. Estas duas coisas vão juntas, mas primeiro vai o azeite da unção, pois vem de cima.
Os santuários de Deus são lugares onde Ele recebe o louvor do Seu povo. Nós nos reunimos, não simplesmente para apreciarmos a companhia um do outro, mas especialmente para desfrutarmos de comunhão com Deus.
Se as verdadeiras igrejas falham em Lhe dar a Sua porção, de onde Ele poderá recebê-la?
O SANTO DOS SANTOS
O santo dos santos nos fala das profundezas de CRISTO.
No Santo do Santos do Tabernáculo havia apenas um móvel — a arca.
No Santo dos Santos experimentamos CRISTO da maneira mais profunda.
Primeiramente diante da arca (Ex 40;20,21) ; A palavra testemunho refere-se a Lei de DEUS, os Dez Mandamentos, que foram colocados dentro da Arca.
No Santo dos Santos, somente era permitida a entrada do sumo sacerdote uma vez por ano por ocasião do Yon Kipur, o dia da expiação.
O último lugar do tabernáculo era o lugar santíssimo, novamente separado por uma cortina. O Véu!
Vejamos como era esse véu:
Era de estofo (tecido encorpado de algodão) azul (João), púrpura (Mateus), carmesim (Marcos) e linho fino (Lucas).
Esse véu nos fala da vida e obra do SENHOR JESUS.
Aqui no Santo dos Santos tudo pára: o tempo, nossa vida, nossos anseios e finalmente poderemos desfrutar da presença do Pai e receber d’Ele aquilo que está em seu coração.
Era no Santo dos Santos que ficava a Arca da Aliança, iluminada unicamente pela Glória do Senhor.
A ARCA DO TESTEMUNHO E O PROPICIATÓRIO
A primeira coisa do tabernáculo a ser mencionada por Deus é a arca (Ex. 25:10-22).
No Santo do Santos do Tabernáculo havia apenas um móvel — a arca.
Sobre ela aparecia a nuvem, dela Deus falava com Moisés, nela havia o propiciatório e os querubins da glória, e uma vez por ano o sumo sacerdote comparecia perante ela.
Ela simboliza a presença de Deus, lembrando-nos assim daquilo que já enfatizamos, que a igreja é, na verdade, o lugar onde a presença de Deus é conscientemente sentida.
Não pode ser o Seu santuário se Ele não estiver ali, e se não desfrutarmos da Sua presença, o serviço que prestamos não tem valor.
A igreja em Corinto sofreu as tristes conseqüêcias pelo seu comportamento inadequado na presença dEle, pois alguns sentiram a Sua mão disciplinadora.
Dentro do tabernáculo, o lugar principal era o Lugar Santíssimo, e dentro deste Lugar, o centro de toda a atenção era a arca do testemunho. Tudo parte da arca; se a arca estava em seu lugar, todo o resto estava bem.
O fundamento em toda edificação de Deus é Jesus Cristo. A Arca é a presença de Deus que ia ao meio de seu povo, em seu caminhar cotidiano.
Dentro da arca iam três coisas, a maneira de testemunho: as tábuas da lei, o pote de maná, e a vara do Arão que reverdeceu.
Maná – CRISTO como nossa experiência. Aqui, desfrutamos a CRISTO num aspecto mais íntimo.
A vara que floresceu – Nossa experiência de CRISTO no poder da vida em ressurreição.
As tábuas da aliança – A Lei do ESPÍRITO de CRISTO em nós.
O PROPICIATÓRIO
O propiciatório era coberto de ouro e cobria a arca. Diferente dos outros móveis, o propiciatório não era de madeira recoberta com ouro, mas sim de ouro puro.
Isto nos indica de que não há nada de humanidade naquilo que o propiciatório representa. Aqui está o testemunho da obra de Deus em Cristo, feita a favor do homem para reconciliá-lo com Deus.
Na obra de redenção, não há participação do homem, exceto para recebê-la, como destinatário e beneficiário dela.
Se a arca não tivesse propiciatório, teria sido perfeita para Deus, mas terrível para nós. O propiciatório é a provisão de Deus, sua graça e sua misericórdia para o homem.
A palavra "propiciatório" tem a ver com "propiciar", que é estar a favor de algo ou alguém; o propiciatório está inteiramente a favor do homem.
O propiciatório cobria totalmente o arca, o qual significa que seu conteúdo é suficiente para Deus e para nós.
A expressão de Paulo em Romanos nos sugere claramente a preciosa obra do sangue de Cristo no propiciatório, não do tabernáculo terrestre, mas sim no celestial: "Sendo justificados gratuitamente por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus pôs como propiciaciação por meio da fé em seu sangue..." (Rom. 3:24-25).
João, no final da era apostólica, recorda-nos isto mesmo ao dizer: "Meus filhinhos, estas coisas lhes escrevo para que não pequem; e se alguém tiver pecado, temos um advogado para com o Pai, a Jesus Cristo o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados; e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo" (1ª João 2:1-2).
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Exposição sobre Efésios
Por: D.M Lloyd Jhones
EM CRISTO JESUS
"Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou, juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindou¬ros as abundantes riquezas de sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus." - Efésios 2:4-7
Já examinamos esta majestosa e emocionante declaração de manei¬ra mais ou menos geral. Observamos como o apóstolo a introduz, e especialmente a palavra “Mas”, que introduz o ponto de transição do desamparo e desespero do homem em pecado para a esperança e consolação do evangelho. Esta é a única esperança; fora dela não há absolutamente nenhuma esperança. Quando nos vemos numa condição inteiramente perdida e perigosa, de repente nos chega esta mensagem, inesperada e surpreendentemente, de uma esfera diferente, que nos impulsiona a levantar os nossos rostos. Além disso, a sua grande ênfase é que foi Deus que fez isso. Foi quando estávamos mortos e não podíamos fazer nada, que Deus fez o que somente Ele podia fazer. É o poder de Deus. Vemos também aí, com muita clareza, o contraste entre Deus e nós: Ele é rico em misericórdia, tem grande amor por nós, Sua graça é sobremodo rica, e a Sua disposição para conosco é sempre bondosa e benigna.
Mas o apóstolo não se contenta em meramente introduzir o evangelho e em meramente pintar estes contrastes extraordinários e maravilhosos. Também está desejoso de que tenhamos clara ideia do feito grandioso que Deus realizou por nós. Que é que pode ser mais maravilhoso do que o modo como, ao vermos como somos em pecado, reagimos a este bendito "Mas"? Todavia, não devemos ficar simplesmente admirados e espantados, devemos aprender e compreender exatamente o que Deus fez por nós. Por isso o apóstolo expõe isso diante de nós em detalhe. Há um sentido em que podemos dizer acertada e verdadeiramente que temos aqui uma das declarações mais profundas com respeito à condição e à situação do cristão que se pode achar em qualquer parte das Escrituras. O que aconteceu é que,
"estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus". (Ef 2:5-6)
Pois bem, há, obviamente, algumas observações preliminares que se deve fazer sobre uma declaração como essa.
A primeira que me sinto constrangido a fazer é que isto é cristianismo verdadeiro.
Essa é a própria essência do cristianismo, e nada menos que isso. O que estas palavras descrevem é o centro vital de toda essa matéria. É o que Deus fez para nós e por nós, e não primariamente algo que tenhamos feito. Noutras palavras, o cristianismo não significa apenas que eu e vocês tomamos uma decisão. Naturalmente isso está incluído, mas não é a essência do cristianismo. As pessoas podem decidir parar de fazer certas coisas e começar a fazer outras; isso não é cristianismo. As pessoas podem acreditar que Deus lhes perdoa os seus pecados; porém, isso, em si, não é cristianismo. A essência do cristianismo é a verdade que temos aqui – e este é o fato real, e nada menos que isso é o fato real.
Gostaria de acentuar também que isto é verdade quanto a todos os cristãos.
Mais adiante veremos que aqui nos defrontamos com o maravilhoso ensino e doutrina acerca da união do cristão com o Senhor Jesus Cristo. Com efeito, há certas escolas de pensamento cristão que têm feito grande dano neste ponto, dando-nos a impressão de que se trata de algo a que somente certos cristãos chegam, de que se você realmente se entregar ao cultivo da vida cristã, poderá esperar chegar finalmente a esta união com Cristo. É óbvio que eles pensam que existem muitos cristãos que ainda não ocupam esta posição e que precisam ser exortados e concitados e estimulados a lutar até alcançarem essa condição. Ora, isso está inteiramente errado, é inteiramente falso. Você não pode ser cristão, de modo nenhum, sem a verdade que estamos examinando agora; é esta verdade que nos faz cristãos; sem ela não estamos na posição cristã absolutamente.
Portanto, é importante que entendamos imediatamente que de fato estamos tratando aqui de algo que é básico e fundamental e primordial. Ao mesmo tempo, naturalmente, a doutrina é tão gloriosa e grandiosa que inclui a totalidade da vida cristã. A vida cristã é um todo, e você tem, por assim dizer, o todo no início, e depois passa a apropriar-se de suas várias partes e a entendê-lo cada vez mais. Isto é cristianismo, que "estando nós ainda mortos em nossas ofensas, Deus nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus". Que acontece, pergunto, quando nos examinamos à luz dessa declaração? Poderíamos dizer que sempre pensamos a nosso respeito como cristãos nestes termos? Seria como eu penso de mim como cristão? Ou ainda me inclino a pensar em mim como cristão nos termos daquilo que estou tentando fazer, lutando para fazer, e daquilo em que estou tentando me tornar ou que estou tentando fazer de mim mesmo? Ora, isto é evidentemente básico, porque toda ênfase do apóstolo aqui é que a coisa primordial, a primeira coisa, é esta que Deus faz para nós, não primariamente o que eu e você fazemos pessoalmente.
Há duas maneiras de examinar esta grande declaração. Há alguns que têm uma ideia puramente objetiva dela. Pensam nela exclusiva¬mente em termos da nossa situação, ou da nossa posição, na presença de Deus. O que quero dizer é que eles pensam nela como sendo algo que, num sentido, já é verdade a nosso respeito em Cristo, mas não é verdade a nosso respeito na prática. Consideram esta como uma declaração do fato de que após a morte ressuscitaremos e participaremos da vida da glória que está à espera de todos os que estão em Cristo Jesus. Afirmam que a verdade é que o Senhor Jesus Cristo já ressuscitou dos mortos; Ele foi vivificado quando estava morto na sepultura, foi ressuscitado, apareceu a certas testemunhas, subiu ao céu e está na glória, nos lugares celestiais. Pois bem, dizem eles, isso aconteceu com Ele, e, se crermos nEle, acontecerá conosco. Eles afirmam que essa verdade quanto a nós é pela fé agora, porém realmente só pela fé. Não é real em nós agora, é inteiramente real nEle, mas se tornará real em nós no futuro. Pois é isso que eu considero uma ideia puramente objetiva desta declaração. E, naturalmente, como declaração, está perfeitamente certa, exceto que não vai suficientemente longe. Tudo isso é verdade quanto a nós. Chegará a hora em que todos nós, cristãos, seremos ressuscitados, a menos que o nosso Senhor volte antes de morrermos. Os nossos corpos serão transformados e glorificados; e nós viveremos e reinaremos com Ele, e entraremos em Sua glória e dela participaremos com Ele. Isso é perfeitamente verdadeiro.
No entanto, me parece que interpretar esta declaração unicamente dessa maneira é interpretá-la de maneira gravemente errônea. E isso eu posso provar. Há dois argumentos que a tornam uma interpretação completamente inadequada. O primeiro é que todo o contexto aqui é experimental. O apóstolo não está tão interessado em lembrar a estes efésios algo que lhes irá acontecer; o seu grande interesse aqui é lembrá¬-los do que já lhes aconteceu, e da sua posição atual. É importante que sempre levemos conosco o contexto. O interesse do apóstolo, mostrado em toda esta declaração, é que podemos conhecer
"a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos". (Ef 1:19-20)
Noutras palavras, ele está orando no sentido de que estes efésios tenham os olhos do seu entendimento iluminados de tal modo que possam saber o que Deus está fazendo por eles agora, nesse exato momento, não alguma coisa que Ele vai fazer no futuro. É importante termos claro entendimento sobre a morte, para que percamos o medo da morte, para que estejamos tão certos da ressurreição e da nossa glorifi¬cação que possamos sorrir em face da morte; está certo, entretanto não é isso que o apóstolo está ensinando aqui. Ele está interessado em que eles apreciem agora, em meio a todas as suas dificuldades, aquilo que é a concreta verdade a respeito deles.
Contudo, há uma prova mais forte, parece-me, no versículo cinco. Diz o apóstolo que,
"estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou com Cristo",
e então, entre parêntesis,
"(pela graça sois salvos)".
Ele diz, noutras palavras: o que estou falando é sobre a sua salvação neste momento.
• "Pela graça sois salvos" significa "pela graça vós já fostes salvos".
Esse é o tempo verbal, "fostes salvos".
• Eviden¬temente é algo experimental. É algo subjetivo, não puramente objetivo.
A tragédia é que muitas vezes as pessoas colocam estas coisas como elementos opostos, ao passo que, na realidade, as Escrituras sempre mostram que ambas as coisas devem andar juntas. Há um lado objetivo da minha salvação, mas, graças a Deus, há também um lado subjetivo. É um erro ensinar, como o moderno movimento bartiano tende a ensinar, que tudo é objetivo, que tudo está em Cristo e que em mim não há absolutamente nada. Isso me parece um grave erro, porque as Escrituras, felizmente para nós, sempre acentuam o experimental, o pessoal, o subjetivo, o que eu desfruto aqui e agora.
• Minha salvação não está completa e exclusivamente em Cristo; uma vez que eu estou em Cristo, ela está em mim também.
É isso que o apóstolo está desejoso de que entendamos. Noutras palavras, esta realidade deve ser interpretada espiritual e objetiva¬mente, deve ser entendida experimentalmente.
• O que Deus fez por nós espiritualmente, diz o apóstolo, é comparável ao que Ele fez ao Senhor Jesus Cristo no sentido físico quando O ressuscitou dentre os mortos e O levou para Si para que Ele Se assentasse nos lugares celestiais.
Devemos retornar ao fim do capítulo primeiro. O poder que está operando para conosco e em nós, os que cremos, é o mesmo poder que Deus
"manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos". (Ef 1:20-23)
Agora, diz Paulo, quero que vocês saibam que exatamente o mesmo poder que fez isso está operando em vocês espiritualmente. Isso, então, nos capacita a dizer tudo o que aconteceu conosco, se somos cristãos, aconteceu por esse mesmo poder de Deus. Todos os tempos verbais que o apóstolo emprega justamente nestas palavras que estamos estudando estão no passado; ele não diz que Deus vai nos ressuscitar, vai nos vivificar, vai fazer-nos sentar nos lugares celestiais; ele afirma que Ele já o fez, que quando estávamos mortos Ele nos vivificou. E o tempo aoristo, o passado, é algo que se completou, e uma vez por todas já foi feito. Assim é que temos que dizer de nós mesmos, como cristãos, que fomos vivificados, fomos ressuscitados, e estamos sentados nos lugares celestiais.
Ou, talvez, numa colocação melhor, possamos dizer – e segura¬mente é o que o apóstolo tinha em mente – que a situação do cristão é exatamente o oposto da situação do não cristão.
• O não cristão é alguém que está morto em ofensas e pecados, está sendo levado de acordo com o curso deste mundo, de acordo com o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; ele vive segundo os desejos da carne, fazendo a vontade da carne e da mente; ele está, por natureza, sob a ira de Deus. Esse é o não cristão.
E o cristão, que é? O exato oposto disso –
• vivificado; vivo; ressurreto; sentado nos lugares celestiais; inteiramente diferente, contraste completo.
