Texto:
Nm
33: 1-49
O Livro de Números é o quarto livro da
Bíblia. Seu título provém da Vulgata que é uma tradução latina da Bíblia feita
por Jerônimo que viveu entre os anos 340 a 420 d.C..
A Vulgata foi declarada a versão oficial do Catolicismo no Concílio de
Trento. O título Vulgata em latim é Numere
que por sua vez é uma tradução do título da Septuaginta
Aritmoi. O Livro é assim designado porque nele há referência de dois
recenseamentos do povo judeu. O primeiro
nos capítulos de um a três, e o segundo no capítulo vinte e seis.
Se você deseja compreender toda essa
jornada de 40 anos pelo deserto, onde o povo de Israel peregrinou, é necessário
que leia todo o capítulo 33 do Livro de Números. À primeira vista parece um
pouco estranho para os que não estão acostumados a estudar a Bíblia de um modo
sistemático, mas quero que prestem atenção em cada detalhe, pois tudo nesse
capítulo foi inspirado pelo Espírito Santo de Deus. E cada assunto foi escrito
para nos admoestar; para que nós tenhamos uma compreensão da jornada espiritual
do povo de Israel e também da nossa jornada hoje, nesse mundo, até a consumação
do plano de Deus em nós.
Todas essas jornadas significam
diversas experiências que são indicadas pelos nomes dos respectivos
acontecimentos. No total, foram 42 estações. Partiram, acamparam, partiram e
acamparam. E assim sucessivamente, até completarem a última jornada, até
entraram na terra de Canaã.
Vejamos o que o versículo 1 de Números
33 diz: “São estas as caminhadas dos
filhos de Israel...” A palavra hebraica para caminhada é Maca que significa Jornadas. Outro detalhe que devemos notar nesse texto é que esta
palavra está no plural (jornadas). Na Revista Corrigida, lemos: Jornadas. Deus
usa o plural porque ao andar uma jornada estamos em processo, isto é,
caminhamos de processo em
processo. Chegamos a um determinado ponto, em outra situação,
então avançamos mais um pouco, mas ainda não é o final.
Irmãos e irmãs! É assim, a vida
cristã! É dessa maneira que estamos caminhando! É dessa maneira que Deus está
nos conduzindo! Isso nos diz que cada jornada é uma saída de algo e uma entrada
em uma nova etapa. Algo velho tem que ser deixado para trás e algo novo deve
acontecer, deve vir. Ramissés era uma das cidades onde o povo de Israel estava
escravizado, fazendo e carregando tijolos, oprimido por Faraó. E assim
começaram as jornadas.
Desde a escravidão, aquelas pessoas
passaram a prosseguir por etapas em direção à terra prometida, à bênção de
Deus. Vejamos que durante essas 42 jornadas, sempre estavam mudando de
acampamento. Qual o significado das mudanças de acampamento? Ora, se estudarmos
essas 42 jornadas, veremos que aquele povo estava sempre levantando acampamento
e mudando para outra estação, para outro lugar.
O objetivo de Deus é sempre nos levar
à maturidade, que é um ponto especial no processo da nossa edificação. Na vida
espiritual existe uma sucessão de experiências, uma mudança de circunstâncias,
as quais se manifestam como jornadas, e estas são segundo as maturidades. À
medida que amadurecemos, Deus nos leva a outra experiência. Quando já se tem
aprendido algo, é necessário avançar, prosseguir. Por isso se fala no
Pentateuco em mudar o acampamento de tempos em tempos. Quando o
nosso Bendito Pai Celeste julga que uma lição já foi aprendida - se Ele ver que
é a época para começar e aprender outra lição - com certeza Ele vai nos levar a
uma nova experiência. Essas são as mudanças de acampamento em nossas vidas.
Precisamos entender isto!
Há um texto que já foi citado, de
Provérbios 4.18, onde diz que “... a vereda
dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito”. Avança-se um pouco, prossegue-se um pouco mais na vida cristã.
Não podemos permanecer sempre na mesma dimensão. Oséias no capítulo 7,
versículo 8 nos diz que “Efraim se
mistura com os povos e é um pão que não foi virado”. Ou seja, de um lado
ele está bem cozido, mas do outro ele está cru. Às vezes passamos anos na mesma
experiência. Esse lado do pão já está cozido, mas há outro que ainda não está.
