Os tratamentos em Pedro
Hernando ChamorroColômbia
No evangelho de Lucas capítulo 5, vemos como o Senhor começou a trabalhar na vida de Pedro, e como ele começou primeiro a trabalhar a base de luz, de revelação de si mesmo, intercalado com o trabalhar de Deus a base de açoites, de tratamentos, para libertar essa realidade interior que tinha sido depositada em Pedro.Três classes de luz
O nosso Deus trabalha a base de luz, cada vez nos ilumina, e sua revelação e a sua luz são progressivas. Ela é vista em uma figura do Antigo Testamento, a do tabernáculo. Quando o sacerdote percebia uma luz no átrio, era a luz do sol, porque ali não havia teto. Mais adiante, no lugar santo, ele experimentava outra classe de luz, que era a luz do castiçal; e mais para dentro percebia uma luz que era a luz da glória shekinah. São três classes de luzes, de maneira gradual: é como o Senhor vai revelando-se às nossas vidas.
Essa luz do átrio, porque não havia teto ali, não havia cobertura, ali o sol é que iluminava, e a noite a lua e as estrelas, está muito bem mostrada no Salmo 8: "Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que formaste, digo: O que é o homem, para que te lembres dele, e o filho do homem, para que o visites? Um pouco menor que os anjos o fizeste...". Aqui o salmista está anunciando que assim como essa luz do átrio iluminava, nós também somos iluminados pela primeira vez, quando viemos a este mundo antes de sermos crentes, por meio das coisas criadas. Nós vemos a sua grandeza, o seu poder, a sua eterna divindade, pelas coisas manifestas na criação, de tal maneira que não temos desculpa para dizer que não há Deus.
Mas esta classe de luz é uma luz rudimentar, inicial, com que Deus mostra o que ele é, o seu eterno poder e divindade, mediante estas coisas criadas.
Mais adiante vemos que a luz do castiçal que fica no Lugar Santo, mais para dentro, mais íntimo, tipifica a luz que a igreja produz no crente. Cada crente, quando entra na vida da igreja, é exposto, é iluminado, é redargüido por todos, é tocado pelo Senhor. A vida da igreja é para ser exposto o que nós somos e ver o que Deus é em parte.
E mais adiante, no Lugar Santíssimo, onde o castiçal não ilumina, onde nem o sol nem a lua iluminam, ali está a glória shekinah. É a revelação do próprio Deus em nós.
Pedro foi iluminado pouco a pouco por estas três classes de luzes, e, ao mesmo tempo, foi açoitado cada vez que recebia luz.
Digo isto porque esta nossa vida, é igualmente que a de Pedro. Nós gostamos de ver Pedro, porque ao ver Pedro nos evangelhos nos vemos. Tal como era Pedro: teimoso, soberbo, com muita confiança em si mesmo, assim somos nós - nem mais nem menos.
A luz do átrio
"Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré... Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca. Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam.... Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram" (Lucas 5:1-11).
Vemos aqui que Pedro foi iluminado por meio das coisas criadas. O Criador, o nosso Senhor Jesus Cristo, tinha submetido os apóstolos, em certa maneira, a uma restrição econômica. Esse era um pequeno açoite que o Senhor estava dando a eles. Toda a noite tinham pescado em vão, mas cada vez que o Senhor nos açoita ou nos restringe, é para mostrar a sua glória, e também para mostrar o que há dentro de nós. A luz tem estas duas coisas, por um lado mostra quem é o Senhor, e por outro lado também mostra quem somos nós.
Aqui Pedro foi iluminado pelas coisas externas, por uma luz do átrio, pode-se assim dizer, a respeito desta pesca que houve, através das coisas criadas como são os peixes. E esta restrição levou a que o Senhor fizesse um milagre de provisão. E então Pedro, vendo isto, caiu de joelhos e disse: "aparta-te de mim, Senhor, porque sou homem pecador". Ali, pela primeira vez, Pedro foi iluminado.