O "mas" assinala em toda parte este aspecto de contraste. E, obviamente, não podere¬mos entender verdadeiramente a nossa posição como cristãos, se não compreendermos que é um completo contraste com o que éramos antes. Vocês veem como, na interpretação das Escrituras, é importante tomar tudo em seu contexto. Temos que ter claro entendimento acerca do nosso estado em pecado porque, se não, jamais teremos claro entendi¬mento acerca do nosso estado na graça e na salvação.
Se essa é a verdade acerca de nós como cristãos agora, há duas importantes questões que devem ocupar a nossa atenção. Eis a primeira: como foi que tudo isso nos aconteceu? Como foi que isso passou a ser verdade a meu respeito como cristão? O apóstolo responde: é "junta¬mente com Cristo". Vocês notam sua ênfase constantemente repetida? –
"quando estávamos mortos em pecados, vivificou-nos junto com Cristo, ressuscitou-nos juntos e nos fez sentar juntos nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (VA).
Aqui sem dúvida nos vemos face a face com uma das mais grandiosas e mais maravilhosas doutrinas cristãs, uma das mais gloriosas, fora de toda e qualquer contestação. Trata-se do ensino completo das Escrituras com respeito à nossa união com Cristo. É um ensino que vocês encontrarão em muitos lugares. Remeto-os ao capítulo cinco da Epístola aos Romanos, que, de muitas maneiras, é a mais extensa exposição da doutrina. Mas igualmente ela pode ser encontrada no capítulo seis da Epístola aos Romanos. Também se encontra em 1 Coríntios, capítulo 15, o grandioso capítulo frequentemente lido nos funerais; todavia igualmente se vê em 2 Coríntios, capítulo 5. Similarmente o ensino se acha naquelas belas palavras do fim do capítulo dois da Epístola aos Gálatas –
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim".
Esta é a coisa mais maravilhosa e mais espantosa, e, para mim, é sempre uma questão que me causa grande surpresa que esta bendita doutrina receba tão pouca atenção. Por uma outra razão o povo cristão parece temê-la. Não tenho dúvida que é principalmente pela razão que já dei, que o ensino católico (seja romano ou anglicano ou de qualquer outro tipo) sempre propenso a dar a impressão de que esta é uma realização final do místico, a meta suprema do maior santo, mas nada tem a ver com o resto de nós, cristãos comuns. A nossa réplica é que, de acordo com este ensino, em Efésios, capítulo 2 e noutros lugares, vocês não são cristãos enquanto não estiverem unidos a Cristo e "nEle". Esta doutrina da nossa união com Cristo não deveria vir no fim da doutrina cristã, deveria vir no início, onde o apóstolo a coloca.
Que significa estarmos unidos a Cristo? Esta expressão é empregada em dois sentidos. O primeiro é o que se pode chamar sentido federal, ou, noutras palavras, sentido pactual. Esse é o sentido do capítulo cinco de Romanos, versículos 12-21. Adão foi constituído e considerado por Deus como o chefe e o representante da raça humana; ele foi o chefe federal, o representante federal, o cabeça pactual. Deus fez uma aliança com Adão, fez um acordo com ele, fez certas declarações a ele quanto ao que Ele pretendia fazer, e assim por diante. Pois bem, esse é o primeiro sentido em que é ensinada esta doutrina da união. E, portanto, o que se diz acerca do Senhor Jesus Cristo é que Ele é nosso Chefe Federal, nosso Representante. Adão, o nosso representante, rebelou-se contra Deus; pecou e foi punido, e certas consequências se seguiram. Mas devido Adão ser o nosso representante e o nosso chefe ou cabeça, o que aconteceu com Adão aconteceu por isso com toda a sua posteridade e conosco.
Ora, esse é um aspecto da questão, e muito importante. Conhece¬mos algo sobre isso na vida e no viver comum. O embaixador deste país num país estrangeiro representa todo o país, e se envolve em ações nas quais nos envolvemos, queiramos ou não. Como cidadãos deste país nós todos sofremos as consequências de resoluções que foram tomadas, até mesmo antes de nascermos. Vocês não podem abstrair-se de sua nação, estão federalmente envolvidos nas atividades da sua nação, e o que o líder ou o representante oficial de uma nação faz impõe-se a todos os cidadãos dessa nação. Muito bem, essa é a verdade com relação a Adão. Também é a verdade com relação ao Senhor Jesus Cristo. Adão foi o primeiro homem; Jesus Cristo é o segundo homem. Vocês têm o primeiro Adão; vocês têm o último Adão. Agora, de acordo com este ensino, Jesus Cristo é o representante desta nova humanidade; e, portanto, o que Ele fez e o que Ele sofreu é algo que se aplica à totalidade desta nova raça que veio a existir nEle. Dessa maneira, deve-se pensar na união do crente com Cristo em termos desse sentido federal.
Mas a coisa não fica nisso. Há outro aspecto da união, que podemos chamar místico ou vital. É algo que o nosso Senhor ensinou pessoal¬mente, nas famosas palavras do capítulo quinze do Evangelho Segundo João, onde Ele diz:
"Eu sou a videira verdadeira, vós as varas".
A união entre as varas e a videira não é mecânica, é vital e orgânica. Estão unidas; a mesma seiva, a mesma vida no tronco e nos ramos. Contudo, essa não foi a única ilustração utilizada. No final do capítulo primeiro desta Epístola Paulo diz que a união entre o cristão e o Senhor Jesus Cristo é comparável à união das diversas partes do corpo com o corpo todo, e especialmente com a cabeça. Pois bem, qualquer dos meus dedos é parte vital do meu corpo. Não foi simplesmente amarrado nele; há uma união viva, orgânica, vital. O sangue que corre através da minha cabeça, corre através dos meus dedos. Isso indica uma espécie de unidade interna essencial, e não uma união meramente federal ou legal ou pactual. Há, de fato, mais uma ilustração empregada nesta Epístola aos Efésios, no capítulo cinco, onde se nos diz que a união entre a Igreja e Cristo, e, portanto, entre todo membro da Igreja e Cristo é comparável à união entre um marido e sua esposa – "ambos serão uma só carne". Essa união é mística. Essa é a união entre Cristo e a Igreja.
Todas estas bênçãos que usufruímos tornaram-se nossas porque estamos ligados a Cristo dessa maneira dupla – de maneira forense, federal, pactual, porém também desta maneira vital e viva. Podemos afirmar, pois, que o que aconteceu com Cristo aconteceu conosco. Este é o mistério e a maravilha da nossa salvação, e é a realidade mais gloriosa que jamais podemos contemplar. O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Deidade eterna, desceu do céu à terra; assumiu a nossa natureza humana, compartilhou da natureza humana; e como resultado da Sua obra, nós, seres humanos, compartilhamos da Sua vida e estamos nEle, e somos participantes de todos os benefícios que dEle vêm. Meus amigos, eu os fiz lembrar-se logo no princípio, e devo repeti-lo, que o cristianismo é isso, e nada menos que isso. E se não compreendemos isso, eu pergunto: que é o nosso cristianismo? Isto não é algo a que você chega, é algo com que você começa. Você não obtém nenhum benefício de Cristo, a não ser em termos da sua união com Ele –
"todos nós recebemos também da sua plenitude", diz João, "e graça por graça" (João 1:16).
Ora, neste ponto, o apóstolo está primariamente interessado em salientar o aspecto positivo disso tudo, e não o negativo. Ele tratará do aspecto negativo um pouco mais adiante, neste capítulo. Mas, necessa¬riamente, é preciso ter em mente o negativo também. No entanto, o que o apóstolo está primariamente interessado em salientar é que, ao passo que estávamos mortos, agora estamos vivos. A pergunta que surge de imediato é: como é que isto pode acontecer? Algo precisa acontecer antes que nós, que estamos mortos e sob a ira de Deus, possamos passar a estar vivos. Não posso auferir nenhum benefício, de espécie alguma, enquanto não se faça algo para satisfazer a ira de Deus, pois não apenas estou morto e não apenas sou uma criatura de desejos e domínios pelo deus deste mundo, eu estou sob a ira de Deus – "éramos por natureza filhos da ira, como os outros também". E, graças a Deus que alguma coisa aconteceu!
• Cristo tomou sobre Si a nossa natureza, levou sobre Si os nossos pecados, foi ao local de punição; a ira de Deus foi derramada sobre Ele.
Esse é todo o significado da Sua morte na cruz, é o pecado sendo punido, é a ira de Deus se manifestando contra o pecado. E se não vemos isso na cruz do Calvário, estamos olhando para aquela cruz sem os olhos do Novo Testamento. Há nesse terrível aspecto da cruz, e nós nunca devemos esquecê-lo. Jamais devemos esquecer o brado de desamparo: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" Isso aconteceu porque Ele estava experimentando a ira de Deus contra o pecado, nada menos que isso. Mas aqui o apóstolo está muito mais interessado em acentuar o aspecto positivo. Cristo não somente morreu e foi sepultado; Ele ressuscitou. Deus agiu
"ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia".
• Tudo isso envolveu uma vivificação, uma ressurreição e uma exaltação.
E a mesma coisa, diz o apóstolo, é verdade a nosso respeito, porque estamos em Cristo – "nos vivificou juntamente com ele". Isto aconteceu com todo aquele que é cristão. É ação de Deus. Certamente isto não requer nenhuma demonstração. O homem que está morto em pecados e sob a ira de Deus, que pode fazer? Nada. Deus o faz para ele, Deus o vivifica. Como Ele vivificou o corpo morto do Seu Filho no túmulo, assim Ele nos vivificou espiritualmente.
Que é que significa "vivificar"? Significa "tornar vivo", significa "infundir vida". Então, a primeira coisa que é verdadeira quanto ao cristão é que ele chegou ao fim da sua morte – estávamos mortos em ofensas e pecados, não tínhamos nascido espiritualmente. Não há nenhuma centelha divina em ninguém que nasceu neste mundo; todos os nascidos neste mundo, porque são filhos de Adão, nascem mortos, nascem mortos espiritualmente. Toda essa ideia de uma centelha divina remanescente no homem é uma contradição, não somente nesta passa¬gem das Escrituras, mas de todas as Escrituras. A situação de todos os que nascem neste mundo é a de um morto. A comparação utilizada para ilustrar este fato é o corpo morto do Senhor Jesus Cristo, sepultado numa tumba e com uma pedra rolada sobre a boca da tumba. Esta é, pois, a primeira verdade positiva. Cheguei ao fim da minha morte. Não mais estou morto em ofensas e pecados, não mais estou morto espiritual¬mente. Por quê? Porque morri com Cristo; morri com Cristo para a lei de Deus e para a ira de Deus.
Ora, o cristão é alguém que tem que afirmar esta verdade. O princípio do cristianismo é dizer:
"Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).
O cristão não é alguém que está esperando ser perdoado; não é alguém que espera que finalmente será capaz de satisfazer as exigências da lei e de estar na presença de Deus. Se é um cristão que entende o cristianismo, ele diz: já estou lá, não estou mais morto, estou vivo, fui vivificado, vida me foi dada. E o primeiro aspecto importante dessa declaração é o negativo, que afirma que não estou mais morto. Deixei de ser morto; estou morto para o pecado, estou morto para a lei, estou morto para a ira de Deus. "Portanto agora nenhuma condenação há." Você pode dizer isso? É a declaração que todo cristão deveria ser capaz de fazer. E se você não tem essa segurança, é simplesmente porque você não entende as Escrituras. As Escrituras fazem esta asserção definida: não sou cristão, não posso ser cristão sem estar em Cristo. Segue-se que, se estou em Cristo, o que é verdade a respeito dEle é também verdade a meu respeito. Ele morreu uma vez para o pecado, e eu, nEle, morri uma vez para o pecado. Quando o Senhor Jesus Cristo morreu naquela cruz no Monte Calvário, eu estava morrendo com Ele tão definida e certamente (e ainda mais) como sou responsável pelas ações da Grã-Bretanha, por exemplo, na China, no último século, quando a sua gente introduziu lá, vergonhosamente o comércio do ópio. Embora eu não o tenha feito pessoalmente, embora tenha sido feito antes de eu nascer, sou responsável porque sou britânico, e me sinto responsável e sinto vergonha. Exatamente da mesma maneira, quando Cristo morreu na cruz e sofreu a ira de Deus contra o pecado, eu estava participando nisso; eu estava nEle, eu estava mor¬rendo com Ele. Estou morto para a lei, estou morto para a Ira de Deus, eu posso dizer com Augustus Toplady:
Os terrores da lei, os terrores de Deus
Comigo nada têm, nada podem fazer-me;
A obediência e o sangue do meu Salvador
Escondem da visão as minhas transgressões.
Mais que isso, porém, Ele nos vivificou, Ele nos tornou vivos; e se você está vivo, não está mais morto. Uma coisa ou outra – você não pode esperar tornar-se vivo; ou está vivo ou está morto. Você está espiritualmente morto, ou está espiritualmente vivo?
Mas examinemos o caso mais profundamente. Quer dizer que Deus colocou um novo espírito de vida em mim.
"A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, ‘me’ livrou da lei do pecado e da morte."(Rm 8:2)
"A lei do Espírito de vida, em Cristo" está no cristão. Isto é o oposto da morte e da inércia. Antes de entrar em nós este espírito de vida em Cristo Jesus, estávamos mortos em ofensas e pecados, e sujeitos a um espírito muito diferente – "o príncipe das potestades do ar, o espírito que agora opera nos filhos da desobediência". Todavia a verdade já não é essa. Há um novo espírito de vida.
Que é "vivificação"? Vivificação é regeneração, e nenhuma outra coisa. Quando o apóstolo diz aqui, "Vos vivificou", ele quer dizer, Ele vos regenerou; Ele vos deu nova vida, nascestes de novo, fostes ciados de novo, vós vos tornastes participantes da natureza divina. Que é regeneração? Não posso pensar numa definição melhor do que esta: regeneração é um ato de Deus pelo qual um novo princípio de vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa. Isso é regeneração. Significa que Deus, por Sua ação poderosa, põe nova disposição em minha alma. Notem que digo "disposição", não faculdades; o de que necessita o homem não são faculdades; necessita é de uma nova disposição. Qual a diferença, vocês perguntarão, entre faculdades e disposição? Pode-se dizer que é algo assim: a disposição é aquilo que determina a tendência e o uso das faculdades. É a disposição que governa e organiza o uso das faculdades, que faz de um homem um músico, de outro um poeta e de outro alguma outra coisa. Assim, a diferença entre o pecador e o cristão, entre o incrédulo e o crente, não é que o crente, o cristão, tem certas faculdades que faltam ao outro. Não, o que acontece é que esta nova disposição dada ao cristão dirige as suas faculdades de maneira inteiramente diversa. Não lhe é dado um novo cérebro, não lhe é dada uma nova inteligência, ou alguma outra coisa. Ele sempre teve essas coisas; são seus servos, seus instrumentos, seus "membros", como lhes chama Paulo no capítulo seis de Romanos; o que é novo é uma nova tendência, uma nova disposição. Ele mudou de direção, há agora um novo poder agindo nele e guiando as suas faculdades.
É isso que faz de um homem um cristão. Há nele este princípio de vida, há esta nova disposição. E esta afeta o homem todo; afeta a sua mente, afeta o seu coração, afeta a sua vontade. É algo que sucede instantaneamente ao homem, não gradativamente. O nascimento é repentino, o nascimento é instantâneo, não é um processo gradual. Lá estava o homem, em dado momento morto, no momento seguinte vivo. Ele foi vivificado; esta disposição, este princípio de vida penetrou nele. E, obviamente, é algo que acontece no nosso subconsciente. O nosso Senhor deixou isso claro (não deixou?) para Nicodemos naquela famosa declaração:
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito".