Existem áreas em nossa vida que ainda não progrediram. Por isso precisamos
perceber a necessidade de se virar o pão para que seja completamente assado;
esteja completamente pronto, preparado, para que possa dar o verdadeiro sabor.
É por isso que chega o ponto em
que Deus decide virar o bolo, mudar a nossa vida para novas
circunstâncias, ensinar-nos novas lições.
Jeremias, no capítulo 48, versículo
11, nos diz:“Despreocupado esteve Moabe
desde a sua mocidade e tem repousado nas fezes do seu vinho; não foi mudado de
vasilha para vasilha, nem foi para o cativeiro; por isso, conservou o seu
sabor, e o seu aroma não se alterou.” Que texto incrível!
Irmãos e irmãs, olhem o quanto é
significativo, esse texto! Pessoas estão
há muito tempo nas congregações, nos locais de reuniões da Igreja e continuam
sendo crianças em Cristo.
Não tem amadurecido! Por isso, Deus diz a Moabe que lhe
enviará esvaziadores que romperão os seus odres e os esvaziarão. Somente assim
poderá amadurecer! Somente assim eles poderão experimentar o verdadeiro mover
de Deus. Somente assim, na verdade, Deus poderá se agradar de nós!
Os odres velhos não servem para o
vinho novo. As velhas estruturas eclesiásticas, que têm amordaçado o Espírito
Santo, não servem para agradar a Deus! Por isso o Senhor precisa romper os
odres velhos para poder dar vinho novo ao seu povo e levá-los a experiências
mais profundas. Talvez esta seja a hora para muitos de nós, cujos odres
precisam romper. Precisamos mudar de acampamento. Sair das estações velhas e
começar uma nova jornada, como um bolo virado, para não ficarmos crus nas
muitas coisas que Deus ainda deseja alcançar em nós. Nosso Deus é
o Deus das Jornadas! Ele faz assim com o Seu povo para levá-lo ao
amadurecimento, para que ele possa verdadeiramente ter sabor, para que se exale
o verdadeiro perfume de Cristo. Esse é o desejo de Deus para nós. Este é o
desejo de Deus para a minha vida, para a sua vida.
Em Números, capítulo 4, versículo de
1-5, diz assim: “Disse o SENHOR a Moisés
e a Arão: Levanta o censo dos filhos de Coate, do meio dos filhos de Levi,
pelas suas famílias, segundo a casa de seus pais; da idade de trinta anos para
cima até aos cinqüenta será todo aquele que entrar neste serviço, para exercer
algum encargo na tenda da congregação. É este o serviço dos filhos de Coate na
tenda da congregação, nas coisas santíssimas. Quando partir o arraial, Arão e
seus filhos virão, e tirarão o véu de cobrir, e, com ele, cobrirão a arca do
Testemunho;”
Irmãs e irmãs, prestem atenção! Aqui
nesses textos parece haver uma ordem de prioridade na marcha, quando eles
mudavam de acampamento. Vejam: “Quando
partir o arraial, Arão e seus filhos virão, e tirarão o véu de cobrir, e, com
ele, cobrirão a arca do Testemunho;”
Sabemos que nessas peregrinações o
acampamento sempre estava de mudança, sempre eles estavam avançando. À medida
que a nuvem guiava o acampamento, o Senhor começava a mover-Se em uma
determinada direção. A palavra de Deus diz que quando a nuvem se levantava, o
povo se levantava também.
Números, capítulo 9, versículo 15,
diz: “No dia em que foi erigido o
tabernáculo...”. Esta é uma expressão da Casa de Deus, o lugar da Habitação
da Glória de Deus. O Corpo de Cristo. Esta é uma figura da Igreja. “... a nuvem o cobriu, a saber, a tenda do
Testemunho; e, à tarde, estava sobre o tabernáculo uma aparência de fogo até à
manhã.” Aqui podemos contemplar o dia de Pentecostes. Aquela coluna de fogo
se repartiu em línguas de fogo sobre o verdadeiro Tabernáculo que é a Igreja.
Números, capítulo 9, versículos 16 e
17, diz: “Assim era de contínuo: a nuvem
o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo. Quando a nuvem se erguia de
sobre a tenda, os filhos de Israel se punham em marcha; e, no lugar onde a
nuvem parava, aí os filhos de Israel se acampavam.”
