As 42 Jornadas no Deserto
Introdução
- Parte 01
Texto:
Nm 33: 1-49
Meus irmãos e irmãs! Nós vamos
estudar sobre as jornadas no deserto. No capítulo 33 do livro de Números,
encontram-se todas estas 42 estações, onde o povo de Israel esteve no deserto
durante toda a sua peregrinação registrada no Pentateuco, especialmente nos
livros de Êxodo, Números, Levítico e Deuteronômio. Este capítulo (Nm 33) trata
da peregrinação do povo de Israel pelo deserto no período de 40 anos.
No aspecto espiritual podemos
ver aqui, numa visão neotestamentaria, a nossa peregrinação espiritual até a
terra prometida. Nossa viagem espiritual do Calvário até a Nova Jerusalém.
Em Provérbios capítulo 4,
versículo 18, Salomão disse: “Mas a
vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser
dia perfeito”. É interessante notar
que a palavra “perfeito”, na Bíblia,
dá a idéia de algo maduro, algo completo, de plenitude espiritual, de
amadurecimento espiritual.
A vida cristã é uma carreira
que temos que percorrer. Por um lado, Deus em Cristo nos salvou; este é um
fato! Mas por outro lado, temos que viver a vida cristã de acordo com esta “tão
grande salvação” que Deus nos deu em Cristo. Precisamos
considerar algo importante aqui. Por um lado temos a soberania de Deus em nos
escolher na eternidade passada e manifestar em nós as “riquezas da sua graça”
por meio desta salvação, por meio da Redenção em Cristo. Por outro lado
nós temos a responsabilidade em relação à escolha de Deus. Isto é, precisamos
viver um Evangelho a altura da graça de Deus. Precisamos corresponder a esta
graça operando em nós.
Precisamos compreender que temos uma vida responsável para
viver. Temos uma vida para percorrer. Não podemos viver acomodados em relação à
eleição. Nós temos uma carreira cristã a percorrer! Temos que compreender que
tudo o que Deus fez e faz, e tudo o que ele está fazendo, tem em vista o Reino.
Por isso estudar estas 42 jornadas é algo muito importante para compreendermos
até mesmo nossa vida aqui, porque em cada uma destas estações nós vamos extrair
grandiosas lições para a nossa vida cristã.
No livro de Apocalipse,
capítulo 1, versículo 6, João nos revela que “Deus nos redimiu em
Cristo Jesus, para nos constituir reino de sacerdotes”.
Nós não podemos pensar na Redenção como algo que Deus fez para nos livrar do
inferno e para tratar com os nossos pecados. Nós temos feito da Redenção algo
muito pobre na nossa experiência cristã. Quando lemos este texto, vemos que Ele
nos salvou e nos redimiu para fazer de nós reino. Reino é para administração,
para o governo de Deus em Cristo e com Cristo. O Sacerdócio é para ministrar a
Deus. Isto mostra o quanto a nossa vida cristã é rica em todos os aspectos
Em Efésios capítulo 4,
versículos 12 e 13, vemos que a vida cristã é vivida em estágios. Paulo
diz assim: “com vistas ao aperfeiçoamento
dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de
Cristo, Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do
Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de
Cristo. Percebemos aqui quatro estágios em nossa vida cristã:
Primeiro – Unidade da fé.
Segundo – O pleno conhecimento do filho de Deus.
Terceiro – À perfeita varonilidade.
Quarto – À medida da estatura da plenitude de Cristo.
Em Filipenses, capítulo 2,
versículo 12, Paulo diz: “Assim, pois,
amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito
mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor”.
Ainda podemos ler Hebreus,
capítulo 12, versículo 1, quando o escritor desta maravilhosa Epístola diz: “Portanto, também nós, visto que temos a
rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e
do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira
que nos está proposta”.
Veja que em Efésios capítulo 4,
ele diz: “Até que todos cheguemos”. Nós precisamos chegar, precisamos
avançar, precisamos correr. Mas para isso temos alguns degraus, temos alguns
estágios.
Depois, em Filipensses 2.12, Paulo
diz: “desenvolvei a vossa salvação com
temor e tremor”.
E o escritor aos Hebreus diz no
capítulo 12.1: “corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta”.
O melhor exemplo que temos para
compreender isso, com toda esta verdade, é o próprio Apóstolo Paulo. Veja que
ele começou a correr a carreira cristã em Damasco, em Atos, capítulo 9. Alguns
eruditos dizem que Paulo se converteu provavelmente no ano 35 d.C. - ali ele
começou correr a carreira cristã. Depois o vemos correr a carreira cristã
aproximadamente entre os anos 55
a 57 d.C.. Então, ele escreve a primeira carta aos
Corintios. E no capítulo 9, versículos 24 a 27, ele diz: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade,
correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo
atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós,
porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não
como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão,
para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.”
Ele estava correndo, estava
avançando com perseverança na carreira que o Senhor havia lhe proposto. Ele
desejava chegar à unidade da fé, do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo; ele estava
desenvolvendo a Salvação com temor e tremor.