Cada vez que somos iluminados, somos expostos em nossa vida interior. Aí o Senhor nos mostra quão indigno somos. Mas o mais precioso é que também, ao mesmo tempo, Pedro, Tiago e João, apesar de terem recebido as dádivas, esta quantidade de peixes, não obstante, diz no 11: "E quando trouxeram os barcos para terra, deixando tudo, o seguiram".
Pedro foi exposto por um lado; e por outro lado Cristo se manifestou como o Senhor da criação, como aquele que pode dominar os peixes do mar. E por esta luz, Pedro foi exposto, por um lado, mas por outro lado, ele não ficou com o dom, mas com o doador do dom, e isto é um grande avanço.
Mas adiante vemos que o Senhor segue avançando em nossas vidas de uma maneira gradual, porque um cego que foi curado de sua cegueira não pode ser exposto de súbito a toda à luz. Tem que se acostumar gradualmente para ver a luz.
A luz do castiçal
"Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:13-18).
Aqui o Senhor volta a iluminar o apóstolo e aos que estavam com ele. Aqui Pedro recebe uma luz um pouco maior que aquela que recebeu com a pesca milagrosa. É revelado a ele quem é Jesus, que Jesus é o Cristo, quem diz ao apóstolo: "...E sobre esta rocha...", não sobre Pedro, mas sim sobre a confissão de Pedro, que é o fundamento da igreja.
Então aí vemos uma luz do castiçal. Deus revelou-lhe quem era Jesus Cristo: o Filho do Deus vivo.
"E te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus. Então mandou a seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo" (Mateus 16:19-20). Aqui também tiramos conclusão de que cada vez que somos iluminados e somos açoitados, também o Senhor nos encarrega de algo. A Pedro foi-lhe encarregado algo: "te darei as chaves do reino dos céus".
A Pedro foram dadas as duas chaves do reino: a chave para abrir o reino dos céus aos judeus, que foi utilizada no dia de Pentecostes. E na casa de Cornélio, Pedro usou a segunda chave. O reino dos céus se abriu e o Espírito Santo caiu sobre os gentios pela primeira vez.
Cada vez que somos iluminados, é-nos encomendado algo por parte de Deus e também ao mesmo tempo somos açoitados. Que coisa, não? Esta parte nós não gostamos, mas é necessária. Vemos o açoite do verso 21: "Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens. Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.".
Aqui, depois de Pedro ser iluminado, Jesus anuncia a sua própria morte, e Pedro começa a lhe repreender. Depois de ser iluminado, começa a surgir a habilidade natural de Pedro. Pedro, aconselhando a Deus feito carne, a criatura aconselhando ao Criador. Quão néscio era Pedro. Eu creio que nós diferimos muito pouco de Pedro. Então o Senhor lhe diz: "Aparta-te de diante de mim, Satanás". Realmente era Pedro sendo usado por Satanás.
Satanás estava por trás de tudo isto, tocando a velha natureza de Pedro, não permitindo que Cristo fosse para a cruz, porque esse foi o empenho de Satanás desde que Cristo nasceu. Sempre Satanás tratava de levar o Senhor Jesus Cristo para que não agisse como homem, mas como Deus. 'Se você for o Filho de Deus, por que não faz isto? Se você for o Filho de Deus, por que não faz aquilo?' Porque realmente quem ia produzir a vitória sobre Satanás não era Jesus Cristo como Deus, mas sim como homem. E até a última hora na cruz do Calvário o mesmo Satanás dizia através do soldado: "Se tu és o Filho de Deus...". Inclusive através do malfeitor que crucificaram ao seu lado: "Se tu és o Filho de Deus…".
Esse 'Se...' questionador não é nada mais que a voz de Satanás, mas de maneira nenhuma o Senhor Jesus cedeu. Igualmente Satanás usou a Pedro: 'Senhor, se tu és o Cristo, nada disso te acontecerá. Esta é uma maneira como trabalha em nossas vidas. Cada vez que somos tentados, ele mesmo nos diz: 'Se você é filho do Rei dos reis, por que não faz isto, porque não faz aquilo?' E é um negar-nos continuamente, porque essa é a nossa arma.