É secreto, não se pode ver nem entender, não é possível explicá-lo plenamente; tudo o que se sabe é que aconteceu. "Eu era cego, e agora vejo" (VA e ARA). Não entendo isso, não posso explicar, nem fisiologicamente, nem anatomicamente, nem de nenhuma outra maneira; tudo o que eu sei é que eu era cego, não podia ver, mas agora posso ver. Eu estava morto, agora estou vivo. É secreto, é misterioso, é miraculoso, é maravilhoso, é incompreensível; porém conheço os efeitos, aprecio os resultados, estou ciente do fato de que isso aconteceu. Então, que será? É um ato criador de Deus. É por isso que vocês veem este apóstolo e outros se referindo muitas vezes a esse fato como uma nova criação –
"Se alguém está em Cristo, nova criatura é (nova criação); as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo".
Sim, ele tem os mesmos olhos, olha para as mesmas coisas para as quais olhava antes, contudo não as vê como costumava vê-las. O pobre ébrio tinha olhos e podia olhar para um bar, e via certas coisas; ele continua tendo olhos, continua vendo o mesmo bar, e, todavia, não é a mesma coisa, é inteiramente diferente. Ele está olhando para a mesma coisa, mas vê uma coisa absolutamente diferente. Por quê? – não foi o bar que mudou. Ele mudou, ou melhor, foi mudado. Um novo homem, uma nova disposição, um novo princípio dominante, nova vida!
Você está vivo? Deus colocou em você este princípio de vida? Precisamente como você é neste momento, você sabe se isto aconteceu com você, que há esta diferença essencial entre você e o homem do mundo? Terei que entrar nesse assunto em detalhe mais adiante. Mas este é o começo de tudo. Veja aquela criança que acabou de nascer. Ela não pode raciocinar, não pode pensar, não pode dar conta de si, dos seus gostos e do que lhe desagrada; não obstante, ela manifesta vida: está viva, e tão viva como sempre estará. O seu entendimento e tudo mais se desenvolverão, mas ela está viva e mostrando que está. Vivificados! Estávamos mortos, sem vida, não podíamos mover-nos espiritual¬mente, não tínhamos apetite espiritual, não tínhamos apreensão nem entendimento, espiritualmente. No entanto, se somos cristãos, isso não é mais verdade; fomos vivificados juntamente com Cristo, o princípio de vida entrou, fomos regenerados. Não há cristianismo sem isso. Meramente crer que você está perdoado não é suficiente. Cristianismo é isto: crer e saber que, devido estarmos unidos a Cristo, algo da Sua vida está em nós como resultado desta união vital e indissolúvel, desta conexão íntima, mística. A vida da Cabeça passa pelos membros –
"vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular" (1 Coríntios 12:27).
Você tem consciente percepção dEle? Você sabe que Ele está em você e você nEle? Você pode dizer: "Eu vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim"? Você tem vida? Você foi vivificado? Este é o começo do cristianismo. Não há cristianismo sem isso. Não é que eu e você não devemos estar lutando. Claro que devemos lutar, estudar, jejuar, suar e orar. Temos que fazer estas coisas; mas isso é algo que vem na sequência. A primeira coisa é este conhecimento da vida. Porventura você tem consciência de um princípio que está agindo dentro de você, por assim dizer, a despeito de você mesmo, influenciando você, moldando você, guiando você, convencendo-o (do pecado), levando você avante? Você está ciente de que é possesso? – se posso dizê-lo assim, sob o risco de ser mal entendido. O cristão é um homem possesso; este princípio de vida entrou nele, esta nova disposição o possui. Ele tem consciência de uma ação que se efetua dentro dele. "Vivificados juntamente com Cristo"! Que coisa tremenda! É algo objetivo; porém, graças a Deus, também é subjetivo. Não é uma coisa que está totalmente nEle e que me deixa onde eu estava. Nada disso! Deus começou em mim uma boa obra, e eu a conheço. Ele colocou esta nova vida em mim - em mim! Nasci de novo e estou em união com Cristo.
Queira Deus, por Seu Espírito, iluminar os olhos do nosso enten¬dimento, para que comecemos a compreender esta estupenda operação do poder de Deus em nós.
EM CRISTO JESUS
"Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou, juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindou¬ros as abundantes riquezas de sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus." - Efésios 2:4-7
Já examinamos esta majestosa e emocionante declaração de manei¬ra mais ou menos geral. Observamos como o apóstolo a introduz, e especialmente a palavra “Mas”, que introduz o ponto de transição do desamparo e desespero do homem em pecado para a esperança e consolação do evangelho. Esta é a única esperança; fora dela não há absolutamente nenhuma esperança. Quando nos vemos numa condição inteiramente perdida e perigosa, de repente nos chega esta mensagem, inesperada e surpreendentemente, de uma esfera diferente, que nos impulsiona a levantar os nossos rostos. Além disso, a sua grande ênfase é que foi Deus que fez isso. Foi quando estávamos mortos e não podíamos fazer nada, que Deus fez o que somente Ele podia fazer. É o poder de Deus. Vemos também aí, com muita clareza, o contraste entre Deus e nós: Ele é rico em misericórdia, tem grande amor por nós, Sua graça é sobremodo rica, e a Sua disposição para conosco é sempre bondosa e benigna.
Mas o apóstolo não se contenta em meramente introduzir o evangelho e em meramente pintar estes contrastes extraordinários e maravilhosos. Também está desejoso de que tenhamos clara ideia do feito grandioso que Deus realizou por nós. Que é que pode ser mais maravilhoso do que o modo como, ao vermos como somos em pecado, reagimos a este bendito "Mas"? Todavia, não devemos ficar simplesmente admirados e espantados, devemos aprender e compreender exatamente o que Deus fez por nós. Por isso o apóstolo expõe isso diante de nós em detalhe. Há um sentido em que podemos dizer acertada e verdadeiramente que temos aqui uma das declarações mais profundas com respeito à condição e à situação do cristão que se pode achar em qualquer parte das Escrituras. O que aconteceu é que,
"estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus". (Ef 2:5-6)
Pois bem, há, obviamente, algumas observações preliminares que se deve fazer sobre uma declaração como essa.
A primeira que me sinto constrangido a fazer é que isto é cristianismo verdadeiro.
Essa é a própria essência do cristianismo, e nada menos que isso. O que estas palavras descrevem é o centro vital de toda essa matéria. É o que Deus fez para nós e por nós, e não primariamente algo que tenhamos feito. Noutras palavras, o cristianismo não significa apenas que eu e vocês tomamos uma decisão. Naturalmente isso está incluído, mas não é a essência do cristianismo. As pessoas podem decidir parar de fazer certas coisas e começar a fazer outras; isso não é cristianismo. As pessoas podem acreditar que Deus lhes perdoa os seus pecados; porém, isso, em si, não é cristianismo. A essência do cristianismo é a verdade que temos aqui – e este é o fato real, e nada menos que isso é o fato real.
Gostaria de acentuar também que isto é verdade quanto a todos os cristãos.
Mais adiante veremos que aqui nos defrontamos com o maravilhoso ensino e doutrina acerca da união do cristão com o Senhor Jesus Cristo. Com efeito, há certas escolas de pensamento cristão que têm feito grande dano neste ponto, dando-nos a impressão de que se trata de algo a que somente certos cristãos chegam, de que se você realmente se entregar ao cultivo da vida cristã, poderá esperar chegar finalmente a esta união com Cristo. É óbvio que eles pensam que existem muitos cristãos que ainda não ocupam esta posição e que precisam ser exortados e concitados e estimulados a lutar até alcançarem essa condição. Ora, isso está inteiramente errado, é inteiramente falso. Você não pode ser cristão, de modo nenhum, sem a verdade que estamos examinando agora; é esta verdade que nos faz cristãos; sem ela não estamos na posição cristã absolutamente.
Portanto, é importante que entendamos imediatamente que de fato estamos tratando aqui de algo que é básico e fundamental e primordial. Ao mesmo tempo, naturalmente, a doutrina é tão gloriosa e grandiosa que inclui a totalidade da vida cristã. A vida cristã é um todo, e você tem, por assim dizer, o todo no início, e depois passa a apropriar-se de suas várias partes e a entendê-lo cada vez mais. Isto é cristianismo, que "estando nós ainda mortos em nossas ofensas, Deus nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus". Que acontece, pergunto, quando nos examinamos à luz dessa declaração? Poderíamos dizer que sempre pensamos a nosso respeito como cristãos nestes termos? Seria como eu penso de mim como cristão? Ou ainda me inclino a pensar em mim como cristão nos termos daquilo que estou tentando fazer, lutando para fazer, e daquilo em que estou tentando me tornar ou que estou tentando fazer de mim mesmo? Ora, isto é evidentemente básico, porque toda ênfase do apóstolo aqui é que a coisa primordial, a primeira coisa, é esta que Deus faz para nós, não primariamente o que eu e você fazemos pessoalmente.
Há duas maneiras de examinar esta grande declaração. Há alguns que têm uma ideia puramente objetiva dela. Pensam nela exclusiva¬mente em termos da nossa situação, ou da nossa posição, na presença de Deus. O que quero dizer é que eles pensam nela como sendo algo que, num sentido, já é verdade a nosso respeito em Cristo, mas não é verdade a nosso respeito na prática. Consideram esta como uma declaração do fato de que após a morte ressuscitaremos e participaremos da vida da glória que está à espera de todos os que estão em Cristo Jesus. Afirmam que a verdade é que o Senhor Jesus Cristo já ressuscitou dos mortos; Ele foi vivificado quando estava morto na sepultura, foi ressuscitado, apareceu a certas testemunhas, subiu ao céu e está na glória, nos lugares celestiais. Pois bem, dizem eles, isso aconteceu com Ele, e, se crermos nEle, acontecerá conosco. Eles afirmam que essa verdade quanto a nós é pela fé agora, porém realmente só pela fé. Não é real em nós agora, é inteiramente real nEle, mas se tornará real em nós no futuro. Pois é isso que eu considero uma ideia puramente objetiva desta declaração. E, naturalmente, como declaração, está perfeitamente certa, exceto que não vai suficientemente longe. Tudo isso é verdade quanto a nós. Chegará a hora em que todos nós, cristãos, seremos ressuscitados, a menos que o nosso Senhor volte antes de morrermos. Os nossos corpos serão transformados e glorificados; e nós viveremos e reinaremos com Ele, e entraremos em Sua glória e dela participaremos com Ele. Isso é perfeitamente verdadeiro.
No entanto, me parece que interpretar esta declaração unicamente dessa maneira é interpretá-la de maneira gravemente errônea. E isso eu posso provar. Há dois argumentos que a tornam uma interpretação completamente inadequada. O primeiro é que todo o contexto aqui é experimental. O apóstolo não está tão interessado em lembrar a estes efésios algo que lhes irá acontecer; o seu grande interesse aqui é lembrá¬-los do que já lhes aconteceu, e da sua posição atual. É importante que sempre levemos conosco o contexto. O interesse do apóstolo, mostrado em toda esta declaração, é que podemos conhecer
"a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos". (Ef 1:19-20)
Noutras palavras, ele está orando no sentido de que estes efésios tenham os olhos do seu entendimento iluminados de tal modo que possam saber o que Deus está fazendo por eles agora, nesse exato momento, não alguma coisa que Ele vai fazer no futuro. É importante termos claro entendimento sobre a morte, para que percamos o medo da morte, para que estejamos tão certos da ressurreição e da nossa glorifi¬cação que possamos sorrir em face da morte; está certo, entretanto não é isso que o apóstolo está ensinando aqui. Ele está interessado em que eles apreciem agora, em meio a todas as suas dificuldades, aquilo que é a concreta verdade a respeito deles.
Contudo, há uma prova mais forte, parece-me, no versículo cinco. Diz o apóstolo que,
"estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou com Cristo",
e então, entre parêntesis,
"(pela graça sois salvos)".
Ele diz, noutras palavras: o que estou falando é sobre a sua salvação neste momento.
• "Pela graça sois salvos" significa "pela graça vós já fostes salvos".
Esse é o tempo verbal, "fostes salvos".
• Eviden¬temente é algo experimental. É algo subjetivo, não puramente objetivo.
A tragédia é que muitas vezes as pessoas colocam estas coisas como elementos opostos, ao passo que, na realidade, as Escrituras sempre mostram que ambas as coisas devem andar juntas. Há um lado objetivo da minha salvação, mas, graças a Deus, há também um lado subjetivo. É um erro ensinar, como o moderno movimento bartiano tende a ensinar, que tudo é objetivo, que tudo está em Cristo e que em mim não há absolutamente nada. Isso me parece um grave erro, porque as Escrituras, felizmente para nós, sempre acentuam o experimental, o pessoal, o subjetivo, o que eu desfruto aqui e agora.
• Minha salvação não está completa e exclusivamente em Cristo; uma vez que eu estou em Cristo, ela está em mim também.
É isso que o apóstolo está desejoso de que entendamos. Noutras palavras, esta realidade deve ser interpretada espiritual e objetiva¬mente, deve ser entendida experimentalmente.
• O que Deus fez por nós espiritualmente, diz o apóstolo, é comparável ao que Ele fez ao Senhor Jesus Cristo no sentido físico quando O ressuscitou dentre os mortos e O levou para Si para que Ele Se assentasse nos lugares celestiais.
Devemos retornar ao fim do capítulo primeiro. O poder que está operando para conosco e em nós, os que cremos, é o mesmo poder que Deus
"manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos". (Ef 1:20-23)
Agora, diz Paulo, quero que vocês saibam que exatamente o mesmo poder que fez isso está operando em vocês espiritualmente. Isso, então, nos capacita a dizer tudo o que aconteceu conosco, se somos cristãos, aconteceu por esse mesmo poder de Deus. Todos os tempos verbais que o apóstolo emprega justamente nestas palavras que estamos estudando estão no passado; ele não diz que Deus vai nos ressuscitar, vai nos vivificar, vai fazer-nos sentar nos lugares celestiais; ele afirma que Ele já o fez, que quando estávamos mortos Ele nos vivificou. E o tempo aoristo, o passado, é algo que se completou, e uma vez por todas já foi feito. Assim é que temos que dizer de nós mesmos, como cristãos, que fomos vivificados, fomos ressuscitados, e estamos sentados nos lugares celestiais.
Ou, talvez, numa colocação melhor, possamos dizer – e segura¬mente é o que o apóstolo tinha em mente – que a situação do cristão é exatamente o oposto da situação do não cristão.
• O não cristão é alguém que está morto em ofensas e pecados, está sendo levado de acordo com o curso deste mundo, de acordo com o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; ele vive segundo os desejos da carne, fazendo a vontade da carne e da mente; ele está, por natureza, sob a ira de Deus. Esse é o não cristão.
E o cristão, que é? O exato oposto disso –
• vivificado; vivo; ressurreto; sentado nos lugares celestiais; inteiramente diferente, contraste completo.
O "mas" assinala em toda parte este aspecto de contraste. E, obviamente, não podere¬mos entender verdadeiramente a nossa posição como cristãos, se não compreendermos que é um completo contraste com o que éramos antes. Vocês veem como, na interpretação das Escrituras, é importante tomar tudo em seu contexto. Temos que ter claro entendimento acerca do nosso estado em pecado porque, se não, jamais teremos claro entendi¬mento acerca do nosso estado na graça e na salvação.
Se essa é a verdade acerca de nós como cristãos agora, há duas importantes questões que devem ocupar a nossa atenção. Eis a primeira: como foi que tudo isso nos aconteceu? Como foi que isso passou a ser verdade a meu respeito como cristão? O apóstolo responde: é "junta¬mente com Cristo". Vocês notam sua ênfase constantemente repetida? –
"quando estávamos mortos em pecados, vivificou-nos junto com Cristo, ressuscitou-nos juntos e nos fez sentar juntos nos lugares celestiais em Cristo Jesus" (VA).
Aqui sem dúvida nos vemos face a face com uma das mais grandiosas e mais maravilhosas doutrinas cristãs, uma das mais gloriosas, fora de toda e qualquer contestação. Trata-se do ensino completo das Escrituras com respeito à nossa união com Cristo. É um ensino que vocês encontrarão em muitos lugares. Remeto-os ao capítulo cinco da Epístola aos Romanos, que, de muitas maneiras, é a mais extensa exposição da doutrina. Mas igualmente ela pode ser encontrada no capítulo seis da Epístola aos Romanos. Também se encontra em 1 Coríntios, capítulo 15, o grandioso capítulo frequentemente lido nos funerais; todavia igualmente se vê em 2 Coríntios, capítulo 5. Similarmente o ensino se acha naquelas belas palavras do fim do capítulo dois da Epístola aos Gálatas –
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim".
