As 42 Jornadas no deserto
TEXTO:
Nm 33:1-4
Bem,
amados irmãos e irmãs, retornando ao estudo acerca das 42 jornadas do deserto, estamos
na primeira estação, que é Ramessés. E temos estudado até aqui, a condição em
Ramessés, que é uma condição de verdadeira escravidão. Aqui, podemos ver a
questão das nossas transgressões, dos nossos pecados, o que temos feito de
errado, a questão do poder do pecado e do mal dentro de nós. O pecado se refere
à natureza pecaminosa, escrava, a natureza que herdamos de Adão.
Vemos que, com exceção ao
Senhor Jesus, todos nós herdamos a natureza pecaminosa. O pecado é algo muito
grave em nós. Quando
você olha para a questão do pecado, dos pecados, do pecador, à luz da Bíblia, vemos
que este assunto é muito sério. De maneira que a saída de Ramessés, não é só
sair da culpa, mas também sair daquilo que somos. Quando estudamos sobre a
libertação do povo de Israel, de Ramessés, do Egito, isto fala não somente
quanto a nossa saída da culpa, do pecado, mas também, daquilo que nós somos.
Devemos ser libertos do que fizemos ser liberto daquilo que somos. A raiz do
pecado, dos pecados, dos pecadores, deu origem há um sistema, há uma
civilização que se chama “Mundo”. E agora, com o estudo da Palavra de Deus, vemos
que a intenção de Deus é livrar-nos deste poder mundano. A Bíblia não só nos
fala de sermos libertos dos pecados, mas também, do pecado e do velho homem, da
carne, de nós mesmos e também do mundo.
Mas, irmãos e irmãs, o que resulta é que o
mundo, quer dizer, o sistema mundano, tem príncipes, ele tem potestades,
principado. Isto significa que nós precisamos ser libertos deste principado, do
príncipe deste mundo, das potestades. O Egito está representando o mundo
espiritual, isto é, o Mundo no aspecto maligno. Esta é a sua expressão natural
aqui na terra. Podemos ver que o Mundo, através de Ramessés, está expressando
também o modo de vida do homem natural, do homem caído, do homem vendido ao
poder do pecado. Vemos, pois, que Ramessés é realmente uma situação muito
complexa. Quando você quer estudar Ramessés na Bíblia, você tem que estudar do
capítulo 1 ao capítulo 12, do livro de Êxodo.
Sair de Ramessés não é
uma coisa tão simples, por isso necessita que Deus venha intervir com a sua mão
poderosa. Se nós devemos sair do mundo, temos que sair pelo poder de Deus, pelo
poder de sua mão. Meus irmãos e irmãs, esta é uma obra do Senhor em nós, libertar-nos
do poder do mundo, do poder da culpa, do poder do pecado, do poder dos pecados.
É por isso, que temos que estar saindo, saindo, saindo. Nós temos que sair! É
lógico que nesta progressão cristã saímos de uma situação e entramos noutra,
mas, a primeira situação em que nós temos que sair, para avançar, é sair do
mundo. É não permitir que o mundo, enquanto poder, nos governe, nos controle.
Quando olhamos nas
Escrituras alguns textos, podemos ver alguns aspectos interessantes quanto a
isso, especialmente no livro de Romanos. Ali em Romanos, encontramos o aspecto
dos pecados, que são as transgressões que nós cometemos. E destas transgressões
precisamos ser perdoados pelo Sangue, depois nós vemos a questão do pecado e
depois vemos a questão da Lei do pecado em nossa carne. Então, quando você
estuda a epístola aos Romanos, nos primeiros versículos da carta aos Romanos,
Paulo mostra a condição caída do homem.