Não há lugar mais seguro para o cristão do que a cruz. Não temos um lugar mais seguro que estarmos crucificados juntamente com Cristo. É o lugar de repouso, o nosso refúgio, realmente, a cruz. Sermos trabalhados pelo Senhor, sermos açoitados pelo Senhor. Ali Pedro foi açoitado, foi repreendido pelo Senhor.
A luz do Lugar Santíssimo
Mais adiante, no capítulo 17, Pedro volta a ser iluminado. "Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte; e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi." (Mateus 17:1-5).
O Senhor chama a Pedro, Tiago e João, e os leva a um alto monte. Aqui o Senhor está se revelando a si mesmo diante deles. É uma revelação, já não de átrio nem do Lugar Santo, mas uma revelação que pertence ao Lugar Santíssimo, uma revelação que pertence à luz shekinah. O mesmo Deus feito carne está se manifestando ali tal como ele é, e se transfigura, tanto que Pedro em sua segunda epístola, ele ainda, apesar de ter passado os anos, lembra-se e menciona esta passagem.
"Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre. Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora." (2ª Pedro 1:16-18). Ali, Pedro foi tocado pela realidade espiritual; ali, pela primeira vez, Pedro não vê um Cristo segundo a carne, mas um Cristo transfigurado conforme o Espírito. E ele foi iluminado.
Este homem tinha que ser iluminado sobre algo. Ele tinha um problema de religião, um problema de judaísmo em seu coração, muito enraizado, e que mesmo mais tarde, em Antioquia, lhe sai à flor da pele. O apóstolo Paulo lhe repreende em Antioquia a respeito deste problema de ser judaizante. Portanto, Pedro tinha que ser iluminado e tinha que ser liberto através de um açoite. O Senhor tinha que trabalhar em Pedro.
Aqui no monte o Senhor se mostra, transfigura-se. E Pedro diz no versículo 4: "Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.". Aqui realmente Pedro estava fazendo alusão à festa dos tabernáculos. Ainda estava na tipologia, e estava, além disso, pondo no mesmo nível a Jesus Cristo com Moisés e Elias. Não o exaltava, punha-o igual como se fosse um profeta a mais, ou alguém igual a Moisés.
Mas aqui é açoitado uma vez mais. A voz do Pai de uma nuvem disse: "Este é o meu Filho amado, em quem está todo o meu prazer...". Este Jesus; não Moisés, não Elias. "Este é o meu Filho amado, em quem está todo o meu prazer; a ele ouvi". 'Não escutem a Pedro'. Praticamente o Senhor estava dizendo assim: Ou seja, Deus fez Pedro se calar, e isto foi um grande açoite para Pedro. Ali Pedro começou a ser libertado realmente da religião judaizante. Pedro tinha que pôr o Senhor Jesus acima de Moisés e Elias. Não fazer uma cabana no mesmo nível, não encerrar ou enquadrar o Senhor Jesus igual a Moisés e Elias.Destruindo a autoconfiança
Vemos mais adiante que o Senhor seguiu trabalhando com o apóstolo. Pedro, além de ter problemas de judaísmo em seu coração, também tinha muita confiança em si mesmo. E uma das coisas que o Senhor requer para que lhe adoremos em espírito e para que lhe sirvamos no corpo, é nos libertar de toda a nossa autoconfiança, um problema que todos nós temos. Confiamos muito em nossas habilidades, no que somos, no que temos, e com todas estas habilidades e todas estas manias naturais pretendemos servir à igreja do Deus vivo, e não pode ser assim.
Quando nos apresentamos para servir à igreja de Deus, não podemos nos apresentar em nossa própria força, em nosso próprio intelecto, em nossa própria confiança, em nossas próprias habilidades. Apresentamo-nos com temor e tremor diante da igreja do Deus vivo, a casa de Deus, coluna e baluarte da verdade. Pedro estava cheio de confiança, e o Senhor tinha que trabalhar nele para destruí-la.
