quinta-feira, 6 de outubro de 2016

CAPÍTULO 5: AS IGREJAS DA GALÁCIA (PARTE 5) – Stephen Kaung




CRENTES QUE RETORNARAM À LEI

Leitura: Gálatas 1:6-12

Essas igrejas da Galácia eram o primeiro amor do apóstolo Paulo porque eram seu primeiro trabalho, e normalmente nosso primeiro labor se torna nosso primeiro amor. Ele amava aquelas pessoas, mas após dez anos, em 57 d.C. aproximadamente, Paulo escreveu às igrejas da Galácia uma carta angustiada, de tristeza. Qual o motivo para isso? As igrejas da Galácia tiveram um início maravilhoso, e o relacionamento delas com o apóstolo Paulo era muito precioso, porque na carta ele menciona que, quando pela primeira vez esteve no meio deles, estava em fraqueza. Ele havia tido malária, doença acompanhada de febre; algumas vezes a pes­soa treme e a visão é afetada. Eles o amavam tanto que, se possí­vel, estavam dispostos a tirar os olhos e dá-los ao apóstolo Paulo. Havia um tremendo relacionamento de amor entre Paulo e as igrejas da Galácia.
Dez anos mais tarde, Paulo teve de escrever-lhes uma carta tal como aquela, porque durante esse tempo alguns judaizantes penetraram no meio deles persuadindo-os com afirmações as­sim: "Vocês creem no Senhor Jesus, mas, se querem se tornar perfeitos, terão de guardar a lei, terão de ser circuncidados, guardar os dias e as festividades, e essas coisas irão aperfeiçoar vocês." Aqueles irmãos e irmãs, na ignorância e provavelmente no desejo de se tornarem espirituais rapidamente (todos nós queremos nos tornar espirituais depressa), ouviram esses con­selhos. Após certo número de anos caminhando com o Senhor, acharam que seu progresso no Senhor estava muito lento, e queriam se tornar perfeitos. Inesperadamente, algumas pesso­as vieram e disseram: "Há uma maneira para ser perfeito. Vocês não poderão ser perfeitos apenas crendo no Senhor Jesus. Se quiserem ser perfeitos, terão de guardar os mandamentos e se circuncidarem; assim, instantaneamente se tornarão perfeitos." Claro, esse é um apelo à carne. A carne sempre quer fazer algu­ma coisa. Se alguém nos disser que a carne não pode fazer nada, isso é bastante desagradável. Nossa carne sempre gosta de fazer alguma coisa, completar alguma coisa para que possamos nos vangloriar. Quando vamos ao Senhor Jesus, não há nada para nos glorificar porque não há qualquer justiça própria. Temos de ir a nosso Senhor como pecadores e aceitar inteiramente Sua graça. Não há nada que possamos fazer. Temos de depen­der completamente da graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Isso é bastante humilhante, e essa é a razão porque muitas pessoas orgulhosas nunca vêm ao Senhor.
Lembro-me da história de Charles Finney, que era advoga­do. Enquanto estudava a lei, observou que a lei se referia à Bí­blia. Pegou a Bíblia como referência e começou a lê-la. Num dado momento, o Espírito de Deus o convenceu de fato. Então, começou a ler a Bíblia mais intensamente, e não mais como referência. Mas, sempre que via alguém entrar em seu escritório, escondia a Bíblia. Um dia, quando estava indo para o escritório, o peso de sua alma estava tão forte sobre ele que, em vez de ir ao escritório, foi para a floresta. Entrou bem para o interior da floresta porque não queria que ninguém o visse. Entrou num lugar onde havia umas árvores caídas, ali se ajoelhou e orou. Antes, porém, de fazer aquilo, fez uma espécie de voto: "Ou eu morro ou me torno salvo. De outra forma não saio mais daqui." Assim ele começou a orar. Pensava que poderia orar, mas sempre que ouvia algum som na floresta, levantava-se e olhava ao redor. Não queria que ninguém o visse ajoelhado orando. Isso aconteceu algumas vezes. Ele ficou muito triste de ter feito aquele voto. Não havia condições de orar mais e nada havia acontecido. O que, então, deveria ele fazer? Naquele momento, o Espírito San­to o convenceu de seu orgulho: "Você é um pecador buscando perdão, e mesmo assim está temeroso de que as pessoas possam vê-lo ajoelhado suplicando por perdão. Que homem orgulhoso você é!" Ele se arrependeu de seu orgulho e se tornou salvo – maravilhosamente salvo.
Naturalmente somos bastante orgulhosos; queremos fazer alguma coisa. Não é verdade? Como Paulo disse na carta aos gálatas: "Havendo começado pelo Espírito quereis agora ser aper­feiçoados pela carne." Eles creram no Senhor Jesus, receberam a Sua graça, mas rapidamente começaram a mudar para o campo da lei. Começaram a voltar para a carne. Começaram a tentar fazer alguma coisa para se tornarem perfeitos. Creio que cada um de nós já fez isso ou está ainda agindo assim. Pode ser que você diga: "Para ser justificado, temos de depender do Senhor, mas, para sermos santos, temos de depender de nós mesmos." Daí tentamos nos tornar santos. Tentamos ser ótimos cristãos, vencer o pecado, agradar ao Senhor – tentamos fazer todas es­sas coisas. O coração está correto, mas quão sutil é o inimigo que, de alguma forma, fará com que inconscientemente nos movamos para longe de Cristo e ao mesmo tempo para nós mesmos, para longe da graça e para a lei, para longe do Espírito Santo e para a carne.
Aqueles crentes na Galácia estavam engodados pelos judaizantes. Estavam voltando para a lei a fim de, assim, terem alguma coisa do que se vangloriar na carne. Eles não estavam vendo a sutileza do inimigo. Mas graças a Deus por Paulo. Ele viu a sutileza do inimigo e que aquilo não era algo sem importância, uma vez que pervertia toda a verdade do evangelho de Jesus Cristo.