No capítulo 3, ele trata
do assunto da nossa transgressão. Veja que no capítulo 4, versículo 7, da
epístola aos Romanos, Paulo diz assim: “Bem-aventurados
aqueles cujas iniqüidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos”. No
capítulo 4, Paulo segue falando no plural, “de
iniqüidades, transgressões, de pecados”. A princípio, fala dos pecados,
isto é, as coisas más que nós cometemos. Então qual é o remédio para nós sermos
livres, perdoados dos pecados? Você olha lá para Ramessés. Volte lá para Êxodo,
você vai ver que lá em Ramessés, o Senhor preparou para o seu povo a Páscoa, preparou
o derramamento do sangue do cordeiro, para que o sangue do cordeiro livrasse o
povo da condição do Egito. Mas, não só havia de ter o sangue, havia de se fazer
algo mais, eles tinham que comer o cordeiro, isto é, havia de constituir-se com
o Cordeiro ou com aquilo que era o Cordeiro. Esse não é somente um aspecto
judicial, jurídico, objetivo, mas também, um aspecto orgânico, experimental,
subjetivo.
Objetivamente, diante de Deus,
nossos pecados foram apagados pelo Senhor Jesus lá na Cruz, seu Sangue nos
limpa do poder do pecado em nossa consciência. Isso, Ele realizou lá na Cruz,
mas agora, esse Cordeiro que derramou seu Sangue, deve ser também partilhado
por nós. Irmãos e irmãs, todos nós vivíamos no mundo, um mundo onde nós
estávamos completamente ocupados. Ali, como também em Ramessés, o povo do Egito
ou o povo de Israel, no Egito, estavam lá fazendo tumbas, pirâmides. Aquelas
pirâmides eram tumbas.
Olhe para o livro de
Gênesis, veja que Gênesis começa assim: “No
princípio criou Deus os céus e a terra”, aqui, temos uma passagem linda,
preciosa, porque tudo que nós estudarmos na Palavra de Deus concernente ao
caráter, propósito, e a mente de Deus, está neste versículo: “No princípio criou Deus os céus”. No
princípio, Deus. Agora, veja como termina o livro de Gênesis, olhe o capítulo
50, versículos 25 e 26, dizem:
25 - José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos
visitará, e fareis transportar os meus ossos daqui.
26 - Morreu José da idade de cento e dez anos; embalsamaram-no e o
puseram num caixão no Egito.
Então, como termina o
livro de Gênesis? Termina com os ossos mumificados de José, em ataúde, no Egito. Tudo começa
maravilhosamente bem no capítulo 1, de Gênesis, versículo 1. Mas, voltemos
agora, como vai começar o livro de Êxodo? Gênesis terminou com a morte, com os
ossos de José, mas ele havia dito para os seus irmãos que não deixassem seus
ossos no ataúde, no Egito. Ele pediu
para os seus irmãos que levassem seus ossos de volta e os enterrassem na terra
de seus pais, sabe por quê? Porque José
aguardava a ressurreição.
O início de Gênesis é
lindo, o final de Gênesis é terrível. Ali nós temos ossos, múmias, ataúdes. O
Egito é uma condição que representa o que nós temos feito, o que nós somos, e pra
que servimos neste mundo e a quem nos submetemos, aos principados e potestades
das trevas. É disso que Deus deseja nos libertar, na Obra da Salvação, em
Cristo.
A Palavra do Senhor
fala de sair de Ramessés, através da Páscoa. E quando você estuda isso, vai ver
que são várias etapas. Primeiro, teriam que colocar-se debaixo do Sangue,
segundo, teriam que comer o cordeiro com ervas amargas, com pressa, não
poderiam deixar nada para amanhã. E logo após a saída, tinham que se despojar
do Egito. Eles tinham que sair caminhar, cruzar o Mar Vermelho. São muitas
coisas que nós vamos estudar, paulatinamente. Primeiro, eles tinham que ser
tratados pelo Sangue.