Mateus capítulo 26. Esta passagem é muita conhecida por todos nós. No verso 69 há um subtítulo: "Pedro nega a Jesus". Aí o Senhor dá um forte açoite, muito forte em Pedro. Aí trabalhou, destruiu toda a confiança que ele tinha. Pedro era uma pessoa que aparentava ser valente, uma pessoa que podia dar a vida pelo Senhor. Estava cheio de muita confiança em si mesmo, de muita presunção. O Senhor não precisa ser defendido, assim como a arca do testemunho não precisou ser defendida quando estava nas mãos dos filisteus, mas a própria arca se defendeu.
Na terra dos filisteus, a arca fez que o deus Dagom se dobrasse, e caiu a estátua do deus Dagom. Aos filisteus saíram úlceras. A própria arca, o testemunho que tipificava a Cristo, defendeu-se sozinha. Inclusive não necessitava que Uzá colocasse a mão para que não caísse. Nós somos igual a Uzá e Pedro. Não é verdade, irmãos?
O Senhor precisa trabalhar em nós. Ele mostra que não necessita de ajuda. Ele deseja nos envolver em sua obra por amor a nós. Não porque ele necessite do homem, mas Deus quer nos fazer participantes no serviço dele. Não é um favor que fazemos a Deus de lhe servir em espírito e em realidade. É um favor que Deus nos faz. Portanto, sentimo-nos honrados de lhe servir, de que o Senhor nos ocupe. Para nós é de grande honra.
"Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno. E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem". Imagine! Ele o conhecia... "Você é o Cristo, o Filho do Deus vivente". E agora diz: "Não conheço tal homem". "E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia. Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente." (Mateus 26:69-75).
Daqui em diante Pedro já não podia confiar em si mesmo. Foi confrontado pelo Senhor, foi trabalhado pelo Senhor. Dali em diante o Senhor começa a trabalhar em Pedro depois da ressurreição.
Vejamos João 21:15. Segue o Senhor trabalhando em Pedro, e oxalá siga Deus trabalhando em nossas vidas. A cruz não é algo que nós devamos temer. Uma das coisas melhores que Deus pode nos dar é a cruz, o tratamento de Deus conosco.
"Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas." (João 21:15-16).
Vejam que o amor de Deus se manifesta de uma maneira prática quando amamos o Corpo. O Senhor está lhe perguntando: "Amas-me?", e lhe diz: "Apascenta as minhas ovelhas". Porque o que ama o Cabeça, ama o corpo. Quem ama o Pastor, ama as ovelhas. Nisso conhecemos que amamos o Senhor: porque amamos os nossos irmãos.
"Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas" (V. 17).
Quando Jesus lhe diz pela terceira vez as coisas, é porque está lhe dando consciência, para que Pedro perceba que ele não pode amar ao Senhor por sua força natural, como tratou de fazê-lo quando tirou a espada e cortou a orelha de Malco. Ele tratou de cortar a cabeça de Malco, mas não pôde. Aqui o Senhor Jesus o está levando para que ele perceba uma realidade espiritual que foi dada a Pedro, e essa realidade espiritual é o amor de Deus que foi derramado em Pedro.
No entanto, Pedro não está percebendo; está lhe respondendo: "Sim, Senhor, eu te amo", de uma maneira natural. Jesus repete várias vezes, para que Pedro seja consciente de que ao Senhor se ama em espírito, não na alma; não com o amor natural, mas com o amor de Deus que foi derramado.
O Senhor está tratando de despertar essa percepção espiritual, essa realidade espiritual que há em Pedro. Dessa maneira, o Senhor veio conseguindo trabalhar em Pedro grandemente.
E como pôde o Senhor intercalar a iluminação com os açoites? Cada vez que o Senhor o iluminava, o açoitava lhe dava uma comissão, uma responsabilidade no propósito de Deus. E assim é conosco. Cada vez que o Senhor se revela à nossas vidas, depois nos dá um açoite, um açoitezinho pequeno ou grande, depende da dureza dos nossos corações, e ao mesmo tempo nos dá um encargo. Ele nos encarrega com o seu propósito e cada dia nos capacita e em seguida nos envia.