Esta é a coisa mais maravilhosa e mais espantosa, e, para mim, é sempre uma questão que me causa grande surpresa que esta bendita doutrina receba tão pouca atenção. Por uma outra razão o povo cristão parece temê-la. Não tenho dúvida que é principalmente pela razão que já dei, que o ensino católico (seja romano ou anglicano ou de qualquer outro tipo) sempre propenso a dar a impressão de que esta é uma realização final do místico, a meta suprema do maior santo, mas nada tem a ver com o resto de nós, cristãos comuns. A nossa réplica é que, de acordo com este ensino, em Efésios, capítulo 2 e noutros lugares, vocês não são cristãos enquanto não estiverem unidos a Cristo e "nEle". Esta doutrina da nossa união com Cristo não deveria vir no fim da doutrina cristã, deveria vir no início, onde o apóstolo a coloca.
Que significa estarmos unidos a Cristo? Esta expressão é empregada em dois sentidos. O primeiro é o que se pode chamar sentido federal, ou, noutras palavras, sentido pactual. Esse é o sentido do capítulo cinco de Romanos, versículos 12-21. Adão foi constituído e considerado por Deus como o chefe e o representante da raça humana; ele foi o chefe federal, o representante federal, o cabeça pactual. Deus fez uma aliança com Adão, fez um acordo com ele, fez certas declarações a ele quanto ao que Ele pretendia fazer, e assim por diante. Pois bem, esse é o primeiro sentido em que é ensinada esta doutrina da união. E, portanto, o que se diz acerca do Senhor Jesus Cristo é que Ele é nosso Chefe Federal, nosso Representante. Adão, o nosso representante, rebelou-se contra Deus; pecou e foi punido, e certas consequências se seguiram. Mas devido Adão ser o nosso representante e o nosso chefe ou cabeça, o que aconteceu com Adão aconteceu por isso com toda a sua posteridade e conosco.
Ora, esse é um aspecto da questão, e muito importante. Conhece¬mos algo sobre isso na vida e no viver comum. O embaixador deste país num país estrangeiro representa todo o país, e se envolve em ações nas quais nos envolvemos, queiramos ou não. Como cidadãos deste país nós todos sofremos as consequências de resoluções que foram tomadas, até mesmo antes de nascermos. Vocês não podem abstrair-se de sua nação, estão federalmente envolvidos nas atividades da sua nação, e o que o líder ou o representante oficial de uma nação faz impõe-se a todos os cidadãos dessa nação. Muito bem, essa é a verdade com relação a Adão. Também é a verdade com relação ao Senhor Jesus Cristo. Adão foi o primeiro homem; Jesus Cristo é o segundo homem. Vocês têm o primeiro Adão; vocês têm o último Adão. Agora, de acordo com este ensino, Jesus Cristo é o representante desta nova humanidade; e, portanto, o que Ele fez e o que Ele sofreu é algo que se aplica à totalidade desta nova raça que veio a existir nEle. Dessa maneira, deve-se pensar na união do crente com Cristo em termos desse sentido federal.
Mas a coisa não fica nisso. Há outro aspecto da união, que podemos chamar místico ou vital. É algo que o nosso Senhor ensinou pessoal¬mente, nas famosas palavras do capítulo quinze do Evangelho Segundo João, onde Ele diz:
"Eu sou a videira verdadeira, vós as varas".
A união entre as varas e a videira não é mecânica, é vital e orgânica. Estão unidas; a mesma seiva, a mesma vida no tronco e nos ramos. Contudo, essa não foi a única ilustração utilizada. No final do capítulo primeiro desta Epístola Paulo diz que a união entre o cristão e o Senhor Jesus Cristo é comparável à união das diversas partes do corpo com o corpo todo, e especialmente com a cabeça. Pois bem, qualquer dos meus dedos é parte vital do meu corpo. Não foi simplesmente amarrado nele; há uma união viva, orgânica, vital. O sangue que corre através da minha cabeça, corre através dos meus dedos. Isso indica uma espécie de unidade interna essencial, e não uma união meramente federal ou legal ou pactual. Há, de fato, mais uma ilustração empregada nesta Epístola aos Efésios, no capítulo cinco, onde se nos diz que a união entre a Igreja e Cristo, e, portanto, entre todo membro da Igreja e Cristo é comparável à união entre um marido e sua esposa – "ambos serão uma só carne". Essa união é mística. Essa é a união entre Cristo e a Igreja.
Todas estas bênçãos que usufruímos tornaram-se nossas porque estamos ligados a Cristo dessa maneira dupla – de maneira forense, federal, pactual, porém também desta maneira vital e viva. Podemos afirmar, pois, que o que aconteceu com Cristo aconteceu conosco. Este é o mistério e a maravilha da nossa salvação, e é a realidade mais gloriosa que jamais podemos contemplar. O Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Deidade eterna, desceu do céu à terra; assumiu a nossa natureza humana, compartilhou da natureza humana; e como resultado da Sua obra, nós, seres humanos, compartilhamos da Sua vida e estamos nEle, e somos participantes de todos os benefícios que dEle vêm. Meus amigos, eu os fiz lembrar-se logo no princípio, e devo repeti-lo, que o cristianismo é isso, e nada menos que isso. E se não compreendemos isso, eu pergunto: que é o nosso cristianismo? Isto não é algo a que você chega, é algo com que você começa. Você não obtém nenhum benefício de Cristo, a não ser em termos da sua união com Ele –
"todos nós recebemos também da sua plenitude", diz João, "e graça por graça" (João 1:16).
Ora, neste ponto, o apóstolo está primariamente interessado em salientar o aspecto positivo disso tudo, e não o negativo. Ele tratará do aspecto negativo um pouco mais adiante, neste capítulo. Mas, necessa¬riamente, é preciso ter em mente o negativo também. No entanto, o que o apóstolo está primariamente interessado em salientar é que, ao passo que estávamos mortos, agora estamos vivos. A pergunta que surge de imediato é: como é que isto pode acontecer? Algo precisa acontecer antes que nós, que estamos mortos e sob a ira de Deus, possamos passar a estar vivos. Não posso auferir nenhum benefício, de espécie alguma, enquanto não se faça algo para satisfazer a ira de Deus, pois não apenas estou morto e não apenas sou uma criatura de desejos e domínios pelo deus deste mundo, eu estou sob a ira de Deus – "éramos por natureza filhos da ira, como os outros também". E, graças a Deus que alguma coisa aconteceu!
• Cristo tomou sobre Si a nossa natureza, levou sobre Si os nossos pecados, foi ao local de punição; a ira de Deus foi derramada sobre Ele.
Esse é todo o significado da Sua morte na cruz, é o pecado sendo punido, é a ira de Deus se manifestando contra o pecado. E se não vemos isso na cruz do Calvário, estamos olhando para aquela cruz sem os olhos do Novo Testamento. Há nesse terrível aspecto da cruz, e nós nunca devemos esquecê-lo. Jamais devemos esquecer o brado de desamparo: "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" Isso aconteceu porque Ele estava experimentando a ira de Deus contra o pecado, nada menos que isso. Mas aqui o apóstolo está muito mais interessado em acentuar o aspecto positivo. Cristo não somente morreu e foi sepultado; Ele ressuscitou. Deus agiu
"ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus, acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia".
• Tudo isso envolveu uma vivificação, uma ressurreição e uma exaltação.
E a mesma coisa, diz o apóstolo, é verdade a nosso respeito, porque estamos em Cristo – "nos vivificou juntamente com ele". Isto aconteceu com todo aquele que é cristão. É ação de Deus. Certamente isto não requer nenhuma demonstração. O homem que está morto em pecados e sob a ira de Deus, que pode fazer? Nada. Deus o faz para ele, Deus o vivifica. Como Ele vivificou o corpo morto do Seu Filho no túmulo, assim Ele nos vivificou espiritualmente.
Que é que significa "vivificar"? Significa "tornar vivo", significa "infundir vida". Então, a primeira coisa que é verdadeira quanto ao cristão é que ele chegou ao fim da sua morte – estávamos mortos em ofensas e pecados, não tínhamos nascido espiritualmente. Não há nenhuma centelha divina em ninguém que nasceu neste mundo; todos os nascidos neste mundo, porque são filhos de Adão, nascem mortos, nascem mortos espiritualmente. Toda essa ideia de uma centelha divina remanescente no homem é uma contradição, não somente nesta passa¬gem das Escrituras, mas de todas as Escrituras. A situação de todos os que nascem neste mundo é a de um morto. A comparação utilizada para ilustrar este fato é o corpo morto do Senhor Jesus Cristo, sepultado numa tumba e com uma pedra rolada sobre a boca da tumba. Esta é, pois, a primeira verdade positiva. Cheguei ao fim da minha morte. Não mais estou morto em ofensas e pecados, não mais estou morto espiritual¬mente. Por quê? Porque morri com Cristo; morri com Cristo para a lei de Deus e para a ira de Deus.
Ora, o cristão é alguém que tem que afirmar esta verdade. O princípio do cristianismo é dizer:
"Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Romanos 8:1).
O cristão não é alguém que está esperando ser perdoado; não é alguém que espera que finalmente será capaz de satisfazer as exigências da lei e de estar na presença de Deus. Se é um cristão que entende o cristianismo, ele diz: já estou lá, não estou mais morto, estou vivo, fui vivificado, vida me foi dada. E o primeiro aspecto importante dessa declaração é o negativo, que afirma que não estou mais morto. Deixei de ser morto; estou morto para o pecado, estou morto para a lei, estou morto para a ira de Deus. "Portanto agora nenhuma condenação há." Você pode dizer isso? É a declaração que todo cristão deveria ser capaz de fazer. E se você não tem essa segurança, é simplesmente porque você não entende as Escrituras. As Escrituras fazem esta asserção definida: não sou cristão, não posso ser cristão sem estar em Cristo. Segue-se que, se estou em Cristo, o que é verdade a respeito dEle é também verdade a meu respeito. Ele morreu uma vez para o pecado, e eu, nEle, morri uma vez para o pecado. Quando o Senhor Jesus Cristo morreu naquela cruz no Monte Calvário, eu estava morrendo com Ele tão definida e certamente (e ainda mais) como sou responsável pelas ações da Grã-Bretanha, por exemplo, na China, no último século, quando a sua gente introduziu lá, vergonhosamente o comércio do ópio. Embora eu não o tenha feito pessoalmente, embora tenha sido feito antes de eu nascer, sou responsável porque sou britânico, e me sinto responsável e sinto vergonha. Exatamente da mesma maneira, quando Cristo morreu na cruz e sofreu a ira de Deus contra o pecado, eu estava participando nisso; eu estava nEle, eu estava mor¬rendo com Ele. Estou morto para a lei, estou morto para a Ira de Deus, eu posso dizer com Augustus Toplady:
Os terrores da lei, os terrores de Deus
Comigo nada têm, nada podem fazer-me;
A obediência e o sangue do meu Salvador
Escondem da visão as minhas transgressões.
Mais que isso, porém, Ele nos vivificou, Ele nos tornou vivos; e se você está vivo, não está mais morto. Uma coisa ou outra – você não pode esperar tornar-se vivo; ou está vivo ou está morto. Você está espiritualmente morto, ou está espiritualmente vivo?
Mas examinemos o caso mais profundamente. Quer dizer que Deus colocou um novo espírito de vida em mim.
"A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, ‘me’ livrou da lei do pecado e da morte."(Rm 8:2)
"A lei do Espírito de vida, em Cristo" está no cristão. Isto é o oposto da morte e da inércia. Antes de entrar em nós este espírito de vida em Cristo Jesus, estávamos mortos em ofensas e pecados, e sujeitos a um espírito muito diferente – "o príncipe das potestades do ar, o espírito que agora opera nos filhos da desobediência". Todavia a verdade já não é essa. Há um novo espírito de vida.
Que é "vivificação"? Vivificação é regeneração, e nenhuma outra coisa. Quando o apóstolo diz aqui, "Vos vivificou", ele quer dizer, Ele vos regenerou; Ele vos deu nova vida, nascestes de novo, fostes ciados de novo, vós vos tornastes participantes da natureza divina. Que é regeneração? Não posso pensar numa definição melhor do que esta: regeneração é um ato de Deus pelo qual um novo princípio de vida é implantado no homem, e a disposição dominante da alma é tornada santa. Isso é regeneração. Significa que Deus, por Sua ação poderosa, põe nova disposição em minha alma. Notem que digo "disposição", não faculdades; o de que necessita o homem não são faculdades; necessita é de uma nova disposição. Qual a diferença, vocês perguntarão, entre faculdades e disposição? Pode-se dizer que é algo assim: a disposição é aquilo que determina a tendência e o uso das faculdades. É a disposição que governa e organiza o uso das faculdades, que faz de um homem um músico, de outro um poeta e de outro alguma outra coisa. Assim, a diferença entre o pecador e o cristão, entre o incrédulo e o crente, não é que o crente, o cristão, tem certas faculdades que faltam ao outro. Não, o que acontece é que esta nova disposição dada ao cristão dirige as suas faculdades de maneira inteiramente diversa. Não lhe é dado um novo cérebro, não lhe é dada uma nova inteligência, ou alguma outra coisa. Ele sempre teve essas coisas; são seus servos, seus instrumentos, seus "membros", como lhes chama Paulo no capítulo seis de Romanos; o que é novo é uma nova tendência, uma nova disposição. Ele mudou de direção, há agora um novo poder agindo nele e guiando as suas faculdades.
É isso que faz de um homem um cristão. Há nele este princípio de vida, há esta nova disposição. E esta afeta o homem todo; afeta a sua mente, afeta o seu coração, afeta a sua vontade. É algo que sucede instantaneamente ao homem, não gradativamente. O nascimento é repentino, o nascimento é instantâneo, não é um processo gradual. Lá estava o homem, em dado momento morto, no momento seguinte vivo. Ele foi vivificado; esta disposição, este princípio de vida penetrou nele. E, obviamente, é algo que acontece no nosso subconsciente. O nosso Senhor deixou isso claro (não deixou?) para Nicodemos naquela famosa declaração:
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito".
É secreto, não se pode ver nem entender, não é possível explicá-lo plenamente; tudo o que se sabe é que aconteceu. "Eu era cego, e agora vejo" (VA e ARA). Não entendo isso, não posso explicar, nem fisiologicamente, nem anatomicamente, nem de nenhuma outra maneira; tudo o que eu sei é que eu era cego, não podia ver, mas agora posso ver. Eu estava morto, agora estou vivo. É secreto, é misterioso, é miraculoso, é maravilhoso, é incompreensível; porém conheço os efeitos, aprecio os resultados, estou ciente do fato de que isso aconteceu. Então, que será? É um ato criador de Deus. É por isso que vocês veem este apóstolo e outros se referindo muitas vezes a esse fato como uma nova criação –
"Se alguém está em Cristo, nova criatura é (nova criação); as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo".
Sim, ele tem os mesmos olhos, olha para as mesmas coisas para as quais olhava antes, contudo não as vê como costumava vê-las. O pobre ébrio tinha olhos e podia olhar para um bar, e via certas coisas; ele continua tendo olhos, continua vendo o mesmo bar, e, todavia, não é a mesma coisa, é inteiramente diferente. Ele está olhando para a mesma coisa, mas vê uma coisa absolutamente diferente. Por quê? – não foi o bar que mudou. Ele mudou, ou melhor, foi mudado. Um novo homem, uma nova disposição, um novo princípio dominante, nova vida!
