CAPÍTULO 3: A IGREJA
EM JERUSALÉM (Parte 9)
Ananias e Safira
Aqueles cristãos tiveram problemas? Claro que sim.
Enquanto estivermos na carne, enquanto suprirmos a carne, o inimigo sempre terá
uma base para atacar. Quando o Senhor está trabalhando, o inimigo também está.
A igreja em Jerusalém começou de maneira muito gloriosa, mas o inimigo
trabalhou por meio da carne de Ananias e Safira. Aquele era um período
glorioso. As pessoas eram libertadas de si mesmas. Pessoas que possuíam bens
vendiam seus bens e depositavam o dinheiro aos pés dos apóstolos, a fim de
compartilhar com aqueles que estavam em necessidade. Quão glorioso era isso!
Não havia nada forçado, não se pregava sobre isso. Era tudo voluntário, que
brotava de corações cheios de amor.
Mas, então, apareceram Ananias e Safira –
vanglória. Eles viram Barnabé, um levita, vender sua terra e trazer o dinheiro
aos apóstolos. Quando ele fez isso, foi elogiado pelos apóstolos, os quais o
chamaram de Barnabé, o filho da consolação. De certa maneira, isso mexeu com
alguma coisa no interior desse casal; foi como se eles dissessem: “Queremos
esse tipo de louvor, esse tipo de glória.” Mas isso era vanglória! Neste mundo
queremos ganhar alguma coisa, mas na igreja o que iremos ganhar? A igreja é
lugar para perda, não para ganho. Você não vai para a igreja para ganhar algo,
você vai para dar alguma coisa. O que podemos obter da igreja? O que a igreja
pode oferecer-nos? Nada. Ainda assim, quando a carne está presente, mesmo na
igreja podemos desejar obter alguma vanglória.
Ananias e Safira venderam uma parte de sua
propriedade. Por um lado eles queriam glória, por outro não conseguiram deixar
o mundo completamente. Não havia necessidade de eles fazerem aquilo. Se não
fizessem, ninguém iria recriminá-los; mas desejaram ambos os mundos. Mantiveram
parte do dinheiro, deram parte para a igreja e disseram: “Isto é tudo.” Eles se
esqueceram de que o Espírito Santo estava na igreja.
Pedro perguntou: “Isto é tudo?” Ananias respondeu:
“É.” Pedro disse: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que
mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o,
porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste
no coração este desígnio? Não mentistes aos homens, mas a Deus” (At 5:3,4). A
disciplina do Espírito Santo veio imediatamente.
Agradecemos a Deus por este incidente, porque ele
nos ensina muitas coisas. Nós realmente cremos que o Espírito Santo está na
Igreja; portanto, não estamos vivendo meramente diante dos homens, mas vivemos
diante de Deus. Nós cremos no Espírito Santo. Cremos que o Espírito Santo está
presente na Igreja. Se é assim, você acha que deveríamos honrá-Lo? Ou você acha
que podemos enganá-Lo? Deveríamos apagá-Lo, entristece-Lo, trapaceá-Lo? Creio
que essa é uma lição que devemos aprender.
Também, por intermédio desse caso, podemos ver
disciplina. A Igreja não é edificada sem disciplina. Não gostamos de
disciplina, gostamos de liberdade. Gostamos de fazer o que bem entendemos, da
nossa maneira. Pensamos que a Igreja é uma democracia e que cada um pode fazer
o que gosta, dizer o que quer. Não, a Igreja não é uma democracia, é uma
teocracia. O Senhor é Rei. Portanto, há disciplina. Não foi Pedro que
disciplinou Ananias e Safira, foi o Espírito Santo que os disciplinou. Pedro
foi apenas um instrumento. Precisamos ver isso.
Na Igreja, nós não queremos disciplina. Quando
alguns irmãos começam a exercitar alguma disciplina, achamos que eles estão nos disciplinando. Se
entendermos dessa forma, o espírito de rebeldia sem dúvida surgirá em nós; mas
precisamos ver que a disciplina na Igreja vem do Espírito Santo e não do homem
porque o Espírito Santo representa Cristo, a Cabeça. Portanto, que aprendamos a
crer na disciplina e a aceitá-la.
Os problemas não são necessariamente destrutivos.
Os problemas, se são bem tratados, podem ser bênçãos disfarçadas; e, assim,
devido a esse problema, descobrimos que a disciplina é uma bênção.
“E sobreveio grande temor a toda a igreja” (v 11). Amor
e temor não são coisas opostas. Eles se complementam. Algumas vezes pensamos
que, se há amor, não deveria haver temor. Isso é verdade, pois o perfeito amor
lança fora o temor, mas o temor aqui é o temor relacionado à punição, não o
temor de desagradar o Senhor. Se amamos o Senhor, haverá sempre o temor
associado ao amor. Teremos o temor de não agradá-Lo. Portanto, esse caso, que é
um triste caso, nos mostra que no Corpo de Cristo há disciplina. Essa é a vida
do Corpo.