O Senhor acrescente a sua palavra. Que esta palavra seja feita carne e sangue em nossa vida. Amém.
Fonte: www.aguasvivas.ws
O nosso Deus trabalha a base de luz, cada vez nos ilumina, e sua revelação e a sua luz são progressivas. Ela é vista em uma figura do Antigo Testamento, a do tabernáculo. Quando o sacerdote percebia uma luz no átrio, era a luz do sol, porque ali não havia teto. Mais adiante, no lugar santo, ele experimentava outra classe de luz, que era a luz do castiçal; e mais para dentro percebia uma luz que era a luz da glória shekinah. São três classes de luzes, de maneira gradual: é como o Senhor vai revelando-se às nossas vidas.
Essa luz do átrio, porque não havia teto ali, não havia cobertura, ali o sol é que iluminava, e a noite a lua e as estrelas, está muito bem mostrada no Salmo 8: "Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que formaste, digo: O que é o homem, para que te lembres dele, e o filho do homem, para que o visites? Um pouco menor que os anjos o fizeste...". Aqui o salmista está anunciando que assim como essa luz do átrio iluminava, nós também somos iluminados pela primeira vez, quando viemos a este mundo antes de sermos crentes, por meio das coisas criadas. Nós vemos a sua grandeza, o seu poder, a sua eterna divindade, pelas coisas manifestas na criação, de tal maneira que não temos desculpa para dizer que não há Deus.
Mas esta classe de luz é uma luz rudimentar, inicial, com que Deus mostra o que ele é, o seu eterno poder e divindade, mediante estas coisas criadas.
Mais adiante vemos que a luz do castiçal que fica no Lugar Santo, mais para dentro, mais íntimo, tipifica a luz que a igreja produz no crente. Cada crente, quando entra na vida da igreja, é exposto, é iluminado, é redargüido por todos, é tocado pelo Senhor. A vida da igreja é para ser exposto o que nós somos e ver o que Deus é em parte.
E mais adiante, no Lugar Santíssimo, onde o castiçal não ilumina, onde nem o sol nem a lua iluminam, ali está a glória shekinah. É a revelação do próprio Deus em nós.
Pedro foi iluminado pouco a pouco por estas três classes de luzes, e, ao mesmo tempo, foi açoitado cada vez que recebia luz.
Digo isto porque esta nossa vida, é igualmente que a de Pedro. Nós gostamos de ver Pedro, porque ao ver Pedro nos evangelhos nos vemos. Tal como era Pedro: teimoso, soberbo, com muita confiança em si mesmo, assim somos nós - nem mais nem menos.
A luz do átrio
"Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré... Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca. Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam.... Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador. Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam, bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram" (Lucas 5:1-11).
Vemos aqui que Pedro foi iluminado por meio das coisas criadas. O Criador, o nosso Senhor Jesus Cristo, tinha submetido os apóstolos, em certa maneira, a uma restrição econômica. Esse era um pequeno açoite que o Senhor estava dando a eles. Toda a noite tinham pescado em vão, mas cada vez que o Senhor nos açoita ou nos restringe, é para mostrar a sua glória, e também para mostrar o que há dentro de nós. A luz tem estas duas coisas, por um lado mostra quem é o Senhor, e por outro lado também mostra quem somos nós.
Aqui Pedro foi iluminado pelas coisas externas, por uma luz do átrio, pode-se assim dizer, a respeito desta pesca que houve, através das coisas criadas como são os peixes. E esta restrição levou a que o Senhor fizesse um milagre de provisão. E então Pedro, vendo isto, caiu de joelhos e disse: "aparta-te de mim, Senhor, porque sou homem pecador". Ali, pela primeira vez, Pedro foi iluminado.
Cada vez que somos iluminados, somos expostos em nossa vida interior. Aí o Senhor nos mostra quão indigno somos. Mas o mais precioso é que também, ao mesmo tempo, Pedro, Tiago e João, apesar de terem recebido as dádivas, esta quantidade de peixes, não obstante, diz no 11: "E quando trouxeram os barcos para terra, deixando tudo, o seguiram".