Você está vivo? Deus colocou em você este princípio de vida? Precisamente como você é neste momento, você sabe se isto aconteceu com você, que há esta diferença essencial entre você e o homem do mundo? Terei que entrar nesse assunto em detalhe mais adiante. Mas este é o começo de tudo. Veja aquela criança que acabou de nascer. Ela não pode raciocinar, não pode pensar, não pode dar conta de si, dos seus gostos e do que lhe desagrada; não obstante, ela manifesta vida: está viva, e tão viva como sempre estará. O seu entendimento e tudo mais se desenvolverão, mas ela está viva e mostrando que está. Vivificados! Estávamos mortos, sem vida, não podíamos mover-nos espiritual¬mente, não tínhamos apetite espiritual, não tínhamos apreensão nem entendimento, espiritualmente. No entanto, se somos cristãos, isso não é mais verdade; fomos vivificados juntamente com Cristo, o princípio de vida entrou, fomos regenerados. Não há cristianismo sem isso. Meramente crer que você está perdoado não é suficiente. Cristianismo é isto: crer e saber que, devido estarmos unidos a Cristo, algo da Sua vida está em nós como resultado desta união vital e indissolúvel, desta conexão íntima, mística. A vida da Cabeça passa pelos membros –
"vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular" (1 Coríntios 12:27).
Você tem consciente percepção dEle? Você sabe que Ele está em você e você nEle? Você pode dizer: "Eu vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim"? Você tem vida? Você foi vivificado? Este é o começo do cristianismo. Não há cristianismo sem isso. Não é que eu e você não devemos estar lutando. Claro que devemos lutar, estudar, jejuar, suar e orar. Temos que fazer estas coisas; mas isso é algo que vem na sequência. A primeira coisa é este conhecimento da vida. Porventura você tem consciência de um princípio que está agindo dentro de você, por assim dizer, a despeito de você mesmo, influenciando você, moldando você, guiando você, convencendo-o (do pecado), levando você avante? Você está ciente de que é possesso? – se posso dizê-lo assim, sob o risco de ser mal entendido. O cristão é um homem possesso; este princípio de vida entrou nele, esta nova disposição o possui. Ele tem consciência de uma ação que se efetua dentro dele. "Vivificados juntamente com Cristo"! Que coisa tremenda! É algo objetivo; porém, graças a Deus, também é subjetivo. Não é uma coisa que está totalmente nEle e que me deixa onde eu estava. Nada disso! Deus começou em mim uma boa obra, e eu a conheço. Ele colocou esta nova vida em mim - em mim! Nasci de novo e estou em união com Cristo.
Queira Deus, por Seu Espírito, iluminar os olhos do nosso enten¬dimento, para que comecemos a compreender esta estupenda operação do poder de Deus em nós.
terça-feira, 18 de maio de 2010
ESTUDO DO TABERNÁCULO
Irmãos estamos estudando sobre o Tabernáculo. O Óleo da Unção é o tema de estudo para a reunião desta terça feira. Que o Senhor fale aos nossos corações e nos ganhe mais e mais para ele mesmo.
Óleo da Unção
Êxodo 25:6 – “azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção e para o incenso aromático”.
Êx 30:22 - Disse mais o SENHOR a Moisés:
23 - Tu, pois, toma das mais excelentes especiarias: de mirra fluida quinhentos siclos, de cinamomo odoroso a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos,
24 - e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveira um him.
25 - Disto farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do perfumista; este será o óleo sagrado da unção.
26 - Com ele ungirás a tenda da congregação, e a arca do Testemunho,
27 - e a mesa com todos os seus utensílios, e o candelabro com os seus utensílios, e o altar do incenso,
28 - e o altar do holocausto com todos os utensílios, e a bacia com o seu suporte.
29 - Assim consagrarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo.
30 - Também ungirás Arão e seus filhos e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes.
31 - Dirás aos filhos de Israel: Este me será o óleo sagrado da unção nas vossas gerações.
32 - Não se ungirá com ele o corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, da mesma composição; é santo e será santo para vós outros.
33 - Qualquer que compuser óleo igual a este ou dele puser sobre um estranho será eliminado do seu povo.
Óleo - (A Unção do Espírito)
O óleo era obtido ao esmagar os frutos da oliveira na terra. Óleo, como nós sabemos, era o líquido usado quando eram ungidos o profeta, o sacerdote, e o rei nos dias do Antigo Testamento. E em passagens como estas:
1 João 2:20 "E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo."
1 Samuel 16:13 "Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá."
Isaías 32:15 " Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado por um bosque".
Nós temos base bíblica para ver o óleo como um tipo do Espírito Santo. Na Bíblia a árvore de Oliveira é símbolo de muitas coisas:
a) Beleza
Oséias 14:6 "Estender-se-ão os seus galhos, e a sua glória será como a da oliveira, e sua fragrância como a do Líbano. "
b) Fertilidade
Salmo 52:8 "Mas eu sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente."
c) Riqueza
Juízes 9:9 "Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?"
Como o óleo de oliva é obtido?
Resulta da prensagem de azeitonas. Grosso modo, existem duas maneiras de fazer isso. Em ambas, a azeitona é colhida e moída, incluindo o caroço. No método antigo, embebe-se nessa massa úmida uma espécie de capacho de corda, com um furo no meio. Os capachos são empilhados sobre um eixo e prensados, liberando o óleo e a chamada água de vegetação. Pela diferença de densidade, o azeite se destaca da água e é recolhido. O processo moderno se dá por centrifugação. A massa oleosa é diluída pela adição de 1 litro de água por quilo e passa por uma centrifugadora horizontal, em que se separa a parte sólida. Depois, a massa líquida vai para uma centrifugadora vertical, que aparta o azeite da água vegetal. Quanto mais rápido as azeitonas chegarem à moenda, depois de colhidas, melhor, para evitar a oxidação precoce.
PRENSA DE ÓLEO
O Espírito Santo, então, como o óleo de oliva, é o que possui tudo aquilo que o homem precisa para a vida e a piedade. Riqueza, fertilidade, e beleza são todos Seus, em uma medida abundante. Jesus foi ungido por Deus como profeta, sacerdote, e rei. Tudo o que Cristo fez estava cheio de riqueza, fertilidade, e beleza porque Ele é o templo do Espírito Santo e cheio de toda a plenitude:
João 3:34 "Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida."
É interessante que as azeitonas não eram batidas ou apertadas, mas esmagadas. Assim Jesus foi esmagado no Jardim de Getsêmani (Heb. Prensa de Óleo) e então, pela mesma ira de Deus em uma cruz romana, como as Escrituras dizem:
Isaías 53:10 "Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão."
O óleo da unção era restringido apenas para uso no tabernáculo, qualquer um que violasse a ordem seria morto. O óleo de oliva devia ser puro e nada mais que puro, porque representa o Espírito Santo de Cristo. “A palavra o "Cristo" é a fórmula grega para o hebraico "Mashiach" (Messias) os quais significam " o Ungido", literalmente "o que é coberto com óleo". O óleo também foi usado para ungir o Santo Tabernáculo e a sua mobília, e iluminar o candeeiro de ouro.
Especiarias para o óleo e incenso (Doce e suave fragrância para Deus)
A Santa Unção C. H. (MACKINTOSH)
Os versículos 22 e 23 tratam "do azeite da santa unção", com a qual eram ungidos os sacerdotes com todos os utensílios do santuário.
Nesta unção discernimos uma figura das várias graças do Espírito Santo, as quais se acharam em Cristo em toda a sua plenitude divina. "Todos os teus vestidos cheiram a mira, a aloés e a cássia, desde os palácios de marfim de onde te alegram" (SI 45:8). "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude" (At 10:38). Todas as graças do Espírito Santo, em sua perfeita fragrância, se concentraram em Cristo; e é somente d'Ele que podem emanar. Quanto à Sua humanidade, foi concebido do Espírito Santo; e, antes de entrar no Seu ministério público, foi ungido com o Espírito Santo; e, finalmente, havendo tomado o Seu lugar nas alturas, derramou sobre o Seu corpo, a Igreja, os dons preciosos do Espírito, em testemu¬nho da redenção efetuada (veja-se Mt 1.20; 3:16-17; Lc 4:18-19; At 2:33; 10:45-46; Ef 4:8-13).
É como aqueles que estão associados com este bendito e eterna¬mente glorificado Senhor que os crentes são feitos participantes dos dons e graças do Espírito Santo; e, além disso, é na medida em que andam em intimidade com Ele que gozam ou emitem a Sua fragrância.
O homem não regenerado não conhece estas coisas. "Não se ungirá com ele a carne do homem" (versículo 32). As graças do Espírito nunca poderão ser ligadas com a carne, porque o Espírito Santo não pode reconhecer a natureza. Nem um só dos frutos do Espírito foi jamais produzido no solo estéril da natureza. E neces¬sário nascer de novo (Jo 3:7). E só como unidos com o novo homem, como sendo parte da nova criação, que podemos conhecer alguma coisa dos frutos do Espírito Santo.
É inútil procurar imitar esses frutos e virtudes. Os mais belos frutos que jamais cresceram no campo da natureza, no seu mais alto grau de cultivo — os traços mais amáveis que a natureza pode apresentar— devem ser inteiramente rejeitados no santuário de Deus. "Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante conforme a sua composição: santo é,e será santo para vós. O homem que compuser tal perfume como este, ou que dele puser sobre um estranho, será extirpado dos seus povos". Não deve haver imitação da obra do Espírito: tudo tem que ser do Espírito: inteiramente e realmente do Espírito. Demais, aquilo que é do Espírito não deve ser atribuído ao homem:"... o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2:14).
Num dos cânticos dos degraus há uma alusão magnífica a este azeite da unção. "Oh! quão bom e quão suave é", diz o salmista, "que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes" (Sl 133:1- 2). Os próprios vestidos do chefe da casa sacerdotal, depois de ele haver sido ungido com o azeite da santa unção, devem mostrar os seus preciosos efeitos. Que oleitor possa experi¬mentar o poder desta unção, e conhecer o que é ter "a unção do Santo" e ser selado com o Espírito Santo da promessa! (lJo2:20;Ef 1:13). Nada tem valor, segundo a apreciação de Deus, salvo aquilo que está ligado com Cristo, e tudo aquilo que estiver assim ligado com Ele pode receber a santa unção.
Êxodo 25:6 – “azeite para a luz, especiarias para o óleo de unção e para o incenso aromático”.
Êx 30:22 - Disse mais o SENHOR a Moisés:
23 - Tu, pois, toma das mais excelentes especiarias: de mirra fluida quinhentos siclos, de cinamomo odoroso a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos,
24 - e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveira um him.
25 - Disto farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do perfumista; este será o óleo sagrado da unção.
26 - Com ele ungirás a tenda da congregação, e a arca do Testemunho,
27 - e a mesa com todos os seus utensílios, e o candelabro com os seus utensílios, e o altar do incenso,
28 - e o altar do holocausto com todos os utensílios, e a bacia com o seu suporte.
29 - Assim consagrarás estas coisas, para que sejam santíssimas; tudo o que tocar nelas será santo.
30 - Também ungirás Arão e seus filhos e os consagrarás para que me oficiem como sacerdotes.
31 - Dirás aos filhos de Israel: Este me será o óleo sagrado da unção nas vossas gerações.
32 - Não se ungirá com ele o corpo do homem que não seja sacerdote, nem fareis outro semelhante, da mesma composição; é santo e será santo para vós outros.
33 - Qualquer que compuser óleo igual a este ou dele puser sobre um estranho será eliminado do seu povo.
Óleo - (A Unção do Espírito)
O óleo era obtido ao esmagar os frutos da oliveira na terra. Óleo, como nós sabemos, era o líquido usado quando eram ungidos o profeta, o sacerdote, e o rei nos dias do Antigo Testamento. E em passagens como estas:
1 João 2:20 "E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo."
1 Samuel 16:13 "Então Samuel tomou o chifre do azeite, e ungiu-o no meio de seus irmãos; e desde aquele dia em diante o Espírito do SENHOR se apoderou de Davi; então Samuel se levantou, e voltou a Ramá."
Isaías 32:15 " Até que se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo fértil, e o campo fértil será reputado por um bosque".
Nós temos base bíblica para ver o óleo como um tipo do Espírito Santo. Na Bíblia a árvore de Oliveira é símbolo de muitas coisas:
a) Beleza
Oséias 14:6 "Estender-se-ão os seus galhos, e a sua glória será como a da oliveira, e sua fragrância como a do Líbano. "
b) Fertilidade
Salmo 52:8 "Mas eu sou como a oliveira verde na casa de Deus; confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente."
c) Riqueza
Juízes 9:9 "Porém a oliveira lhes disse: Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria pairar sobre as árvores?"
Como o óleo de oliva é obtido?
Resulta da prensagem de azeitonas. Grosso modo, existem duas maneiras de fazer isso. Em ambas, a azeitona é colhida e moída, incluindo o caroço. No método antigo, embebe-se nessa massa úmida uma espécie de capacho de corda, com um furo no meio. Os capachos são empilhados sobre um eixo e prensados, liberando o óleo e a chamada água de vegetação. Pela diferença de densidade, o azeite se destaca da água e é recolhido. O processo moderno se dá por centrifugação. A massa oleosa é diluída pela adição de 1 litro de água por quilo e passa por uma centrifugadora horizontal, em que se separa a parte sólida. Depois, a massa líquida vai para uma centrifugadora vertical, que aparta o azeite da água vegetal. Quanto mais rápido as azeitonas chegarem à moenda, depois de colhidas, melhor, para evitar a oxidação precoce.
PRENSA DE ÓLEO
O Espírito Santo, então, como o óleo de oliva, é o que possui tudo aquilo que o homem precisa para a vida e a piedade. Riqueza, fertilidade, e beleza são todos Seus, em uma medida abundante. Jesus foi ungido por Deus como profeta, sacerdote, e rei. Tudo o que Cristo fez estava cheio de riqueza, fertilidade, e beleza porque Ele é o templo do Espírito Santo e cheio de toda a plenitude:
João 3:34 "Porque aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; pois não lhe dá Deus o Espírito por medida."
É interessante que as azeitonas não eram batidas ou apertadas, mas esmagadas. Assim Jesus foi esmagado no Jardim de Getsêmani (Heb. Prensa de Óleo) e então, pela mesma ira de Deus em uma cruz romana, como as Escrituras dizem:
Isaías 53:10 "Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão."
O óleo da unção era restringido apenas para uso no tabernáculo, qualquer um que violasse a ordem seria morto. O óleo de oliva devia ser puro e nada mais que puro, porque representa o Espírito Santo de Cristo. “A palavra o "Cristo" é a fórmula grega para o hebraico "Mashiach" (Messias) os quais significam " o Ungido", literalmente "o que é coberto com óleo". O óleo também foi usado para ungir o Santo Tabernáculo e a sua mobília, e iluminar o candeeiro de ouro.
Especiarias para o óleo e incenso (Doce e suave fragrância para Deus)
A Santa Unção C. H. (MACKINTOSH)
Os versículos 22 e 23 tratam "do azeite da santa unção", com a qual eram ungidos os sacerdotes com todos os utensílios do santuário.
Nesta unção discernimos uma figura das várias graças do Espírito Santo, as quais se acharam em Cristo em toda a sua plenitude divina. "Todos os teus vestidos cheiram a mira, a aloés e a cássia, desde os palácios de marfim de onde te alegram" (SI 45:8). "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude" (At 10:38). Todas as graças do Espírito Santo, em sua perfeita fragrância, se concentraram em Cristo; e é somente d'Ele que podem emanar. Quanto à Sua humanidade, foi concebido do Espírito Santo; e, antes de entrar no Seu ministério público, foi ungido com o Espírito Santo; e, finalmente, havendo tomado o Seu lugar nas alturas, derramou sobre o Seu corpo, a Igreja, os dons preciosos do Espírito, em testemu¬nho da redenção efetuada (veja-se Mt 1.20; 3:16-17; Lc 4:18-19; At 2:33; 10:45-46; Ef 4:8-13).