Depois observamos que sete anos
se passaram. Agora ele está preso em Roma. Aqui ele escreve aos irmãos em Filipensses
capítulo 3, versículo 12, e diz assim: “Não
que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para
conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus”.
Ele continua correndo! Ele
tinha certeza que ainda não tinha chegado ao final, que ainda não tinha
completado a carreira. Mas ele disse: “mas
prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo
Jesus”. E nos versículos 13 e 14, ele continua: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.”
Continuando a estudar a vida de
Paulo, percebemos que mais dois anos se passaram, e ele está perto da sua
morte. Agora ele escreve a sua segunda carta a Timóteo, e diz no capítulo 4,
versículos 7 e 8: “Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim,
mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
Portanto, amados irmãos e
irmãs, essas 42 estações revelam os estágios da vida cristã, os quais temos que
percorrer. A nossa vida espiritual é assim, de estágio em estágio. A história da
peregrinação no deserto, baseada em Números capítulo 33, trata da aplicação
espiritual neotestamentaria à Igreja do Senhor Jesus Cristo, da história
tipológica da peregrinação do povo de Israel no deserto, desde o Egito até a terra
prometida, passando pela península do Sinai, por volta de Edom e Moabe. Segundo
o ensino do Novo Testamento, tal peregrinação serve como exemplo à nossa
peregrinação espiritual em
Cristo. E é justamente isso que iremos estudar.
Na vida da Igreja, tanto quanto
na vida de todos e na vida de cada membro do Corpo de Cristo, existe um
desenvolver, uma progressão gradual semelhante à progressão da revelação de
Deus através da história. É necessário que esta progressão espiritual, coletiva
e profética aconteça por etapas, como jornadas, de acordo com a maturidade
espiritual da Igreja em cada geração; como aconteceu com o povo de Israel
quando peregrinavam pelo deserto.
Para Deus tudo tem o seu tempo.
Veja que em 1 Coríntios, capítulo 10, versículos 6 e 11, Paulo diz: “ Ora, estas coisas se tornaram exemplos
para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Estas
coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa,
de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.
Veja que o Apóstolo Paulo
declara algo muito importante referindo-se ao Antigo Testamento, quando o povo
Hebreu peregrinava pelo deserto, em sua saída do Egito. Sabemos que eles
cruzaram o Mar Vermelho e logo experimentaram uma série de provas. No contexto
imediato da leitura bíblica, vemos nos versículos 6 e 11 a seguinte expressão: “estas coisas”. Isto se refere a tudo
que o povo de Israel passou em sua peregrinação. Diz mais assim: “que sucederam como exemplo”. Não é
somente como história que estamos lendo, mas é exemplo para nós, para que não
cobicemos, nem pequenas coisas, como eles cobiçaram, e não venhamos a cair nos
mesmos erros que eles caíram. Veja no versículo 11, diz: “foram escritas para advertência nossa”.
Irmãos e irmãs! O que aconteceu
com Israel em suas jornadas no deserto não era só para que pudéssemos conhecer
e dizer: “bom eles passaram pelo deserto,
mas isso não tem nada a ver conosco”. Ao contrário, o Senhor,
providencialmente, estava dizendo que aquelas jornadas se deram como exemplo
para nós. Todas as jornadas do povo de Israel no deserto, quando tirados do
Egito e passados pelo Mar Vermelho, eram exemplos não para eles, mas para nós.
Romanos, capítulo 15, versículo
4, diz assim: “Pois tudo quanto, outrora,
foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e
pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Note algo maravilhoso
a palavra “esperança”. No grego é “elpis”. Essa palavra fala de uma alegria
antecipada.
Veja o que está escrito no
versículo 13, do capítulo 15 de Romanos: “E
o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que
sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo”. Precisamos ver que
enquanto percorremos nossa jornada cristã, o Espírito de Deus nos enche de
gozo. Ele transmite a nós a realidade daquilo que está preparado para nós.
Veja o que diz o escritor da
epístola aos Hebreus no capítulo 11, versículo 13: “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as,
porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e
peregrinos sobre a terra”. Aqui temos duas coisas que precisamos
considerar:
Primeiro – “vendo-as, porém, de longe”. Aqui temos o
vocábulo grego “oida”, que significa
ver, prestar atenção, colocar os olhos e não tirar mais; como foco. A expressão
longe indica distância na língua grega.
Segundo – “saudando-as”. Essa palavra no grego é “aspazomai”, que significa aproximar-se. A idéia é que à medida que
estamos andando em nossa peregrinação espiritual neste mundo, nesta jornada
espiritual, tenhamos a Visão da nossa herança cristã entre os santos, tenhamos
esta esperança, esta certeza, esta alegria; que tenhamos em nosso coração o
testemunho do Espírito Santo de que estamos peregrinando para poder penetrar na
terra prometida, naquilo que Deus em Cristo nos dará um dia.
Que Deus, por meio do Seu
Espírito, através da Sua Palavra, venha falar ao nosso coração, e que em cada
oportunidade essa palavra venha nos atrair mais e mais, nos abençoar mais e
mais.