Pedro foi exposto por um lado; e por outro lado Cristo se manifestou como o Senhor da criação, como aquele que pode dominar os peixes do mar. E por esta luz, Pedro foi exposto, por um lado, mas por outro lado, ele não ficou com o dom, mas com o doador do dom, e isto é um grande avanço.
Mas adiante vemos que o Senhor segue avançando em nossas vidas de uma maneira gradual, porque um cego que foi curado de sua cegueira não pode ser exposto de súbito a toda à luz. Tem que se acostumar gradualmente para ver a luz.
A luz do castiçal
"Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mateus 16:13-18).
Aqui o Senhor volta a iluminar o apóstolo e aos que estavam com ele. Aqui Pedro recebe uma luz um pouco maior que aquela que recebeu com a pesca milagrosa. É revelado a ele quem é Jesus, que Jesus é o Cristo, quem diz ao apóstolo: "...E sobre esta rocha...", não sobre Pedro, mas sim sobre a confissão de Pedro, que é o fundamento da igreja.
Então aí vemos uma luz do castiçal. Deus revelou-lhe quem era Jesus Cristo: o Filho do Deus vivo.
"E te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; e tudo o que desligardes na terra será desligado nos céus. Então mandou a seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo" (Mateus 16:19-20). Aqui também tiramos conclusão de que cada vez que somos iluminados e somos açoitados, também o Senhor nos encarrega de algo. A Pedro foi-lhe encarregado algo: "te darei as chaves do reino dos céus".
A Pedro foram dadas as duas chaves do reino: a chave para abrir o reino dos céus aos judeus, que foi utilizada no dia de Pentecostes. E na casa de Cornélio, Pedro usou a segunda chave. O reino dos céus se abriu e o Espírito Santo caiu sobre os gentios pela primeira vez.
Cada vez que somos iluminados, é-nos encomendado algo por parte de Deus e também ao mesmo tempo somos açoitados. Que coisa, não? Esta parte nós não gostamos, mas é necessária. Vemos o açoite do verso 21: "Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens. Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.".
Aqui, depois de Pedro ser iluminado, Jesus anuncia a sua própria morte, e Pedro começa a lhe repreender. Depois de ser iluminado, começa a surgir a habilidade natural de Pedro. Pedro, aconselhando a Deus feito carne, a criatura aconselhando ao Criador. Quão néscio era Pedro. Eu creio que nós diferimos muito pouco de Pedro. Então o Senhor lhe diz: "Aparta-te de diante de mim, Satanás". Realmente era Pedro sendo usado por Satanás.
Satanás estava por trás de tudo isto, tocando a velha natureza de Pedro, não permitindo que Cristo fosse para a cruz, porque esse foi o empenho de Satanás desde que Cristo nasceu. Sempre Satanás tratava de levar o Senhor Jesus Cristo para que não agisse como homem, mas como Deus. 'Se você for o Filho de Deus, por que não faz isto? Se você for o Filho de Deus, por que não faz aquilo?' Porque realmente quem ia produzir a vitória sobre Satanás não era Jesus Cristo como Deus, mas sim como homem. E até a última hora na cruz do Calvário o mesmo Satanás dizia através do soldado: "Se tu és o Filho de Deus...". Inclusive através do malfeitor que crucificaram ao seu lado: "Se tu és o Filho de Deus…".
Esse 'Se...' questionador não é nada mais que a voz de Satanás, mas de maneira nenhuma o Senhor Jesus cedeu. Igualmente Satanás usou a Pedro: 'Senhor, se tu és o Cristo, nada disso te acontecerá. Esta é uma maneira como trabalha em nossas vidas. Cada vez que somos tentados, ele mesmo nos diz: 'Se você é filho do Rei dos reis, por que não faz isto, porque não faz aquilo?' E é um negar-nos continuamente, porque essa é a nossa arma.