É como aqueles que estão associados com este bendito e eterna¬mente glorificado Senhor que os crentes são feitos participantes dos dons e graças do Espírito Santo; e, além disso, é na medida em que andam em intimidade com Ele que gozam ou emitem a Sua fragrância.
O homem não regenerado não conhece estas coisas. "Não se ungirá com ele a carne do homem" (versículo 32). As graças do Espírito nunca poderão ser ligadas com a carne, porque o Espírito Santo não pode reconhecer a natureza. Nem um só dos frutos do Espírito foi jamais produzido no solo estéril da natureza. E neces¬sário nascer de novo (Jo 3:7). E só como unidos com o novo homem, como sendo parte da nova criação, que podemos conhecer alguma coisa dos frutos do Espírito Santo.
É inútil procurar imitar esses frutos e virtudes. Os mais belos frutos que jamais cresceram no campo da natureza, no seu mais alto grau de cultivo — os traços mais amáveis que a natureza pode apresentar— devem ser inteiramente rejeitados no santuário de Deus. "Não se ungirá com ele a carne do homem, nem fareis outro semelhante conforme a sua composição: santo é,e será santo para vós. O homem que compuser tal perfume como este, ou que dele puser sobre um estranho, será extirpado dos seus povos". Não deve haver imitação da obra do Espírito: tudo tem que ser do Espírito: inteiramente e realmente do Espírito. Demais, aquilo que é do Espírito não deve ser atribuído ao homem:"... o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2:14).
Num dos cânticos dos degraus há uma alusão magnífica a este azeite da unção. "Oh! quão bom e quão suave é", diz o salmista, "que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes" (Sl 133:1- 2). Os próprios vestidos do chefe da casa sacerdotal, depois de ele haver sido ungido com o azeite da santa unção, devem mostrar os seus preciosos efeitos. Que oleitor possa experi¬mentar o poder desta unção, e conhecer o que é ter "a unção do Santo" e ser selado com o Espírito Santo da promessa! (lJo2:20;Ef 1:13). Nada tem valor, segundo a apreciação de Deus, salvo aquilo que está ligado com Cristo, e tudo aquilo que estiver assim ligado com Ele pode receber a santa unção.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
ESTUDO DA EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS - "MAS DEUS" EFÉSIOS 2:4
Na comunidade onde nos reunimos como igreja aqui em Itaberaba, estudamos nas quintas feiras o livro de Efésios. O texto que segue abaixo é o tema para estudo e meditação na reunião desta quinta feira. Que possamos ler, estudar e pedir ao Senhor que ilumine os nossos corações e mente para que possamos entender o falar do Senhor através deste estudo.
Que o Senhor ganhe mais e mais de nós a cada dia até chegarmos a estatura de varão perfeito.
Por: D.M Lloyd - Jones -
Exposição sobre Efésios capítulo 6
A MENSAGEM CRISTA PARA O MUNDO
"Mas Deus..." - Efésios 2:4
Agora passamos a examinar duas palavras maravilhosas – "Mas Deus". Obviamente estas palavras sugerem uma conexão com algo que as antecedeu. A palavra "mas" é uma conjunção e, contudo, sempre sugere contraste, e aqui temos a conexão e o contraste. Vejam estas palavras no seu contexto: "E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus...".
Com estas duas palavras chegamos à introdução da mensagem cristã, a mensagem peculiar e específica que a fé cristã tem para oferecer¬-nos. Num sentido, estas duas palavras contêm, em si e por si, a totalidade do evangelho. O evangelho nos fala do que Deus fez, da intervenção de Deus; é algo que vem inteiramente de fora de nós e exibe para nós aquela maravilhosa, espantosa e assombrosa obra de Deus que o apóstolo vai descrever e definir nos versículos seguintes.
Veremos agora estas palavras somente de maneira geral. Faço isso por diversas razões. Uma é que o próprio texto nos impele a fazê-lo, mas há também certas razões especiais. Uma acusação frequentemente lançada contra a mensagem cristã, especialmente contra a modalidade evangélica dessa mensagem, é que ela é distante da vida, que é irrelevante para as circunstâncias imediatas nas quais os homens e as mulheres se acham. Noutras palavras, há, da parte de alguns, uma objeção ao método expositivo de pregar o evangelho; é que esta nunca parece enfrentar de fato as realidades da situação na qual os homens e as mulheres se veem dia a dia, e que é irrelevante para toda a situação mundial em que nos achamos. Desejo, pois, mostrar que esta acusação é inteiramente infundada; e mais, que a ideia de que o dever da pregação é apenas fazer referências tópicas aos eventos contemporâneos é, na verdade, num sentido, abandonar completamente a mensagem cristã. Eu iria mais longe, ao ponto de dizer que não há nada que realmente possa lidar com a situação contemporânea, salvo as Escrituras, quando as suas doutrinas são entendidas, recebidas com fé e aplicadas.
É o que me proponho a fazer agora. Quero mostrar a relevância do evangelho num dia como o Domingo da Rememoração, quando, quase instintivamente, e por certo em consequência do que está acontecendo no mundo em que vivemos, as nossas mentes são compelidas a encarar a situação geral e a pensar nela, além das nossas situações particulares. E afirmando, como afirmo, que o evangelho trata com a totalidade do homem e com a totalidade da sua vida neste mundo, é importante que vejamos o que ele tem para dizer sobre a situação em que nos achamos, e o que ele pretende fazer a respeito. Notem que o que eu estou ressaltando é a importância absoluta do método. Os que não pensam de maneira bíblica e cristã, e são muitos, acreditam que a tarefa da Igreja Cristã em dias como os atuais é, por exemplo, anunciar temas como, "A Conferência de Genebra - Possibilidades", e depois dizer o que achamos que os estadistas deviam fazer. Isso, ao que me parece, é inteiramente falso e contrário ao método bíblico. O método bíblico é, antes, expor a verdade de Deus, e depois mostrar a relevância disso para qualquer situação. Vocês não partem da situação, terminam com ela. Desde o início a Bíblia nos convida a parar de olhar ao nível horizontal, por assim dizer, a parar de olhar meramente para o mundo e para os homens; convida-nos, logo no começo, a elevar os olhos e olhar para Deus. Noutras palavras, toda a argumentação apresentada na Bíblia, do princípio ao fim, é que não nos será possível entender a vida, o homem e o mundo, enquanto não virmos tudo à luz da verdade acerca de Deus, e nesse contexto. Portanto, devemos começar com a verdade de Deus, e só então passar à situação imediata.
Procuremos mostrar como é feito isso, e como isso é feito na própria passagem que estamos considerando. Já consideramos em detalhe os três primeiros versículos deste capítulo, e o fizemos para que nos víssemos como somos por natureza e como o mundo é por natureza. Vocês não poderão começar a resolver os problemas da humanidade enquanto não souberem a verdade acerca do homem. Quão fútil é tentar fazê-lo sem isso. Vocês têm que começar com o caráter, a natureza, o ser do homem. Em vez de começar com conferências e discursos internacionais sobre eventos contemporâneos, necessitamos ir muito mais a fundo e perguntar: pois bem, que tipo de criatura é o homem? Obviamente, todas as nossas conclusões e todas as nossas propostas vão ser governadas pela resposta a essa pergunta. Se o homem de fato é essencialmente uma boa criatura que só necessita de um pouco mais de instrução, de conhecimento e de informação, é óbvio que o tratamento será relativamente simples. Mas se é verdade o que o apóstolo Paulo diz aqui sobre o homem como ele é por natureza, e sem Cristo, então é igualmente óbvio que esse processo de tratamento será inteiramente vão, e tentar realizá-lo será pura perda de tempo.
Qual é a verdade sobre o homem em pecado?
Temos que começar com esta doutrina. Qual é a verdade sobre o homem em pecado? Que é que caracteriza o homem quando está em pecado, sem a graça de Deus? Já examinamos esta matéria. O homem está morto espiritualmente; é governado pelo diabo, que opera mediante poderosas forças a seu comando que, por sua vez, produzem e dominam a mente e a perspectiva do mundo. Essa é a situação do homem. E o resultado é que o homem, dominado por esse mau poder, leva uma vida de ofensas e pecados; na verdade, ele nasceu de tal maneira, por ser descendente de Adão, que a sua própria natureza é decaída. Ele começa com uma natureza corrompida. E, finalmente, ele está sob a ira de Deus. Essa é a declaração do apóstolo nos três primeiros versículos.
Qual será então a relevância disso tudo para a presente situação? Que é que isso nos diz, face a toda a situação mundial na época atual? É evidente que facilmente se pode deduzir várias coisas deste ensino.
“De onde vêm as guerras e pelejas entre vós?”
A primeira é que aqui nos é dada a única explicação adequada da razão da ocorrência de coisas como as guerras. Por que as temos? Por que o homem comete essa loucura cabal? Por que será que os homens se matam uns aos outros, e até se gloriam da guerra? Porque será? Qual a explicação? Há somente uma resposta; é porque o homem é como o apóstolo o descreve. E este ensino não é só do apóstolo Paulo. Vocês recordam como Tiago se expressa a respeito no capítulo quatro da sua Epístola: "De onde vêm as guerras e pelejas entre vós?" – e responde: "dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam". Essa é a causa da guerra. É o homem em sua condição decaída. Agora, a compreensão desta verdade, deste fato, é absolutamente vital para nós, como ponto de partida. Esta é a verdade quanto às nações, quanto às classes, quanto aos indivíduos. Certamente nada é tão esclarecedor e contraditório como a forma pela qual os homens pensam quando pensam em nações, e a forma inteiramente diversa quando pensam em indiví¬duos. Pouco vale falar eloquentemente sobre o caráter sagrado dos contratos internacionais, quando vocês estão lidando com gente que rompe os seus contratos matrimoniais e outros contratos pessoais, pois as nações consistem de indivíduos. A nação não é algo abstrato, e não temos direito de esperar de uma nação uma conduta que não vemos no Indivíduo. Todas estas coisas têm que ser vistas em conjunto.
Este é um princípio que atua na sociedade inteira, do fundo ao topo, do indivíduo à nação, ao continente, ao mundo todo. De acordo com a Bíblia, a explicação do estado do mundo é que o homem é governado por estes desejos da carne e da mente. Ele não está muito interessado em se uma coisa é certa ou não; está interessado no fato de que ele a quer, gosta dela e tem que tê-la. Naturalmente recuamos aterrorizados quando uma nação se porta dessa maneira. Quando Hitler invade e anexa a Áustria, ficamos horrorizados. Sim, as pessoas que fazem as mesmas coisas em sua vida pessoal, ficam horrorizadas. Fazem a mesma coisa no que se refere à esposa alheia; fazem a mesma coisa no que se refere ao cargo ou posição ou ocupação de outrem. É exatamente a mesma coisa. Aí está, pois, o princípio. É esta cobiça, que governa a humanida¬de. "Andastes segundo o curso deste mundo", diz o apóstolo. "Andá¬vamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos", "da mente". Portanto, a primeira dedução é que aqui, e somente aqui, temos adequada explicação e entendimento da razão pela qual as coisas são como são.
“Enquanto o homem não mudar, o mundo continuará sendo como é”
A segunda dedução segue-se logicamente. É que, enquanto o homem continuar sendo governado dessa maneira, o mundo conti¬nuará sendo como é. Certamente isso é óbvio. Se o estado do homem foi responsável pela história do passado, é óbvio que, enquanto o homem não mudar, a história do futuro não mudará. Aqui nos confrontamos e entramos em colisão com o otimismo do homem natural, que está sempre tão seguro e confiante em que, de um modo ou de outro, em nossa geração consertaremos tudo. Ele acha que, ao passo que todas as gerações que nos antecederam falharam, estamos numa situação diferente, numa situação superior. Temos boa educação e somos instruídos; temos conhecimento, ao passo que elas não o tinham; progredimos tanto que só temos que ter sucesso; vamos ter sucesso. No entanto, se vocês crêem nesta doutrina bíblica do homem em pecado, hão de logo ver que isso é uma falácia fatal. Se os nossos problemas são devidos às cobiças que há na humanidade em pecado e que dominam os homens, enquanto elas permanecerem haverá guerras. Sobre isso temos ensino específico que nos vem de nosso bendito Senhor, que disse: "Haverá guerras e rumores de guerras". Disse Ele também: "Como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem"; "Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló" – em Sodoma – "assim será" (Lucas 17:26-30). Desse modo o nosso Senhor via a história.
Se captarmos este ensino, ficaremos livres, uma vez por todas, do falso entusiasmo e das falsas esperanças dos homens que realmente acreditam que, introduzindo alguma nova organização, pode-se banir a guerra e eliminá-la para sempre. A resposta da Bíblia é que não se pode fazer isso enquanto o homem não nascer de novo. Isso é deprimente? Contesto dizendo que, se é deprimente ou não, não deve ser essa a nossa preocupação; o que deve constituir a nossa preocupação é conhecer a verdade. O homem moderno se diz realista. Ele se opõe ao cristianismo porque, segundo ele, o cristianismo não enfrenta os fatos. Não é realista, diz ele; é sempre "castelos no ar", e vocês vão para os seus templos e lá se fecham, e não encaram os fatos da vida. Contudo, quando lhe damos os fatos, ele contesta sobre o fundamento de que eles são deprimentes. Os otimistas políticos e filosóficos é que não são realistas; as pessoas que nunca encararam os fatos acerca do homem em pecado é que estão fechando os olhos e dando as costas para a realidade. A Bíblia enfrenta isso tudo; tem uma visão realista da vida neste mundo e somente ela a tem.
“O ensino direto, especifico do evangelho – ‘Mas Deus...’”
Examinemos agora o ensino direto, especifico do evangelho. Que é que a mensagem cristã tem para dizer acerca deste estado e desta condição, cuja explicação estivemos considerando? A resposta é que ela diz: "Mas Deus". Essa é a mensagem. Que significa? A maneira mais conveniente de analisar esta matéria é colocá-la primeiro em termos negativos, depois em termos positivos. Lamento ter que começar outra vez com um argumento negativo. Devo fazê-lo porque não poucos se esquecem destes aspectos negativos, e assim transmitem mensagens que não têm a mínima possibilidade de ser consideradas cristãs. E, contudo, costumam ser transmitidas em nome do cristianismo e da Igreja Cristã. Estou profundamente convencido de que o que está mantendo grande número de pessoas longe de Cristo e da salvação, e da Igreja Cristã, é esta terrível confusão da qual a própria Igreja foi, e é, tão culpada. Muitos estão fora da igreja hoje porque na primeira guerra mundial muitas vezes a Igreja Cristã se tornou uma espécie de escritório de recrutamento. Os homens se escandalizaram – e num sentido tiveram razão em escandalizar-se. Existem certas coisas que nunca deveriam ser confundidas. Notemos algumas delas.
Aspectos negativos:
“Esta mensagem cristã não é um grande apelo em prol do patriotismo”
Que é esta mensagem cristã? Iniciamos dizendo que ela não é um grande apelo em prol do patriotismo. A mensagem cristã não é isso. A mensagem cristã não denuncia o patriotismo, nem afirma que há algo de errado nele. Merece dó quem não ama o seu país, a sua nação. Não há nada nas Escrituras contra isso. Foi Deus que dividiu as nações e definiu os seus limites e a sua habitação. É da vontade de Deus que existam nações. Mas não é da vontade de Deus que exista nacionalismo, um nacionalismo agressivo. Não há nada de errado em um homem honrar o seu país e alegrar-se nele; porém é completamente anticristão dizer: "Estou com o meu país, esteja ele certo ou errado". Isso é sempre um erro, um erro fatal; é a completa negação do ensino das Escrituras. Vejam o grande apóstolo que escreveu esta Epístola aos Efésios. Aí está um homem que era judeu, e se alguma vez houve um homem orgulhoso da sua nacionalidade, foi o apóstolo Paulo – "Hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim...". Houve tempo em que ele era um nacionalista rígido e desprezava os demais. Os gentios eram cães, estavam fora do pacto das bênçãos. Mas aquilo em que ele se gloria nesta Epístola, vocês recordam, é esta, "em que vós também confiastes" (VA). Os gentios entraram, foram feitos "coerdeiros" com os judeus, a parede de separação que estava no meio foi derrubada. "Não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos" (Colossenses 3:11). Essa é a posição cristã. "Mas Deus...". Aí está o meio de se derrubar o espírito nacionalista que leva à guerra. Acreditar que estamos sempre certos e que todos os outros estão errados é tão errôneo nas nações como o é nos indivíduos. É sempre errôneo. A mensagem cristã não é simplesmente um apelo a favor do patriotismo. E se o cristianismo for retratado dessa forma, será uma negação, uma máscara da mensagem, e será enganoso aos olhos e ouvidos dos que o ouvirem.