A condição da nossa
carne, da nossa vida no mundo, é algo muito, mas muito, sério à luz da Palavra
de Deus. Nós precisamos ver como a Igreja é um espinho na carne de Satanás,
como a Igreja tem causado a Satanás um grande desconforto, como a Igreja tem
reduzido a liberdade de Satanás, aqui neste mundo. Mesmo estando no mundo, a
Igreja, não apenas, deve recusar-se a cooperar com o desenvolvimento da obra de
Satanás, mas também, precisa insistir em proclamar o Juízo de Deus sobre as
obras das trevas, sobre o próprio Satanás. Por isso que a nossa vida, em
relação às coisas do mundo, deve ser vista à luz da Palavra de Deus. A nossa
condição em Ramessés precisa ser uma situação clara para todos nós que estamos
debaixo do Sangue de Cristo Jesus.
Aqui iniciamos a compreender a
relação da Igreja com o mundo. Temos que saber disso, que a Igreja é uma
constante fonte de irritação para o mundo, de confronto. A Igreja está aqui
como luz. Então do mesmo modo, o mundo é uma fonte constante de aflição para a
Igreja do Senhor Jesus. Veja que o mundo está sempre desenvolvendo a sua
capacidade de perseguir, de afligir a Igreja do Senhor Jesus. E a Igreja sempre
deverá caminhar em expansão, progredindo nas suas jornadas espirituais. A
Igreja tem que confrontar-se com as forças do mundo, hoje. A Igreja tem sido
perseguida durante toda sua história. Embora, hoje, vejamos que nossa situação
em relação ao mundo, e as obras das trevas, são situações diferentes daquilo
que encontramos nos primórdios da história da Igreja, quando os filhos de Deus,
a Igreja do Senhor Jesus, enfrentara uma perseguição aberta, na forma de ataque
físico, exterior a eles mesmos.
Você pode ver isto em
Atos dos Apóstolos, capítulo 12, e em II Coríntios, capítulo 11. Eles estavam sempre se
confrontando com coisas materiais, coisas tangíveis, mas hoje, irmãos e irmãs,
o problema principal que encontramos no mundo, é mais sutil. Aquilo que Paulo
diz em Efésios, capítulo 6, sobre “as astutas
ciladas”, a palavra “cilada”, no grego, é “methodeia”, fala da maneira
sutil como o inimigo trabalha, como o inimigo tem procurado nos atingir. Hoje o
problema principal que encontramos no mundo é mais sutil, é uma força
intangível por trás das coisas materiais, que não é santa, mas, espiritualmente,
perversa e maligna.
O impacto desta força
espiritual, hoje, é ainda maior do que nos primórdios da história da Igreja. E
não apenas é maior, mas há também um elemento presente, agora, que nós não
encontramos nas primeiras perseguições enfrentadas pela Igreja do Senhor Jesus.
Olhe o capítulo 9, de Apocalipse, versículos do 1 ao 4, ali lemos sobre um
acontecimento que para o Apóstolo João era algo que estava no futuro, quando ele
diz:
1 - O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na
terra. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo.
2 - Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de
grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o
ar.
3 - Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado
poder como o que têm os escorpiões da terra,
4 - e foi-lhes dito que não causassem dano a erva da terra, nem a
qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm
o selo de Deus sobre a fronte.
Vocês
se lembram, no capítulo 7, e Apocalipse, versículos do 1 ao 4, como também lá,
no capítulo 14, “nós temos a marca do
povo de Deus”. No capítulo 13, de Apocalipse, nós temos a “marca do povo do Anticristo”, de uma
geração que será marcada por ele, para ser dominada por ele, para ser dominada
pelo seu comércio.
Irmãos e irmãs, aqui
nós temos uma figura de linguagem, vemos que a estrela caída do céu, de uma
forma clara, sabe que se refere a Satanás. E sabemos que o abismo sem fim é o
seu domínio. É o lugar do seu governo, o lugar da sua administração. Podemos
dizer, claramente, apesar de esta figura aparecer no final dos tempos, que está
marcada por uma especial liberação dos seus poderes, de suas forças. E os
homens vão se encontrar lutando contra um poder espiritual, contra o qual
jamais tiveram que lutar antes.