Não há lugar mais seguro para o cristão do que a cruz. Não temos um lugar mais seguro que estarmos crucificados juntamente com Cristo. É o lugar de repouso, o nosso refúgio, realmente, a cruz. Sermos trabalhados pelo Senhor, sermos açoitados pelo Senhor. Ali Pedro foi açoitado, foi repreendido pelo Senhor.
A luz do Lugar Santíssimo
Mais adiante, no capítulo 17, Pedro volta a ser iluminado. "Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte; e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi." (Mateus 17:1-5).
O Senhor chama a Pedro, Tiago e João, e os leva a um alto monte. Aqui o Senhor está se revelando a si mesmo diante deles. É uma revelação, já não de átrio nem do Lugar Santo, mas uma revelação que pertence ao Lugar Santíssimo, uma revelação que pertence à luz shekinah. O mesmo Deus feito carne está se manifestando ali tal como ele é, e se transfigura, tanto que Pedro em sua segunda epístola, ele ainda, apesar de ter passado os anos, lembra-se e menciona esta passagem.
"Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre. Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora." (2ª Pedro 1:16-18). Ali, Pedro foi tocado pela realidade espiritual; ali, pela primeira vez, Pedro não vê um Cristo segundo a carne, mas um Cristo transfigurado conforme o Espírito. E ele foi iluminado.
Este homem tinha que ser iluminado sobre algo. Ele tinha um problema de religião, um problema de judaísmo em seu coração, muito enraizado, e que mesmo mais tarde, em Antioquia, lhe sai à flor da pele. O apóstolo Paulo lhe repreende em Antioquia a respeito deste problema de ser judaizante. Portanto, Pedro tinha que ser iluminado e tinha que ser liberto através de um açoite. O Senhor tinha que trabalhar em Pedro.
Aqui no monte o Senhor se mostra, transfigura-se. E Pedro diz no versículo 4: "Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.". Aqui realmente Pedro estava fazendo alusão à festa dos tabernáculos. Ainda estava na tipologia, e estava, além disso, pondo no mesmo nível a Jesus Cristo com Moisés e Elias. Não o exaltava, punha-o igual como se fosse um profeta a mais, ou alguém igual a Moisés.
Mas aqui é açoitado uma vez mais. A voz do Pai de uma nuvem disse: "Este é o meu Filho amado, em quem está todo o meu prazer...". Este Jesus; não Moisés, não Elias. "Este é o meu Filho amado, em quem está todo o meu prazer; a ele ouvi". 'Não escutem a Pedro'. Praticamente o Senhor estava dizendo assim: Ou seja, Deus fez Pedro se calar, e isto foi um grande açoite para Pedro. Ali Pedro começou a ser libertado realmente da religião judaizante. Pedro tinha que pôr o Senhor Jesus acima de Moisés e Elias. Não fazer uma cabana no mesmo nível, não encerrar ou enquadrar o Senhor Jesus igual a Moisés e Elias.Destruindo a autoconfiança
Vemos mais adiante que o Senhor seguiu trabalhando com o apóstolo. Pedro, além de ter problemas de judaísmo em seu coração, também tinha muita confiança em si mesmo. E uma das coisas que o Senhor requer para que lhe adoremos em espírito e para que lhe sirvamos no corpo, é nos libertar de toda a nossa autoconfiança, um problema que todos nós temos. Confiamos muito em nossas habilidades, no que somos, no que temos, e com todas estas habilidades e todas estas manias naturais pretendemos servir à igreja do Deus vivo, e não pode ser assim.
Quando nos apresentamos para servir à igreja de Deus, não podemos nos apresentar em nossa própria força, em nosso próprio intelecto, em nossa própria confiança, em nossas próprias habilidades. Apresentamo-nos com temor e tremor diante da igreja do Deus vivo, a casa de Deus, coluna e baluarte da verdade. Pedro estava cheio de confiança, e o Senhor tinha que trabalhar nele para destruí-la.