Irmãos e irmãs! Deviam parar porque a
nuvem guiava o povo por várias estações. Ficava um tempo em um lugar, enquanto
estavam aprendendo uma determinada lição naquele lugar. E quando o Senhor
julgava que era hora de dar um passo a diante, então, a nuvem os guiava a outra
estação, a outro lugar. Então, por isso diz:
“Quando a
nuvem se erguia de sobre a tenda, os filhos de Israel se punham em marcha; e,
no lugar onde a nuvem parava aí os filhos de Israel se acampavam. Segundo o
mandado do SENHOR, os filhos de Israel partiam e, segundo o mandado do SENHOR,
se acampavam; por todo o tempo em que a nuvem pairava sobre o Tabernáculo,
permaneciam acampados. Quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o Tabernáculo,
então, os filhos de Israel cumpriam a ordem do SENHOR e não partiam. Às vezes,
a nuvem ficava poucos dias sobre o Tabernáculo; então, segundo o mandado do
SENHOR, permaneciam e, segundo a ordem do SENHOR, partiam. Às vezes, a nuvem
ficava desde a tarde até à manhã; quando, pela manhã, a nuvem se erguia,
punham-se em marcha; quer de dia, quer de noite, erguendo-se a nuvem, partiam.
Se a nuvem se detinha sobre o Tabernáculo por dois dias, ou um mês, ou por mais
tempo, enquanto pairava sobre ele, os filhos de Israel permaneciam acampados e
não se punham em marcha; mas, erguendo-se ela, partiam.” Nm 9.17-22
Esse é o caminhar do povo de Deus. Às
vezes a nuvem se detinha por um período de tempo em uma estação, até que Deus
julgava que o Seu povo já havia aprendido a lição. Quando o Senhor julgava que
eles estavam amadurecidos, prontos, eles podiam partir, porque somente em Seu
poder estão os tempos e a nossa maturidade. Quando Deus julga que é tempo de
virar o bolo é porque já está assado de um lado e Ele tem que assar o outro,
então a nuvem se levanta, se detém em outro lugar que Ele conhece. Nesse lugar
começa um novo processo, porque o que estava cru em uma parte agora começa a
assar. Às vezes tinham que partir de dia, às vezes de noite, às vezes no dia
seguinte, às vezes era depois de um tempo, dois dias, um mês, um ano. Enquanto
a nuvem se detinha no Tabernáculo sobre os filhos de Israel, eles continuavam
acampados. Tinham que deixar o Senhor estar sobre essa situação, assim como a
galinha fica sobre os seus pintinhos, e não se levanta antes do tempo, porque
do contrário morrem os seus pintinhos que estão dentro dos seus ovinhos. E quem
sabe quanto tempo tem que ficar ali sentada é a galinha. Quando chega a hora,
os pintinhos começam a bicar e abrir os ovinhos e aí nascem os pintinhos. Só então
a galinha se levanta e começa a andar com os seus pintinhos atrás dela. Assim,
só o Senhor sabe quanto tempo deve estar sobre nós. Ele fez essa comparação.
Ele disse em Mateus 23.37: “... Quantas vezes quis eu reunir os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o
quisestes...”
Oh, meus irmãos e irmãs! Quantas
lições preciosas! Muitas vezes você encontra-se parado em uma estação onde o
Senhor já partiu já se foi, e você ficou lá atrás. Quantas vezes o Senhor tem
te levado a situações a fim de que você aprenda a lição e você não aprende!
Será que nós não estamos perdidos com relação ao propósito de Deus? Será que
nós não temos ficado muito para trás, dentro da direção de Deus na nossa vida?
Será que nós não estamos vivendo uma vida cristã equivocada? Será que nós não
estamos vivendo uma vida cristã sem direção? É por isso que muitos cristãos
estão envolvidos com tanto ativismo, tantas coisas, que só tem servido como
oportunidade para o diabo continuar a enganar-lhes numa roda de coisas e
obsessões, de religiosidade. Nós precisamos entender a voz de Deus; precisamos
compreender a maneira como Deus nos guia; precisamos compreender a maneira como
o mover de Deus está sobre nossas vidas.
A minha oração é que Deus abra os seus
olhos por meio da Sua Palavra. Que essa Palavra seja como um colírio para os
seus olhos, trazendo a você discernimento espiritual, em relação a sua vida, em
relação ao mover de Deus, em relação à vontade de Deus, ao plano de Deus.
Que Deus te abençoe.
Por: Luiz Fontes