“A mensagem cristã não é apenas um apelo para a coragem, ou para o heroísmo”
Mas, em segundo lugar, a mensagem cristã não é apenas um apelo para a coragem, ou para o heroísmo, ou para a manifestação de um grande espírito de sacrifício próprio. Falemos disso com clareza. O cristianismo não condena a coragem, não condena o sacrifício próprio, nem o heroísmo. Estas qualidades, estas virtudes não são especifica¬mente cristãs. São virtudes pagãs, e eram ensinadas, inculcadas, admi¬radas e elogiadas antes da vinda do Senhor Jesus Cristo a este mundo. A coragem era a virtude suprema, de acordo com os filósofos pagãos gregos; era a quintessência do estoicismo. E por isso consideravam a mansidão, a mansidão ensinada pela fé cristã, como fraqueza. Não havia nenhum vocábulo para mansidão na filosofia grega pagã. Coragem, força, poder – essas eram as coisas em que eles acreditavam. É por isso que, vocês se lembram, Paulo nos diz que a pregação da cruz era "loucura para os gregos". Que alguém que foi crucificado em fraqueza deva ser o nosso Salvador, e deva ser o caminho para a salvação, para eles era absurdo e ridículo. Eles não davam nenhum valor à mansidão e à humildade; a coragem, a força e o heroísmo eram as grandes virtudes. É, pois, muito importante que compreendamos que não faz parte da mensagem cristã exortar o povo à coragem, ao heroísmo e ao sacrifício próprio. Não há nada de especificamente cristão nessas ideias. O cristianismo não as condena, mas não é essa a mensagem cristã. E o ponto que estou acentuando aqui é que quando isso foi apresentado como sendo a mensagem cristã, confundiu as pessoas e levou à própria divisão que o evangelho se destinava a curar.
“A mensagem cristã não consiste simplesmente em apelar para que o mundo ponha em prática os princípios cristãos”
Pois bem, passemos à terceira questão. Há muitas pessoas que parecem pensar que a mensagem cristã consiste simplesmente em apelar para que o mundo ponha em prática os princípios cristãos. Isso é apenas a posição pacifista, assim chamada. Ora, dizem eles, vocês, cristãos, estão sempre pregando sobre salvação pessoal e sobre doutrinas e tudo mais; por que não fazem algo acerca das guerras? Muito bem, dizemos nós, que é que vocês querem que façamos? O que vocês têm que fazer, replicam eles, é dizer às pessoas que pratiquem o Sermão do Monte. Por que não lhes dizem que voltem a outra face e amem uns aos outros e assim por diante? Então se daria fim às guerras. Vocês têm a solução; tão- somente façam as pessoas porem em ação os princípios do ensino de Cristo. Qual é a resposta para isso? A resposta é o ensino dos três primeiros versículos deste capítulo dois da Epístola de Paulo aos Efésios. Vocês podem pregar o Sermão do Monte a pessoas que estão mortas "em ofensas e pecados" até ficarem exaustos e nem vocês nem elas ficarão mais sábios. Elas não conseguem praticá-lo. Não querem fazê-lo. São "inimigos e estranhos em suas mentes". São governadas por "cobiças". Fazem "a vontade da carne e dos pensamentos". É isso que as governa e as dirige. Como podem praticar o Sermão do Monte?
Há somente uma esperança para o homem em pecado, Paulo declara – "Mas Deus". Os homens precisam ser regenerados; precisam rece¬ber uma nova natureza antes de poderem entender o Sermão do Monte, sem falar em poderem começar a pô-lo em prática. Assim, será um arremedo da mensagem cristã falar dela como se fosse apenas um apelo dirigido aos homens para que se levantem e sigam a Cristo com as suas próprias forças, e ponham em ação princípios cristãos de ensino. É um simulacro do evangelho, da mesma forma que o é a pregação do patriotismo e do imperialismo. É igualmente não cristão. É de fato uma perigosa heresia, a antiga heresia pelagiana, porque não compreende que o homem, sendo o que é em pecado, absolutamente não pode executar tal ensino. Esperar conduta cristã de pessoas ainda não cristãs, é perigosa heresia. Vocês veem quão importante é o nosso ensino, e como é essencial que falemos com clareza sobre a fiel aplicação da mensagem cristã ao mundo moderno. É por isso que não gastamos o nosso tempo falando sobre conferências internacionais e sobre política e relações internacionais, ou sobre conflitos industriais, ou pregando sempre sobre a questão do pacifismo e contra a guerra nuclear. Fazê-lo seria simples perda de tempo – embora provavelmente atraísse publicidade. O que é necessário é que comecemos com este princípio fundamental, a doutrina do homem em pecado, em sua condição de morto, em sua desesperança, em seu desamparo completo.
“A única mensagem da fé cristã para o mundo incrédulo, em primeiro lugar, é simplesmente acerca do juízo, um apelo para o arrependimento, e dar-lhes a segurança de que, se se arrependerem e forem convertidos a Cristo, serão libertos”
Para resumir até aqui, o princípio negativo é que a mensagem cristã, o evangelho cristão, não tem nenhuma mensagem direta para o mundo, exceto dizer que o mundo, como é, está sob a ira de Deus, isto é, está sob condenação, e que todos os que morrerem neste estado irão para a perdição. A única mensagem da fé cristã para o mundo incrédulo, em primeiro lugar, é simplesmente acerca do juízo, um apelo para o arrependimento, e dar-lhes a segurança de que, se se arrependerem e forem convertidos a Cristo, serão libertos. Portanto, a Igreja, a fé cristã, não tem nenhuma outra mensagem para o mundo fora dessa.
Aspectos positivos:
“Deus colocou um comando, estabeleceu limites, sobre o poder do pecado e do mal”
Mas a Bíblia ensina também, com bastante simplicidade e clareza, que, conquanto seja essa a mensagem de Deus para o mundo incrédulo, Deus, não obstante, fez algo com relação a esse mundo incrédulo. Eis o que Ele fez em primeiro lugar: colocou um comando sobre o poder do pecado e do mal. Ele o fez da seguinte maneira: como já lhes fiz lembrar, Ele dividiu os povos do mundo em nações. Não somente isso, Ele ordenou que houvesse Estados e governos. Ele ordenou "as potestades que há". "As potestades que há", diz Paulo em Romanos, capítulo 13, "foram ordenadas por Deus"; seja rei ou imperador ou presidente de uma república, "as potestades que há foram ordenadas por Deus". Foi Deus que ordenou os magistrados e lhes deu a espada do poder. Por quê? Simplesmente para manter as manifestações do mal dentro de limites e sob controle. Pois, se não tivesse feito isso, se aos desejos que agem em todos nós por natureza e pela herança de Adão fosse permitido se manifestarem ilimitada e descontroladamente, o mundo seria um inferno e há muito se teria lançado na perdição e se teria destruído a si mesmo. Deus pôs um limite nisso. Pôs um limite até para o mal e o mantém dentro dele, e o restringe. Realmente o apóstolo, numa declaração deveras extraordinária, registrada em Romanos (capítulo 1, versículos 18ss.), prova o ponto dizendo que, às vezes, para Seus fins e propósitos, Deus retira parcialmente essa restrição. Diz ele que Deus "os entregou a um sentimento perverso". Há tempos e ocasiões em que Deus parece afrouxar a restrição que Ele impôs ao pecado e ao mal a fim de que o vejamos em todo o seu horror. Pode bem ser que estejamos vivendo um tal período. Mas é isso que a Bíblia nos diz sobre o que Deus faz diretamente quanto ao homem em pecado; Ele controla as manifes¬tações de sua natureza torpe, má e decaída. Essa é a mensagem geral.
“Podemos ser libertos do presente mundo mau, podemos escapar da condenação que certamente virá sobre este mundo”
Todavia, qual é a mensagem particular? É isso que o apóstolo está interessado em salientar acima de tudo neste parágrafo imediato. A mensagem para indivíduos é que podemos ser libertos do presente mundo mau, que podemos escapar da condenação que certamente virá sobre este mundo. Essa é a mensagem que o apóstolo pregava. É uma mensagem para indivíduos. Ela não diz que o mundo pode ser endirei¬tado se tão-somente pusermos em prática o ensino cristão; não se trata de um apelo para que as pessoas se reformem e façam isto ou aquilo. Não, é uma mensagem que afirma que, como resultado do que Deus fez em Jesus Cristo, Seu Filho, o nosso Senhor e Salvador, nós, que estávamos na própria tessitura desse mundo pecaminoso, condenado, podemos ser libertos dele – "O qual se deu a si mesmo por nossos pecados", diz ele aos gálatas, "para nos livrar do presente século mau". O mundo está condenado, o mundo vai ser destruído e punido, o diabo e todas as suas forças vão para a perdição, e todos os que pertencem a esse reino sofrerão a mesma punição. No entanto, individualmente, a mensagem do evan¬gelho aos homens e mulheres é que eles não necessitam ter participação nisso. Vocês podem ser tirados disso – "do reino das trevas", do poder de satanás, para Deus. Essa é a mensagem para homens e mulheres individuais. O mundo continuará como está, mas vocês podem ser libertos dele, podem ser retirados dele.
“Podemos ser introduzidos num reino que não é deste mundo e tornar-nos seus cidadãos”
Não somente isso; também podemos ser introduzidos num reino que não é deste mundo e tornar-nos seus cidadãos. À medida que percorrermos este capítulo, veremos Paulo elaborar bem as suas próprias palavras. O que é maravilhoso, diz ele, é que vocês, gentios, estão em Cristo, e, graças ao Seu sangue, se tornaram concidadãos dos santos; tornaram-se cidadãos do reino de Deus, do reino de Cristo, do reino da luz, do reino dos céus – um reino que não é deste mundo, reino inabalável, reino imutável. Esse é o reino no qual entramos.
Esta é a notícia mais emocionante que uma pessoa poderia receber. Atualmente somos cidadãos deste país, nossa terra natal, e estamos todos envolvidos no que acontece com este país. Se este país entrar em guerra, todos nós estaremos envolvidos. Não escapamos das bombas na última guerra mais que qualquer outra pessoa por sermos cristãos. Estamos todos envolvidos, somos cidadãos deste mundo e compartimos o destino deste mundo. Mas, graças a Deus, eis aqui algo diferente. Conquanto continuemos sendo cidadãos deste mundo, nós nos torna¬mos cidadãos doutro reino, deste outro reino que foi aberto para nós por Cristo – um reino espiritual, reino que não é deste mundo, eterno nos céus com Deus. Esse é o ensino desta mensagem. "Mas Deus...".
“Não vou fixar as minhas esperanças, nem pousar os meus afetos de modo final em nada deste mundo”
A doutrina se desenvolve na prática da seguinte maneira: se eu creio nesta mensagem, doravante não vou fixar as minhas esperanças, nem pousar os meus afetos de modo final em nada deste mundo. O homem natural faz isso, é claro; ele prende as suas esperanças a este mundo e sua mente, sua perspectiva, seus estadistas, sua mentalidade, seus prazeres, suas alegrias. Ele vive para este mundo, e nele são centraliza¬das todas as suas esperanças, e nele estão todos os seus afetos. O cristão não é assim. O cristão, havendo sido levado a ver que este mundo está fadado à ruína, que está sob a ira de Deus, fugiu da "ira futura". Ele creu no evangelho, entrou neste outro reino, e agora as suas esperanças e seus afetos estão postos lá, não aqui. O cristão é alguém que, para usar uma frase das Escrituras, sabe que é apenas "um estrangeiro e peregrino" neste mundo. É mero viajor, já não vive para o mundo; ele não é enganado pelo mundo, vê além dele. É apenas alguém que está em viagem, um viajor, e, como o coloca Tiago (capítulo 4), o cristão é alguém que se deu conta de que não passa de "um vapor", um sopro. Por isso não considera permanente este mundo; não faz os seus planos e diz, agora vou fazer isto ou aquilo. Nada disso! Em vez disso, ele diz: "Se o Senhor quiser..."; tudo sob Deus, e o cristão compreende como tudo aqui é contingente. Ele não põe mais a sua fé e os seus afetos neste mundo.
“O cristão não é apanhado de surpresa por coisa alguma que aconteça neste mundo”
Todavia, mais maravilhoso ainda! O cristão não é apanhado de surpresa por coisa alguma que aconteça neste mundo. Por isso eu disse anteriormente que não conheço nada que seja tão relevante para as circunstâncias deste mundo como este evangelho. O cristão nunca fica surpreso com as coisas que acontecem no mundo. Ele está preparado para tudo, está preparado para qualquer coisa. Não se surpreende quando irrompe uma guerra. Naturalmente o não cristão, especialmente o idealista, fica muito surpreso. Ele de fato cria, no fim da primeira guerra mundial, que a Liga das Nações ia abolir a guerra para sempre. Havia muitos que acreditavam que o Pacto de Locamo, de 1925, finalmente ia fazer isso, e estavam muito alegres. Estavam confiantes em que nunca mais haveria uma guerra como a de 1914 – 18. E quando começou a guerra de 1939, eles não sabiam como explicar o fato. Mas o verdadeiro cristão, sabedor de que o homem é uma criatura governada por cobiças, e que a cobiça sempre produz guerra, sabia muitíssimo bem que nenhum Pacto de Locamo nem qualquer outra coisa poderia abolir ou eliminar a guerra. Sabia que a guerra poderia surgir a qualquer tempo, e quando ela veio ele não ficou surpreso. Como o Salmo 112 o expressa no versículo sete: "Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor". Crendo como cremos nesta doutrina bíblica do homem em pecado, jamais devemos surpreender-nos com o que acon¬tece no mundo. Vocês estão surpresos com todos os assassinatos, roubos, violência, assaltos, mentira, ódio, carnalidade e sexualismo? Vocês se surpreendem quando veem os seus jornais? Não deveria acontecer isso, se vocês são cristãos. Deveriam esperar isso. O homem em pecado necessariamente se comporta desse modo; não pode conter¬-se, ele vive, anda em ofensas e pecados. Ele o faz individualmente, e o faz em grupos; portanto, haverá conflitos e desentendimentos industri¬ais, e haverá guerras. Ah, que pessimismo! – exclamará alguém. Eu digo: não, que realismo! Encarem isso, estejam preparados para isso, não esperem nada melhor de um mundo como este; é um mundo decaído, pecaminoso, ímpio, mau; e, enquanto o homem continuar em pecado, é assim que será. E hoje é como nos dias de Sodoma e Gomorra, e como na época do Dilúvio!
"Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé!"
Mas, graças a Deus, ainda não terminei. Continuo e digo que o cristão é alguém que, compreendendo que vive em tal mundo, e que, não tendo nenhuma ilusão acerca dele, não obstante sabe que está ligado a um Poder que o habilita, não somente a suportar o que quer que lhe venha num mundo como este, porém, de fato o capacita a ser "mais que vencedor" sobre essa realidade toda. Ele não apenas o suporta passivamente, não meramente o tolera, não somente o "aguenta" e exercita a sua coragem. Não, isso é estoicismo, é paganismo. O cristão, estando em Cristo, o cristão, sabendo algo do que o apóstolo chama "a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos", é fortalecido, é habilitado a suportar; seu coração não fraqueja, ele não é derrotado, de fato é capaz de regozijar-se nas tribulações. Que o mundo faça com ele o pior, que o inferno seja solto, ele é mantido firme. "Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé" (1 João 5:4). Assim é que, se as coisas se tornarem realmente impossíveis, o cristão tem recursos, ainda terá conforto e consolações, ele ainda tem um poder que os incrédulos ignoram.