Embora isso esteja de
acordo com a realidade dos nossos dias, apesar de ser verdade que a violência e
o pecado serão cada vez maiores ao final desta era, está evidente na Palavra de
Deus que não será, especialmente, contra estas coisas que a Igreja terá que
lutar. Mas, muito mais com apelo espiritual, com as coisas do nosso dia-a-dia.
Lucas, capítulo 17, versículos do 26
ao 30, nosso Senhor diz assim:
26 - Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do
Homem.
27 - comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e
veio o dilúvio e destruiu a todos.
28 - O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam,
vendiam, plantavam e edificavam;
29 - mas, no dia em que
Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a
todos.
30 - Assim será no dia em que o
Filho do Homem se manifestar.
Nesta passagem, podemos
ver pontos importantes. Todas estas coisas, não são em si mesmas pecaminosas,
são, simplesmente, coisas que estão no mundo. Você já tinha prestado atenção a
tudo isso, você já tinha se dado conta de tudo isso? A boa vida quanto aos
nossos dias, como estas coisas têm sido importantes para cada um de nós. A
comida, o vestuário, estas coisas têm se tornado a preocupação de todos nós,
hoje. O que comeremos? O que temos que beber? O que temos que vestir? Para
muitos, esses assuntos são os que dominam as suas conversas, governam suas
vidas.
Mas irmãos e irmãs olhem para a
Palavra de Deus. Essas questões não podem nos dominar. Porque é o poder que faz
com que você considere tais assuntos, tão importantes na sua vida, de modo que
você se torna inquieto no seu espírito, por causa disso. Toda a sua existência
clama para que você esteja preso a tudo isso. As Escrituras nos alertam para o
fato de que “o Reino de Deus não é
comida, nem bebida, mas justiça”. Romanos, capítulo 14, versículo 17, a Palavra de Deus, exorta-nos
a buscar primeiro “o Reino de Deus e a
sua justiça”. A Palavra de Deus nos assegura que “todas estas coisas nos serão acrescentadas”,
isso está em Mateus, capítulo 6, versículo 33. Veja que a Palavra de Deus nos
exorta, ainda, a “não andarmos ansiosos”.
Veja o que o Senhor Jesus disse sobre isso em Mateus, capítulo 6, versículo 25:
“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos
pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo,
quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo,
mais do que as vestes?” Ainda olhem o que Paulo diz para os irmãos em Filipensses,
capítulo 4, versículo 6: “Não andeis ansiosos
de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas
petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.”
Irmãos, irmãs, se Deus
cuida das flores do campo, dos pássaros, do ar, muito mais Ele cuidará de nós,
que somos sua propriedade. Aqui está uma questão que merece uma ênfase
especial. Esse estado de coisas, às vezes, tem sido anormal na nossa própria
conduta, na nossa própria vida. Essa excessiva atenção que nós temos dado a
nossa vida quer seja nos extremos da subsistência ou do luxo, que muitas vezes
tem caracterizado a vida de muitos cristãos em nossos dias. Está muito longe de
ser normal, é sobrenatural. Não estamos tratando apenas de comer e beber aqui,
estamos lidando com operações dos demônios de uma forma sutil. Satanás concebeu
e agora controla a ordem do mundo e está preparando tudo isso para usar o poder
demoníaco sobre as coisas do mundo, a fim de nos atrair para o mundo. Os fatos
atuais não podem ser explicados fora desse contexto.
Por isso, eu peço a Deus que de uma forma
gloriosa Ele esteja falando ao seu coração, nesta hora. Que o seu coração se
abra para a Palavra de Deus e venha ser ajudado por ela, para que você possa
compreender que nesta primeira estação que estamos estudando, essa saída de
Ramessés, seja a nossa libertação do poder do mundo.
Que
Deus fale a você, que a Palavra Dele lhe alcance e lhe abençoe, mais uma vez. Amém