Mateus capítulo 26. Esta passagem é muita conhecida por todos nós. No verso 69 há um subtítulo: "Pedro nega a Jesus". Aí o Senhor dá um forte açoite, muito forte em Pedro. Aí trabalhou, destruiu toda a confiança que ele tinha. Pedro era uma pessoa que aparentava ser valente, uma pessoa que podia dar a vida pelo Senhor. Estava cheio de muita confiança em si mesmo, de muita presunção. O Senhor não precisa ser defendido, assim como a arca do testemunho não precisou ser defendida quando estava nas mãos dos filisteus, mas a própria arca se defendeu.
Na terra dos filisteus, a arca fez que o deus Dagom se dobrasse, e caiu a estátua do deus Dagom. Aos filisteus saíram úlceras. A própria arca, o testemunho que tipificava a Cristo, defendeu-se sozinha. Inclusive não necessitava que Uzá colocasse a mão para que não caísse. Nós somos igual a Uzá e Pedro. Não é verdade, irmãos?
O Senhor precisa trabalhar em nós. Ele mostra que não necessita de ajuda. Ele deseja nos envolver em sua obra por amor a nós. Não porque ele necessite do homem, mas Deus quer nos fazer participantes no serviço dele. Não é um favor que fazemos a Deus de lhe servir em espírito e em realidade. É um favor que Deus nos faz. Portanto, sentimo-nos honrados de lhe servir, de que o Senhor nos ocupe. Para nós é de grande honra.
"Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes. E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno. E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem". Imagine! Ele o conhecia... "Você é o Cristo, o Filho do Deus vivente". E agora diz: "Não conheço tal homem". "E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia. Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou. E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente." (Mateus 26:69-75).
Daqui em diante Pedro já não podia confiar em si mesmo. Foi confrontado pelo Senhor, foi trabalhado pelo Senhor. Dali em diante o Senhor começa a trabalhar em Pedro depois da ressurreição.
Vejamos João 21:15. Segue o Senhor trabalhando em Pedro, e oxalá siga Deus trabalhando em nossas vidas. A cruz não é algo que nós devamos temer. Uma das coisas melhores que Deus pode nos dar é a cruz, o tratamento de Deus conosco.
"Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas." (João 21:15-16).
Vejam que o amor de Deus se manifesta de uma maneira prática quando amamos o Corpo. O Senhor está lhe perguntando: "Amas-me?", e lhe diz: "Apascenta as minhas ovelhas". Porque o que ama o Cabeça, ama o corpo. Quem ama o Pastor, ama as ovelhas. Nisso conhecemos que amamos o Senhor: porque amamos os nossos irmãos.
"Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas" (V. 17).
Quando Jesus lhe diz pela terceira vez as coisas, é porque está lhe dando consciência, para que Pedro perceba que ele não pode amar ao Senhor por sua força natural, como tratou de fazê-lo quando tirou a espada e cortou a orelha de Malco. Ele tratou de cortar a cabeça de Malco, mas não pôde. Aqui o Senhor Jesus o está levando para que ele perceba uma realidade espiritual que foi dada a Pedro, e essa realidade espiritual é o amor de Deus que foi derramado em Pedro.
No entanto, Pedro não está percebendo; está lhe respondendo: "Sim, Senhor, eu te amo", de uma maneira natural. Jesus repete várias vezes, para que Pedro seja consciente de que ao Senhor se ama em espírito, não na alma; não com o amor natural, mas com o amor de Deus que foi derramado.
O Senhor está tratando de despertar essa percepção espiritual, essa realidade espiritual que há em Pedro. Dessa maneira, o Senhor veio conseguindo trabalhar em Pedro grandemente.
E como pôde o Senhor intercalar a iluminação com os açoites? Cada vez que o Senhor o iluminava, o açoitava lhe dava uma comissão, uma responsabilidade no propósito de Deus. E assim é conosco. Cada vez que o Senhor se revela à nossas vidas, depois nos dá um açoite, um açoitezinho pequeno ou grande, depende da dureza dos nossos corações, e ao mesmo tempo nos dá um encargo. Ele nos encarrega com o seu propósito e cada dia nos capacita e em seguida nos envia.
O Senhor acrescente a sua palavra. Que esta palavra seja feita carne e sangue em nossa vida. Amém.
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