“O cristão está a salvo nas mãos de Deus”
Finalmente, o cristão está absolutamente seguro e certo de que, façam o mundo e os homens o que fizerem, ele está a salvo nas mãos de Deus. "Com confiança ousamos dizer", dizem as Escrituras: "O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem" (Hebreus 13:6). Na verdade ele sabe que o homem, em sua malignidade, pode insultá-lo, pode persegui-lo, pode arruiná-lo, pode até destruir o seu corpo; mas também sabe que nada jamais será capaz de separá-lo "do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8:39). Ele sabe que, seja o que for que aconteça neste mundo limitado pelo tempo, ele é filho de Deus, herdeiro da glória. Verdadeiramente ele sabe que virá o dia em que este presente mundo pecaminoso será resgatado inteiramente, e haverá "novos céus e nova terra em que habita a justiça" (2 Pedro 3:13). O cristão pode olhar para o futuro e ver que, num glorioso dia no porvir, quando o seu corpo será renovado e glorificado, quando o seu corpo não mais será fraco, não mais estará sujeito à doença, à velhice, a nenhum mal, quando será um corpo glorificado como o de Cristo ressurreto – ele sabe que, neste corpo glorificado, andará na face desta mesma terra, na qual o mal, o pecado e toda infâmia serão eliminados pelo fogo de Deus. Habitará num mundo perfeito, do qual o Cordeiro, o Filho de Deus, é a Luz e o Sol, o Esplendor e a Glória, e o desfrutará para todo sempre. É isso que a mensagem cristã, a fé cristã tem para dizer a este vil, perplexo, infeliz, confuso e frustrado mundo moderno. Tudo vem destas doutrinas essenciais que só podem ser aprendidas neste Livro, que é a Palavra de Deus. Aí está o mundo! – "Mas Deus...".
terça-feira, 11 de maio de 2010
ESTUDO DO TABERNÁCULO - PIA DE BRONZE
Queridos irmãos em Cristo, estamos estudando nas reuniões de terça feira o Tabernáculo e hoje estaremos meditando a cerca da Pia de Bronze. É maravilhoso como ao estudarmos o Tabernáculo vemos Cristo em tudo e consequentemente vemos também a Igreja, a Casa de Deus.
Que o Senhor pela sua graça, derrame sobre nós a sua Luz para que prossigamos a nossa caminhada para Ele mesmo.
A Pia foi feita com os espelhos de bronze das mulheres
'A Pia de Bronze' (Ex 30:17-21)
Era aqui, na Pia de bronze que os sacerdotes lavavam as suas mãos e seus pés antes de entrarem e saírem do Santo Lugar. A Pia foi feito com os espelhos de bronze das mulheres, e enchidas de água, para limpeza constante dos sacerdotes que ministravam na Casa do Senhor
Êx 30:17-21 "E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e nela deitarás água. E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR. Lavarão, pois, as suas mãos e os seus pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo a ele e à sua descendência nas suas gerações."
Seu Nome
A palavra "pia" significa um lavador, ou bacia de lavagem que contém água para lavagem. Os sacerdotes judeus foram ordenados a lavar as suas mãos e pés continuamente durante o serviço do tabernáculo.
Sua Posição
A pia foi colocada entre a porta do Santo Lugar e o altar.
(1) Ela estava depois do altar (primeiro o sacrifício)
O sacerdote em serviço, que entrava no portão do átrio exterior, tinha à frente o altar onde ele sacrificava como qualquer outro Israelita. Uma vez além do altar ele estava pronto para agir como sacerdote, pois na pia ele se preparou para o serviço de Deus. Então ele poderia ministrar no altar ou no Santo Lugar porque ele estava limpo.
O altar sempre veio primeiro para o sacerdote. Salvação e então o serviço. Deus se aproximou por meio do sangue e da água.
(2) Ela estava antes da porta (lave-se antes de entrar)
Dentro da porta do Santo Lugar havia vasos que representavam o próprio Deus. Nenhum sacerdote ousaria entrar com qualquer rastro de impureza. "Sede santos como eu sou santo" foi ordenado aos sacerdotes.
(3) Ela vinha logo após a saída do Santo Lugar (lave-se antes de sair)
No átrio exterior tudo era de bronze. Dentro do Santo Lugar tudo era de ouro. Como o sacerdote saía da Presença de Deus após o serviço ele se lavava na pia.
Seu tamanho (Imensurável)
Nenhuma instrução acerca da medida, ou da forma e do tamanho é determinada sobre a pia. A única coisa mencionada é que tinha uma base (Êx 31:9) o que facilitava o lavar, e foi feita de bronze sólido, sem nenhuma madeira. Também foi feito de espelhos:
Ex 38:8 "Fez também a pia de cobre com a sua base de cobre, dos espelhos das mulheres que se reuniam, para servir à porta da tenda da congregação."
(1) não teve nenhuma vara
Como a pia era transportada não nos é informado. O altar e os outros vasos tinham varas e anéis pelos quais eles eram transportados, mas nada é mencionado sobre a pia.
Era aqui que os sacerdotes lavavam as suas mãos e pés
Seu propósito
A pia tinha um grande propósito, lavar e purificar o sacerdote de toda a corrupção.
(1) Ela só era para os sacerdotes
Ninguém em Israel ou de todo o mundo poderia lavar nesta pia. Isso era um privilégio apenas para a tribo de Levi.
(2) Moisés só lavou uma vez Arão e seus filhos:
Êx 40:11-16 " Então ungirás a pia e a sua base, e a santificarás. Farás também chegar a Arão e a seus filhos à porta da tenda da congregação; e os lavarás com água. E vestirás a Arão as vestes santas, e o ungirás, e o santificarás, para que me administre o sacerdócio. Também farás chegar a seus filhos, e lhes vestirás as túnicas, e os ungirás como ungiste a seu pai, para que me administrem o sacerdócio, e a sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo nas suas gerações. E Moisés fez conforme a tudo o que o SENHOR lhe ordenou, assim o fez."
Aqui a palavra "lavarás" significa lavar por completo. Isto foi feito uma única vez por Moisés. Lá foram lavados primeiro seus corpos, e então a sua roupa.
(3) os sacerdotes lavavam apenas as suas mãos e seus pés.
Ex 30:19-20 " E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR.
Certamente as mãos dos sacerdotes ficariam sujas de imediato se depois de lavar eles ministrassem no altar. E também os seus pés delas (pois eles estavam descalços) ficariam sujos a partir do momento que eles tocassem o chão depois de se lavar (lá não havia nenhum tapete). Então qual era o sentido de lavar os pés e as mãos?
(1) As Mãos
As mãos falam do que eles faziam o seu ministério, o seu trabalho, tudo eles puseram as mãos era importante, e assim as suas mãos precisavam ser limpas sempre, diariamente. A limpeza inicial só era uma vez acabado, o limpar diariamente era continuamente acabado.
(b) Os Pés
Os pés representavam aonde eles iam, suas vidas e caminhos. O seu andar tinha que ser um andar santo, assim os seus pés eram sempre lavados, todos os dias.
Um Tipo de Cristo
Como as pontas do altar apontavam para a morte de Jesus, assim a pia apontava para a sua vida. O Sangue fala de uma vida tomada e a água fala de uma vida dada. A água na pia fala de Jesus, a Palavra Viva de Deus que entra em nós e nos dá a vida eterna. Jesus disse que nós estamos limpos por causa da Sua Palavra e que o conhecimento de Deus que é passado a nós pela Sua Palavra é vida eterna e é descrito com a mesmo termo em hebraico para a união sexual de um homem com a sua esposa. Como o sacerdote lavava as suas mãos e os seus pés enquanto entrava na Presença de Deus (ouro) e atrás, o mundo (bronze) assim nós estamos sendo limpos continuamente da corrupção deste mundo pela Palavra de Deus. Quando o líder judeu chamado Nicodemos veio a Jesus para perguntar sobre o reino de Deus, Jesus respondeu, " Quem não nascer da água e do espírito (linguagem hebraica - "nascido do alto") não entrará no reino de Deus ". Água traz vida para o mundo físico e a água espiritual (a Palavra de Deus) a vida de Deus para nós. Quando Jesus conversou com a mulher no poço, ele disse a ela: " Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." Quando Jesus se pôs em pé clamou, " Se alguém tem sede, venha a mim, e beba." estava no grande dia da festa dos tabernáculos quando os líderes judeus estavam vertendo a água da piscina de Siloé (Heb. Enviado) sobre o pavimento do templo, o que simboliza que umdia, Deus derramará a verdadeira água do céu sobre o seu povo, como prometeu pelo profeta Ezequiel.
Ez 36:25-27 " Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis."
Ef 5:25-26 " Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra"
NOTA: O grego da palavra "lavar" aqui é o mesmo de "pia".
Jo 15:3 " Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado."
Tito 3:5 "Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo"
Hb 10:22 " Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa"
Jo 7:38 " Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre."
Que o Senhor pela sua graça, derrame sobre nós a sua Luz para que prossigamos a nossa caminhada para Ele mesmo.
A Pia foi feita com os espelhos de bronze das mulheres
'A Pia de Bronze' (Ex 30:17-21)
Era aqui, na Pia de bronze que os sacerdotes lavavam as suas mãos e seus pés antes de entrarem e saírem do Santo Lugar. A Pia foi feito com os espelhos de bronze das mulheres, e enchidas de água, para limpeza constante dos sacerdotes que ministravam na Casa do Senhor
Êx 30:17-21 "E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Farás também uma pia de cobre com a sua base de cobre, para lavar; e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e nela deitarás água. E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR. Lavarão, pois, as suas mãos e os seus pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo a ele e à sua descendência nas suas gerações."
Seu Nome
A palavra "pia" significa um lavador, ou bacia de lavagem que contém água para lavagem. Os sacerdotes judeus foram ordenados a lavar as suas mãos e pés continuamente durante o serviço do tabernáculo.
Sua Posição
A pia foi colocada entre a porta do Santo Lugar e o altar.
(1) Ela estava depois do altar (primeiro o sacrifício)
O sacerdote em serviço, que entrava no portão do átrio exterior, tinha à frente o altar onde ele sacrificava como qualquer outro Israelita. Uma vez além do altar ele estava pronto para agir como sacerdote, pois na pia ele se preparou para o serviço de Deus. Então ele poderia ministrar no altar ou no Santo Lugar porque ele estava limpo.
O altar sempre veio primeiro para o sacerdote. Salvação e então o serviço. Deus se aproximou por meio do sangue e da água.
(2) Ela estava antes da porta (lave-se antes de entrar)
Dentro da porta do Santo Lugar havia vasos que representavam o próprio Deus. Nenhum sacerdote ousaria entrar com qualquer rastro de impureza. "Sede santos como eu sou santo" foi ordenado aos sacerdotes.
(3) Ela vinha logo após a saída do Santo Lugar (lave-se antes de sair)
No átrio exterior tudo era de bronze. Dentro do Santo Lugar tudo era de ouro. Como o sacerdote saía da Presença de Deus após o serviço ele se lavava na pia.
Seu tamanho (Imensurável)
Nenhuma instrução acerca da medida, ou da forma e do tamanho é determinada sobre a pia. A única coisa mencionada é que tinha uma base (Êx 31:9) o que facilitava o lavar, e foi feita de bronze sólido, sem nenhuma madeira. Também foi feito de espelhos:
Ex 38:8 "Fez também a pia de cobre com a sua base de cobre, dos espelhos das mulheres que se reuniam, para servir à porta da tenda da congregação."
(1) não teve nenhuma vara
Como a pia era transportada não nos é informado. O altar e os outros vasos tinham varas e anéis pelos quais eles eram transportados, mas nada é mencionado sobre a pia.
Era aqui que os sacerdotes lavavam as suas mãos e pés
Seu propósito
A pia tinha um grande propósito, lavar e purificar o sacerdote de toda a corrupção.
(1) Ela só era para os sacerdotes
Ninguém em Israel ou de todo o mundo poderia lavar nesta pia. Isso era um privilégio apenas para a tribo de Levi.
(2) Moisés só lavou uma vez Arão e seus filhos:
Êx 40:11-16 " Então ungirás a pia e a sua base, e a santificarás. Farás também chegar a Arão e a seus filhos à porta da tenda da congregação; e os lavarás com água. E vestirás a Arão as vestes santas, e o ungirás, e o santificarás, para que me administre o sacerdócio. Também farás chegar a seus filhos, e lhes vestirás as túnicas, e os ungirás como ungiste a seu pai, para que me administrem o sacerdócio, e a sua unção lhes será por sacerdócio perpétuo nas suas gerações. E Moisés fez conforme a tudo o que o SENHOR lhe ordenou, assim o fez."
Aqui a palavra "lavarás" significa lavar por completo. Isto foi feito uma única vez por Moisés. Lá foram lavados primeiro seus corpos, e então a sua roupa.
(3) os sacerdotes lavavam apenas as suas mãos e seus pés.
Ex 30:19-20 " E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR.
Certamente as mãos dos sacerdotes ficariam sujas de imediato se depois de lavar eles ministrassem no altar. E também os seus pés delas (pois eles estavam descalços) ficariam sujos a partir do momento que eles tocassem o chão depois de se lavar (lá não havia nenhum tapete). Então qual era o sentido de lavar os pés e as mãos?
(1) As Mãos
As mãos falam do que eles faziam o seu ministério, o seu trabalho, tudo eles puseram as mãos era importante, e assim as suas mãos precisavam ser limpas sempre, diariamente. A limpeza inicial só era uma vez acabado, o limpar diariamente era continuamente acabado.
(b) Os Pés
Os pés representavam aonde eles iam, suas vidas e caminhos. O seu andar tinha que ser um andar santo, assim os seus pés eram sempre lavados, todos os dias.
Um Tipo de Cristo
Como as pontas do altar apontavam para a morte de Jesus, assim a pia apontava para a sua vida. O Sangue fala de uma vida tomada e a água fala de uma vida dada. A água na pia fala de Jesus, a Palavra Viva de Deus que entra em nós e nos dá a vida eterna. Jesus disse que nós estamos limpos por causa da Sua Palavra e que o conhecimento de Deus que é passado a nós pela Sua Palavra é vida eterna e é descrito com a mesmo termo em hebraico para a união sexual de um homem com a sua esposa. Como o sacerdote lavava as suas mãos e os seus pés enquanto entrava na Presença de Deus (ouro) e atrás, o mundo (bronze) assim nós estamos sendo limpos continuamente da corrupção deste mundo pela Palavra de Deus. Quando o líder judeu chamado Nicodemos veio a Jesus para perguntar sobre o reino de Deus, Jesus respondeu, " Quem não nascer da água e do espírito (linguagem hebraica - "nascido do alto") não entrará no reino de Deus ". Água traz vida para o mundo físico e a água espiritual (a Palavra de Deus) a vida de Deus para nós. Quando Jesus conversou com a mulher no poço, ele disse a ela: " Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." Quando Jesus se pôs em pé clamou, " Se alguém tem sede, venha a mim, e beba." estava no grande dia da festa dos tabernáculos quando os líderes judeus estavam vertendo a água da piscina de Siloé (Heb. Enviado) sobre o pavimento do templo, o que simboliza que umdia, Deus derramará a verdadeira água do céu sobre o seu povo, como prometeu pelo profeta Ezequiel.
Ez 36:25-27 " Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis."
Ef 5:25-26 " Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra"
NOTA: O grego da palavra "lavar" aqui é o mesmo de "pia".
Jo 15:3 " Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado."
Tito 3:5 "Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo"
Hb 10:22 " Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa"
Jo 7:38 " Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre."
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